A Pequena princesa escrita por HeartOfCourage


Capítulo 4
O garoto


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Peço desculpa se demorei uns dias a mais do que o normal, mas tinha que estudar para uma prova de matemática que, felizmente correu bem. Ah, essa vida de estudante consome todos, verdade? Sem mais delongas, desejo- vos uma boa leitura! ♥



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31 Março 1888
Estranhamente, hoje era um lindo dia de sol. Muito estranho. Não que eu esteja reclamando, só que... é, vocês entenderam. Talvez o facto de eu ver sempre tudo muito sombrio tinha a ver com a partida do meu pai e por eu ter ficado sozinha em Londres. Mas agora, não estou mais só. Finalmente entendi o significado de ter uma melhor amiga. Penso que a situação possa ser comparada como aquela de ter uma irmã, pois é isso que eu sinto em relação a Thalia. E como boas "irmãs", haviam aqueles momentos em que a minha vontade era de arrancar a sua cabeça do seu pescoço.
—Vá lá Annie, fica só mais um pouquinho por favor.- pediu novamente Thalia com aqueles olhos pidões, que eu tanto odeio por me fazerem ceder aos seus pedidos. Argh.
Estávamos no centro da cidade, e neste momento encontrávamos-mos na rua principal, onde passavam uma considerável quantia de gente bem vestida e com o nariz empinado, te olhando como se você fosse algum tipo de inseto no meio do caminho deles. Eu e Lia tínhamos vindo dar uma volta com a companhia de um mordomo da instituição, porque queríamos respirar um pouco de ar puro e não envenenado por algumas víboras que andavam por lá...., e também porque Thalia cismava em querer ver um garoto que muitas se encontrava por aquela zona da cidade.
—Lia, nós já estamos aqui há 2 horas a andar para frente e para trás a fazer a fingir que estamos a procura de algo nas vitrines das lojas e, para além da gente que nós está a olhar estranhamente, os meu pés não aguentam mais de tanto andar.- rebati pela milésima vez.
—Umpf, você é uma chata isso sim.- resmungou ela. Olhei-a com um ar assassino, o que a fez revirar os olhos.
—Fazemos assim Annie: se daqui a 10 minutos ele não passar vamos embora e até te compro um livro novo!- propôs ela.
—Só aceito por causa do livro.- rimos- ... mas, por favor, pelo menos desta vez se o vires fala com ele, quem sabe ele não te vem buscar ao internato e te acompanha sei lá aonde, assim os meus pés poderão viver em paz.- disse. Ela me mostrou a língua, o que fez com que as pessoas nos olhassem como se fossemos algum tipo de verme.
—Aí!!!- gritou de repente Thalia, fazendo-me ter um ataque cardíaco.
—Credo Lia, até fiquei surda. Agora vá.
—Aonde?
—Para casa da tia Joana... vá ter com ele!
—O QUE? E o que eu lhe digo?
—Sério que durante todo esse tempo você só pensou em olhar para ele e não conversar?
—Claro que não, mas... você sabe que a minha imaginação é muito fervida e penso sempre em situações pouco prováveis...
—Como ele que por acaso vai contra você e te agarra por instinto e, depois de um momento de olhares intensos, te pede milhões de vezes desculpa, que o perdões e, enfim, pergunta se você aceitaria uma saída com ele para um espetáculo prestigioso como pedido de desculpa??- perguntei ironicamente, mas assim que terminei o rosto de Lia assumiu uma tom tão vermelho que eu nem sabia que se podia chegar a tal cor.
—Sério?- disse revirando os olhos.
—Pff, como se você nunca tivesse imaginado algo do género...
—Sim, claro, como pessoa pouco racional que sou...
—Está bem! Já percebi! Agora uma pessoa nem pode mais fantasiar sem ser julgada, ainda por cima pela sua melhor amiga...
—Você me julga por muito menos.
