Revenge escrita por ACLFerreira


Capítulo 11
Filler: A Decisão de Hiashi


Notas iniciais do capítulo

Quebrados, desesperançados e solitários, o outrora maior Clã de Konoha precisa mais do que nunca de seu líder para catar os cacos de suas vidas e recomeçar. Mas o próprio Hiashi parece não encontrar um caminho para recomeçar.
O orgulhoso líder, no entanto, não tem tempo de lamentar sobre seus próprios erros. Ele terá de buscar forças onde não imagina possuir para reerguer os seus e buscar um novo começo.



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Uma garoa fina caía na Aldeia enquanto os poucos Hyuugas terminavam a refeição. Em silencio, separados dos outros, como mandava os bons costumes do Clã, cada um preso em seus próprios pensamentos.

Hiashi mantinha seus pensamentos apenas para si mesmo, mas sua mente estava a mil por hora. Suas duas filhas, Hinata e Hanabi, e seu sobrinho, Neiji, estavam perto dele, comendo, mas podia sentir a inquietação das duas meninas olhando de tempos em tempos para as outras crianças. Neiji, sempre contido mesmo tão jovem, parecia mais quieto, mas o líder conhecia o garoto o suficiente para saber que algo o incomodava. Aos dez anos, o único filho que seu irmão gêmeo deixara nunca lhe parecera tão sem rumo como agora. Nem quando encontrara-o em pé parado na porta onde velavam o corpo de seu pai quando mal tinha quatro anos.

Ao final da refeição, as duas garotas mantiveram-se em silencio, esperando. Nunca antes tinha visto sua filha mais velha e herdeira presuntiva, Hinata, com o semblante tão amadurecido e sério. Sempre esperara aquela expressão no rosto da garota que sempre lhe parecera sensível demais para ser a líder do Clã, mas nunca naquelas circunstâncias. Agora que enfim ela lhe parecera pronta para sucedê-lo, sentia falta de sua expressão sensível e despreocupada de antes.

Até mesmo Hanabi, no alto de seus quatro anos, de quem só se espera um sorriso e um olhar despreocupado agora parecia que tinha se esquecido de sorrir. Como sentia falta de Ayumi agora, mas, graças aos céus, o criador a levara antes que tivesse de presenciar a tragédia que devastara suas vidas e a dor no olhar de suas filhas.

Ele se levantou de súbito, fazendo os outros também se levantarem.

— Leve as crianças para o abrigo e podem se recolher – disse ele, se afastando, sem dar atenção aos outros. Pelo canto do olho, viu uma das serviçais levar Hinata e Hanabi junto com as outras crianças.

Não fazia ideia para onde ia, mas mantinha a postura altiva e impenetrável. Somente quando estava longe dos olhos de todos se deteve e se apoiou em uma das pilastras de pedra. Suas mãos tremiam, pela primeira vez não sabia o que fazer. Como devolver o sorriso para o rosto de suas filhas.

De repente, sentiu alguém se aproximar.

— No que está pensando? – disse Neiji, fazendo-o se voltar.

— Você não devia estar dormindo?

O menino não respondeu de imediato, apenas ficou olhando-o. Depois de algum tempo, finalmente disse:

— Agora mais do que nunca tem que ser forte. Nós precisamos de você – disse, fazendo-o se perguntar como alguém tão jovem podia parecer tão sem sentimentos e amargo. – É muito fácil ser um líder quando tudo está na mais perfeita ordem, mas é nos momentos difíceis que os verdadeiros líderes se revelam.

Neiji ergueu o olhar, fazendo-o de súbito lembrar-se de seu irmão… e no quanto por apenas um dia ele se revelara um líder muito melhor do que ele jamais fora. E desejou ardentemente que seu pai tivesse visto o verdadeiro Hizashi e tivesse escolhido ele para sucedê-lo.

O garoto afastou-se sem mais nada dizer, deixando o tio em pé olhando o horizonte escuro. Lentamente, ele deslizou até o chão, sentindo as gotas de chuva misturarem-se as lágrimas que ele era orgulhoso demais para deixar alguém ver.

O dia amanhecia quando Kakashi ouviu alguém bater na porta. Ao abri-la, viu um homem pingando água na soleira da porta, mas sem perder a postura imponente.

— Posso lhe pedir um favor?

 

Quase duas semanas já haviam se passado desde a chegada e todos já haviam se habituado a nova rotina. Os Hyuuga ainda se mantinham afastados dos demais, respeitando suas próprias rotinas rígidas. Talvez em uma tentativa desesperada de não enlouquecerem.

Uma noite assim Hiashi chegou a casa espaçosa onde todos estavam acomodados e olhou ao redor. Apenas trinta indivíduos, contando apenas oito crianças, estavam ali reunidos. Reunidos em circulo, pois pedira que as crianças também estivessem presentes, aguardavam.

— Enfrentamos tempos difíceis – começou, olhando um a um. – Há um mês, tivemos de sair fugidos de nossas casas, escorraçados de nossa própria terra, traídos por aqueles que considerávamos nossos irmãos e amigos… Sempre respeitamos nossas tradições, nossos valores, mas, agora penso, a que isso nos levou?

