Revenge escrita por ACLFerreira


Capítulo 6
Mistério


Notas iniciais do capítulo

Sasuke ainda se debate em meio as suas dúvidas com a estranha sensação de que algo está prestes a acontecer. Não conseguia se convencer de que reencontrar Sakura Haruno agora era só uma incrível coincidência.
Os preparativos para o próximo evento corriam a toda, fazendo-o acreditar ainda mais que algo estava perto de acontecer. Um evento em que todas as Aldeias estavam reunidas era a oportunidade perfeita para um assalto.



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Ao amanhecer, dois dias depois, as primeiras equipes começaram a chegar. Observados com desconfiança pelos membros da Aldeia, os jovens ninjas não pareciam em melhor estado. Já tinham ouvido historias horrendas do ocorrido anos atrás naquela mesma Aldeia.

Um dia tão respeitada, o exemplo vivo dos dias gloriosos dos inúmeros ninjas que protegeram aquelas ruas, era agora um símbolo de opressão. Onde antes vários Clãs se uniram para construir uma vida segura para seus filhos, apenas dois Clãs, além dos poucos membros dos Clãs antigos que faziam parte da cruel organização conhecida como Raiz, ainda residiam naqueles quarteirões. As residências dos demais foram incendiadas e demolidas após o Golpe que resultara na morte de quase todos.

Levara vários anos para as demais Aldeias aceitarem apenas reconstruir relações e aquele Exame era o primeiro passo rumo a retomada. No entanto, ninguém parecia ser fã que tal evento tivesse lugar ali onde os fantasmas do passado pareciam cercá-los em cada quarteirão.

Sobre o Monte Hokage, Sasuke via a movimentação com tristeza. As figuras tão solenes pareciam espelhar o ar de desolação que rondava a Aldeia. Como seu pai e os outros conseguiam permanecer indiferentes ao que parecia ser claro até mesmo para aqueles que viam sua Vila pela primeira vez?

Olhou para a figura do Yondaime Hokage, um lendário guerreiro que morrera quando ele era apenas um bebê, e novamente lhe pareceu estranhamente familiar. Por que aquela figura tão solene e respeitada até mesmo pelos membros de seu Clã parecia sempre remetê-lo ao passado?

Seu pai sempre dizia que mantivera o Monte intacto para poder se lembrar de quantos tolos ainda havia nesse mundo. A expressão em seu rosto sempre que dizia isso sempre o arrastava mais para a escuridão. Nessas horas sempre se perguntava por que fora o único dos Doze a permanecer vivo depois daquela noite. A resposta lógica a cada dia arrancava mais um pedaço de sua alma.

Seu olhar voltou-se para a entrada da Aldeia a tempo de ver algumas figuras mascaradas atravessarem os portões. Não era raro algum aspirante usar máscara, mas aquelas imediatamente chamaram sua atenção. A marcação mostrava que representavam a pequena Aldeia da Chuva, mas algo não deixou de chamar sua atenção.

Nos portões, os três grupos foram interceptados pelos guardas:

— Identificação…

Os três mais velhos entregaram suas credenciais, sem emitir som algum. O que parecia ser o líder, um homem alto de cabelos grisalhos, fez questão de se manter bem a frente dos demais, quase como que os protegendo, mas os outros dois adultos olhavam com desconfiança para os guardas.

Depois da inspeção inicial, o grupo foi liberado.

Sem chamar a atenção, Sasuke os seguia, querendo saber aonde iriam. Uma Aldeia tão pequena não devia ter condições de pagar pelas acomodações nas poucas casas desocupadas. Como quase não recebiam visitantes, não possuíam hotéis ou hospedarias e os poucos comerciantes preferiam não pernoitar ali. Quem em sã consciência o faria?

Eles se detiveram diante de uma casa fora dos limites da área central da Vila e abriram a porta. Lentamente, eles foram entrando, mas um deles se deteve na varanda e olhou para trás, como que percebendo sua presença e, por um segundo, ela se desconcentrou e revelou seu chakra. Foi por segundos, mas foi o suficiente para que ele franzisse os olhos.

O que diabos eles estão fazendo aqui?

 

Sasuke passou a noite em claro, pensando no breve vislumbre que tivera. Seus cabelos estavam diferentes, mas poderia ser um tipo de jutsu de transformação para mascarar sua característica mais peculiar ou simplesmente uma tintura. Como não havia uma justificativa plausível para ela usar um disfarce isso facilmente passaria despercebido pelos idiotas que guardavam a entrada da Aldeia.

