A Pequena princesa escrita por HeartOfCourage


Capítulo 3
Thalia


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos, aí vai um novo capítulo. Espero que gostem do andamento da fic e, se for assim, comentem para que eu o saiba!
Boa leitura.



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Londres, 5 Março 1888

Assim que entrei na sala de estar, um vulto negro se deparou a minha frente, fazendo-me piscar várias vezes os olhos para me recompor pelo susto.
—Oi, você é a Annabeth, certo?- disse a morena. Mas Miss Hera, que por a caso estava mesmo ao nosso lado, fez questão de a repreender com um olhar feroz, o que fez com que a garota revirasse os olhos, alargasse a boca num sorriso sarcástico e perguntasse:
— Desculpe, você é a senhorita Annabeth, certo?
Antes que eu tivesse o tempo de responder, ela convidou-me a ir buscar uma chávena de chá, onde nos podíamos fazer servir, no fundo da sala. Logo percebi que era uma desculpa para nos afastarmos da proprietária da instituição.
—Você não gosta muito dela, verdade?- perguntei assim que chegamos. Ela fez um suspiro que demonstrava um pouco de desgosto e cansaço.
—Nem dela, nem de quase ninguém. Em cada caso, queria te agradecer por teres dado uma lição a Vacachel, QUERO DIZER, a Rachel.- disse ela sorrindo desajeitadamente. Eu soltei uma risadinha, essa garota estava me conquistando.
—Obrigada... acho eu. Sinceramente eu não fui logo na cara dela, mas não gosto muito que me digam que eu estou errada...
—Ah, você é uma sabichona verdade?- sorri constrangida.
—Mas então... como você se chama?
—Que idiota que sou!- disse ela, batendo a mão na própria testa, o que chamou a atenção da Miss Hera, que a repreendeu novamente. A garota revirou novamente os olhos.
—Ah, odeio aquela bruxa... prazer, me chamo Thalia Grace.- disse ela, estendendo-me a mão. Mas deve ter sentido o olhar fuzilante e desesperado da Miss Hera atrás dela, porque retirou a mão e cumprimentou-me com uma leve reverencia, que eu correspondi.
—Parece que também ela não gosta muito de você...
—Na verdade ela não gosta de ninguém, só do dinheiro dos nossos pais.- murmurou ela- Talvez ela goste um pouco da Rachel, visto que as duas são uma víboras. Rimos juntas.
—Mas me conte...- começou ela. Deduzi pela voz dela que não se deveria tratar de nada de bom.
—Você vem de Atenas verdade? Como são os garotos lá?
O meu rosto ganhou uma cor vermelha que daria inveja á um tomate.
—Ehm..., sim, há vários garotos que são realmente bonitos...
—Mmmm, que interessante, isso quer dizer que você conhece alguém em especial?- perguntou sorrindo maliciosamente.
—Você está parecendo a minha tia com essas perguntas.
—Nananinanão, nem tente, você não escapará da minha pergunta.
—Umpf...
—Você não está negando... me conte, por favor.- pediu com olhos pidões. Droga, assim não vale.
—Tudo bem. Ehm, eu até gostava de um garoto, ele se chama Luke...
—Own que bonitinha, e como é?
—Ah, ele tem cabelos curtos louros, olhos azuis,….
—Não, eu queria saber como é beijar ele.
—Ah, não sei, nós só fomos sempre amigos...
—OQUE? Você nunca tentou nada com ele?
—Não Thalia, ele provavelmente só me vê como amiga...
—Argh, você está a espera de se casar para beijar alguém?
Olhei indignada para ela, mas Thalia acabou por soltar uma risada, que me contagiou.
Continuamos a conversar até nos chamarem para almoçar. Descobri que Héstia, a irmã de Hera, era gentil e bondosa, porém muito tímida, o que permitia á Hera um controle absoluto em tudo. Thalia também me contou um pouco de si, dizendo que só não tinha sido expulsa do internato porque o pai dela, Zeus, dava sempre uma generosa quantia de dinheiro para que não se tivesse que preocupar com ela e viver a vida dele.
Os primeiros dias passaram-se lentamente, o que me fazia sentir falta do meu pai e consequentemente escrever-lhe uma carta. Não sei porque, mas a cada dia que passava havia uma sensação estranha dentro de mim, que me fazia pensar que algo de ruim iria acontecer em relação ao meu pai. Mas esses momentos devanearam-se com a boa relação que estava nascendo entre mim e Thalia. Em poucos dias viemos a saber tudo uma da outra, o que nos tornou amigas. Infelizmente, não consegui me relacionar muito com as outras garotas do internato, porque ou eram demasiado patricinhas ou muito reservadas. Na verdade eu só via quase sempre aquela da minha idade, porque as outras, quase todas mais pequenas, tinham horários diferentes dos nossos.

