Quem vai ficar com Teddy? escrita por Bianca Lupin Black
Na manhã seguinte, o telefone tocou, sobressaltando Draco enquanto alimentava Teddy.
— Alô — disse, esfregando os olhos.
— Malfoy? — era Potter, igualmente sonolento. — Bom dia.
— Bom dia. Como foi a viagem?
— Boa, obrigado. Como foi a noite com Teddy?
— Boa, obrigado. Ele foi muito bonzinho comigo, até.
— Bonzinho?— Draco ouviu o som de um tapa, Potter devia ter batido em sua testa. Como eu queria fazer isso, pensou Draco, imediatamente reprimindo o pensamento. — Ah, Malfoy… eu esqueci de dizer…
— Que ele é vegetariano. É, eu saquei.
— Desculpe-me por isso.
— Consegui me virar. Sabia que ele gosta de Cinderela?
— Sabia. Hã, por questões óbvias, você poderia…
— Não ler Chapeuzinho Vermelho ou outra história com lobos vilões. O menino vai ficar confuso e blábláblá.
— Como você…
— Lógica, Potter. Nunca usou muito disso, não é?
— Não importa. Passe para Teddy, sim?
— Padin! — o menino exclamou ao pegar o fone. — Draco leu uma história pra mim ontem e foi muito legal! — pausa. Potter estava falando. — Eu entendo, tchau então. Eu também te amo.
O menino apertou a tecla End do aparelho e o deixou sobre a mesa.
— Padin pediu desculpas de novo e disse que vai te compensar — informou, com a banalidade de quem comenta o tempo. — Seja lá o que for isso.
Me compensar… só quero ver como ele fará isso, pensou com um sorriso malicioso, que se extinguiu antes que Teddy notasse. Astoria bateu à porta e Draco se foi. Uma vez no escritório, foi surpreendido por uma Marine furiosa.
— Seu… grande… idiota! — ela lhe socava no ombro.
— Ai! O que foi que eu fiz?
— O que vai fazer. Eu cheguei há dez minutos e sabe o que vi? A proposta da capa. Vai escrevê-la, miserável?
— Calma, calma… abaixa a bolsa. Obrigado. Eu não sei se vou escrever ainda, e de qualquer modo, ele me deve uma porque não contou que o pestinha é vegetariano.
— Se escrever, ele pode te processar.
— Se eu não escrever, vou parar no olho da rua, e ele vai ter de me sustentar, porque eu não tenho permissão de sair da casa dele.
— Eu darei um jeito nisso. Me passe o telefone dele.
— Por quê?
— Eu quero conversar com ele, ora essa — Draco hesitou. Que diabos ela estava planejando? — Vamos logo, homem. Me dê isso — ela tomou o celular do bolso dele. — Vejamos… Harry Potter. Aqui está, pronto. Pode pegar de volta — ela devolveu o aparelho.
— O que vai fazer?
— O que estou fazendo, você quis dizer. Ligando para ele.
— Ele não vai atender, está em Hogwarts.
— Uma hora ele vai retornar e eu vou esclarecer as coisas.
— Comece explicando como conseguiu o número.
Marine deu de ombros e saiu ao mesmo tempo que Thomas entrava.
— Então Malfoy, se decidiu sobre a capa?
— Me decidi. Vou escrevê-la.
— Muito bem, rapaz. Está fazendo a coisa certa.
Eu não sei, mas é melhor pedir perdão do que permissão, pensou Draco, livre de seu chefe. Passou o dia escrevendo sobre esportes e protelando o máximo possível para escrever a capa. Só precisava inventar algumas coisas, nada muito fantasioso, e pronto. Com sorte, Potter nem saberia.
Quando voltou do almoço, encontrou uma nota, escrita por Marine, fixada na mesa: Se for fazer isso, que seja com a permissão dele. Sim, eu consegui falar com ele — toma essa! Na sua cara! — e ele disse que tudo bem, já que ele está acostumado. Ah, e ele pediu para avisar que vai ligar no jantar — M
Então Draco respirou fundo. Tudo daria certo no fim, graças a Marine. Falando em Marine, ele achou melhor agradecê-la antes de ir embora.
— Marine, Marine, hey — ela parou. — Obrigado pelo telefonema.
— Disponha — ela sorriu.
Ele aparatou para casa e encontrou Astoria fazendo o dever da faculdade enquanto Teddy desenhava.
— Draco! — o menino correu abraçar a perna do recém-chegado. — Olha meu desenho!
Com giz de cera, Teddy havia desenhado a si mesmo com cabelo e olhos azuis, com Draco e Potter, comendo o jantar. Inclusive, escrevera com sua caligrafia desajeitada: “Minha família” no topo e o nome de cada um embaixo. Era tão fofo que Draco não conteve o sorriso.
Tiveram de novo o ritual do jantar e banho, mas na hora de dormir, Teddy bateu o pé. Não queria dormir sem antes falar com o padrinho, que prometera ligar para ele. O menino começou a chorar e Draco só via uma saída: pegar o telefone e ligar para Potter.
Harry
A pequena equipe de “olheiros” que viajaria para Hogwarts se reuniu no salão principal do ministério. Harry, Rony e Hermione. Dali, aparataram e alugaram quartos no Caldeirão Furado. Comeram o delicioso jantar preparado por Tom, e sentiram uma gostosa nostalgia de quando eram alunos de Hogwarts e se hospedavam lá.
