Revenge escrita por ACLFerreira


Capítulo 14
A verdade


Notas iniciais do capítulo

Quem será o verdadeiro vilão dessa história? E de que lado ficarão os Uchihas com essa revelação bombástica?



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O homem se ergueu lentamente. O olho direito estava coberto por ataduras e uma cicatriz em forma de “xis” enfeitava o queixo. O braço direito estava escondido entre suas vestes, mas sua expressão mantinha-se fria e impassível.

— Danzou Shimura – exclamou Kakashi, aproximando-se.

— Quem? – perguntou Naruto, confuso.

— Ele foi companheiro de juventude de Sarutobi-sama, os dois faziam parte da equipe de guerreiros de confiança do Segundo Hokage, Tobirama Senju. Diziam que ele ficou ressentido quando, antes de morrer, Senju nomeou Hiruzen Sarutobi como seu sucessor, descartando-o. Sinceramente, esperava que ele tivesse perecido naquela noite. Isso devia me surpreender, Naruto, mas a verdade é que não surpreende.

Os guerreiros Uchihas que antes lutavam do lado de Shimura de súbito ficaram sem saber o que fazer.

— O que fez com meu pai, seu desgraçado? – perguntou Itachi, erguendo-se com dificuldade.

Shimura sorriu sarcasticamente.

— O que devia fazer para assumir meu lugar de direito. Fugaku veio até mim depois que o convenci que poderia negociar junto ao Conselho uma saída pacifica. Mas ele nunca voltou daquela reunião.

Itachi arfou, lembrando-se daquele dia. Seu pai fora sozinho, sem escolta, pouco após a morte de Shisui antes que ele tivesse a oportunidade de contar-lhe o que realmente havia acontecido ao seu amigo. Fora quando tudo se precipitara.

— Por isso matou minha mãe. Ela desconfiava de você.

— Sua mãe foi uma grande kinoichi antes de casar-se com Fugaku. Também era muito intuitiva e conhecia seu pai como ninguém. Se havia alguém que poderia me descobrir era ela…

— Ele acreditava na paz e a buscou até o fim – disse Naruto, apontando para Shimura, mas se dirigiu aos Uchihas: – Ele não é seu líder, os enganou todos esses anos e os tornou assassinos execrados em sua busca insana por poder.

Shimura riu.

— Eles não vão segui-lo, Uzumaki. Eles desceram demais para ainda ter algum vestígio de suas próprias almas.

— E seu genjutsu ajudou, não é? – perguntou a menina de cabelos cor-de-rosa, fazendo-o rosnar. – É muito simples, somente os fez acreditar que enfrentavam um inimigo.

Todos a encararam de súbito.

— Naquela noite, eu senti algo muito estranho no ar quando eles arrombaram a porta da minha casa. Meu pai sempre foi um ninja inexpressivo que desistiu da carreira por saber que nunca seria alguém, mas, mesmo assim, os enfrentou para defender a mim e a minha mãe. Só que aqueles homens que invadiram minha casa… era como se eles não nos vissem. Levei muito tempo para entender o que era aquilo.

Ela voltou-se para eles.

— Quando vocês foram libertados, a lembrança de que era um genjutsu foi apagado de sua mente e se convenceram de que eram monstros. Se entregaram as ordens dele porque não viam mais salvação para as suas almas.

— Se não querem ajudar, pelo menos não atrapalhem – disse Itachi, colocando-se ao lado de Naruto. – Vou vingar meus pais… nem que seja a ultima coisa que eu faça.

Os Uchihas não estavam dispostos a ajudar. Não que importasse, se pelo menos eles não tentassem ataca-los.

O garoto encarou seu inimigo e os muitos ninjas que ainda o defendiam, cercando seus companheiros.

— Não pode contra todos eles – alertou Kurama dentro de sua mente.

— Na verdade, só preciso derrubar ele.

A Besta resmungou. Não era fã dos humanos e aquela múmia era o exemplo de tudo o que mais odiava nos seres humanos, mas, se Naruto morresse, também iria para o mundo dos mortos. E prometera aos pais daquele moleque que iria protegê-lo.

— Então mande seus amigos distraírem os guarda-costas dessa múmia?

— Quem você pensa que é para mandar em mim? – gritou, revoltado.

— Alguém que tem cérebro.

O garoto resmungou.

— Afastem os ninjas… eu cuido dele – ordenou, mas Itachi e Sasuke não pareceram muito dispostos a obedecer. – Eu sei que querem justiça, mas essa não é a hora de seus sentimentos levarem a melhor.

Os outros assentiram, mas os dois irmãos pareciam contrariados. Porém, eu tinha de ser firme:

— Ela já destruiu vidas o suficiente, não podemos permitir que faça mais. Se o matarem com todo esse ódio os consumindo, desceriam ao mesmo nível dele. Será que seus pais quereriam isso?

Eu peguei minha adaga, pensando na grande ironia de tudo aquilo.

 

Naruto estava sentado em cima de uma grande árvore, sentindo a chuva cair em seu rosto. Fazia tanto tempo que moravam em Amegakure que já até se acostumara a garoa constante.

