Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 6
Agust D? Presente!


Notas iniciais do capítulo

Ai, gente... Esse capítulo... ♥



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Yoongi ouviu as batidas na porta e foi até lá. Deu de cara com Hoseok.

— Fala, Hopi, algum problema?

— Não. Só vim te dar os parabéns.

— Parabéns pelo quê?

— Pelo seu aniversário, oras.

— Meu aniversário não é hoje, criatura… Ah… Você tá falando do birthday?

— Claro que tô falando do birthday, seu deathday ainda está longe, hyung…

— Mas não comemoramos o birthday desde que chegamos…

— É, eu sei, mas eu tenho um presente pra você, só dessa vez, vamos?

Yoongi hesitou um pouco. Do que ele estava falando?

— Tá, né…

Yoongi acompanhou Hoseok até a sala da Eva, como ele temia.

— Nós comemoramos o deathday… Mas as pessoas do primeiro mundo não fazem do mesmo jeito. Venha, hyung.

De dentro do espelho d´água, Hoseok estendeu a mão para Yoongi. Ele ainda estava hesitante. Sabia muito bem os estragos que uma visita ao passado poderia causar, como eles sempre repetiam naquela casa. Mas acabou aceitando o convite. Entrou no espelho e ficou ao lado de Hoseok. A apreensão tomou conta de si enquanto a água subiu por seu corpo e cobriu-o.

Quando abriu os olhos novamente, Yoongi estava no terraço. Olhou para os oito túmulos dispostos ali, para os nomes gravados nas lápides. Olhou para Hoseok, que estava com a mesma aparência do momento de sua morte: cabelo preto, blusa branca e calça preta.

— É estranho te ver sem ser ruivinho — comentou, antes de olhar para si mesmo. Blusa branca, calça jeans surrada. — Meu cabelo tá rosa, é?

— Tá — disse Hoseok, sorrindo.

— O que viemos fazer aqui, Hopi?

Antes que Hoseok pudesse responder, ouviram o rangido no portão. Olharam para trás. A postura de Yoongi mudou completamente quando percebeu a aproximação dos seus pais. Olhou com desespero para Hoseok.

— Eles vieram? Mas…

— Por que não viriam? — perguntou Hoseok, puxando Yoongi para longe do caminho.

— Aish, é complicado. Não nos dávamos muito bem.

— Mas eles continuam sendo seus pais, não continuam?

Yoongi não respondeu. Claro que continuavam, mas ainda era uma ideia estranha. Era estranho que se importassem com ele. Os dois anjos observaram enquanto os Min prestavam suas homenagens. Ajoelharam-se ao túmulo do filho, deixaram flores, choraram bastante. Sussurravam que sentiam saudades e que queriam ter sido melhores para ele. Yoongi tentou reter as lágrimas o quanto pôde, por mais que os olhos ardesse. Quando sentiu que elas iam cair, levou as pontas dos dedos aos olhos para tentar fazê-las desaparecer, e murmurou.

— Podemos ir embora?

— Podemos — disse Hoseok, e segurou a mão dele.

Foram parar em frente a uma casa que Yoongi não conhecia. Mas conhecia a coisa marrom e peluda que estava deitada na escada.

— Holly?

Imediatamente, o cachorro levantou a cabeça e deu um latido animado. Levantou-se e foi até o dono.

— Ele consegue nos ver? — perguntou Yoongi, encantado.

— Claro.

Min Holly rodou em volta do dono. Além de vê-lo, parecia ter ciência de não poder tocá-lo. Yoongi riu por poder brincar novamente com seu cachorro, mesmo que à distância. De repente, a porta se abriu.

— Vamos, Holly. Está tudo pronto.

Holly hesitou. Olhou para Yoongi, depois para Minji e ficou sem saber o que fazer. A boca de Yoongi estava levemente aberta enquanto ele se levantava. Era ela. Era Jeon Minji, bem ali na sua frente.

