Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão


Capítulo 73
Cap.73 - A Filha Pródiga*


Notas iniciais do capítulo

E aí, aproveitando o feriado? Eu tô, hehehe.
O capítulo de hoje.



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Em algum lugar dos Estados Unidos, o trio de imperadores se reunia em seu novo esconderijo, Las Vegas.

Eles estavam em uma espécie de fortaleza construída perto das montanhas bem longe da agitação da cidade. No momento eles traçavam seu novo plano.

— Qual o próximo passo? – perguntou Cláudio.

— Vamos ser mais cautelosos, uma vez que descobriram nosso esconderijo em San Francisco – disse Calígula. – A essa altura o Olimpo já sabe da morte de Netuno.

— Pelo menos um dos deuses principais está fora do caminho – disse Nero.

— Vamos atrás da rainha? – perguntou Cláudio.

— Não, ela está muito longe e seria um risco desnecessário – disse Calígula.

— Então vamos atrás de Apolo – disse Nero. – Já sabemos onde ele está.

— Você tomará conta disso Nero, ele é a sua presa não é? – Nero assente. – Só não o traga para cá, não queremos ser descobertos de novo.

— Vou levá-lo para um dos meus esconderijos – disse Nero esfregando as mãos.

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Enquanto isso, Ártemis e as caçadoras avançavam em direção à fronteira de Las Vegas. Depois que saíram do Acampamento Júpiter elas acamparam em uma das florestas californianas para descansarem e se abastecerem. Lá sentiram também os tremores.

— Senhora – disse Thalia.

As meninas ficaram agitadas.

— Fiquem calmas – disse a deusa. – Vamos sair de perto das árvores.

Elas correram para perto do lago.

De repente, o tremor parou.

— Parou – disse Thalia. – Senhora, isso foi um terremoto natural?

— Não sei lhe dizer, não esqueça que estamos em uma área de muitos terremotos – disse a deusa -, mas se não foi natural, não pode ter sido Poseidon.

— Percy – disse Thalia. – Se foi o Percy, deve ter acontecido algo muito grave pra ele ter feito a terra tremer.

— O acampamento deve ter sido atacado – disse a deusa.

— Não é melhor voltarmos?

— Não acho necessário, vamos permanecer aqui, logo teremos que partir – disse a deusa. – Voltem para as barracas.

As meninas ainda assustadas, voltam para o seu acampamento. Thalia, por sua vez, fica pensativa.

Espero que esteja tudo bem— pensou. Depois se juntou às meninas.

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Bem perto dali, uma caçadora solitária fazia seu próprio acampamento, ela estava armando a sua barraca, pois precisava descansar para seguir viagem. Queria chegar antes do anoitecer, pois ainda tinha bastante chão para percorrer. O deserto era muito perigoso e as montanhas ficavam ocultas à noite.

Meg McCaffrey, filha de Deméter juntou-se às caçadoras para fugir do seu padrasto, Nero. Desde pequena, Meg foi treinada para combate, Nero deu-lhe armas romanas que consiste em duas espadas gêmeas chamadas dimaqueiro. A arma era disfarsada em um par de anéis em forma de meia lua. Ela foi treinada a usar ambas ao mesmo tempo, assim se tornando a única grega a manipular esse tipo de arma. Ela foi treinada pelos melhores instrutores nessa categoria, mas Nero tinha também outros planos para Meg. Ele logo notou a habilidade da garota com as plantas e só por isso, passou a cuidar da menina.

Depois que assassinou o pai dela, na forma do Besta, Nero passou a ser seu tutor. Usava sempre o medo para subjugá-la, pois ele sabia que Meg temia o Besta. Por isso, com o tempo ele falou do seu plano para ela com respeito ao Bosque de Dodona e o que ela deveria fazer para atrair Apolo.

Meg não queria participar desse plano, pois no seu íntimo sabia que tinha algo de ruim. Por isso, quando teve oportunidade fugiu para longe, antes que Nero a encontrasse.

Durante sua fuga, a deusa da caça a encontra vagando sozinha, com frio e com fome, já que não havia levado nada consigo. Ela lhe faz o convite para a caçada e aceita, pensando que com isso, poderia se esconder de Nero, já que Ártemis era uma deusa que estava sempre em movimento. Ela logo se enturmou e ficou feliz por encontrar uma de suas irmãs, sua vida ficou perfeita, até que elas foram para o Acampamento Meio-Sangue. Lá por azar ou pela obra do destino, Apolo apareceu na forma de um mortal e com ele a aparição do Bosque de Dodona.