Ele suspirou, olhando para a bandana em suas mãos. Trazia ao centro o símbolo da Aldeia da Chuva, mas, de alguma forma, sentia que não era sua. Sempre sonhara com o dia que se formaria na Academia, mas não daquele jeito.

Podia sentir o chakra de seus companheiros que treinavam em pequenos grupos observados de perto pelos instrutores. Sakura, com seus cabelos cumpridos, se aperfeiçoava em seu elemento dominante, embora já tenha começado a treinar com Tsunade. A Senin a tomara sobre suas asas poucas semanas após a chegada deles, mas a menina sempre dizia que conhecimento nunca era demais.

Ao lado dela, Hinata e Neiji treinavam juntos. Após Hiashi ter cumprido sua promessa e removido o Selo de todos os Hyuugas, o garoto lentamente havia baixado a guarda e havia se tornado companheiro inseparável de sua prima, além de sempre treinar com Guy-sensei e Rocky Lee, dois especialistas em taijutsu. Assim o garoto era quase um expert.

Mais adiante, Shikamaru, recém-escolhido líder dos remanescentes do Clã Nara em substituição ao pai, morto durante a Guerra Civil, treinava ao lado de Chouji, do Clã Akimichi, e Ino, do Clã Yamanaka. Os três se conheciam desde sempre já que seus pais eram amigos inseparáveis desde a infância.

Mas o que poucas pessoas sabiam é que, analisando a variação dos chakras, podia distinguir as diferentes emoções dessas pessoas. Embora com algumas variações, eles eram o total oposto de suas próprias emoções.

Seu olhar se perdeu ao longe, se recusando a lembrar daquele dia. Se queria realmente se mostrar um bom líder, tinha de aprender a abstrair tudo aquilo, tinha de ser maior do que tudo que acontecera. Tinha de mostrar que merecia a confiança que seus pais haviam depositado nele.

— Emoções não são fraquezas – disse uma voz que o fez se voltar.

O homem ruivo de longas franjas estava parado ao seu lado.

— Mas me tornam fraco, suscetível.

— Sim, mas é o que nos torna humanos. Sem nossas emoções, não somos diferentes daqueles que devastaram sua Aldeia. Se você ainda é capaz de sentir, ainda é capaz de perdoar e do perdão vem a paz de espírito. Sem o perdão, não haverá esperança de um amanhã melhor para nenhum de vocês.

O menino apenas suspirou o encarando.

— Quando eu tinha nove anos, minha Aldeia era o palco dos combates da Terceira Guerra Ninja. Nosso líder, achando que ganharia algo no caos causado, se meteu naquela briga, causando muita destruição. Certo dia, um grupo de shinobis da Folha invadiu minha casa a procura de comida e meu pai tentou enfrenta-los para defender a mim e a minha mãe… mas meu pai era um civil, não teve a menor chance. Quando perceberam o que haviam feito, eles ficaram sem saber o que fazer, mas, em um acesso de fúria, eu os matei – disse o homem, olhando o horizonte. – Levei muitos anos para perdoá-los, compreender que tudo não passou de uma das muitas consequências desastrosas de uma guerra que nunca teve vencedores… levei muito mais tempo para perdoar a mim mesmo. Jiraya-sensei me acompanhou em todo esse processo… na minha determinação de que nenhuma criança mais teria de enterrar os pais com suas próprias mãos.

Nagato finalmente me encarou.

— Olhe para eles… Você diz que seu maior sonho é ser um grande líder como seu pai foi. Então, suas emoções determinarão o caminho que vocês trilharão.

Eu baixei o olhar e percebi uma agitação no campo. Pulei da árvore bem a tempo de ver uma das mulheres surgir, gritando:

— Nasceu…

Os jovens imediatamente pararam o que estavam fazendo e seguiram a mulher.

No pequeno hospital, a maioria dos adultos estava reunido, cumprimentando o jovem pai que sorria, constrangido.

Eu fiquei mais atrás vendo as pessoas se ajuntarem para ver o bebê. A menina tinha cabelos escuros, era tudo o que dava para ver, e parecia pequena envolta nos braços fortes do pai que parecia prestes a chorar. Konohamaru era o mais interessado em ver o bebê, se acotovelando entre as crianças apesar de ser um dos mais jovens dentre eles.

Eu sorri vendo tudo isso. O nascimento de um bebê era uma bênção, principalmente para aquelas pessoas que já haviam perdido demais. Era um símbolo de esperança, pois era o primeiro bebê nascido no exílio, mas a pequena Mirai Yuhi-Sarutobi não cresceria longe das terras de seus antepassados.

Eu dei as costas, voltando-me para a porta, sentindo o olhar de Nagato me seguir, mas não vi o sorriso que curvava seus lábios.


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Notas finais do capítulo

Atendendo a pedidos, pus um pouco dos sentimentos do Naruto no papel. Desculpe se fugi um pouco do original, mas ele, mais do que todos ali, teve que crescer muito rápido, não concordam?



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