A felicidade reinava nos dias seguintes à notícia dada por Marinette e contrariando tudo e todos, o casamento foi adiado.

Os pais e os amigos mais próximos foram os que mais reclamaram. Mas Marinette e Adrien conversaram muito e resolveram que esperar a criança nascer para depois se casarem na igreja era a melhor opção. Eles queriam que a gravidez fosse a mais tranquila possível, e com certeza correr para organizar um casório não entrava na lista de coisas mais calmas para se fazer.

Porém, ainda tinham que arrumar o novo apartamento deles, e incluir um quartinho para o novo integrante da família. 

—Você já empacotou tudo? – Adrien perguntou. Eles estavam no apartamento de Marinette, que estava praticamente vazio e que em breve seria de outra pessoa.

—Quase tudo. Além das coisas do banheiro, só faltam algumas coisas da cozinha, que não vão pro caminhão de mudança, vão no carro comigo. - Ela sentou ao lado dele no colchão que estava no chão. – Mas não temos comida, quer pedir?

—Claro. – Ele beijou de leve os lábios da noiva e levantou para pedir a comida.

O tempo foi passando e a barriga crescendo. O apartamento foi mobiliado rapidamente, com agora todas as atenções do casal voltadas para ele.

Bem instalados na casa nova, eles agora desfrutavam da vida de ‘’casados’’. De fato quase o eram.

Os pais do casal resolveram dar o presente de casamento adiantado: o quarto do bebê. O quartinho era todo branco, cinza e marrom, algo bem neutro para o que quer que viesse. Como a gravidez ainda estava muito no início quando eles se mudaram, tudo ficou em tons muito neutros.

Uma janela grande iluminava o quarto. O berço num estilo mais antigo enfeitava o meio do quarto. Uma poltrona branca ficava no canto, uma cômoda também branca ficava ao lado.

Um armário, que ainda estava vazio, num tom de cinza bem claro ficava na outra extremidade, junto a porta. Alguns quadrinhos haviam sido comprados para que enfeitassem as paredes, mas só se colocaria fotos ali de acordo com o sexo.

Ela estava no quinto mês e a ansiedade corroía Marinette para saber se era ele ou ela. A médica que acompanhava a gestação ainda não havia descoberto porque o bebê parecia realmente não colaborar.

Depois de muita insistência de Alya, Marinette resolveu fazer uma festinha para comemorar a gravidez.  Não seria exatamente um chá de bebê, mas apenas um ‘’bolinho’’. Serviria também para anunciar o sexo do bebê, como num chá de revelação. Esse último foi ideia de Adrien, que estava adorando a ideia de fazer um bolo rosa ou azul para anunciar alguma coisa.

Como Marinette e Adrien queriam que fosse surpresa para eles também, as respectivas mães foram no último exame de ultrassom junto com os dois.

O exame era numa segunda e a festinha estava marcada para o sábado. Marinette, de todos, era a que estava menos animada. Com a barriga começando realmente a ficar grande e com tanto para organizar, ela andava cansada.

Porém, acima de tudo, ela estava feliz. E valeria a pena sacrificar suas horinhas de descanso do sábado para se juntar aos amigos numa comemoração.

Na segunda em que ocorreria o exame, Marinette explicou tudo para o médico:

—Nós queremos descobrir junto com todo mundo. Quando ver alguma coisa, não nos diga, por favor.

E assim foi feito, o médico apenas mencionou que ele estava grandinho e num bom peso. Estava completamente saudável e era uma criança forte.

Quando o médico deu um sorrisinho e fez um ‘’ah’’, o casal notou que ele já sabia, mesmo sem ter mencionado nada.

Assim que saíram da sala, as mães curiosas e felizes entraram que nem uma bala na sala do médico. Segundos depois, saíram com sorrisos que não cabiam em seus rostos.

Enquanto Sabine e Louise foram organizar tudo do bolo, Adrien e Marinette resolveram aproveitar a folga do trabalho naquele dia para passearem um pouco.

Eles foram no parque que tanto frequentaram na adolescência. Marinette avistou um carrinho de pipoca e logo estava com o maior pacote possível nas mãos.

—Você parece uma criança comendo. – Adrien ria do jeito esfomeado da morena, que não estava nem aí se as pessoas olhavam torto para ela.