Do fundo de sua memória lembrou-se da menina tímida e deslocada que insistira em querer ser uma ninja mesmo sendo filha de dois civis. Muitos tentaram desestimulá-la principalmente porque ela não tinha nenhum talento, mas a garota não parecia se dar por vencida com facilidade. Com sua docilidade, rapidamente conquistara um lugar no grupo de amigos sem nunca perder sua timidez e seu alto-astral.

Ele sentou-se na cama ao lembrar de ver a casa em chamas e a manhã seguinte quando encontrou os corpos carbonizados dos pais de Sakura, mas nenhum sinal de sua jovem filha. Ela, assim como os outros dez companheiros, nunca tiveram seus corpos identificados. Como eles, houveram pouco mais de duzentos desaparecidos, prontamente declarados nukenins pela nova administração.

Basicamente queria dizer que eram ninjas sem pátria, criminosos. O senhor do País do Fogo, covarde como era, assinara embaixo da petição desonrosa. Afinal, se havia criminosos naquela história era a sua família e não aqueles que foram obrigados a fugir de sua terra para salvar suas próprias vidas.

Desistindo de dormir, ele jogou o cobertor de lado e se posicionou ao lado da janela olhando a noite estrelada. Sorriu ao lembrar que era o passatempo favorito de Shikamaru, herdeiro do Clã Nara e um dos Doze. Um nerd que nunca parecia estar disposto a fazer algo.

Por que agora? Por quê?

 

Itachi estava sobre o monumento dos Hokages, olhando pensativo a Vila, quando sentiu alguém pousar atrás de si, fazendo-o se voltar já com a arma em punho, mas travou assim que se deparou com a figura.

A pessoa não fez a mínima questão de esconder sua energia mesmo para alguém sensitivo como ele. Seus olhos, perfeitamente visíveis mesmo sobre a máscara, eram de um profundo ônix, mas o que mais o chocou foi a energia que emanava dela.

— Faz tanto tempo assim que não me reconhece, Itachi? – disse a jovem mulher, retirando a mascara e confirmando suas piores suspeitas.

Levou vários segundos para ele acreditar no que via.

— Izumi?

Ela sorriu friamente, fazendo-o sentir um soco no estomago. Izumi fora a pessoa mais próxima de uma amiga que tivera na infância, mas desaparecera na noite do massacre. Para alguns, fora uma das poucas baixas dentro do seu Clã, mas ele sempre alimentara a esperança de que ela havia fugido junto aos poucos sobreviventes. Com sua alma bondosa e sua disposição em sempre ajudar, não se surpreenderia se algum dia a encontrasse vagando por aí.

— Sabe que tenho permissão de matá-la aqui e agora, não é? Afinal, foi declarada morta há mais de quatro anos.

Ela reclinou a cabeça ironicamente.

— Preferiram me dar por morta do que admitir que havia aqueles dentro do Clã que foram contra seus desmandos?

— Do que está falando?

— Você realmente não sabe? – perguntou ela, se aproximando lentamente, mas ele recuou instintivamente. – Naquela noite, os conselheiros foram até a Central de Polícia ordenando que não interviéssemos no que pretendiam fazer naquela noite. Quando uns poucos protestaram, foram mortos ali mesmo como exemplo. Eu fui a única que conseguiu fugir e corri em direção a Aldeia para avisar o Hokage do ataque eminente. Mas já era tarde demais. Hiruzen Sarutobi nos ordenou a evacuar para fora da Vila todos aqueles que conseguíssemos encontrar enquanto ele e os Anbu tentavam atrasar o avanço dos traidores. Ele e seu filho mais velho morreram naquele dia enquanto que Asuma, já ferido, fugia levando nos braços seu pequeno sobrinho. Hoje eles são tudo o que resta do Clã Sarutobi.

— Para onde vocês foram depois disso?

— Asuma ainda tinha amigos no Templo do Fogo e eles nos acolheram enquanto não conseguíamos um lugar mais permanente. No dia seguinte, Jiraya-sama surgiu, como que do nada, e assumiu a liderança junto com Tsunade Senju, neta do fundador. Eles nos levaram para a Aldeia da Chuva cujos lideres eram ex-alunos do Ero-Senin e eles nos ofereceram abrigo… apesar de já ter se espalhado a noticia de que havíamos sido declarados nukenins.

