Marinette se remexeu na cama, sentindo braços ao seu redor. Adrien ainda dormia pesado, então ela apenas ficou o observando. Ele acabou por dormir lá, embora não tivesse acontecido nada, além de alguns beijos. Eles realmente só dormiram, já que fazia, literalmente, apenas um dia que estavam namorando.

Plagg e Tikki estavam deitados juntos numa almofada, e ainda pareciam dormir também. Pela primeira vez, Marinette acordou antes de sua kwami.

Ainda não era hora de acordar, ela provavelmente tinha alguns minutos antes do seu despertador começar a berrar. Então ela se aconchegou no peito do loiro, que a abraçou.

—Bom dia, flor do dia. – Ele sorriu carinhosamente para ela e deu um beijo em sua testa, logo voltando a fechar os olhos e a abraçando com mais força.

—Bom dia. – Ela respondeu, corada dos pés à cabeça. Ele abriu os olhos e notou que ela estava com vergonha. Bom, ele também estava e com certeza suas bochechas deveriam estar um pouco vermelhas também, mas quem liga? Ele estava com sua pessoa favorita ali, nos seus braços, onde poderia protegê-la.

—Você fica tão fofa corada. – Ele deu aquele sorriso. Aquele que ele dava todas as vezes que era gentil com ela e que a matava por dentro. E foi o suficiente para que ela tampasse o rosto com o lençol fino que os cobria.

—Você sabe que fico com vergonha assim. – Ela falou ainda embaixo do lençol. Então ele retirou um braço de sua cintura, segurou o queixo e levantou o rosto dela, deixando-a descoberta até os ombros.

—Não precisa ter vergonha de mim, afinal de contas, vamos ficar juntos para sempre e vamos casar, então é melhor que se acostume. - Ele riu de leve, acompanhado por ela. Nessa hora o despertador começou a tocar, e Marinette o desligou na mesma hora.

—Acho que está na hora de você ir. – Ela fez uma cara de desgosto. Se levantou para pegar a jaqueta dele, que estava na cadeira, já que o mesmo havia dormido com a calça e a blusa que estava antes de se transformar na noite anterior.

Ele levantou e foi até ela, e ia pegando a jaqueta, mas parou com a mão no meio do caminho quando viu a cara de desolação que a mestiça fez. E ao invés de pegar a jaqueta, levou a mão até o rosto dela e o acariciou.

—Se você fizer essa carinha eu não vou conseguir ir embora. – Ele olhou sugestivo para ela, que empurrou a jaqueta contra seu rosto, o fazendo rir alto, mas logo se calando, lembrando que os pais de Marinette provavelmente já estavam acordados.

—Pareceu até o Chat Noir falando. - Ela começou a se movimentar pelo quarto, pegando as coisas necessárias para se arrumar para a faculdade.

—Ah, e você jogando essa jaqueta na minha cara não pareceu a Ladybug? Não temos muito o que fazer, afinal, nós somos eles, não é? - Ele se deitou novamente na cama, apenas a olhando andar pelo cômodo.

—É, é verdade. Ainda não acredito que era você esse tempo todo. Isso quer dizer que nós já nos beijamos antes. – Ela deu uma risada e ele a olhou confuso. Apesar de ainda ter muita vergonha dessas coisas, Marinette realmente estava menos tímida e mais normal perto de Adrien, já que ambos foram para a mesma faculdade e passavam boa parte dos intervalos juntos.

—Já nos beijamos antes? Como assim? Eu não lembro disso. Por acaso você me embebedou em algum dia na faculdade?

—Não seu bobo, foi no dia que você foi atingido pelo Kim, quando ele se transformou no cupido negro, lembra?                 Te beijei para que pudesse voltar ao normal, mas você não conseguiu se lembrar de nada depois.

—Você... VOCÊ O QUE? E pensar que eu já tinha beijado a Ladybug sem saber, por que você nunca me...

—Marinette, tem alguém aí com você filha? – Os passos de Sabine se aproximavam. Marinette indicou a varanda para que Adrien subisse lá. Foi o tempo necessário para que a chinesa entrasse no quarto.

