Por minha causa... escrita por Rosalie Fleur Bryce


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Lumos.
Arnaldos, que é isso? Levei mó susto quando vi 174 vizualizações em uma semana, kkkk. Valeu mesmo!! Muito obrigada a quem clicou em acompanhar a história, me deixou incrivelmente feliz :) :) :)
Aproveitem e dêem uma lida nas minhas outras duas histórias, espero que gostem!
Boa leitura...



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Nossa primeira aula é de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ouvi que é uma professora nova, mas não sei o porquê. Eu e André estamos a caminho da sala de aula, desde o café da manhã percebi que ele não está no seu normal.

— O que foi? — pergunto. — Não preciso te conhecer há onze anos para saber que tem alguma coisa que irritando.

— Ah — ele diz como se não fosse nada demais. — É que eu meio que...

— Meio que...

— Chamei uma garota para sair, ontem à noite. — ele está com vergonha ou preguiça de falar.

— E...?

— Ela disse não — desembucha.

— Óbvio, não é? — quase grito. — André, nem estamos aqui há vinte quatro horas... Calma, querido...

— É que... — ele está prestes a falar quando uma garota morena e com uniforme da Sonserina esbarra em mim bem na hora em que vou arrumar meu cabelo. Mas minha pulseira engancha no cabelo crespo dela e eu vou sendo arrastada pela morena.

— Ai — ela reclama com um grito esganiçado. — O que deu em você?

— Você esbarrou em mim — retruco, tentando desprender aqueles nós com pressa.

— Tira logo isso — algumas pessoas começam a formar uma roda em volta de nós duas. Posso sentir minhas bochechas rosarem.

— Está preso em mim também — procuro André com os olhos mas ele está falando com uma menina. Bufo de raiva e continuo tentando desfazer o nó, mas meu cabelo dói demais e o dela também deve doer.

— Dane-se seu cabelo — ela berra, e tenho a leve impressão de que alguém vem se aproximando.

— Já vou arrumar, vai ficar tudo bem — digo.

— Não, não está tudo bem — a morena bate o pé. — Essa tonta prendeu a pulseira em mim. Sua burra. Idiota. Patética — deixo ela ir falando, não vou perder meu tempo com alguém assim. — Burra... burra... burra, filha da...

— Olha aqui, palhaça — interrompo, agora quase explodindo. — Só não dou um tapa merecido nessa tua cara porque minha mão está nessa sua palha de cabelo, então ou você cala a boca, ou eu arranco tudo e você ainda sai careca. O.k.?

— Foi você que veio do Brasil, não foi?

— Eu e mais cem alunos. Então não, não foi só eu que vim do Brasil. — giro os olhos.

— Só podia ser desses lugarzinhos minúsculos que ninguém vê no mapa... Morava na favela, querida?

Lugarzinhos minúsculos que ninguém vê no mapa? Meu país é quase 35 vezes maior que o dela e ela está dizendo o quê?

— Eu até responderia, mas parece que puxar seu cabelo também afeta seu cérebro. Então só cala a boca e deixa eu tentar resolver isso aqui.

A menina bufa bem no meu rosto, finjo que nada aconteceu e continuo tentando desenroscar aquele emaranhado de cabelo.

— Draquinho! — até levo um susto com seu grito agudo. — Ajuda a gente, por favor.

— Não precisamos de ajuda — digo num tom mais alto para que ele ouça.

— Precisamos, sim! — ela geme com voz de choro.

Não vejo o menino fazer nada. Então tento enxergar por entre as mechas de cabelos que caem sobre meu rosto e tapam boa parte da visão. O garoto — muito bem vestido, por sinal —, dá uma olhada para os lados, como se não quisesse que ninguém nos visse. Então, parecendo lutar contra sua vontade, joga a cabeça para trás e vem até nós duas.

— Ah, raios. O que você quer? — questiona ele, arrogante, sua voz não é muito grossa. Tento mover a cabeça mas meu cabelo está preso.