—Isso porque você passa tanto tempo a ler que está virando um rato de biblioteca...
—Nem vou discutir mais sobre isso contigo.
—O que? Chase, você vai desistir tão facilmente?
—Bem, talvez você possa considerar isso como uma pequena vingança por aquilo que acabou de me dizer.- disse com um olhar maléfico.
—Espera, isso o que? E o que significa esse olhar?- perguntou ela um pouco assustada. Enquanto estávamos falando, comecei a andar lentamente na direção do garoto, sendo seguida por Thalia. Nesse momento estávamos passando bem perto dele e, como uma boa atriz que sou, fingi tropeçar em algo, empurrando Lia contro o garoto, que quase o derrubou para o chão. Saí logo dali, deixando primeiro uma Thalia muito confusa e, quando realizou em que situação se encontrava, quase desmaiou. Sorri, mesmo sabendo que ela iria me matar assim que me visse novamente. Decidi prosseguir a estrada até chegar quase ao fundo da rua, para dar um pouco de privacidade a minha amiga e ao garoto, sentando-me em um banco que me dava uma boa visão neles. É, eu sou muito curiosa.
Pouco tempo depois a minha atenção foi chamada por um barulho. Olhei para o outro lado e o meu sangue gelou com o que vi. No chão encontravam-se um homem, presumivelmente muito rico, coisa que deduzi observando a roupa que vestia. A frente, sempre no chão, estava uma garota, com provavelmente quinze anos, que tinha vestidos todos rasgados. Uma mendiga. Isso só podia significar uma coisa: eles tinham esbarrado um no outro e as consequências poderiam ser terríveis.
—Sua imbecil! Olhe o que você!- começou a gritar o homem agarrando violentamente no braço da garota.
Já vi esse tipo de comportamento no passado: os homens estão demasiado ocupados em defender a própria honra, que poem de lado a própria humanidade para castigar esta pobres pessoas que, no fundo, não fizeram nada de mal. Com medo daquilo que o homem poderia vir a fazer aquela pobre garota, como torturá-la ou escravizá-la, decidi intervir. Levantei-me, fiz a cara como aquela de uma patricinha (tipo como aquela da Rachel), e gritei:
—Anna! O que você fez? Sua inútil, só lhe mandei fazer uma coisa bem simples como ir carregar as minhas malas na carro e a única coisa que consegue fazer é envergonhar-me no meio da cidade! Vá já para minha casa e espere fora; quando eu chegar irei contar tudo ao meu pai e ele irá lhe punir!
Assim que terminei, a garota correu dali para fora. Virei-me para o senhor e disse:
—Estou profundamente desolada com o acontecido senhor, é inadmissível este tipo de comportamento da parte dos criados... estão a ficar cada vez mais mal agradecidos por lhe darmos um trabalho... com certeza o meu pai irá a punir devidamente.
—Espero bem que sim.- dito isso, ele foi-se embora.
Suspirei assim que ele estava bastante longe e sentei-me, cansada. Detestava assumir este tipo de comportamento, mas infelizmente só assim teria sido capaz de ajudar a garota.
—Ela não era a sua criada, verdade?- perguntou uma voz rouca atrás de mim. Virei-me assustada, mas logo o meu rosto assumiu uma expressão diferente. A minha frente estava um garoto da minha idade, talvez um ou dois anos mais velho que eu. Ele era simplesmente lindo. Cabelos pretos como o carvão e olhos tão verdes que pareciam conter todos os oceanos neles. Ele era mais alto de mim e parecia ser bastante forte. Fique alguns segundos abismada com a sua beleza, enquanto ele me fixava profundamente nos olhos, fazendo assim derreter o meu coração. Espera, no que eu estava pensando?
—Claro que sim.- respondi empinado o nariz e voltando a atuar. Começava a sentir um pouco de nojo de mim pelo comportamento que tinha que interpretar. Mas ele sorriu, e ah... era o sorriso mais belo, sincero e reconfortante de sempre.