Londres, 12 Março 1888

Estava na aula de Historia, que se estava passando muito lentamente pelos meus gostos. Olhava tediosamente para a professora Roberts, que falava sobre a evolução das viagens marítimas que levaram aos descobrimentos de novas terras.
—Senhorita Thalia- pronunciou-se a professora. A minha amiga fechou momentaneamente os olhos, como se esperasse que não lhe perguntasse algo que não soubesse.
—Qual navegador, e em que ano, descobriu a América?- Assim que a pergunta foi pronunciada, ela abaixou o olhar, derrotada, e respondeu encolhendo ligeiramente os ombros:
—Bem..., provavelmente por um homem que agora já está morto.
Varias risadinhas se espalharam pela aula, e no rosto da Miss Roberts só se notava a expressão de desgosto.
—A senhorita se acha engraçada? Não se preocupe, irei informar a Miss Hera do seu comportamento inadequado.- disse ela com um sorriso de vitoria.
Thalia, no entanto, demonstrava uma expressão de desinteresse, mas, quando a observei melhor, vi que por traz da sua pose de durona, havia vergonha e tristeza, o que fez com que me sentisse mal por ela e, sem pensar muito, tomar uma decisão.
No final do dia, antes de nos recolhermos para os nossos respetivos quartos para ir dormir, fui ter com ela para conversar. Depois de um pouco de risadas e comentários sobre as exibições da Rachel, suportadas pela sua amiga que descobri se chamar Clarisse, que se divertia em ajudar a Rachel a tornar a vida de algumas garotas num inferno.
Enfim, acabei com falar sobre o acontecido durante a aula de História.
—Ah, não se preocupe Annie, Miss Hera já deve estar tão farta de me ver passar pelo seu escritório que inventará uma punição rápida de se cumprir, para não me ter nos seus pés por muito tempo.
—Mas eu gostaria de te ajudar de qualquer forma, não gostei de te ver triste pelo que aconteceu...
—Eu? Triste? Hahaha eu não estava triste, eu até..
—Você não me engana- interrompi-a - eu vi que você estava envergonhada por não saber responder a pergunta da professora.- conclui. Ela ia rebater, mas nem a deixei começar:
—Você não tem que me esconder esses sentimentos Lia, eles não fazem de você uma pessoa frágil. Quero que saiba que quando você quiser, poderá vir falar comigo e juntas poderemos superar tudo, porque é para isso que servem as amigas.
Assim que terminei, ela olhou para mim e pude ver que os seus olhas brilhavam como aqueles de uma criança.
—Amigas?- perguntou ela com uma grande sorriso.
—Claro Lia, eu me importo muito com você.- respondi, retribuindo o sorriso.
—Ah... desculpe o espanto mas... eu nunca tive ninguém que se importasse realmente comigo, você sabe, minha mãe me abandonou quando era pequena e o meu pai não quer saber de mim... - a esse ponto ela já estava derramando algumas lagrimas. Abracei-a por puro instinto e sussurrei:
—Não pense mais nisso, eles não sabem que quem está a perder com tudo isso são elas, pois você se tornou numa pessoa boa, forte, determinada e com um grande coração.
Ela agradeceu-me e permanecemos no abraço por mais alguns minutos, até que decidimos nos largar. Aí me lembrei de uma coisa:
—Lia, estive pensando que, visto que você tem dificuldades nas matérias, eu poderia ajudar você, para recuperar e tirar notas melhores.
—Ah não, é melhor não, e tenho dificuldades em me concentrar e acabo por não perceber nada, não tem que se incomodar comigo...- não a deixei terminar.
—Thalia Grace, você ouviu o que eu lhe disse? Amigas servem para se ajudarem umas ás outras e superarem juntas as dificuldades. E para além disso, eu sou paciente e quero mesmo te ajudar, de bom agrado.
Ela sorriu agradecida, mas logo o desfez para me olhar com falsa indignação.
—Você está por acaso ralhando comigo? É que essa pose de durona é minha.
Olhamos seriamente uma para outra, acabando por soltar uma gargalhada. Conversamos ainda um pouco, antes de ir dormir. Quando já estava na cama, pronta para dormir, pensei que talvez a minha vida aqui em Londres não seria tão má como pensava, graças á uma nova amiga que fiz. Na verdade, sentia que Thalia conseguia me compreender melhor e que se importasse mais do que algumas das minhas amigas de Atenas, que não se incomodaram em se despedir decentemente de mim, inventando uma desculpa esfarrapada.
Fechei os olhos e finalmente adormeci, com o coração em paz.


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Notas finais do capítulo

Comentem please ♥♥♥♥