— Me ajuda, Draquinho. Ajuda, por favor, por favor, p...

— O.k., o.k., se eu desfizer, você cala a boca? — ele reclama. A menina concorda num grunhido e eu não digo nada.

O garoto se aproxima um pouco e analisa o nó com as mãos delicadas. Se afasta e pega a varinha, chega mais perto. Muito mais perto. Posso sentir o cheiro de seu perfume que, pelo aroma, deve ser extremamente caro. Só consigo ver seus pés, e estes estão calçando sapatos bem polidos e que me parecem ser de couro.

Com um feitiço não-verbal, ele começa a desfazer o emaranhado e sinto meus fios de cabelo se movendo sozinhos. O garoto chega mais perto e, por um momento, consigo sentir sua respiração quente e lenta.

— Ah, que droga — a garota grita ao puxar sua cabeça para trás, fazendo, assim, com que o nó seja desfeito mas também com que minha pulseira se despedace pelo chão.

— Ah, não — suspiro ao ver algumas miçangas e pingentes quicando para longe.

— Bem feito, vamos, Draquinho — a menina diz, puxando o garoto pela mão e o arrastando até a sala de aula.

Me agacho para recolher os restos mortais da pulseira, mas quando estou a um centímetro do chão, todas as miçangas desaparecem. Simplesmente somem. Não sei bem o porquê, mas olho para frente e alcanço os olhos daquele menino, me olhando, risonho, enquanto guarda a varinha no bolso de trás da calça.

— Oi — outra voz masculina, porém essa soa mais amigável. Olho para trás e é um dos meninos que ficaram me olhando no trem ontem, esse é o ruivo.

— Ah, oi — digo, ainda um tanto atordoada. Na minha visão, os britânicos seriam extremamente educados e corretos, depois falam dos brasileiros...

— Não se importa com eles — ele indica aqueles dois com a cabeça. — São Draco e Parkinson, insuportáveis. Ninguém gosta — gira os olhos, o que me faz rir. — Mas enfim, sou Rony. E você?

— Rosalie. — respondo, nervosa.

— Bom, é um prazer, Rosalie. Sei que é nova aqui, então pode me procurar quando quiser. Sou da Grifinória também.

— Vamos, Rony? — uma morena o chama. — Ah, oi. Sou Hermione — ela diz quando me vê. — Vimos o que Malfoy e Parkinson fizeram. É só ignorar, o.k.?

— E se quiser provoca-lo — Rony continua. —, é só chamar ele de Doninha.

— O quê? — digo entre risos, ele e Hermione também riem.

— É só uma piada interna. Mas provoca muito, dá certo — ele pisca para mim, então puxa Hermione pela cintura e os dois entram na sala de aula. Procuro André, mas ele deve estar nos amassos com alguma menina qualquer, isso é quase como uma marca registrada dele.

Entro na sala e procuro o lugar mais longe de Parkinson o possível. Acabo sentando atrás de um menino moreno que está conversando com Rony e Hermione. Quando os dois percebem que sentei ali atrás, me apresentam para o garoto.

— Ah, Harry, essa é a Rose — diz Hermione. Harry olha para trás e me cumprimenta com um aceno discreto. Aceno de volta e coloco minha mochila no chão. As carteiras são dispostas em duplas, e até agora ninguém sentou-se ao meu lado.

— Oi, posso sentar?

O.k., alguém ainda não se sentou ao meu lado.

Quem pergunta é um menino alto e de cabelo castanho, digo que “sim” com a cabeça enquanto separo um pouco de pergaminho para aquela aula.

— Você é nova? — ele pergunta, também arrumando seu material. Percebo que seu tinteiro e sua pena são bem bonitos e aparentam ser caríssimos.

— Totalmente — ergo as sobrancelhas e ele ri. — Você também?

— Não — minha empolgação diminui um pouco, mas continuo com um sorrisinho. — Já tem alguém para te mostrar a escola? Quero dizer... já fez amizades...

