Quem vai ficar com Teddy? escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 7
Estrelinhas




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As coisas melhoraram aos poucos. Os meses passavam, eles brigavam — a maior discussão foi quando, inevitavelmente, Harry descobriu a matéria de capa sobre os dois; ficaram duas semanas sem se falar — mas logo faziam as pazes. Astoria não podia mais cuidar de Teddy, o que os obrigou a procurar uma escola.

Foram cautelosos com a escolha. Teddy tinha que se sentir à vontade, para evitar acessos de magia acidental — principalmente os perigosos. Graças a alguns contatos, conseguiram achar o lugar perfeito.

Como todos os pais de crianças nessa idade, chegaram muito perto de chorar no primeiro dia de aula, mas Teddy apenas arrumou a mochila sobre os ombros, e disse, abrindo a porta do carro:

— Eu vou ficar bem.

Dali, Harry dirigiu até a redação de Draco enquanto conversavam sobre o filme a que assistiram na véspera.

— Obrigado pela carona — Draco agradeceu. — Te vejo no almoço?

— Te pego às onze.

Draco se orgulhou de ter entendido a frase perfeitamente.

O lance entre eles já não era mais casual como antes. Às vezes dormiam juntos, sem sexo envolvido, apenas porque conversaram demais ou porque estavam vendo televisão. Gostavam da companhia um do outro, e de se beijar. Os beijos haviam encaixado na rotina deles, escondidos de Teddy de forma estratégica, ainda não era hora de contar.

Harry foi buscar Draco e levou-o para um pub qualquer. O local escuro servia bem para dar-lhes privacidade. Não queriam ainda mais mídia em suas vidas — não que já não tivessem se acostumado, sendo heróis de guerra.

— Hã… Harry? Qual é o problema? — Draco perguntou, ao passo que o outro o encarava.

— Eu te amo.

— Desde quando isso é um problema?

— O problema é que eu não tinha criado coragem para dizer ainda, e bem… agora foi.

Draco sorriu. Além de sua mãe, nunca fora verdadeiramente amado. Os homens com quem se relacionava eram carentes demais para isso, mas Harry não. Harry tinha a cabeça no lugar — 90% do tempo — amava a si mesmo antes de se entregar a qualquer idiota — Draco incluso — e tinha ótimo gosto para vinhos.

— Eu te amo — respondeu o loiro, de uma tacada só. — Oh, Merlim, eu te amo. Desde a primeira vez em que transamos… não, desde esse dia não, mas… ah, você entendeu.

— Tem certeza que está sóbrio, Draco? — Harry riu. — Não pedimos nada alcoólico… tem bebido no trabalho?

Harry o conhecia bem o bastante para saber que Draco estava sóbrio. O problema é que Draco era bem melhor escrevendo do que falando, portanto, já que palavras não eram necessárias, se inclinaram ao mesmo tempo e se beijaram. Foi como em seu primeiro beijo, só que estavam sóbrios dessa vez.

***

Harry e Draco tiveram uma vida longa e feliz. Hermione, Ron e Marine foram os padrinhos do casamento, Teddy levou as alianças e o sr. Weasley celebrou. Foi uma festa linda, com Merlot, é claro. Dois anos depois, adotaram Lucy.

Depois que Teddy e Lucy terminaram Hogwarts, seguiram suas vidas e Draco e Harry ficaram sozinhos outra vez em Grimmauld Place 12, embora seus filhos sempre os visitassem.

Teddy casou com Victoire Weasley e teve Louise e James II. Lucy conheceu um auror na Espanha e o relacionamento gerou Anthony, Gerad e Marcel.

ANOS MAIS TARDE…

— Fim da história.

— Conta de novo! — pede a menina, saltitante.

— De novo? — sorri o senhor de cabelos grisalhos. — Já é hora de você fechar os olhinhos e dormir.

— Eu não quero ficar sozinha nesse escuro! — ela protesta.

— Você não estará sozinha, querida. Seu irmão, seus primos e os vovôs estão aqui.

— A noite toda?

— A noite toda — ele garante, beijando o topo da testa dela, assim como de todos os outros netos, e seu marido faz o mesmo. — Boa noite.