— Vai, Holly — pediu ele, em voz baixa. O cachorro seguiu Minji para dentro, e os anjos fizeram o mesmo. Os quatro passaram pela sala e chegaram à mesa. Minji sentou-se, e Holly sentou-se também, perto dela. A mesa tinha um bolinho pequeno decorado com ossinhos de cachorro, um bolo um pouco maior, decorado com vários confeitos, e um copo de suco. Minji pegou seu inseparável isqueiro verde marcado com as letras de Agust D e acendeu as duas velas. Havia algo de tenso na sua expressão enquanto ela fazia isso. Deixou o isqueiro na mesa e pressionou os lábios ao olhar para o bolo aceso. Abriu as mãos para bater palma, mas hesitou muito antes de conseguir a primeira. Sua voz era trêmula enquanto ela cantava.

 

saengil chukhahamnida

saengil chukhahamnida

sarangha-neun Agust D

saengil chukhahamnida

 

Ao fim da música, Minji estava chorando. Holly choramingou um pouco e olhou para Yoongi, mas ficou em silêncio, respeitando o momento de sua dona, embora soubesse que ele estava ali. Os dois anjos mantinham-se observando a cena, um pouco tristes por ela. Yoongi, no fundo, estava um pouco bravo, embora não demonstrasse. Não era pra ela estar sofrendo. Não era pra ela sentir falta dele, eles não se viam há tanto tempo! E ele nem podia fazer algo por ela. Só podia ver e sofrer junto. Mas que droga!

— Vocês vão ter pouco tempo — disse J-Hope, com a voz baixa, antes de ingerir uma pílula. Preparou a arma, tentando esconder o pouco de cansaço que já se acumulava. — Aproveite cada segundo. Eu vou te esperar lá fora. — Atirou, e saiu.

Yoongi acompanhou Hoseok com os olhos, tentando formular uma pergunta que expressasse sua confusão, mas não conseguiu fazê-lo antes que ele saísse. Então, voltou sua atenção para a garota que afastava as lágrimas com as pontas dos dedos. Aish, por que ela precisava chorar? Ele não gostava de vê-la chorar, muito menos se fosse por causa dele. Como estava crescida, tinha ficado forte… Mas chorando parecia a mesma menina de Daegu.

— Para com isso — murmurou ele, agoniado. Tinha segurado ela muitas vezes, e agora nem podia tocá-la.

Minji começou a abanar-se com as mãos e soprar para aliviar o choro. Seu sopro, obviamente, apagou a vela.

— Droga — murmurou ela, voltando a chorar. Fez que ia pegar o isqueiro, mas Yoongi tocou o pavio e o acendeu. Minji olhou para a vela, um pouco surpresa. — Ué… Tá, melhor assim. — Minji respirou fundo. — Preciso mesmo me acalmar.

Yoongi observou com expectativa, pois não sabia o que Hoseok havia aprontado. Ela olhou para o bolo e observou seus docinhos, mordendo os lábios para não começar a chorar de novo. Então, aconteceu. Ela notou algo. Piscou e levantou lentamente o olhar para ele. Aquilo incomodou Yoongi, porque era uma sensação estranha que aquela mulher pudesse olhar novamente no fundo dos seus olhos. Ele abriu a boca, mas não pensou em nada para dizer imediatamente. No entanto, ela disse.

— Então você realmente veio.

— Você sabia que eu viria? — perguntou ele, sem pressa, apesar do alerta do amigo.

— Não. Mas eu desejei poder ver você. — Minji mudou de posição. — Desde que recebi seu bilhete. Yonseo sempre me pergunta como seria se eu pudesse te ver outra vez, então eu tenho pensado muito nisso.

— Agora que você me vê... — Yoongi fez uma pausa. — Como será?

— Me diz você, Agust — Miniji tinha a voz extremamente calma. — Se veio aqui, não tem algo a dizer?

— Na verdade, eu vim de surpresa, mas tenho algo a dizer, sim. Eu preciso dizer, Minji, que eu não quero que você chore. Muito menos por minha causa. Eu estou muito bem, como você pode ver. Não precisa se lamentar porque eu morri…

— Não é por isso que eu lamento. Lamento por mim, e pelo que eu sou sem você.

— Você é forte. Eu sei que é. Só não está agora. Você ficou sem mim durante muito tempo, mas só começou a lamentar depois que eu morri.