— Ah — arrumo uma mecha de cabelo e a coloco para trás da minha orelha. — Eu conheço eles três — aponto para Rony, Hermione e Rony. Ela sorri como se estivesse dizendo “Oi” —, e tive uma experiência nada boa com aqueles dois — indico Draco e Parkinson com cabeça. O garoto murmura algo em compreensão.

— Ah, sim. Eles são gente boa. Mas aqueles dois são meio... — ele faz uma careta como se não quisesse nomeá-los, rio e concordo com a cabeça.

— Sim, eu entendi...

— Sim — rimos. — Ah, mas pode andar comigo e meus amigos, somos legais, eu prometo.

Rio do seu jeito de falar e ele ri de volta, charmoso.

— O.k., então...

— Ah, qual é seu nome? — por um momento, esqueço meu nome.

— Rose... Rosalie — corrijo.

— Ah, o.k., Rose Rosalie. — rio novamente mas ele continua normal. — Sou o Ethan. Também grifinório. Mas então... de onde você veio?

Dizer que vim do Brasil é, infelizmente, uma das coisas que não queria fazer com ninguém, sabe? Não porque não gosto do país, mas porque o preconceito é tão grande, que hoje, no café da manhã, alguns garotos ficaram me olhando de canto de olho e até se apertaram no banco para não “me tocarem” ou encostarem em mim. Mas é inevitável, simplesmente não posso mentir, principalmente para Ethan, que está sendo tão legal comigo.

— Do Brasil. Mas não vim pelo Dis...

De repente um berro agudo ecoa pela sala assustando a todos. Tenho a sensação de que alguém berrou dentro do meu ouvido

— Todos sentados! — grita. Eu e Ethan olhamos para trás, e, não sei bem o porquê, mas fico feliz com nossa sincronia.

É uma mulher, de altura média com longos cabelos ruivos misturados ao moreno, seus olhos são azuis. Ela sorri sem separar os lábios em uma expressão superior. Suas sobrancelhas, bem feitas e preenchidas. Ela é simplesmente muito bonita.

Entra silenciosa pela sala, somente o barulho dos seus sapatos de salto alto ecoa, ela sobe a escada de três degraus que separava o deque do professor do dos alunos, anda até sua mesa e para de costas para os alunos.

— Que medo — Ethan murmura e rio baixinho.

A professora está usando um vestido azul carbono que vai até o joelho, com algumas pedrinhas brilhantes espalhadas pelo tronco e uma saia solta. Se eu a vejo na rua em Londres, digo que é só mais uma trouxa comum, com nenhum resquício de bruxaria, pelo menos não nas suas vestes e face.

— Bom-dia! — ela se vira, os alunos parecem se surpreender, eu não esperava uma professora bonita e jovem, pelo menos não tão bonita. — Meu nome é Odette Desirée Lamartine, mas podem me chamar de Odette ou Srta. Lamartine ou Professora Lamartine. Meus pais são franceses, mas eu nasci na Inglaterra, tenho vinte e três anos, não sou casada nem comprometida, e serei sua nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Acho um pouco desnecessárias as informações como “não estou comprometida” ou “tenho vinte e três anos”. Mas quem sou eu para julgá-la?

— Enfim, para que tenhamos um bom ano, vou falar algumas coisas sobre mim. Se quiserem fazer perguntas sintam-se à vontade.

Todos permanecem calados, e se eu me concentrar muito, posso ouvir meu estômago ainda digerindo o café da manhã.

— Ótimo. Tenho certeza de que todos aqui ouviram e leram muito sobre a volta de Você-Sabe-Quem.

Agora minha barriga para de trabalhar. Nunca consegui ficar normal quando o assunto é um assassino incontrolável. Mas além disso, percebo que quase a sala inteira fita Harry como se quisessem somente provoca-lo.