—Ãn, oi mãe, bom dia. – Ela foi até a mãe, que estava na escada segurando a porta, e lhe deu um beijo na bochecha, como fazia todos os dias.

—Bom dia querida. Ouvi você conversando com alguém ou foi impressão?

—Ah mãe, a senhora sabe que as vezes eu dou para falar sozinha. – Marinette riu, mas por dentro ela estava nervosa com o que poderia acontecer caso sua mãe implicasse e resolvesse dar uma olhada pelo quarto.

—Sei, por acaso não estaria escondendo um garoto aqui, não é? – Sabine riu, mas estranhou o desespero da filha em lhe explicar algo.

—Que? Não, claro que não, um garoto puuff... Um garoto...- E começou a rir de um jeito forçado, fazendo a mãe ficar confusa com aquela reação.

—Você ‘tá bem, filha? Está vermelha, não estaria com febre? – A mais velha colocou a mão na testa da filha, mas ela apenas se afastou rápido e começou a rir nervosamente de novo.

—Estou bem mãe, sério mesmo. Agora preciso ir me arrumar para ir para a faculdade.

—Tudo bem então, vou fazer o café. Essa vida de universitária, onde até nos domingos você vai para a faculdade é pesada. – Ela ia descendo, e Marinette suspirou aliviada quando ela fechou a porta. Estava prestes a se virar para ir falar com Adrien de novo, mas se assustou com a porta sendo aberta de vez. – Marinette, tem certeza que está tudo bem? Em geral você demora para levantar e ...

—Mãe, hoje inicia a semana dos nossos projetos lembra? O meu não é hoje, mas nossa presença nos stands conta como nota. Então eu realmente preciso me arrumar, tá?

—Certo... – Sabine saiu com um olhar desconfiado, mas acabou por deixar a filha sozinha.

Quando Marinette viu que a mãe realmente não voltaria, foi em direção a varando e chamou o loiro. Ele logo desceu e se sentou na cama para calçar os tênis, que por sorte, havia deixado do lado oposto ao que Sabine poderia ver da porta.

—Se ficar aqui vai acabar se atrasando. – Ele bufou, não queria ir embora. – Vamos lá gatinho, esse projeto vale nota e daqui a pouco nós vamos nos ver de qualquer jeito.

—Ainda bem né, senão eu teria que arranjar um atestado médico para dizer que eu estava doente hoje. – Ele se levantou e foi na direção dela, passando as mãos por sua cintura e beijando-a, enquanto ela apenas fazia carinho em seus cabelos.

Plagg e Tikki, que haviam se escondido quando Sabine apareceu, agora estavam bem acordados. E Plagg, que adorava importunar o loiro, foi em direção ao casal.

—Adrien, vamos embora, eu quero meu café da manhã. – Adrien o ignorou, assim como Marinette. O pequeno kwami se irritou e puxou a orelha de seu dono, que se afastou desajeitadamente de Marinette. Ela apenas riu, enquanto Tikki ficou irritada.

—Plagg, já disse para deixar os dois em paz. – E então a kwami vermelha começou a empurra-lo para longe de Adrien. Os dois ficaram observando a briga, até que Adrien se pronunciou:

—É melhor eu ir mesmo, senão vou acabar perdendo pontos por atraso. Mas sabe, tem alguém lá hoje que eu quero ver muito no intervalo. – Ele deu um sorriso sedutor, bem estilo Chat Noir, e se aproximou novamente dela.

—Ah é? E quem seria essa pessoa tão especial? – Ela estava envergonhada, mas resolveu entrar na brincadeira. Então ele a beijou de novo. Até ser interrompido por Plagg.

—Adrien, vamos embora antes que a Tikki me mate, acho que se ficarmos mais um minuto aqui eu vou virar churrasquinho de Kwami e vou ser servido com queijo camembert. – Ele afastava o loiro em direção a varanda.

—Nos vemos daqui a pouco, depois que eu matar esse gato preto. – Ele olhou feio e agarrou o serzinho. Se transformou, acenou e foi embora, deixando uma Tikki irritada e uma Marinette em pleno êxtase.