Assim que Harry fecha a porta atrás do corpo, Draco avança para um beijo e é bem recebido. Como em todas as vezes que os netos dormiam em sua casa, uma das crianças pediam que contassem a história de como se conheceram — eles omitiam as partes sobre sexo, isso era para quando ficassem mais velhos — mesmo que já a soubessem de cor.

Hoje foi Lucy, amanhã seria James II, ou Gerad, ou Anthony, ou Marcel. Eles não cansavam de ouvi-la e os avôs não cansavam de contá-la. Até Lucy e Teddy gostavam da história, mesmo tendo participado de grande parte dela.

Tateiam pela casa escura — Louise tinha razão, o escuro dali podia ser amedrontador — até o quarto, imaginando o que fariam ao chegar lá. Draco empurra Harry para cama e o beija-o mais ousadamente, descendo sua camisa pelos ombros. Harry alcança sua varinha na cômoda e faz os feitiços silenciadores de praxe. Se beijam mais vezes enquanto se despem.

— Eu te amo. Cada dia mais — sussurra Draco, beijando a cicatriz de Harry enquanto se colocava sobre ele. — Você se lembra? A primeira vez que…

— Como poderia esquecer?

Eles passam uma “noite de fantasia”, como chamaram quando Teddy e Lucy eram pequenos, regada a sentimentos e beijos.

A história deles não tinha o começo perfeito, mas o fim nem parecia real. Harry faleceu aos oitenta anos, vitima de varíola dragonina. Os jornais avançaram como abutres para escrever sobre como uma doença tão comum foi capaz de fazer algo que o Lorde das Trevas não foi: matar Harry Potter, mas Draco não prestou depoimento, tampouco seus filhos ou netos. A morte de Harry era um problema da família, não dos bicos de pena ávidos por dinheiro.

Draco achou que nunca superaria sua morte. A letargia e confusão não deixariam que se mudasse, como seus filhos insistiam que fizesse. Era uma mansão muito grande para um viúvo, afinal. Mas para ele, deixar a casa era deixar Harry.

A idade já levava algumas lembranças de sua cabeça, mas uma das que ainda estavam mais claras era a do dia em que Harry falecera.

— Seja feliz, Draco — disse em seu leito de morte, a voz fraca pela idade e pela doença. — Saia desta casa, se for preciso. Nada mais te prende aqui.

Draco entendeu do que ele estava falando. Enquanto Teddy não atingiu a maioridade, a carta de vontades de Andrômeda obrigava Draco a ficar em Grimmauld Place 12, mas aquela imposição só foi pesada nos primeiros dias, até ficar completamente à vontade e considerar aquela casa seu lar.

— Se ficar, estarei com você. Se decidir ir, irei com você.

O loiro estendeu os braços pelo marido, chorando.

— Eu amo você.

Harry curvou os lábios em um sorriso e fechou os olhos, adormecendo para sempre. Draco se foi cinco semanas mais tarde, dormindo.

Teddy tinha uma pequena sobre isso, que seus pais previram suas mortes, porque depois da morte de Draco, ele encontrou uma carta endereçada a si na cômoda deles.

Querido Teddy,

Foi por sua casa que isso aconteceu, em primeira instância. Antes de você nascer, nem podíamos olhar um para o outro, mas com os anos, descobrimos que não podemos viver um sem o outro.

Não pense que nos perdemos. Seguimos a máxima de um amigo muito sábio: “Para uma mente bem estruturada, a morte é apenas a aventura seguinte”.

Deixamos o seu convívio, o de sua irmã e das crianças, e agora estamos com outras pessoas amadas.

Obrigado por nos ajudar a amar.

Teddy pensou em todas as pessoas falecidas de quem seus pais falavam. Vó Andrômeda, vô Edward, vô James, vó Lily, vô Lucius, vó Narcisa, Sirius Black e seus pais biológicos.

Harry e Draco não estavam mais com sua família aqui, porque estavam com a família lá.

Ele se lembrava da história que seus pais contavam para explicar a morte. Que a pessoa havia viajado para o céu e se tornado uma estrela. 

Seus pais eram estrelas agora. Ele se esticou para a janela, observando o céu escuro, exceto pelas duas estrelinhas que cintilavam.

É esse o fim de outra fanfic. Mais curta do que a maioria, mas em todos esses capítulos, consegui dizer tudo o que gostaria sobre esse casal tão amor e ódio fofinho. 

Até a próxima!


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