— O Ministério insiste em esconder todos os fatos que foram mastigados e entregues prontos para ele. Com certeza é um absurdo esconderem a volta de Voldemort de todo o mundo bruxo. A primeira coisa que eu quero que vocês saibam é acredito completamente em Dumbledore — vários cochichos começam, mas simplesmente por Odette se calar todos param de falar.

— Não vou proibi-los de falar, mas vou esperar até que todos calem a boca para eu continuar falando. Bom, voltando... E por dizer que acredito em Dumbledore quero dizer que eu acredito que Lorde Voldemort voltou... Ah, pelo amor de Merlin, todos aqui já tem que se acostumar a ouvir o nome dele, não podemos fingir que nada aconteceu... E também acredito em cada palavra que Harry Potter disse sobre o ocorrido no cemitério, se alguém tem alguma coisa contra mim, é só sair da sala... eu não me importo com quem quer ou não estar na minha aula, mas só digo que os N.O.M.S então chegando e a minha matéria é extremamente importante. — Ela lança um olhar avaliador por todos, ninguém se move.

De repente murmúrios enchem a sala, olho para o outro lado da sala e vejo Parkinson de pé. Mas quando ela se levanta, meus olhos esquecem de acompanha-la e acabo fazendo contato visual com Malfoy. Chacoalho a cabeça e me volto à Parkinson.

— Sim? — Oddete pergunta.

— Quero permissão para sair de sua aula — ela diz de nariz empinado.

— Como? E eu poderia saber a ocasião?

— Não acredito em Potter, e nem em Dumbledore, que já está mais velho que essa escola...

Potter? Então esse Harry na minha frente é o Potter...

— Sua mãe que est... — Harry se levanta e volto à realidade, mas Rony o puxa pelo braço e o impede de falar mais.

— Menos dois pontos por desacato ao diretor e detenção para você, senhorita?..

— Parkinson.

Todos, incluindo eu, levamos um susto devido à rapidez e segurança da Profª Lamartine.

— Ótimo, Srta. Parkinson. Já que queria tanto sair da minha aula, pode ir direto à sala de Severo Snape, diga a ele que mandei sua aluna escrever o nome do diretor de Hogwarts dezessete vezes.

Alguns alunos dão risinhos, e mesmo Oddete não consegue manter-se totalmente séria. Olho para Parkinson e ela morde os lábios inferiores, então bate o pé e senta-se de volta.

— Só dezessete vezes? — cochicho para Ethan, ainda não entendi o motivo dos risos.

Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore é o nome dele — Ethan responde.

Rio ao finalmente entender a piada.

— Ótimo. Como pedi na lista de materiais, espero que todos tenham o exemplar Mudar o Impossível: Defesa Contra as Artes das Trevas por...

— Ahm... Srta. Lamartine — um garoto gagueja enquanto levanta a mão. — Eu não tenho o livro...

— Qual é o seu nome? — Odette pergunta.

— Longbottom, Neville Longbottom. — diz ele, nervoso.

— Bom, sem problema Neville, eu comprei alguns a mais para caso alguém não tivesse — ela sorri, agita sua varinha e um exemplar de Mudar o Impossível: Defesa Contra as Artes das Trevas aparece bem na frente de Neville, na sua mesa. — Pode ficar com este enquanto não compra o seu.

— Ahm... Obrigado, professora Lamartine — ele se senta, aliviado.

— Por nada. — ela retribui o agradecimento com um sorriso. — Bom, enquanto eu faço os registros no quadro negro vocês podem iniciar a leitura do capítulo cinco... Sim, não leciono de acordo com a ordem do livro, gosto de fazer do meu jeito — ela dá um sorriso brincalhão e se vira para a lousa. Imediatamente, a sala inteira abre os livros e começa a ler o capítulo ordenado.

— Srta. Lamartine — a voz de Hermione soa em meio ao silêncio total da sala. Odette se vira para os alunos e procura quem havia a chamado, quando seus olhos chegam a Hermione, ela diz:

— Sim, Hermione, não é?