—Isso se chama comer com prazer. Há séculos que não como a pipoca daqui. Na verdade, faz muito tempo que não vemos nem a sombra das árvores desse parque.

—É verdade, as coisas andam tão corridas... Mas agora tudo vai se acalmar, com tudo no apartamento pronto, podemos ir comprando devagar as coisas para o bebê.

—É verdade. – Ela abocanhou mais um punhado de pipocas.

—E em breve também estaremos com uma pessoinha nesse parque também. – Ele passou a mão na barriga dela delicadamente.

E para a surpresa de Adrien, ele sentiu um ‘’chute’’ bem no local que ele acariciava.

—Você viu? Sentiu isso Marinette? – Ele arregalou os olhos diante do fato.

—É claro que eu senti, está dentro de mim. – Ela franziu a sobrancelha diante da pergunta – idiota, na opinião dela- acrescentando: - O bebê está se mexendo muito desde que acordei. Parou só na hora do ultrassom mesmo, eu acho. – Para Marinette, aquilo era muito simples. Mas para Adrien não.

—E você nem me mostrou nada. – Ele falou com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. Ele se debruçou sobre a barriga, na intenção de sentir qualquer outro movimento.

Na frente de todo mundo, Adrien se controlava. Parecia estar muito tranquilo diante da gravidez. Mas sozinhos, em casa, Adrien só queria passar todos os momentos abraçado a barriga da noiva. Ele seria um tanto babão, sabia disso. O fato de poder ser pai, ainda mais agora com sua família toda reunida, estava o deixando ‘’amolecido’’.

Marinette suspirou com a cena que repetidamente acontecia todos os dias. Mas acabou sorrindo. Os hormônios as vezes a deixava irritada com o tanto que Adrien a cercava, fosse conversando com a barriga ou abraçando-a ou que fosse paparicando demais a própria Marinette. Ela sabia que tudo não passava de amor e cuidados excessivos, então, ela sorria.

—Adrien. – Ele levantou a cabeça, mas deixou as mãos na barriga. – Eu te amo muito. – E sorriu.

Ele sorriu largamente, dando como resposta um beijo nos lábios dela.

—Eu também te amo demais. – Ele segurou o rosto dela entre a mãos, dando mais um selinho e um beijo na testa. Depois desceu novamente para a barriga, dando um beijinho de leve. – Eu também amo você. – Ele sussurrou.

E como tudo a afetava da maneira mais louca possível, o humor de Marinette conseguiu mudar repentinamente e ela já estava chorando. Adrien riu, já acostumado a montanha russa de emoções que estava a mestiça. Ele a abraçou para conforta-la.

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A sala do apartamento foi decorada de forma simples. Marinette não queria nada extravagante e Adrien só estava interessado no bolo.

Na mesa havia um bolo grande, que era cheio de rosinhas feitos de brigadeiro branco. A própria mãe Marinette que havia feito o bolo, sofrendo um pouco para que Tom não visse a cor do recheio.

Alguns docinhos e petiscos estavam espalhados pela mesa e no centro que estava encostado na parede. Alguns balões dourados aqui e ali e só.

Alya chegou com Nino, logo indo babar o ‘’ sobrinho ou sobrinha’’, fazendo barulhos estranhos de bebê, que sempre faziam Marinette chorar de tanto rir.

Os avós também estavam presentes, assim como sua turma do colégio e alguns amigos da faculdade.

A sala do apartamento estava cheia, mas todos ali estavam extremamente felizes.

—Gente, vamos cortar o bolo! – Alya anunciou num grito.

Todos se aglomeraram ao redor da mesa e Adrien e Marinette ficaram por trás do bolo. Os dois pegaram duas facas e enfiaram no bolo. Se entreolharam e sorriram. Adrien pegou um pratinho que estava do lado, então levantaram o pedaço de bolo colocando no prato e mostrando a cor azul para todo mundo ver.

Alya e Nino começaram a gritar feito loucos, assim Tom, Sabine e Louise. Gabriel quase queria chorar, mas se controlou.

Rose estava chorando abertamente. Juleika, Chloé e Sabrina simplesmente sorriam. Nathaniel estava feliz também, num canto. Ele finalmente havia superado Marinette e conseguia sentir felicidade sincera pelos dois. Ivan e Myléne estavam conversando animados sobre a notícia com Kim, Alix, Max.

