Alta Fidelidade escrita por Giiz


Capítulo 4
Daddy's little girl


Notas iniciais do capítulo

Hello everybody! Capítulo pequenino só pra brincar um pouco. Beijinhos!



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Não tem nada mais desgastante na vida do que um ponto de ônibus cheio de adolescentes recém saídos da escola. Num dia está se mostrando não ser o seu melhor dia. Onde começa a chover assim que você coloca os pés pra fora de casa e você não tem uma sombrinha pra te proteger da dita-cuja.

Mas calma: se tem uma coisa que eu aprendi na vida é que nada está tão ruim que não pode piorar.

Como se não bastasse o dia de merda composto por 1) acordar se sentindo mal depois de uma noite mal dormida intercalada entre escutar os barulhos ~românticos~ que vinham do quarto ao lado (sim, amigos e amigas, SasuSaku é real oficial, o que me faz pensar no quão louco essa coisa de amor pode ser. Convenhamos, a louca da minha melhor amiga praticamente tentou matar ele e depois ficou cuidando dele após um procedimento médico que ele teve que fazer por culpa dela. Loucura total, ambos deveriam passar por uma avaliação psicológica emergencial. Vai que os dois resolvem procriar? E se o gene da loucura for passado pra frente, em dose dupla?) e pensamentos misturados entre depressão e raiva por ter me rebaixado a dormir com Mort.

Sim, caros amigos.

Eu fiz isso.

Mas voltemos à lista de desgraças que me aconteceram até o presente momento neste dia abençoado por Jashin.

2) Lembrar que você tem um compromisso marcado com seu pai para daqui a poucas horas, compromisso esse que você sequer estava lembrando ou querendo participar pois não estava afim de ter que se segurar pra não pedir colo, proteção e carinho (e se possível, dinheiro), aceitando que caiu no erro de achar que sua vida seria maravilhosa, estruturada e
Que você seria bem sucedida com vinte e poucos anos.

3) Tentar ligar seu bom e velho parceiro carrinho e ver que ele não liga, mesmo depois de você ter gasto seus últimos tostões em mais um conserto que, aparentemente, não surgiu o menor efeito e, ainda por cima, você não soube o que é a porca da parafuseta, mesmo tendo ficado em cima do mecânico.

4) O horário do ônibus que você tem que pegar (pois taxi e Uber é só pra situações emergenciais nas suas atuais conjunturas financeiras) ser sincronizado com a saída de um enorme colégio de ensino médio e o ponto ficar lotado de adolescentes que adoram gritar idiotices, tentar dar beijos triplos, comer paçoca debaixo do seu nariz, e ter que escutar música de gosto duvidoso.

5) Começar a chover. E eu não sei como é na cidade de vocês, mas aonde eu moro, cair três pingos do céu é sinal de caos e confusão (sim, eu sei que estou sendo redundante) no trânsito, ainda mais quando São Pedro resolve descer água com força. Já estava pressentindo uma Ino igual a uma pata molhada em poucos segundos, pois a cobertura do ponto de ônibus era pequena demais para a quantidade de gente.

Mas, senhoras e senhores, nada é tão simples assim. Eu dificilmente teria feito uma escolha mais imbecil de roupa do que aquela que eu havia feito. A minha bela camisa de seda já estava molhada e transparente, mostrado meu sutiã de renda preto por baixo. O problema é que ele não tinha bojo, mostrando assim, claramente, meu farol aceso. Além disso, minha preciosa sandália de camurça teria uma viagem só de ida para a lata de lixo, assim que eu voltasse para casa. Nada mais triste que perder um sapato caro e pouco usado.

Ah. Um pequeno detalhe.

O maldito ônibus atrasou uma hora.

Além disso, ser mulher e estar num ponto de ônibus (e molhada, no meu caso) te faz ser alvo para carros buzinarem e velhos babacas colocarem suas cabeças para fora do carro. Mas o pior é você se cantada por um infeliz portador de um bigodinho a lá Gomez da família Addams, que te manda um psiu é uma piscadela, além de um beijinho DA JANELA DE UM ÔNIBUS.

