Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 7
Contra-ataque fatal


Notas iniciais do capítulo

Não achei um bom nome para esse capítulo, então foi esse mesmo...

O fim de Yoonji nos abre portas para novos reencontros...



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Yoongi levou Hoseok aos tropeços até seu aposento e o deixou bem confortável. “Nada como lembrar dos tempos de carregar pessoas com sono depois de ter visitado Minji”, pensou. Pegou o caminho de volta para o quarto, mas decidiu que precisava de um pouco de música. Então, mudou de rota e foi para o salão onde ficava seu piano favorito. Andou pelo corredor superior, e olhou de relance para seu instrumento. Então, foi surpreendido pela presença da garota de 4 anos. Ao perceber que ela não o havia notado, optou por esconder-se. Camuflou-se atrás de uma das pilastras da amurada e espiou pelo lado.

A pequena estava parada de frente para o piano, sem se mover. Olhava para as teclas tão atentamente que chegava a ser assustadora. Quase parecia uma estátua. Yoongi não conseguiu evitar lembrar-se de sua infância, quando o piano era mais alto que ele. Era uma época em que ele lhe parecia proibido. Mas não havia ninguém que pudesse evitar aquele contato. Era o primeiro contato daquela garota com o piano, certamente, e ele o estava testemunhando. Era mágico para ele, mesmo que não tivesse dirigido a ela nenhuma palavra nos últimos quatro anos. Sempre que a olhava, ela parecia diferente do que ele se lembrava porque, mesmo que estivesse com ela toda noite, no jantar, evitava olhar para ela. Ali, ele não teve nenhuma escolha. Era a criança e seu piano, um encontro que ele não tinha o direito de impedir, mesmo que aquele fosse seu piano favorito, aquele que não desejava que ninguém tocasse.

“Toque”, ele queria sussurrar. Tudo dentro dele pedia que ela o fizesse. Queria encorajá-la, mas não podia interferir. Era o momento deles. “Toque”, torceu.

Sunghee olhou para a esquerda por alguns segundos. Depois, para a direita. E então, voltou a mesma atenção fantasmagórica para o piano. Yoongi segurou a ansiedade fechando as mãos quando ela apoiou as mãos no banco e subiu nele desajeitadamente, ficando de joelhos. Então, ela estendeu seu minúsculo braço esquerdo até o instrumento. Os dedinhos passaram pelas teclas brancas tão suavemente que quase não havia contato. Então, ela parou. Escolheu sua nota. Era um mi.

Yoongi retesou-se. Era a primeira nota de Begin. “Será possível que ela já sabe tocar Begin?” A segunda nota foi ré, mas ré sustenido. Uma tecla preta imediatamente antes do mi. “Isso não é Begin. É quase”. Então, outro mi, outro ré sustenido. Por algum tempo, pareceu que seria só aquilo. Outro mi, e então, de repente, seu dedo foi um pouco mais além e tocou um si. Depois, ré, dó, lá. “Aigo, ela está tocando Fur Elise!”, notou Yoongi, admirado. Como ela poderia?

Tocou mais algumas notas. Lentamente, nota por nota, pensando muito bem antes de cada movimento, ela tocou até finalizar o exato trecho de uma caixa de música. Yoongi estava perplexo. Era compreensível que ela conhecesse a música, mas saber tocá-la, assim? Será que realmente era a primeira vez?

Yoongi decidiu que poderia atrapalhá-la, então continuou no corredor superior em direção à escada.

— Bom — disse ele, e foi como um alarme. Ela imediatamente desceu do banco e voltou à posição de antes, mas com as mãos para trás, e sem dirigir-lhe o olhar. Bem mais cautelosa e temerosa, aos olhos de Yoongi, que sorriu. — Você finalmente tem medo de mim?

Sunghee virou a cabeça para olhar para ele. Quis rir, mas achou que não fosse justo com ele, então só sorriu.

— Não.

— Então por que fugiu dessa forma?

— Eu não fugi. Só achei que o senhor quisesse tocar.

Yoongi balançou a cabeça positivamente. Mesmo depois de tantos anos, o que ele lembrava dela era suficiente para não se surpreender com aquilo.

— Eu não quero. Você já tocou antes?

— Não, senhor.

— E como conhece essa música.

— Conheço Fur Elise pela caixinha de música do apeoji. Aprendi a tocar pelos manuais da sala do Namjoon Oppa.

— E você nunca praticou — concluiu ele.

— Não.

— Aprendeu só a teoria.

— A teoria vem antes da prática.

Yoongi riu, e chegou no piso.

— É, você parece com o Namjoon. — Andou até ela, enquanto propunha. — Por que você não tenta usar a mão toda, em vez de só o indicador?

— Eu posso tentar?

— Só dessa vez — amoleceu-se.

Sunghee subiu com mais cuidado e espalhou as mãos no piano. Tentou, e fracassou.

— Minhas mãos são muito pequenas. O anelar e o mindinho não são fortes pra isso.

— É uma pena. Se não consegue usar as mãos, não posso fazer nada por você. Tem que crescer para aprender a tocar — Yoongi disse com seu terrível tom superior e irônico, antes de virar-se para fazer o caminho em direção à porta. Andou alguns passos e ouviu a música novamente, um pouco mais rápida que da primeira vez. Yoongi estava prestes a dizer que ela não podia mais ficar ali, quando ela disse.