A última frase foi declarada em um tom de amarga ironia. Ele baixou a katana lentamente, incapaz de culpar alguém que desde do inicio fora uma vítima de seu próprio Clã. Primeiro quando, ao nascer, fora proibida de usar o nome da família porque seu pai havia se casado com alguém de fora do Clã; ela só fora integrada ao Clã quando perdera o pai aos seis anos, se tornando a mais jovem a despertar o Sharingan na história. E, quando enfim cimentara seu lugar no Clã, fora novamente apunhalada nas costas e obrigada a abrir mão de tudo que conhecera e amara por seus ideais.

— Se sabe que frente aos olhos deles não passa de uma traidora, por que voltou?

Ela suspirou parando no topo do cume e olhando o rosto do Yondaime.

— Ele também sobreviveu…

Agora ele realmente ficou surpreso.

— Impossível! Ninguém jamais sobreviveu.

— Incrível, não é? Lembre-se de que a mãe dele também sobreviveu… mesmo que por muito pouco tempo.

Itachi olhava para a figura eternizada na pedra sentindo o sangue gelar.

Minato Namikaze, o Yondaime Hokage, fora um guerreiro sem igual que fora admirado e temido durante a Terceira Guerra. Também fora o mais jovem a assumir o posto mais alto da Aldeia, aos vinte e três anos, mas morrera um ano depois durante o ataque a Aldeia que libertara a Besta Demoniaca, Kurama, de dentro de sua prisão e a levara a atacar a Vila. Em um ultimo ato de bravura, ele usara de suas últimas forças para novamente aprisionar Kurama dentro de seu filho recém-nascido.

Seu Clã, os Uchihas, foram acusados de liderar o ataque, principalmente considerando o fato de que eles não levantaram um dedo para defender a Vila, e isso levara a um ódio sem precedentes pela injustiça. Anos depois, eles sequestraram o pequeno Naruto Namikaze, a nova prisão de Kurama, e novamente a libertaram para ser usada durante o golpe… mesmo sabendo que isso significaria a morte do menino que tinha apenas nove anos naquela época.

Se era mesmo verdade que Naruto sobrevivera a remoção como acontecera com sua mãe, Kushina, a antiga prisão, temia pensar no ódio que aquele menino poderia ter alimentado por todos aqueles anos. Se ele tinha apenas metade do poder somado de seus pais e como o pai treinado pelo lendário Ero-Senin, Fugaku Uchiha, o Godaime Hokage imposto, se arrependeria de ter nascido.

 

O Sol nascia no horizonte enquanto Sasuke vagava pelas lápides do cemitério, pensativo. Parou diante da plataforma onde os antigos Hokages haviam sido enterrados e ficou observando.

O cemitério agora estava praticamente vazio. Depois do golpe, como que para apagar toda perversidade de seus atos, seu pai e os conselheiros haviam ordenado que todos os túmulos fossem retirados e os corpos foram incinerados em imensas piras funerárias. Somente os Hokages haviam permanecido no mesmo lugar diante de um campo vazio somente ocupado por túmulos de dois Clãs.

O rapaz depositou uma única rosa branca diante do tumulo de Minato Namikaze cuja esposa tivera seu tumulo violado e seu filho não tivera sequer o direito a um. Não que tivesse a intenção de pedir perdão pelos seus, mas era uma forma de homenagear aqueles que foram vitimas silenciosas de seu Clã.

De repente, sentiu como se alguém o observasse e voltou-se. A mesma menina com a máscara felina o observava.

— Não vai achar o tumulo de seus pais aqui – disse, caminhando vagarosamente em direção a ela. – Eles foram cremados no dia seguinte ao Golpe.

— Está bem mais vazio do que me lembrava – comentou em voz muito baixa, olhando ao redor.

Sasuke se deteve, baixando a cabeça sem conseguir pensar em nada a dizer.

— Será que faz com que se sintam melhor fingir que nada disso jamais aconteceu? Que conseguirão olhar para seus netos e sorrir porque jamais saberão que não passam de assassinos cruéis que apunhalaram pelas costas aqueles que confiaram neles?

— A Guerra torna o melhor ser humano no ser mais vil…

Ela riu sarcasticamente.

— Não estávamos em guerra, Sasuke… Não queira justificar o que não tem justificativa.

— Não estou justificando. Estou apenas dizendo o que eles dizem a todos nós desde daquele dia. Não que isso me convença…

— Você sempre foi bom demais para eles. Espero que, quando chegar a hora, saiba que lado escolher.

Antes que ele pudesse se recuperar do choque e se lembrar de perguntar do que ela falava, ela desapareceu.


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Notas finais do capítulo

O que será que Sakura quis dizer? O que ela e seus amigos estão planejando?



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