Quem vai ficar com Teddy? escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 6
Mudanças são bem-vindas




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Era sábado e Harry agradeceu por isso, pois a dor de cabeça estava infernal. Amaldiçoou-se por ter esquecido qual era sua tolerância para álcool. Levantou-se para apanhar o copo de água na cozinha. Draco estava lá, assoprando uma caneca de café.

— Bom dia, Potter — Draco cumprimentou. — Desculpe, Harry. Quer café?

— Não, obrigado. Quero água.

— Ressaca, não é? Melhor café, vai por mim. Sei do que estou falando.

Sem esperar nada, Draco colocou café numa xícara e deu para Harry, que ia beber, porém, hesitou um segundo.

— Eu não envenenei o café, sabe…

Trocaram sorrisos constrangidos. Os dois se lembravam nitidamente do maior acontecimento da noite anterior, mas não queriam falar disso. Não ainda.

— Padin? Draco? — o pequeno Teddy estava encostado no batente, usando seu pijama vermelho com carrinhos. — Padin voltou!

O menino correu para abraçar o padrinho e Draco teve uma ideia. Harry não tinha que trabalhar, nem ele. Por que não passarem o dia com Teddy?

***

— Teddy! Espera!

Draco corria pelas árvores do Hyde Park atrás do garoto e à espera de Harry, que decidiu comprar um sorvete bem na hora em que Teddy saiu correndo. Por ironia do destino, o parque estava deserto, então encontrá-lo não devia ser uma tarefa difícil, certo? Errado. Porque assim que chegaram lá, Teddy mudou a cor dos cabelos para verde, combinando-os com as árvores em volta.

Mas estava tudo sob controle até Harry ir ao quiosque de sorvete e deixar Draco com a Criança-Arbusto.

— Quer ajuda, senhor? — um segurança ofereceu.

Claro! Pode me ajudar a achar meu primo que pode mudar de aparência a qualquer momento? Patético.

— Não, obrigado. Estou bem.

O homem deu de ombros e seguiu seu caminho. Draco teria de se virar para achá-lo.

— Cadê o Teddy? — Harry perguntou, chegando com um picolé de limão. Draco apenas encarou-o com as sobrancelhas erguidas. — Entendi. Sumiu. E… ah, droga. Cabelos verdes.

Até que enfim. Como a Granger te suporta?, Draco revirou os olhos. Harry terminou o picolé e jogou o palito no lixo. Foram atrás do menino, mas onde ele poderia estar? E mais importante: como poderia estar? Poderia ser uma daquelas árvores, quem sabe? Enquanto caminhavam, conversavam — que mais havia para fazer?

— Sobre ontem, Harry, eu não…

— Se for pedir desculpas de novo, por favor não diga nada. Sobre isso, nós já falamos.

— E sobre o quê não falamos?

— Sobre o que sentimos um pelo outro. Porque há alguns anos, mal podíamos ficar no mesmo ambiente sem querer azarar um ao outro.

— Acho que não nos odiamos mais, afinal, nos beijamos, mas…

— Mas nada. Não tem mas. Não nos odiamos, entretanto, não nos amamos— e nunca vamos. Um beijo é só um beijo.

— Ok, mas se você quiser podemos experimentar… outras coisas de forma casual de vez em quando.

— Quer transar comigo, Draco? — Harry deu uma risada divertida.

— Quando você coloca assim, fica bem mais grosseiro do que eu tinha imaginado — as bochechas de Draco ficaram vermelhas.

— Ok, podemos tentar qualquer hora dessas, mas primeiro: Teddy.

— Aqui! — Teddy saltou de trás de um arbusto, sorridente e sujo de terra.

Suspiraram aliviados. Draco se abaixou para limpá-lo enquanto Harry ralhava com a criança por ter sumido e deixado-os preocupados. Teddy ouvia em silêncio, triste por ter magoado padin e Draco com sua brincadeira. Declararam o passeio encerrado e voltaram para casa.

Monstro preparou o banho de Teddy e o menino jogava bola no quintal, então Draco e Harry conversavam para passar o tempo.

— Quando? — Harry perguntou aos sussurros, como se Teddy fosse ouvi-los.

— Que tal hoje, quando Teddy estiver dormindo? Podemos aplicar feitiços silenciadores e ter toda a privacidade do mundo.

— Fechado — Harry sorriu, dizendo a si mesmo: Me dei bem. Draco não era de se jogar fora, no fim das contas.

Quando Monstro terminou de aquecer a água, Harry se levantou e foi banhar Teddy, sem ver que Draco tinha o mesmo sorriso estampando o rosto até os olhos cinzentos.

***

— Draco Malfoy. Você me prometeu detalhes. Todos eles. Comece a cantar, rouxinol.

— Não foi nada esplendoroso, Marine. Só uma garrafa de Merlot e um beijo.

— Vocês se beijaram. Ah, meu Deus. Eu sabia que você sentia alguma coisa por ele!

Posso garantir que meu interesse por ele é zero, mas talvez goste de saber que vamos transar hoje — disse, sabendo que incitaria a amiga.

— De repúdio a beijos e sexo em um mês, vocês deviam escrever um livro sobre relacionamentos com esse título.

— Mulher infeliz… se você transasse mais vezes, não estaria tão interessada na minha vida.

— Grosso! Não vou mais no lançamento do seu livro nem se você vier me convidar de joelhos.