— Eu consegui. Toquei com a mão toda.

Yoongi parou, surpreso. Demorou a virar-se, mas quase teve um troço. As mãos dela estavam estendidas no tamanho necessário para tocar, mas tinham se tornado diamante azulado.

— Aigoo! — murmurou ele, enquanto corria e tirava-a de cima do banco, segurando-a pelas axilas. — Você tá maluca? Vai arranhar o piano desse jeito!

— Mianhaeyo. Eu quero aprender.

— Eu disse que só vai aprender quando crescer! — Yoongi parecia bravo. — Você não ouviu?

— Mianhaeyo — repetiu ela, cabisbaixa.

— Não quero que mexa no meu piano de novo. Em nenhum dos meus pianos, e todos dessa casa são meus, pra sua informação. Sabe-se lá o que você pode fazer! — Yoongi, observou-a, sem diminuir sua fúria. Ela olhava para ele com os olhos profundos. — Você está com medo, agora? — perguntou ele, ainda com sua expressão assustadora.

— Não. Eu estou triste.

Por fim, ela se virou e saiu da sala com seus passos miúdos. Por algum motivo, aquelas palavras o incomodaram profundamente. Ele continuou para ela, enquanto suas sobrancelhas e sua postura curvadas voltavam ao normal. Enquanto ele tentava compreender a nova sensação estranha que aquela garota instalara nele. Olhou para o piano. Seu dedo caiu sobre o mi e escorregou. Ele sentou no banco, de costas para o piano. Apoiou o rosto na mão direita e ficou pensando no que poderia fazer sobre aquilo.

Novamente, ela o tinha colocado numa cilada. Ela não desistiu de tentar convencê-lo, mesmo quando ele disse que não era possível. Ela queria aprender, queria muito, e ele não tinha o direito de tirar isso dela.



Jin estava cuidando do jardim onde almoçavam. Sempre pensava na comida e no jantar, mal tinha tempo para se dedicar às plantinhas. Decidiu regar os botões no canteiro de roseiras, um pouco longe da mesa de jantar, quando percebeu a presença de um colibri. O pássaro olhava com curiosidade as rosas fechadas, provavelmente pensando em como faria para se alimentar com aquilo. Jin sorriu, e estendeu a mão levemente, fazendo com que uma das rosas abrisse. O colibri olhou no fundo de seus olhos.

— Não tá me reconhecendo, orabeoni? — perguntou Yumii, mudando de forma.

— Mas é claro que estou. Você que não reconheceu o meu presente — esclareceu ele, tirando a rosa com cuidado. Entregou-a para a irmã. Ela pegou, com um sorriso agradecido, porém levemente afetado. — Há algo de errado? — questionou Jin, notando.

— Não sei. Só… Lembranças.

Jin percebeu que eles precisariam conversar. Pegou-a gentilmente pelo pulso e a levou para um dos bancos de madeira escondidos na floresta. Sentaram-se.

— O passado ainda te perturba?

— Sim. Eu sei que não devemos nos importar com o que aconteceu, porque não volta mais… E na maioria das vezes eu consigo ficar bem, mas… às vezes não.

— Pode me falar. Eu não conto pra ninguém.

Yumii sorriu levemente.

— Essa rosa que você me deu… Você sabe, orabeoni. Ela me lembra muita coisa. Eu fiz você sofrer de um jeito que não era necessário.

— Será que não? — perguntou Jin, olhando para o céu com suas filosofias.

— Como esse sofrimento todo pode ser bom? Você morreu por minha causa, orabeoni, e eu sei que aqui é legal e aquela coisa toda… mas não precisava de tudo isso. Eu fui tão ruim pra você. Eu deveria ter sido punida.

Jin poderia ter se irritado com ela, mas não aconteceu. Não se irritou nem um pouco. Ele só se importava em ser um suporte para ela, alguém em quem pudesse confiar. E nunca pensou que isso poderia acontecer quando estava a caminho do segundo mundo. Ele simplesmente ficou olhando para o céu, ouvindo-a, mas de repente, alguma coisa o alertou. Havia algo errado. Era a rosa. Ela lhe chamou a atenção. Imediatamente, Jin olhou para a rosa, e notou o sangue que escorria por ela. Yumii estava usando os acúleos para perfurar as pontas dos dedos.

Jin arrancou a rosa e a jogou longe. Ela manchou o chão.

— Yumii, por que fez isso? — perguntou ele, tentando conter seu desespero, enquanto segurava suas mãos ensanguentadas. Usou o lírio brilhante para curá-la rapidamente.

— Eu deveria ter sido punida — repetiu ela.

— Por quê?

— Você morreu por minha causa, orabeoni.

— Não, não morri por sua causa.

— Tá. Foi por causa de Abraxas, mas ele me usou…

— Não. Abraxas não tem nada a ver com isso. Eu diria que ele abriu meus olhos. Você sabe, ele é metade bom, metade mau. Ele me mostrou que eu não seria feliz com você, nem com nenhuma outra.

— Orabeoni… Do que está falando?

— Não conte isso pra ninguém, moça. Eu morri de amor. Mas não foi por você.


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Notas finais do capítulo

Quem pegou, pegou.
Quem não pegou, só no final da fic agora. XD



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