Ele fez uma pausa, mas ninguém disse nada.

— Quando meu irmão e eu nascemos, meu pai teve de fazer uma escolha: Quem seria seu sucessor? Ele escolheu a mim, por ter nascido uns poucos minutos antes, e passou a tratar meu irmão como se fosse pouco mais do que um estranho. Hizashi cresceu se sentindo um invasor em nossa própria casa. Quando fez seis anos, ele foi marcado com o Selo de Submissão e escorraçado de sua própria casa. Eu fui criado para acreditar que esse era o destino dele e nada do que qualquer um de nós fizéssemos mudaria isso. E tentei me convencer por muitos anos… até mesmo quando meu irmão morreu para salvar minha vida – disse, baixando o olhar, sem imaginar que seu sobrinho o observava. – Na última vez em que o vi, Hizashi disse que não estava se sacrificando pelo bem do Clã, como um bom membro da família secundária, mas por mim… porque era meu irmão e que era o único jeito de sair vencedor frente a uma tradição tão injusta a ponto de condenar uma criança a ser enjeitada por sua própria família. A primeira que devia amá-la. Uma tradição que faz com que a maior parte de nós sejamos considerados descartáveis e uma minoria se sinta acima do bem e do mal.

Ele finalmente ergueu os olhos e fitou um a um.

— Hoje vejo seus olhares derrotados, a dor e a desesperança no rosto de nossas crianças e finalmente entendo o que meus pais fizeram ao meu irmão. E odeio admitir que ele foi um homem mais honrado e um líder muito melhor do que eu jamais serei capaz de ser. E vejo também que tenho de honrar sua memória e criar um novo começo para que um dia todos nós voltemos a ter esperança – disse, respirando fundo. – Então, eu queria propor agora que votemos novas regras mais condizentes com nossa nova realidade. Se nunca voltarmos para casa, devemos considerar se nos manter afastados de todos é o melhor caminho.

— Você é o líder – respondeu um dos jovens guerreiros, sem erguer o olhar. – É sua obrigação definir os novos rumos.

— Todos nós vimos o que a ditadura nos levou, meu jovem, e concordamos que não queremos isso para nossas vidas – respondeu Hiashi, surpreendendo a todos. – Os Anciões não estão mais aqui para nos puxar de volta… e, se queremos mesmo recomeçar, temos de nos unir. E não quero impor minha vontade a ninguém.

— Como podemos acreditar se, não for de sua vontade, pode simplesmente acionar o Selo e nos obrigar a nos submeter – respondeu outro, o primeiro a revelar suas emoções, mas Hiashi não reagiu.

— Não fomos sempre honestos com vocês – revelou Hiashi, finalmente conseguindo a atenção de todos. – Há uma forma de remover o Selo e estou disposto a remover de todos como uma amostra da minha disposição em mudar.

As pessoas se entreolharam, os poucos da família principal que haviam se unido a eles na fuga pareciam preocupados, mas Hiashi ergueu a mão direita, pedindo atenção:

— Tudo o que nos resta é uns aos outros agora. Vimos o que a união e o companheirismo conseguiram nessas semanas. Acham mesmo que, se estivéssemos sozinhos, teríamos chegado a metade do caminho? Ou ainda estaríamos perdidos, nos escondendo, temendo nossas próprias sombras? Podem dizer que é uma falsa sensação de segurança, mas é muito mais do que tínhamos quando deixamos Konoha temendo por nossas vidas.

Eles voltaram a se entreolhar até um dos representantes disse:

— E como funcionaria essa remoção?

Chegaram ao cerne da questão. Hiashi suspirou, sabendo que não era hora de meias verdades.

— Originalmente, esse Selo foi adquirido pelo Conselho junto a um Clã especializado em Fuuinjustsus e que está… bem, quase extinto. Até onde se sabe existem apenas dois representantes, sendo um deles mestiço.

Todos se voltaram em sua direção imediatamente.

— Sua Vila, no entanto, ainda existe, abandonada. Dizem que sua biblioteca nunca foi encontrada porque está protegida por jutsus de proteção desconhecidos pela maioria de nós. Dentro de alguns dias, Jiraya-sama planeja fazer uma expedição até a Vila Oculta do Turbilhão em busca da biblioteca perdida dos Uzumaki.

— E por que ele considera que terá êxito? – perguntou Neiji, seriamente interessado já que ele mesmo fora marcado quando tinha cinco anos.

— Porque ele é um dos poucos dentre nós que domina o Senjutsu e ele acredita que foi esse tipo de jutsu que eles usaram para selar sua biblioteca.

— E se eles eram tão espertos quanto parece devem ter deixado pergaminhos com suas técnicas para as gerações futuras – raciocinou outro, tocando a própria testa onde uma faixa escondia a marca do Selo.

Um a um as pessoas começaram a encará-lo e um brilho diferente começou a iluminar seus rostos.

— Podemos começar com as sugestões, então?


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Notas finais do capítulo

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