Quem vai ficar com Teddy? escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 5
O retorno com algo mais




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Draco Malfoy e Harry Potter: a revelação

Como fogo queima o milharal, as notícias se espalham. Cumprindo meu papel de jornalista, trago-lhes a mais nova notícia: Harry Potter, o menino que sobreviveu, herói de duas guerras e dono de muitos outros atributos, da noite para o dia, viu-se pai.

Sim, caro leitor. O senhor Potter é agora responsável por seu afilhado, Edward Lupin. Mas o sr. Potter não está só. Ele partilha a responsabilidade paterna com Draco Malfoy, outra personalidade da segunda guerra bruxa, por decisão da falecida avó de Edward.

Harry e Draco, apesar do passado ligeiramente hostil, estão mais maduros e prontos a enfrentar os desafios da vida conjunta e por que não?, a dois. Mesmo que não sejam um casal, dividem o filho e a casa, e aos olhos de muitos, isso é ser um casal “sem as partes divertidas”. Se é verdade ou não, ainda não se sabe.

Bem, este repórter faz votos que tudo dê certo e que a festa não acabe em divórcio.

Draco contemplou o resultado de seu trabalho. Um misto de fatos e fantasia jornalística. Era como uma boa fanfic que lhe custara apenas algumas horas de sono. Só precisava de um pseudônimo, pois Draco Malfoy era e sempre seria um íntegro colunista esportivo. Seria então Paul Doddley. Assinou com esse nome, seu primeiro manuscrito de capa.

Uma semana depois…

Foi parabenizado e recebeu tapinhas nas costas pela excelente matéria. Pseudônimos eram apenas para os leitores, dentro da redação não existiam identidades secretas.

Quando encerrava o expediente, o telefone tocou, fazendo revirar seus olhos inconscientemente.

— Oi Draco - ouviu a familiar voz de Potter. - Só queria avisar que já voltei e queria te convidar pra jantar comigo hoje.

Draco queria que o mundo parasse para processar a informação. Potter tinha convidado-o para jantar? E ainda por cima o chamou pelo nome de batismo? O que estava acontecendo? Sua matéria tinha, de alguma forma bizarra, alterado a ordem natural das coisas? Bem, não dava para desescrevê-la e fazer as coisas voltarem ao normal, afinal. E que mal um jantar podia fazer, no fim das contas?

—Eu topo. Peça a Astoria para ficar até mais tarde, sim?

Já falo com ela. Quer que eu vá te buscar?

—Se puder, eu agradeço.

—Chego aí em dez minutos - Draco guardou o celular e conteve o sorriso.

—Draco Malfoy. - Marine disse, séria ao extremo. - Li sua matéria. Muito boa.

— Obrigado - ele soltou uma risadinha nervosa, tentando esconder o que sentia.

—Por um acaso, só acaso mesmo, Potter te convidou para jantar?

—Por um acaso, só acaso mesmo, você grampeou meu celular, sua louca?

—Foi um chute, mas sua cara diz que é verdade.

—Eu adoraria ficar e discutir, mas tenho um jantar para ir, com licença.

Marine deu-lhe passagem, exigindo os detalhes para mais tarde. Draco riu e saiu do prédio. Potter já lhe esperava do lado de fora do prédio, encostado em uma motocicleta preta. Draco encarou-a como se fosse um instrumento de morte.

—Eu acabo de chegar e já te deixo sem palavras? Melhor do que eu esperava.

Não é você, é essa coisa infernal, pensou, se aproximando. Potter montou na motocicleta e estendeu a mão. Draco quis recusar, mas havia algo no esmeralda dos olhos dele que dizia: “Confie em mim”.

Então ele confiou e pegou a mão estendida, se acomodando no carona. Estava incerto do que fazer. O único lugar em que poderia se segurar era a cintura de Potter, e receava em tocá-lo, por mais que fosse a única alternativa para não cair.

—Vamos lá, Draco. Segure-se em mim - Potter apressou-o.

Então passou os braços pela cintura de Potter, cruzando as mãos na altura do peito dele e fechou os olhos. Queria imaginar-se em outra situação, mas era impossível pensar em uma explicação plausível para aquilo. Estaria abraçando uma pilastra revestida de couro?

Nah, dava muito trabalho, então aceitou de uma vez que estava abraçando Potter e concentrou-se na sensação do vento gelado no rosto. Pararam no semáforo, e sentiu um afago no dorso da mão. Retribuiu o carinho, sem parar para pensar no que poderia estar acontecendo entre eles.

Chegaram ao Caldeirão Furado, no Beco Diagonal, onde o dono - se a memória de Draco não o traia, chamava-se Tom - os aguardava com um jantar delicioso.

—A bebida, por favor, Tom - Potter solicitou enquanto Draco agradecia aos céus por ter sobrevivido. - Vamos nos sentar, Draco.

Draco o seguiu até a mesa reservada, longe dos outros clientes. Sentaram um defronte ao outro. Respiravam fundo, e então fizeram o que ninguém esperava. Nem mesmo eles.

Se beijaram.

Foi uma sensação diferente do que imaginaram. Não era o primeiro beijo de suas vidas, Ginny, Cho, Daphne e Pansy eram testemunhas, e nem o primeiro beijo desde que assumiram sua sexualidade, mas foram inimigos na infância, apesar de tudo. Draco jamais se imaginara beijando Potter, e vice-versa.

Nenhum deles se preocupou em separar o beijo, apenas quando Tom chegou com a garrafa encomendada por Potter e os serviu, Draco recuou.

—Potter, eu…

—Não precisa me chamar de Potter. Harry é o bastante.

Harry, eu não sei o que me deu…

—Draco, você não beijou sozinho. Eu também quis o beijo, e peço desculpas se isso o incomodou.

—Não incomodou - Draco bebeu um gole. - Isso é Merlot?

—É. Você disse que gostava, então eu comprei, como um souvenir.

Moramos juntos há duas semanas e você já está me dando presentes? Gosto disso, pensou Draco, erguendo a taça para um brinde.

—A mim e a você - disse, sem coragem de dizer “nós”. Harry repetiu a frase e encostaram as taças, fazendo os vidros tilintarem.

***

—Outro brinde? - sugeriu Harry. Já estavam na quinta taça. Draco aceitou e encheu as taças com mais Merlot. - À nossa amizade. Ao nosso futuro.

—À nossa amizade. Ao nosso futuro - Draco concordou. - Argh. Temos que voltar. Tory deve estar dormindo no sofá… hic! Você  muito bêbado? Se estiver, o que fazemos?

—Eu venho buscar a moto… hic!, amanhã. Usamos a floo daqui.

Ambos cambalearam até a lareira e deixaram-se envolver pelas chamas verdes.


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