— É... sim, como sabe? — ela pergunta, parecendo esquecer a dúvida que tinha anteriormente ao comentário da professora.

— Bom, uma aluna com essas notas não se passa despercebida pela sala dos professores, se é isso que quer saber — Odette brinca, mas Hermione não ri.

— É, bem, não é isso — ela diz, séria. — Quero saber por que nos mandou ler sobre o controle dos sentimentos.

— É. Bom... — Odette começa pensativa enquanto anda até o centro da sala. — Eu acredito que os sentimentos são a coisa mais perigosa que nós temos, o amor, principalmente.

— Amor? — Hermione deixa escapar um riso de indignação.

— Sim, Srta. Granger, amor. Creio que não sabe o porquê de Voldemort ser do jeito que é, aliás, alguém sabe? — Todos estão mudos, esperando a explicação da professora.

“Bom, acredito na história que diz que a mãe de Voldemort deu a poção do amor para o pai dele. Sendo assim, Voldemort, antes chamado Tom Riddle, não é fruto do amor verdadeiro, então não é capaz de amar. Veem...? Veem como o amor, ou a falta dele, pode ser extremamente perigoso?

— Desculpa, e com todo o respeito, mas você não tem provas dessa história — Hermione diz. Rony sussurra algo parecido que não ouvi, e Hermione parece não ouvir tampouco.

— Não, não tenho provas, e você não tem provas de que as coisas que Harry Potter diz que aconteceram na noite do Torneio Tribruxo realmente são verdade, mas você acredita nele, assim como eu, não? – Hermione, que fica muda, se senta e simplesmente abaixa o olhar para seu pergaminho.

— Veem? É exatamente isso que e quero que vocês façam: perguntas. De que adianta vir à aula e não expor suas dúvidas? Cinco pontos para a Grifinória. — algumas pessoas como Pansy e Draco soltam algumas exclamações indignadas, Oddete ignora todas.

“Vou propor um projeto a vocês” ela continua, desviando o olhar para os outros alunos. “Todos irão escrever um simples poema, algo com menos de trinta centímetros, mas que fale sobre o que você odeia na pessoa que você ama ou tem grande afeto, fiquem tranquilos, vocês não precisam especificar no trabalho quem é essa pessoa. Mas a partir da primeira semana de outubro, à cada aula, dois alunos virão aqui na frente e recitarão o seu poema para todos, o.k.?

— Você simplesmente espera que nós façamos o quê? Leiamos o texto e que aconteça alguma coisa mágica? — Parkinson, com sua voz rouca e incrivelmente estrangulada, pergunta do fundo da sala com arrogância.

— Sim, espero — Odette responde, calma. — Pois, se você escrever com sinceridade, é o que vai acontecer.

— Impossiv...

— Quem é a professora? Eu. — ela diz, agora em um tom mais sério. A sineta toca. — Podem ir. Bom-dia — ela sorri como se a interrupção de Pansy não tivesse acontecido.

— Nossa, começando bem, não? — Ethan comenta, irônico, enquanto arruma sua mala.

— Sim — respondo no mesmo tom de sarcasmo.

— Mas então, o que está achando de Hogwarts até agora? — Sem me dar tempo para responder, ele se lembra de alguma coisa e me chama enquanto anda com pressa até o lado de fora da sala. — Ah, vem aqui.

Tento acompanhá-lo, mas ao dar uma última olhada pela sala, vejo que Draco está me seguindo com o olhar. E não é um olhar nada bom, parece que quer me matar ao algo do tipo. Novamente, desvio a visão e sigo Ethan.

— Esses são meus amigos — chegamos até um grupo de alunos risonhos e felizes. — Oi, gente.

— Oi, cara — um menino não muito alto diz, cumprimentando Ethan.