— É diferente, Agust. Eu sempre pensei que poderia ir até você quando quisesse. Mas agora eu não posso mais. Fico pensando que eu deveria ter feito isso antes.

— Por quê? O que ia mudar?

— Talvez você estivesse vivo.

— Eu não sei se queria estar vivo. As coisas aqui são complicadas demais. — Por um momento, Yoongi pensou que não deveria falar mal do primeiro mundo. Isso poderia despertar o desejo de suicídio, então consertou-se. — Além do que, eu fui porque era minha hora. Era pra acontecer, sabe?

— Então, não era pra eu ficar com você.

Yoongi deixou os ombros caírem. Aquilo estava um desastre.

— Minji… Você é como uma irmã pra mim.

— Eu não tô falando disso. Eu nunca fiz questão de te namorar, só se o tempo nos levasse a isso. Eu só queria que você estivesse do meu lado, como um orabi. Como sempre esteve em Daegu.

— Você sabe que as coisas mudaram quando viemos pra Seoul.

— Eu sei. Essa é a pior parte.

— Olha pra mim, Minji. No meu mundo, aprendemos a não falar do passado se isso não for nos acrescentar alguma coisa no presente ou melhorar o futuro. Não precisamos pensar em como teria sido, porque não vai ser de outro jeito. Eu estou morto, você está viva, e faça-me o favor de ficar viva o quanto for possível. Você pode lembrar de Daegu e pensar o quanto foi bonito, isso é bom. Mas não pense no que você poderia ter feito por mim. Faça, a partir de agora. Não fique triste por mim, não se lamente. Apenas lute para que tenha a chance de conhecer uma pessoa que seja boa pra você. Eu queria poder fazer alguma coisa por você, Minji, ser seu orabi como nos velhos tempos, mas é impossível, e você sabe. Eu sei que existe alguém que no seu mundo que foi feito para ficar ao seu lado, e não sou eu.

Yoongi notou que ela estava pressionando os lábios, o que significava que ela estava tentando não chorar. Então, se ajoelhou para ficar na mesma altura que ela. Abaixou o tom de voz ao retomar a fala.

— Prometa pra mim que não vai mais chorar por minha causa. Prometa que vai encontrar um bom oppa que possa cuidar de você, e que vai se apaixonar por ele. Prometa que vão se casar, ter lindos filhos e morrer quando forem bem velhinhos. Ah, prometa que vai cuidar bem do Min Holly, apesar de eu achar que você já está fazendo isso. Prometa que 9 de Março será dia de sorrir, daqui em diante, dia de fazer um bolo pra dividir com seu oppa. Prometa, Jeon Minji, por qualquer coisa que eu tenha sido pra você.

Minji pressionou mais os lábios e inspirou fundo. Encheu sua voz para dizer.

— Eu prometo. Eu prometo, orabeoni.

Eles se olharam e ficaram em silêncio por poucos segundos, até que a porta se abriu devagar.

— Desculpa interromper, — disse Yonseo, entrando — mas acho melhor você ir. Hoseok está meio… Desmaiado.



Jung Hoseok estava sentado na escada, apoiando-se na pilastra. Yoongi chegou com passos apressados, mas sem correr, e abaixou-se de frente pra ele.

— Hoseok! Por que não me chamou?

Hoseok deu um sorriso bobo.

— Eu estou bem, hyung.

— Ah, tá. Tô vendo.

Yoongi passou o baixo por baixo do braço de Hoseok e o ajudou a subir.

— Vamos ter que ir, meninas. Foi um prazer rever as duas. Yonseo, se puder explicar à Minji…

— Pode deixar.

Yoongi acenou.

— Vamos pra casa, hyung.


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Notas finais do capítulo

Pois é, gente, esse capítulo foi para finalizar todo e qualquer Yoonji que tenha ficado no coraçãozinho de vocês, e abrir novas possibilidades para esse dois, que são muito mais irmãos do que casal. Mas ficou uma finalização bem amorzinho na minha humilde opinião (posso falar porque quem teve a ideia foi Jenny, eu só escrevi). O próximo capítulo tem mais fofura e partiu meu coração.



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