Dentro do Labirinto, Apolo e Meg foram parar em Delfos, onde Píton e Besta conversavam. Ela ficou com medo ao reconhecer o dono da voz, mas não deixou que Apolo percebesse. Por isso, fez que não se importava daí ela seguiu Apolo, Nina e Annabeth para dentro da floresta, pois uma voz lhe dizia que ela deveria guiar Apolo até o portão do bosque. Feito isso, ela não imaginava encontrar Nero novamente, mas nada do que fez adiantou, não podia mais fugir.

Quando descobriu as intenções de Nero em destruir o bosque e matar Apolo, Meg se revoltou. No entanto, achava que o homem bom que cuidou dela, lhe treinou e lhe deu um lar, ainda estava lá. Por isso, deixou tudo para trás e foi atrás de seu padrasto, para tentar convencê-lo. Ela não tinha certeza se conseguiria, mas queria tentar, não sabia também se Nero a perdoaria por impedir que realizasse seu intento.

Meg estava se dirigindo para a fortaleza em Las Vegas, ela conhecia todos os esconderijos do Triunvirato, pois Nero quando se reunia com os colegas sempre a levava consigo. Quando saiu do bosque ela foi direto para o esconderijo perto de Manhattan, achando que ele deveria ter ido para lá, mas não o encontrou. Por isso, pensou que ele poderia ter fugido para se encontrar com os outros dois em San Francisco e então correu para lá. No entanto, quando chegou encontrou um exército de semideuses romanos em combate com gladiadores, ela ficou ao longe observando a batalha quando ouviu alguém gritar e a terra começou a tremer violentamente. Ela teve que se segurar para não cair, a batalha havia parado, os gladiadores fugiram e quando o tremor parou, uma garota vestida de general deu ordens para vasculhar o local. Meg pegou um atalho para se aproximar dos fundos do esconderijo quando viu três carros fugirem rapidamente, ela reconheceu o carro de seu padrasto, isso significava que eles iam para o próximo esconderijo, a fortaleza em Las Vegas e era para lá que também iria. Ela deu mais uma olhada nos romanos e saiu correndo.

Depois que descansou, arrumou suas coisas e saiu novamente, ao passar perto do rio ela ouve vozes. Parou e ficou escutando, reconheceu uma das vozes, era a deusa Ártemis. Isso significava que as caçadoras estavam perto, precisava se afastar rapidamente antes que a deusa percebesse a sua presença. Seguiu seu caminho sem problemas até a fortaleza.

No ínterim, os três imperadores estavam reunidos quando foi anunciado que uma garota estava do lado de fora dizendo que era filha de Nero.

— Deve ser a Meg – disse ele.

— Não é a garota que te traiu? – perguntou Cláudio.

— Sim, eu cuido dela – disse ele se levantando. – Mande-a entrar – ele disse para o guarda. – Vamos ver o que ela quer.

Meg fica esperando na sala da guarda até que é levada para o escritório de Nero, ele já a estava esperando.

— Ora, ora, se não é a traidora, veio se desculpar? – perguntou Nero irônico.

— Eu não o traí, eu o impedi de matar aquelas pessoas – disse Meg se justificando. – Você tinha prometido que não ia machucar ninguém.

— E não ia, mas Apolo e aquela garota me irritaram – disse Nero – e você sabe o que acontece quando eu me irrito, não é?

Meg suspirou, sim, ela sabia.

— Mesmo assim, eu não podia permitir....

— Permitir? – perguntou. – Ora, desde quando eu preciso da sua permissão para fazer algo?

— Você mentiu pra mim – disse -, me usou para atrair Apolo até o bosque, só para destruí-lo.

— Ah querida, você ainda é uma criança – disse Nero – você me serviu muito bem, mas no fim se voltou contra mim. E você sabe que eu detesto traidores, não é?

Meg engoliu em seco.

— Sabe Meg, embora eu tenha falhado em destruir o bosque e aquele acampamento de grecus, nós conseguimos um feito impressionante – disse ele sorrindo. – Nós matamos Netuno.

— O deus dos mares – sussurou – o pai da Nina. É mentira, Poseidon é um dos Três Grandes, isso é impossível.

— Oh, mas nós conseguimos porque Júpiter o transformou em mortal, assim como fez com Apolo.

— Então aquele grito que eu ouvi..... – falou mais para si mesma.

— Como vê minha querida, estamos ficando mais forte. Com a morte de Netuno o Olimpo se enfraqueceu. E em breve faremos o mesmo com Apolo.

— Por que quer matar seu prórpio pai? – perguntou – Por favor, Nero....