Isso te faz repensar nas coisas que você acaba atraindo para você. Mas você agradece por não ser o ônibus que você precisa, esquecendo momentaneamente que está a uma hora esperando ele e que você está molhada, que tem trezentos adolescentes que falam como gralhas no seu redor e que você bebeu tanto no dia dos namorados que acabou indo pra cama do seu ex no apartamento luxuoso dele, te obrigando a fazer a famosa "caminhada da vergonha", antes mesmo dele acordar para você não querer matá-lo com o taco de baseball que você supostamente deveria devolver ao seu barman preferido com nome de traficante colombiano e de procedência duvidosa. Pensando agora... Será que os dois tem algo em comum? Além de se chamarem Pablo Escobar?

Nessas horas eu sinto falta do Neji. Ele foi o segundo cabeludo por qual eu me apaixonei. Rico, poderoso, influente... Adorava me levar pra sair, me dava os melhores presentes... Até eu perceber que, na verdade, ele queria uma boneca de cera no lugar de namorada. Óbvio que eu rodei a baiana, joguei nas fuças dele todos os presentes que ele havia me dado (o que eu me arrependo, teria uma graninha agora) e disse, com todas as letras, que ele não era meu dono.

No final das contas, ele acabou conhecendo a Tenten, uma professora de Aikido e agora ele anda pianinho, igual bocó apaixonado. Quem antes mandava, agora adora obedecer.

Mas voltando aqui. Parecia até que os céus estavam me indicando para não sair de casa hoje. Depois de um trânsito infernal dentro de um ônibus lotado que desafiava a lei da física
Que dizia que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, me lembrei daquela piada sem graça que meu pai me presenteou depois de um dia horrível na adolescência (o que eqüivale hoje a um dia normal, pois na adolescência você sempre acha que é o fim do mundo qualquer terremotinho e quando
Você vira adulto, você tem que aprender a surfar em tsunames senão você se afoga), onde ele me disse com a cara mais seria e respeitosa do mundo:

— Minha querida, tenho uma coisa bem seria pra te dizer. Nós, na verdade, somos ricos, muito ricos. Só vivemos assim, dessa forma, até hoje, para lhe ensinarmos o sentido de humildade. - e, quando o
Sorriso não cabia mais no meu rosto, o filho de uma amada
Vovozinha que está no céu e me protege todos os dias da minha vida se estrebucha no chão de tanto rir da minha cara.

E eu me lembro que é primeiro de abril.

Esquece o que eu disse anteriormente sobre ser rica e famosa: pouco me importa ter que conviver com roupas e penteados cafonas em todas as imagens do meu passado para todo o sempre. O sofrimento será o mesmo, mas eu posso sofrer em Paris, bebendo champanhe e comendo petit gateu fresquinho, igual Maria Antonieta. Azar o dela que foi decapitada. Eu pelo menos não me sentiria um atum enlatado agora.

Mas, depois dessa saga heróica, consigo chegar ao meu destino. E o infeliz está atrasado, me fazendo ter que esperar por ele, toda
Desconjuntada, molhada, sofrida e com frio, no restaurante. Mas como eu disse antes, miséria pouca é bobagem, e eu dou de cara logo com meu -cahãn- querido ex Mort, desfilando com uma sem graça qualquer aí, me olhando com desprezo.

— Ino? - pergunta ele. - Está tudo bem com você?

— Não, isso é um holograma. Minha vida está perfeita em Paris, onde eu estou bebendo champanhe com Jean-Pierre e comendo macarrons fresquinhos.

— Quem é Jean-Pierre? - me pergunta ele e eu freio a minha vontade absurda de socar aquela cara linda dele até ele perder as sobrancelhas de tanto apanhar. Mas, ao contrário disso, apenas respiro fundo, tento contar até dez e sorrio maquinalmente para ele.

— Que engraçado, você parece bem real para um holograma.