—Ai Tikki, eu estou TÃO animada com tudo isso. Não acredito que eu e o Adrien estamos finalmente namorando. Sabe, ontem a noite eu fiquei irritada por saber que ele era o Chat Noir, afinal de contas ele...

—Marinette...

—E poxa, todo esse tempo o gato que me irritava era a mesma pessoa que eu amava, ai meu Deus eu não sei o que fazer de tão feliz que eu estou e...

—Marinette, você vai se atrasar. – Tikki falou, já voltando normal e fazendo Marinette correr que nem doida pelo quarto.

Porém, antes de entrar no banho ela ouviu o telefone tocar e vendo que o nome de Alya estava escrito, ela não pôde ignorar.

—Amiga, você prometeu me ligar ontem e não ligou, eu ‘tô doida pra te contar as novidades daqui e você nem aí pra mim.

—Ah, eu tive uma visita para atender ontem, então não deu. Mas que drama é esse hein? Você que vive dizendo que eu que sou dramática mas tá aí fazendo o maior alvoroço por...

—Marinette, o Nino me pediu em casamento!

—Pera, O QUÊ?

—É verdade amiga, a gente foi jantar na sexta num restaurante bem chique. Ele tava nervoso e eu comecei a imaginar que ele tava preparando alguma coisa sabe?

Tikki apareceu na frente do rosto de Marinette, apontando para o relógio, querendo dizer que ela ia se atrasar muito se continuasse ali. Marinette apenas confirmou, fazendo que sim com a cabeça e com a mão pediu para que ela esperasse um pouco.

—Eu queria uma bolsa de dia dos namorados mas ele se recusou a dar, então achei que fosse isso, mas não, no meio do jantar ele me mostrou um anel Marinette! Eu estou tão feliz! Claro que não vamos casar agora, mas como já moramos juntos, ele achou que não teria problema que a gente noivasse, e eu acho o mesmo.

—Eu estou muito feliz por vocês dois Alya, muito mesmo. Nossa, parece que foi ontem que ainda estávamos na escola e vocês daqui a pouco vão casar, que demais!

—Pois é, mas essa não é a única novidade não, dona Marinette. — Marinette ouve alguém, provavelmente Nino, chamando Alya ao fundo. — Mas acho que vai ficar pra depois, eu preciso ir agora, o Nino tá berrando do banheiro. — Ela falou, fazendo Marinette suspirar aliviada pela hora que se passava e cada vez mais ela se via atrasada. Ela escutou outro grito ao fundo - Eu já estou indo homem! Marinette, chego aí na segunda, podemos almoçar juntas, só eu e você? Nino que passar um tempo com Adrien e aí depois nós quatro podíamos sair.

—Claro! A propósito, tenho notícias sobre o Adrien também. Adivinhe. – Ela fez suspense. – Nós estamos namorando!

—AHHH!— O grito fez Marinette afastar um pouco o telefone do ouvido. A amiga sempre torcera pelos dois. – Finalmente né, segunda você me conta os detalhes, senão o meu noivo vai acabar sem voz. Beijos amiga, até lá. – E desligou sem nem esperar Marinette se despedir.

Alya estava fazendo faculdade de jornalismo numa faculdade particular no interior, juntamente com Nino, que foi para a mesma cidade primeiro porque tinha um curso de música que ele queria fazer, e segundo porque Alya iria pra lá. Eles terminaram o ensino médio enrolados e Nino não queria se separar dela, apesar de não terem nada ‘’sólido’’. Mas quando passaram a ficar sozinhos na mesma cidade, indo para lá e para cá juntos, eles assumiram o namoro e começaram a morar juntos.

Os pais de ambos por muito tempo foram contra, mas os dois, que tinham empregos, enfrentaram tudo e todos para ficarem juntos e no final deu tudo certo, já estavam assim há dois anos e conseguiam manter o apartamento que viviam em boas condições.

Marinette ficou muito feliz pela amiga, sabia que levando essa vida eles não demorariam muito para noivarem ou até casarem mesmo. Mas também sabia que os amigos tinham juízo e não iam meter as mãos pelos pés. Não agora, pelo menos.

Ela riu com o pensamento, indo tomar o banho feliz da vida. O dia havia começado do melhor jeito possível.