— Desculpe-me — respondeu em tom de brincadeira. — Considere oficialmente convidada para o lançamento imaginário do meu livro imaginário.

— E pro casamento? Eu quero ser madrinha.

— Tá bom, mas não com o Harry, já que eu não vou me casar com ele.

— Já estão se tratando pelo primeiro nome, isso é um bom sinal. Escolheram os nomes dos filhos?

— Eu vou ter filhos com ele, Marine. Eu. Não. O. Amo. Entendeu?

Hum, sei. Cada um com seus problemas. A gente se fala amanhã?

— See you in the cool papers!

Draco desligou e respirou fundo. O último homem com quem dormiu foi Phillip Meyers, e este não tinha nada a ver com Harry Potter. Phillip não sabia o que queria da vida, enquanto Harry tinha um plano muito bem definido, mas flexível, e se eles um dia parassem com o sexo casual, continuariam a se ver, afinal dividiam a casa e Teddy, como a vida não cansava de lembrá-los.

O que deu em você?, Draco censurou-se. Só será se vocês tiverem sentimentos um pelo outro, coisa que não é verdade. É só sexo. Isso ficou bem claro. Teddy e Harry saíram do banheiro, e Draco decidiu que era sua vez de tomar banho.

***

Jogavam sem ter combinado regra alguma. Harry ignorou Draco e Draco ignorou Harry o dia todo, tornando a situação mais interessante. Depois que Teddy estava dormindo, Draco bateu à porta e adentrou o quarto, encontrando o rapaz moreno apenas com uma toalha na cintura, com a mão direita ajeitando — ou bagunçando, Draco não sabia dizer — o topete úmido, e a esquerda na gaveta, pegando o pijama — que ambos sabiam que logo seria descartado.

— Oi Draco — ele sorriu, vestindo o pijama escolhido.

Harry começou pela bermuda, dando a Draco mais tempo para notar seu abdome. É com esse abdome que Draco Malfoy sonhará esta noite.

Harry achava que seus problemas com indecisão e insegurança tinham acabado com a guerra. Na Academia de Aurores, a coisa era muito “preto no branco”. Prenda os maus, salve os bons, era o que seus instrutores diziam e era o que ele fazia.

Sabiam porquê estavam ali, mas não sabiam como fariam. Em vez de arrancarem as roupas como loucos, sentaram na cama e conversaram sobre o que gostavam e não gostavam quando o assunto era sexo.

— Então, você prefere… ser passivo ou ativo? — perguntaram ao mesmo tempo. Engoliram em seco e se encararam por alguns minutos. — Hã… eu costumo revezar.

Ficaram em silêncio até Draco apanhar uma moeda no criado-mudo.

— Cara ou coroa? Se der cara, eu serei o passivo. Se der coroa, é você.

Jogaram a moeda três vezes. Por duas vezes, o resultado foi cara, então dispensaram mais conversa e foram direto ao ponto. Não pense em como isso é sexy, Harry ralhava consigo mesmo. Não pense nisso.

Draco parecia sorrir ao avançar para a bainha da camisa de Harry. O moreno ajudou-o a despir-se também. Por baixo da camiseta xadrez vermelha, revelaram-se belas clavículas, e Harry não pôde resistir ao impulso de tocá-las. Draco gostou de ser tocado ali e daquela forma.

Uma sensação deliciosa percorria sua pele. Como tinha prometido a si mesmo, Draco tirou a calça de Harry e sorriu. Ele não sabia muito bem porque estava sorrindo, mas permitiu-se.

Sentiu umedecer o ânus quando o lubrificante entrou em ação. Um projeto de arrepio subiu sua espinha, mas ele não deixou-se alterar. Precisava há muito tempo disso, e agora tinha a chance. Para Harry não era diferente. Sentia necessidade, vontade, e estava pronto.

Trabalhavam juntos e em relativo silêncio, apesar de Harry ter perguntado algumas vezes se doía. Draco negou, já não era um garoto inexperiente para morrer de dor ao ser penetrado. Ele até gostava da sensação tanto quanto gostava de outras sensações meio estranhas, como morder a caneta no meio de um bloqueio criativo, ou esquentar os dedos até quase queimá-los com a caneca de café matinal, ou beijar Harry Potter. Coisas de que não deveria gostar, mas gostava, e mais do que seu orgulho permitia admitir.

***

Harry acordou com um peso desconhecido no peito. Seu primeiro pensamento foi Teddy, mas não podia ser. Ele tinha trancado a porta na noite anterior, para que Teddy não entrasse de repente e visse Harry com Draco. Falando em Draco, era a sua cabeça no peito de Harry.

Seus cabelos loiros estavam espalhados para todas as direções e a serenidade em seu rosto indicava que não despertaria tão cedo. Harry então fechou os olhos e imaginou como seria o futuro dali para a frente. Gostou do resultado.

— Bom dia — Draco falou tão baixo que parecia ronronar.

— Bom dia — Harry respondeu. — Bagunça — ele olhava para os lados.

— Elfo doméstico, lembra-se? — apanhou o travesseiro abandonado embaixo da cama.

A porta estremeceu com batidas suaves. Certamente não era Monstro.

— Filho, lembra-se? — Harry chutou os lençóis. — Vista alguma coisa.

Ambos apanharam roupas a esmo e esconderam o tubo de lubrificante. Olharam seu reflexo e murmuraram palavras que soaram como elogios. Estavam prontos para a realidade depois de uma noite de fantasia.


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