Sim, senhoras e senhores. A criatura ao seu lado, além de ser desprovida de alimentação, é desprovida de cérebro.

— Amor - digo eu, mandando a contagem e os exercícios de respiração que aprendi no curso de yoga online que faço pra o raio que o parta e disse - cortar proteínas e carboidratos em excesso podem causar danos irreparáveis ao cérebro.

A retardada ainda me olha por quase um minuto sem entender minha fala e isso é o que me faz perder a paciência. Isso e o perfume doce em demasia dela. Abro a boca para dizer algo ao casal na minha frente mas a porta da cozinha abre é o cheiro que vem de lá, misturado com o perfume dela me embrulham o estômago de uma forma tão severa que eu tenho que correr para o lixeiro mais próximo para não vomitar nos pés de Mort.

Senhor deus. Se eu posso te pedir algo, me chame para o seu lado enquanto eu durmo essa noite?

Esse dia está indo de mal à pior e ser socorrida pelo ex mais babaca que você tem, onde ele segura seu cabelo num dos momentos mais constrangedores que você poderia passar na vida adulta é apenas a cereja em cima do bolo. Não sei em que momento eu comecei a chorar, só sei que tudo em mim doía e eu tremia de frio, até ele colocar aquele terno super bem cortado e cheiroso por sobre meus ombros e afagar minhas costas até meu estômago parar de fazer cambalhotas.

— Está melhor? - ele me pergunta e eu estou fraca demais para bolar alguma resposta espertinha. Só vejo metade do restaurante olhar para mim e para minha desgraça de momento e definitivamente quero um buraco para me enfiar. Mort me guia até um sofá na sala de espera e eu simplesmente vou pois estou um caco. E é nessa hora que vejo meu pai chegando e sua expressão se tornar muito preocupada ao me ver.

Esqueço que sou uma mulher adulta e me jogo nos braços dele, como
Quando eu era uma garotinha e ele afaga meus cabelos no abraço.

— Papai!

Momentos depois eu estava no quarto de hotel que ele havia se hospedado, enrolada no edredom da cama e batendo o queixo de frio. Sakura havia passado lá momentos antes e eu acho que Mort tinha algo a ver com isso, dizendo que eu havia contraído uma gripe forte. Papai resolveu cuidar de mim como sempre fez e me deixou ficar encolhida no seu colo como eu sempre fazia desde que me entendia por gente.

— Minha querida - começou ele - você e o, como você disse mesmo?

— Aquele que não deve ser nomeado ou Lord Voldemort ou apenas Mort pra encurtar. - respondi a ele, reforçando o pedido que eu havia feito momentos antes quando ele havia proferido o nome do babaca-mór.

— ok. você e o Mort não estão mais juntos?

— Não. Ele é um idiota. - respondo.

— Mas, minha querida... Você parecia gostar tanto dele!

— Está aí o problema, papai. Gostar demais enlouquece as pessoas. Te disse que a Sakura quase matou o Sasuke no último dia dos namorados? E agora estão aí, todos cheios de amorzinho? Isso é loucura demora, deveria ser estudado.

— Mas já tem um mês isso, Ino. Eles não poderiam ficar brigados para sempre. - ele responde e eu já ia reclamar que eles não haviam brigado nem por duas horas mas me peguei fazendo o meme da Nazaré Tedesco fazendo a fórmula de baskara enquanto fazia umas contas.

— Um mês? Passou tanto tempo assim? - pergunto, pedindo a deus que meu pai estivesse enganado.

— Sim, meu amor. Tem um mês isso já.

E eu só queria sabe do colo dele, desesperada. Pois agora sim, tinha certeza que nada estava tão ruim que não poderia piorar.


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Notas finais do capítulo

Nota sobre a paçoca: além de ser alérgica, eu ODEIO o cheiro daquilo hahahaha por isso coloquei isso aqui. Mas respeito quem goste, contanto que comam longe do meu nariz.

Aguardo reviews!



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