Tomado pelo cansaço, Harry tomou um banho quente e adormeceu.
***
Depois do café da manhã, sacou o aparelho de celular e telefonou para casa.
— Alô — disse Malfoy, rouco de sono.
— Malfoy? — Harry respondeu, igualmente sonolento. — Bom dia.
— Bom dia. Como foi a viagem?
— Boa, obrigado. Como foi a noite com Teddy?
— Boa, obrigado. Ele foi muito bonzinho comigo, até.
— Bonzinho?— Harry deu um tapa em sua testa. Esquecera de contar que Teddy era vegetariano. — Ah, Malfoy… eu esqueci de dizer…
— Que ele é vegetariano. É, eu saquei.
— Desculpe-me por isso.
— Consegui me virar. Sabia que ele gosta de Cinderela?
— Sabia. Hã, por questões óbvias, você poderia…
— Não ler Chapeuzinho Vermelho ou outra história com lobos vilões. O menino vai ficar confuso e blábláblá.
— Como você…
— Lógica, Potter. Nunca usou muito disso, não é?
— Não importa — Malfoy já cansava Harry. — Passe para Teddy, sim?
Ruídos. O telefone estava trocando de mãos.
— Padin! — o menino exclamou. — Draco leu uma história pra mim ontem e foi muito legal!
— Sério? Que bom que gostou, Teddy… — Hermione fez sinal para que ele se aproximasse. Eles estavam saindo. — Desculpe o padin, mas a tia Mione está me chamando e eu preciso ir falar com ela. Te ligo mais tarde, ok? Eu te amo.
— Eu entendo, tchau então. Eu também te amo.
Guardou o telefone e seguiu até Hermione. Aparataram para King’s Cross e tomaram um trem para Hogwarts. Neville os esperava no pátio das carruagens que levavam ao castelo. Se cumprimentaram como os velhos amigos que eram e jogaram conversa fora durante o percurso.
— Soube de Andrômeda. Sinto muito, Harry — disse Neville, fazendo Harry sorrir e agradecer constrangido. — A pior parte é ter de morar com Malfoy, não é?
— Até que não. Convivemos pouco, graças ao trabalho. Teddy é a questão complicada, mas eles se dão bem.
Chegaram ao castelo e seguiram Minerva até a sala onde estavam os setimanistas interessados na carreira de auror.
— Bom dia a todos — Harry fez-se ouvir — Meu nome é Harry Potter e como a professora McGonagall deve ter-lhes dito, acompanharemos vocês por algum tempo para posteriormente indicá-los à Academia. Hoje os entrevistarei — um burburinho surgiu entre os alunos — mas não é nada com que precisem se preocupar. Adriana Scissor, por favor.
Harry, Hermione e Rony dividiram os alunos para entrevistá-los. Quando Harry terminou com o último garoto — um Ravenclaw bem-humorado — dispensaram os estudantes, lembrando-os que seriam observados e submetidos a testes de vez em quando.
— Uma boa leva de meninas — disse Hermione, comentando os resultados com Rony e organizando a papelada. — Incrível.
—Alguém promissor? — Harry juntou-se a eles.
— À primeira vista, não. Como sempre — Rony respondeu. — Danny Lonlaer, torcedora do Holyhead Harpies. Desde quando isso é informação relevante, Harry?
— Velhos hábitos custam a morrer, e ainda tenho os olhos de capitão de quadribol. Se ela não passar na Academia, porque não indicá-la para o time?
Rony deu de ombros e voltou aos papéis. Entrevistas eram uma boa forma de descobrir a personalidade dos candidatos, mesmo que não tivessem caráter eliminatório.
Durante o resto do dia, seguiram discretamente os alunos, tomando notas e elaborando os testes. Os anos haviam melhorado a capacidade de Harry de se focar em uma tarefa, então só quando estava em seu quarto no Caldeirão Furado lembrou-se de ligar para Teddy. Podia ter derrotado Voldemort, mas ainda era incapaz de se lembrar de seus compromissos.
Mal formulou o pensamento e o celular tocou, era Malfoy.
— Oi.
— Oi. Às vezes você é um idiota, sabia? Não tinha nada para fazer hoje, Potter?
— Não precisa ser cínico comigo, Malfoy. Apenas coloque Teddy no telefone e me deixe consertar isso.
— Assim como vai me compensar por não ter falado que Teddy é vegetariano? Quero só ver.
— Você gosta de vinho?
— Gosto, por quê?
— Não vem ao caso. De que tipo?
— Merlot. O que está aprontando?
— Não vem ao caso, eu já disse. Agora, se me faz o favor, Teddy.
Os habituais ruídos de troca de mãos preencheram a ligação e logo foram substituídos pela voz de Teddy.
— Padin… por que não ligou pra mim? — seu tom era decepcionado.
— Desculpe, T, mas o padin tem muito trabalho a fazer com a tia Mione e o tio Rony.
— Tudo bem… — a tristeza continuava.
— E se eu conseguir um presente para você? Uma surpresa especial?
— Eba! — Teddy bateu palmas.
— Boa noite, querido. Padin te ama.
— Boa noite — desligou.
Antes de dormir, Harry fez uma pequena lista de compras para Tom, deixando o dinheiro embrulhado no papel, rezando para que desse certo, tanto com Teddy quanto com Malfoy.
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