Aos poucos, todos felicitaram o casal pela novidade. No final do dia, Adrien e Marinette foram abrir os presentes, que variavam desde roupinhas neutras até alguns brinquedinhos e fraldas. Muitas, muitas fraldas.

—Acho que não vamos precisar comprar fraldas até os dois anos dele. – Adrien coçou a cabeça, observando a quantidade de pacotes espalhados.

—Pois é né. – Ela riu, mas estava com sono. Só foram deitar depois de guardar tudo, mas um sorriso estava presente no rosto deles.

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Era noite e estava chovendo quando o carro estacionou desajeitadamente na porta do hospital. Adrien e Alya ajudaram Marinette a descer do carro, se encaminhando para a recepção.

Alya e Nino foram passar a tarde na casa dos amigos e acabaram ficando para comer uma pizza naquela noite de sexta, enquanto assistiam um filme qualquer. Marinette, com seus nove meses, já tinha tudo pronto para quando a hora chegasse. Então as dores começaram de leve durante a tarde, mas de noite foram ficando mais intensas ao ponto de fazer todos correrem para o hospital.

Nino ligava para os parentes enquanto Adrien preenchia a papelada. Alya entrou com Marinette, mas depois Adrien ficaria no seu lugar.

—Ainda está com 4 cm de dilatação, então vai demorar um pouco. A partir de agora as contrações vão ficar mais fortes, mais frequentes e longas, ok? Quando elas vierem, só respire fundo e fique calma. Quando passarem, ande um pouco, beba água, converse... Qualquer coisa que te ajude a relaxar, até um banho quente se quiser. – A enfermeira falou e Marinette assentiu.

—E a bolsa?

—Pode estourar a qualquer momento, não se preocupe. Vai querer anestesia?

—Não.

—Tudo bem, eu já vou estar de volta.

Marinette se controlava para não gritar, mas depois que a bolsa estourou tudo foi ficando mais intenso. As dores aumentaram e ela já não conseguia ficar calada.

Adrien já havia assumido o posto, ajudando-a a se locomover pelo quarto. Quando a contração passava, ele dizia palavras de conforto e quando vinha, ele massageava as costas dela. Ele estava nervoso, mas sabia ali que seu papel era ajuda-la da melhor forma possível.

O médico que faria o parto foi olha-la mais uma vez, quando finalmente anunciou:

—Já está dilatada o suficiente, vamos começar!

Ela foi levada para a sala do parto e foi deitada na maca, recebendo as instruções de quando fazer força.

Adrien via em seu rosto o sofrimento, ficando internamente agoniado com a demora. Afinal, já estavam há duas horas ali!

—Anestesia! Eu quero uma anestesia, por favor! – Marinette olhou um pouco desorientada para o médico e para Adrien. Logo um anestesista veio aplicar.

As dores aliviaram, mas não passaram totalmente. O médico avisou que se ela não estivesse aguentando as dores, falasse para aplicar mais anestesia.

Porém, não foi preciso. Alguns minutos depois foi anunciado que o bebê estava ‘’coroando’’, portanto, já estava perto de acabar.

A cabeça começou a sair. E mais algumas contrações e o choro tão esperado foi finalmente ouvido.

Marinette e Adrien imediatamente deixaram as lágrimas escorrerem. Uma enfermeira o trouxe para perto dos pais e mesmo estando toda suada, o bebê foi encostado na testa dela. Adrien também o pegou no colo por alguns segundos, sem controlar a emoção.

Depois houve a limpeza e todo o procedimento normal. O bebê e a mãe estavam bem e logo foram para o quarto, onde a família e os amigos esperavam com a maior felicidade.

Todos queriam ver o pequeno loirinho, que tinha bastante cabelo como o pai. Os olhinhos eram extremamente azuis, como os de Marinette. Estavam todos encantados com bebê.

Quando foram embora, só restando os três, Adrien conseguiu ver que sua vida de verdade só havia começado quando Marinette entrou nela. Tudo havia ficado diferente desde que estava com ele.

E agora uma outra etapa começava. E Adrien estava disposto a tudo por sua felicidade e pela de sua família.

Ele deu um beijo na testa da noiva e do filho.

—Vocês são a minha força.