— Oi, Ethan — aquela ruiva com que esbarrei no trem também cumprimenta Ethan com um beijo na bochecha. Mais “oi, cara” e “oi, Ethan” e “e aí, cara” veem. Fico parada e quieta até que Ethan resolve me apresentar.

— Gente, essa é Rose. Veio do Brasil e vai ficar conosco, certo? — ele me pergunta mais por brincadeira. Nem sei o que dizer, gaguejo algumas sílabas aleatórias e digo um vago “sim”. Todos, como se estivessem na maior expectativa, comemoram e me abraçam.

— Meu nome é Gina — a ruiva diz, muito amigável.

— Simas — apresenta-se o moreno baixinho.

— Dino, e desculpa de novo por ter gritado com você no trem — Dino é alto e negro. Eu não estou com ressentimentos, só estava com medo até agora. Mas ele me parece uma pessoa tão legal quanto o resto do grupo.

Não vejo André pelo resto do dia. Acompanho meus novos amigos por todos os cantos, e gosto muito deles. São muito atenciosos, fizeram várias perguntas sobre mim, sobre o Brasil e o Castelobruxo. Estamos nas poltronas longe da lareira quando Simas chega até nós com um jornal.

— Minha mãe vai acabar me tirando de Hogwarts — reclama ao jogar-se no sofá.

— Por quê? O que você fez? — Gina pergunta, brincalhona. Mas pelo rosto de Simas, podemos ver que ele não está brincando. — Nossa, o que aconteceu?

— Por causa do Harry — ele indica Harry, Rony e Hermione com a cabeça. Olho para trás e os três estão sentados na frente da lareira, não sei se é impressão minha, mas parece que Harry e Hermione estão brigando.

— O que tem o Harry? — a voz de Gina vacila e percebo Dino ficando um tanto mais tenso. Imagino quais são as infinitas confusões entre amigos que existem nessa escola.

— Com toda essa história de Voldemort e Dumbledore ficando velho... Meus pais já não acham que Hogwarts é tão segura assim.

— Tudo bosta, Simas — diz Dino, logo sendo repreendido por Gina.

— Olha a boca — ela dá um tapa no ombro do garoto. — E quanto à Voldemort, Simas... Acho que seus pais estão enganados.

— E o que você sabe? — desdenha o garoto. — Estava lá quando Você-Sabe-Quem voltou?

— Ninguém estava, Simas — Gina diz com a voz mais firme. — Por que Harry mentiria?

— Para ficar famoso, não é óbvio?

— Não — nem acredito quando falo. Todos olham para mim, assustados, talvez porque acham que eu não sei falar, mas então resolvo continuar: — Vamos lá, o que faz mais sentido? O Ministério apaziguar a situação e evitar um caos completo? Ou Harry querer mais fama por ser perseguido por um assassino?

Simas não responde. Me arrependo de ter aberto a boca, mas olho para Ethan e, discretamente, ele faz uma piscadela com o olho esquerdo.

— Não estou dizendo que sua mãe está errada em se preocupar com você. Claro que não. E não é só ela que está sendo enganada, sabe...

— Minha mãe não é burra. Não está sendo enganada. Você que...

— Já deu — interrompe Ethan, com a voz grossa. Simas dá mais um olhar raivoso para mim, se levanta e, batendo os pés, sobe as escadas para os dormitórios masculinos.

Meus amigos vão indo embora e só eu tenho vontade de continuar no sofá. Chega uma hora em que estou sozinha, esperando André aparecer. Com frio, tento aquecer minhas mãos e então lembro que minha pulseira se foi. Dói. Dói porque papai me deu aquela pulseira quando completei sete anos, e venho acumulando pingentes à cada aniversário.


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Notas finais do capítulo

E aí????? O que estão achando?? Por favorzinho, comentem e juro juradinho que não demoro para postar o próximo capítulo, que está quase pronto, kkkk. Muito obrigada por terem vindo até aqui!! Amo muito vcs, um beijo com cheiro de unicórnios e até a próxima...
Nox.



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