Os dias até a data marcada para o encontro arrastaram-se tanto para Sara quanto para Grissom. A felicidade de Sara era contagiante e seu trabalho lhe era mais prazeroso nesses dias. Para Grissom, um pouco mais fechado, a excitação frente ao próximo evento lhe fazia parecer uma criança esperando alegre e ansiosamente por uma viagem.

— Tudo bem se o jantar for na minha casa? - perguntou a ele quando faltavam dois dias para tão esperada folga de quarta-feira.

— Eu pensei em te levar a um restaurante. – analisava uma pegada no chão. O policial à porta na cena do crime não lhes dava muita atenção, estava alheio.

— É que eu achei que poderíamos assistir à um filme e eu mesma poderia cozinhar. – sorriu enquanto dividia sua atenção entre uma digital e Grissom. – E também queria lhe fazer uma surpresa. – disse baixinho.

— Surpresa? - olhou-a desconfiado. – E eu poderia saber de antemão o que seria?

— Claro que não. – olhou-o abismada. – Surpresas são surpresas.

— Tudo bem! Então vamos jantar na sua casa. – riu. – Longe de mim querer perder uma surpresa. – voltou para a análise da pegada, mas seu celular, tocando, tirou-o da conversa animada. – Grissom? - atendeu. – Sim, Brass!

        Sara voltou a coletar as digitais salientes no corrimão da escada da cena. Grissom não falava nada, somente concordava e assentia para o capitão no outro lado da linha. Sua falta de palavras chamou atenção de Sara. O perito logo desligou a chamada.

— Era o Brass! – informou levantando o celular. Mas sua feição não era de leveza, como há momentos antes.  

— Está tudo bem? - Sara franziu o cenho. – Aconteceu alguma coisa? - perguntou em seguida.

— Não! Está tudo bem.

— Mas? - interrompeu-o.

— Mas nada. – fugiu da pergunta. – Brass acaba de interrogar Megan.

— Ah! – Sara recuou um pouco. O brilho de seus olhos diminuiu visivelmente. – E aí?

— Megan confessou os assassinatos com uma história melodramática de que sua mãe havia sido assassinada por uma dançarina, ou algo parecido. – começou o supervisor. – Os promotores vão pedir pena de morte. Mas a defesa com certeza alegara insanidade... Brass duvida que ela ganhe essa pena – fez uma breve pausa. – e eu também. – suspirou. – No máximo duas perpétuas.

— Fico feliz que a justiça esteja sendo feita. – sorriu. – Mas isso não é tudo, não é?

       Grissom sorriu. As habilidades de observação de Sara eram admiráveis e sabia que seu tom de voz e suas expressões o haviam denunciado. Afinal, eram peritos. Era de seus deveres saber notar mudanças de comportamento, nuances de voz e até mesmo expressões e olhares fora de contexto. E Sara era uma exímia perita.

— Brass disse que Megan lhe ameaçou de morte. – disse por fim. – Que poderia demorar, mas que viria terminar o que começou. – complementou.

— Griss... – Sara se aproximou do chefe. – Ela provavelmente passará a vida em uma penitenciária de segurança máxima!

— Você tem razão. – pôs-se de pé com maleta em mãos. – Agora tudo está bem. – sorriu com Sara. – Vamos?

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        A fim de turno da terça-feira se arrastou como um sedento no deserto. As horas passavam devagar e Sara já sentia a ansiedade dar cambalhotas em sua barriga.

— Sidle? - Sara atendeu seu celular na sala de reunião enquanto esperava o fim do expediente. Os demais ouvidos já se apuraram para ouvir a conversa da amiga. – Oi, Ty! – Sara respondeu para o outro lado da linha. – Essa quarta? – fez cara de surpresa. – É que nessa quarta eu já tenho compromisso. – informou séria. – Desculpa, Ty! Mas marcamos outro dia. – sorriu. – Okay! Beijos. Tchau... – despediu-se com os colegas ainda prestando atenção em sua conversa.

— Sarinha está dando o bolo no namorado para sair com outro?! – Greg exclamou.

— Larga de ser enxerido, Greg! – Catherine retrucou risonha.

— É Greg! – Sara começou quando Grissom entrava na sala. – E se eu estiver dando o bolo no Tyler para poder sair com outro? O problema seria absolutamente meu e do Tyler!

— E daria para colocar mais um na lista? - voluntariou-se fazendo todos rirem. Grissom não achou nada engraçado, mas gostou da possibilidade de que os demais pensassem que Sara estava com Tyler e mais alguma outra pessoa. Assim não ficaria tão explicito que estavam tentando algo.

— Oi, crianças! – cumprimentou após a gracinha de Greg. – Estão liberados por hoje! Aos que folgam amanhã, uma boa folga. – olhou rapidamente para Sara. – Aos que trabalham um bom trabalho, pois amanhã tirarei minha folga e não estarei no laboratório.

— Chefinho tirando folga? - Greg insinuou.

— Cala a boca, Greg! – Nick o repreendeu rindo.

— Para sua informação, Greg, vou tirar minha folga por motivos médicos! – seu semblante era sério o que acabou com as brincadeiras. – Bom, até quinta! – despediu-se fazendo com que todos se levantassem para ir para suas casas.

      Sara foi a última a se levantar e ao sair passou por Grissom, sem tirar seus olhos dos dele, rapidamente sussurrou no ouvido dele: “Te espero amanhã, às 19h.” e saiu deixando seu perfume no ar.