— Meg, por que você voltou?

— Porque eu acredito que você não é a pessoa má que dizem – disse ela. – Um cara mau, não cuidaria tão bem de uma criança como você cuidou. Você me treinou, me educou, me ensinou tantas coisas, até me protegeu dos monstros. Eu voltei porque eu gosto de você, eu queria o meu padrasto de volta.

— Ah Meg, você sempre foi uma criança doce – disse ele. – Por isso, eu gosto de você.

Meg sorriu. Nero aparentava ser uma boa pessoa, aparentava, mas não era bem assim.

— Bem querida, se você quiser o seu padrasto de volta, você terá.

— Verdade? – ela sorriu com os olhos brilhando.

— Mas é claro – disse ele. – E eu quero de volta a minha filinha doce e obediente.

— Eu serei – disse feliz.

— Ótimo – disse ele. – Nesse caso você irá comigo de volta para Nova York.

— Vamos para sua mansão? – ela pergunta.

— Sim, sim, mas antes vamos passar em Indiana para buscar uma pessoa – disse ele.

— Quem?

— É surpresa – disse ele misterioso.

O que Meg não sabia era que Nero já havia mandado seus capangas capturarem Apolo.

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Na caverna, Apolo estava em transe novamente. Dessa vez ele vivenciava algo que mexeu com seus sentimentos. Ele começou a chorar e a se lamentar.

— Não, por favor, não me deixe – disse ele choroso. – Não morra.

— Com quem será que ele está falando? – perguntou Leo.

— Jacinto – disse Calipso. – Era o garoto que ele gostava, ele teve uma morte trágica.

— Apolo já gostou de um garoto? – perguntou Leo incrédulo.

— Sim, você nunca leu mitologia? – ela pergunta exasperada.

— Não tive tempo de ir à escola – disse ele.

Ela olha pra ele com o cenho franzido.

— Apolo se apaixonou por Jacinto que era um belo rapaz, mas Zéfiro, o Vento Oeste também. Os dois disputavam a atenção do rapaz até que um dia, enquanto Apolo e Jacinto brincavam de lançar discos, Zéfiro fez que o vento soprasse ao contrário e o disco que Apolo havia lançado acertou em cheio a testa de Jacinto. Ele morreu na hora devido ao impacto.

— Puxa!

— Apolo ficou extremamente triste, mas queria eternizar o seu amado – continuou. – Ele o transformou em flores batizadas com o nome de Jacinto.

Leo olhou para o garoto que soluçava e ficou triste por ele. Não era fácil perder alguém que amava, ele bem sabia disso.

Nisso, eles ouvem vozes vindas da entrada da caverna.

— O que é isso? – perguntou Leo.

— Você esperava mais alguém? – pergunta Calipso para a sacerdotisa.

— Não – disse ela olhando para a entrada da caverna – Sinto hostilidade se aproximando.

— Apolo acorde – disse ela batendo em seu rosto. – Vamos acorde!

Apolo não reage, parecia que estava preso à sua tristeza. Ele ainda choramingava.

— Fique perto de Apolo – diz Leo se levantando pronto para defendê-los.

A sacerdotisa sai de fininho sem ninguém perceber, mas antes faz Apolo acordar. Este abre os olhos molhados de lágrimas, Calipso o ajuda a se sentar.

— Você está bem? – ele assente. – Ainda bem que acordou, temos problemas.

Os dois se levantam e ficam ao lado de Leo que estava em guarda. Então, os visitantes surgiram: três grandalhões vestidos de gladiadores encabeçados pelo germânico.

— Você de novo – disse Apolo. – Vince, não é?

O germânico apenas sorriu, um brilho de ódio surgiu nos olhos dele quando lembrou o que o ex deus fizera com seu companheiro.

— Meu senhor Nero quer vê-lo, pirralho – disse ele. – Viemos buscá-lo.

— Diga àquele louco que nunca mais quero vê-lo – disse Apolo.

— Boa tentativa, pirralho – disse o guerreiro. – Se não vier conosco terá o mesmo fim de Netuno.

— Do que está falando?

— Ah, você ainda não sabe – disse – Netuno está morto. O Cássius aqui – disse apontando para o gladiador ao seu lado – acabou com o Lorde dos peixes.

Apolo ficou mortificado. Poseidon, morto?

— Como o pegaram se ele estava com as caçadoras? Não me diga que vocês atacaram as meninas? – ele pergunta em pânico.

— Oh não, ele estava no acampamento romano – disse -, nossos espiões o pegaram. E agora chegou a sua vez, Apolo.