—Você não precisa mentir para mim, não quero fazer algum aquela garota. Aliás, você me impressionou profundamente por aquilo que fez.
—Não sei do que você está falando.- disse, fingindo olhar para as minhas unhas.
—Você sabe muito bem do que eu estou falando.- disse ele. - Você não era obrigada a nada mas, mesmo assim, você se expôs para ajudar aquela garota... você realmente tem um coração de ouro. Há poucas pessoas tão boas como você.- concluiu ele.
Corei ligeiramente pelos elogios, que me apanharam completamente de surpresa.
—Ehm... obrigado.- disse timidamente. Mas porque eu me estava comportando assim com ele?
—Não, eu que te agradeço. começou ele. -sabe, são pessoas como você que me lembram quais são os verdadeiros valores da vida e que mostram que ainda resta um pouco de humanidade nas altas sociedades.
Nesse momento, eu só queria me enterrar pela vergonha. Mas nesse momento a minha atenção foi chamada pelo meu mordomo, que estava acompanhado por uma Thalia muito feliz.
—Senhorita, desculpe a interrupção, mas temos de regressar.
—Claro Benjamin.
Virei-me na direção do garoto.
—Foi bom conhecer a senhorita.- disse ele, pegando a minha mão e beijando-a levemente. Feito isso, fiz uma leve reverencia e entrei na carroça, olhando depois pela janela na direção do garoto, vendo-o virar de costas e prosseguir o caminho dele.
Suspirei pesadamente e me virei para a frente, assustando-me com um olhar fixo de Lia sobre mim. Isso significava que, uma vez chegado a instituição, teríamos uma longa conversa.
—O QUE?- gritou Thalia. Tínhamos acabado de jantar e estávamos no meu quarto a ter aquela conversa que temi durante todo o dia.
—Outra vez Lia? Você quer me deixar surda?
—Você está me dizendo que se apaixonou por um garoto e nem sequer perguntou para ele qual era o seu nome?
—Em primeiro lugar eu não me apaixonei. E depois, eu não lembrei de perguntar.
—Mas como isso é possível? Ah e sim, você continuava a olhar para ele toda babada.
—Chega falar sobre mim... me diga, como é que ele te agarrou quando você caiu sobre ele?- perguntei olhando-a maliciosamente.
—Sua desgraçada! Você fez de propósito!
—Claro que sim. E nem use esse tom de indignação comigo, pois você só deveria me agradecer e muito por eu ser uma amiga tão boa.
—Que nada, você só fez isso pelo livro e pelos seus pezinhos.
—Um obrigado é mais que suficiente Thalia.- disse.
—... obrigada...- murmurou ela.
—O que? Eu não ouvi bem o que você disse...
—Argh, obrigada. Prontos, já disse.
—Muito bem. Agora me conte TUDO.
—Ahi Annie, ele é tão perfeito. Quando você me empurrou, ele me segurou logo e continuou a perguntar se estava bem... acabamos por conversar um pouco e... adivinhe? Combinamos nos encontrar-mos amanhã a tarde para dar uma volta na cidade!
—Que bom Lia! Como é que ele se chama?
—Sim claro, o nome. Coisa que eu fui capaz de perguntar ao contrario de você.- fechei a cara com o comentário dela. -está bem, eu paro de gozar com você. Ele se chama Nico di Angelo, tem 19 anos e....
E foi assim que Thalia começou a falar e quase nunca mais terminou. Eu só me pergunto como é possível ela contar o seu encontro com Nico, que durou mais ou menos vinte minutos, ou nem isso, demorando mais de três horas. Talvez porque em todas as frases repetia como ela achasse bonito os cabelos ligeiramente compridos e pretos e dos olhos escuros dele. Mas eu estava realmente feliz por ela.
Foi com esse pensamento que me deitei na cama e, secretamente, pensava naquelas orbes verdes que tanto me impressionaram.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor! ♥