Leo e Calipso se colocam à frente de Apolo. Leo estava armado com seu martelo de bronze e Calipso com uma adaga de bronze.

O germânico ri da tentativa do casal em defender o companheiro.

— Acha que esses dois pirralhos vão nos impedir? Ataquem – ele ordena aos gladiadores.

Os três avançam ao mesmo tempo, Leo se defende com seu martelo de uma investida do gladiador que o ataca com uma massa. Calipso lutava com outro que usava espada, apesar da adaga, a menina era muito ágil, ela aparava todos os ataques e já causou um ferimento no braço do gladiador que enfurecido estava resolvido a matar a garota.

Apolo se defendia como podia do terceiro guerreiro que usava um machado com ponta afiada no topo. Como não era bom em luta corporal, ele apenas se esquivava dos ataques, mas numa ocasião ele ficou acuado contra a parede, o gladiador deu um sorriso de satisfação e ia empalá-lo quando uma luz forte o cegou, fazendo-o recuar.

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Hermes que estava invisível em seu esconderijo na caverna ficou atento às vozes que se aproximavam. Os quatro guerreiros passaram por ele sem o notarem, daí ele ouviu quando o germânico falou da morte de Poseidon e parece que Apolo era o próximo.

Quando o gladiador encurralou o meio-irmão ele decidiu intervir, já que Zeus lhe disse para proteger Apolo e intervir se necessário. Então, era hora de intervir. Ele aparece em forma de luz fazendo o guerreiro recuar.

Hermes se coloca na frente de Apolo.

— Hermes!? – disse Apolo surpreso.

— Olá, irmão – disse o deus sem se virar. – Zeus me mandou para protegê-lo.

— Sério? – ele pergunta. – Ele está preocupado comigo?

— Sim, desde que Poseidon morreu, ele me mandou protegê-lo e mandou buscar Hera no Alasca – disse o deus.

— Então é verdade, Poseidon está mesmo morto – disse Apolo pensando em Percy.

— Infelizmente – disse o deus.

Enquanto a batalha continuava e Apolo e Hermes conversavam, o germânico, que estava observando, retirava de seus pertences uma rede de bronze celestial. Ele se aproxima sorrateiramente de Apolo e Hermes que estavam distraídos de olho no guerreiro do machado. O guerreiro, vendo a aproximação do germânico, distrai Hermes enquanto ele se aproximava de Apolo por trás lhe dando uma pancada na cabeça. O garoto desmaia e o germânico joga sua rede em Hermes, que surpreso tentou se desvencilhar, mas quanto mais tentava mais preso ficava. Enfraquecido e impossibilitado de se mexer, Hermes foi arrastado pelo guerreiro e Apolo desmaiado foi carregado pelo germânico. Os dois guerreiros vão para a entrada da caverna e o germânico dá ordens para os outros dois recuarem.

— Vamos, já temos o que viemos buscar – disse ele.

O guerreiro que lutava com Leo, o derruba com um pé em seu peito e recua, enquanto o outro consegue arrancar a adaga de Calipso e lhe dá um soco no rosto e corre para se juntar aos outros.

Leo corre até a namorada que estava desmaiada.

— Calipso, amor – ele tentava acordá-la, mas em vão. Ele retira de seu cinto um cantil de água e molha o rosto da garota que recobra a consciência. – Graças aos deuses.

— Leo – ela pergunta atordoada. – Ai – ela geme e coloca a mão no rosto.

— Aquele brutamontes lhe bateu? – disse ele com raiva. – Eu juro que ele vai pagar por isso.

— Onde está Apolo? – ela olha de um lado para o outro.

— Eles o levaram junto com Hermes – disse o garoto.

— Temos que ir atrás – disse ela tentando se levantar, mas fica tonta.

— Você não está bem – disse ele a amparando.

— Não importa, temos que ir atrás – disse ela – anda se não vamos perdê-los.

Leo ampara a garota e os dois saem da caverna, Calipso respira e fecha os olhos quando sente uma brisa refrescante soprar.

— Daqui a pouco vai escurecer – disse Leo retirando uma caixa de dentro do cinto. Ele aperta um botão e a caixa se transforma no dragão de bronze celestial. – Olá Festus, vamos procurar um amigo.

O dragão faz um som metálico que só Leo entende.

— Vamos Calipso – ele ajuda a garota a subir e depois monta. – Vamos Festus.

O dragão levanta voo e segue em direção à estrada.


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Notas finais do capítulo

*Pródigo – tolo; estúpido.
Até o próximo.



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