Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 5
Coisa de Orabi


Notas iniciais do capítulo

Espero que a mente de vocês bugue bastante agora.



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Eu estou indo rumo ao topo. Mais alto, mais alto, mais alto

(Cypher 4)

 

Taehyung tinha acabado de costurar um vestido de boneca. O tecido azul claro era estampado com flores e poás rosé. Ele olhou para o seu trabalho com orgulho, e começou a costurá-lo na boneca. Ela e as ferramentas de costura estavam dispostos na mesa redonda, no centro do salão escuro que Taehyung havia escolhido para ficar em paz.

De repente, ele sentiu a presença de algo que passou rapidamente atrás de sua cadeira. Olhou para trás, mas não viu nada. Depois de alguns segundos de apreensão, voltou sua atenção e seu sorriso para a boneca. Mas, novamente, a coisa passou. Longe, pelo lado esquerdo. Ele olhou rápido como um reflexo.

— Aigoo, o que é isso? — perguntou, levantando-se, levemente assustado. — Eu deveria ficar com medo de fantasmas, se eu já estou morto e vivo numa casa cheia de espectros?

Taehyung girou em torno de si mesmo, até que finalmente avistou a figura branca e brilhante, parada na amurada do corredor superior. Taehyung deu um passo para trás. Aquilo era diferente de tudo o que ele já vira. Não se parecia nem mesmo com um espectro, em nenhuma de suas várias formas.

— Aí está você — disse ele, engolindo um pouco de coragem. Seus olhos se mantiveram fixos na coisa branca enquanto tateava a mesa. — Por que não vem me pegar?

— Por que VOCÊ não vem me pegar?

A coisa saltou para o corredor e moveu-se por ele. Taehyung agarrou a toalha da mesa e, com um movimento rápido, puxou-a, desfazendo-se de tudo o que estava sobre ela. A tesoura e as agulhas tilintaram no chão liso enquanto o tecido se movia no ar, cobrindo-o. Ele correu para a escada mais próxima e subiu para o corredor superior. A criatura movia-se velozmente em direção à escada do outro lado. A perseguição durou algum tempo entre salão e corredor superior, até que os pés descalços estavam prestes a alcançar novamente o chão liso. Nesse momento, Taehyung usou de um truque que tinha entre seus dedos. Precisou abri-los apenas um pouco para ouvir um gritinho agudo. Os pés chegaram no chão e escorregaram na superfície coberta de água. Foi preciso muito equilíbrio para não cair, mas ela conseguiu. Taehyung desfez-se do pano, pulou sobre a amurada e abriu as asas para suavizar a aterrissagem. Seus pés, já descalços também, aquaplanaram no chão molhado como uma leve patinação em direção à coisa branca e brilhante.

— Assim não vale, oppa — resmungou, entre risos, enquanto Taehyung passava velozmente tirando o tecido que perdeu o brilho imediatamente.

— Você é mais rápida que eu, não é injusto competirmos?

— Talvez — disse ela, sem parar de gargalhar. — Um pouco.

— Se patinarmos, não teremos que competir, apenas trabalhar juntos. Não é melhor?

— Qualquer brincadeira que você inventa é incrível, mesmo. Olha, oppa, você molhou minha boneca.

— Molhei?

— Claro, né… Você jogou a coitada no chão e encheu o chão de… Aaah!

Taehyung segurou-a pelos braços e girou-a com tanta velocidade que seus pés deixaram o chão. A água sob seus pés deixava tudo mais rápido.

— Você fala demais, Sunghee. Está andando muito com o Namjoon.

A menina não conseguia parar de rir. Taehyung diminuiu a velocidade aos poucos.

— Então, vamos nos divertir ou não vamos?

Taehyung e Sunghee patinaram por muito tempo, divertindo-se como era o costume da dupla. Giraram e giraram pelo salão, segurando a mão um do outro. Deslizaram e aquaplanaram, molharam-se completamente, caíram algumas vezes. Nada daquilo era problema ou empecilho quando o assunto era brincar.

Taehyung colocou-a com as pernas em seus ombros, segurou suas mãos e patinou bem rápido, fazendo várias acrobacias, todas bem seguras através do seu poder. Riu demais com ela, pois sentia-se uma criança ao lado dela. Por um momento, olhou para o chão e viu sua imagem refletida, ali estava Taehyung com seus oito anos, patinando com a menininha sobre seus ombros, que ria sem parar. Nada poderia estragar aquele momento.

— Para de rodopiar assim, Taehyung, você vai deixar sua irmã cair.

— Não vou deixar ela cair, apeoji — gritou ele de volta, sem deixar a ordem afetar seu sorriso. Pois nada poderia estragar aquele momento. — Você está segura, Yonseo.

A pequena pouco se importou. Confiava no irmão, plenamente. Patinaram mais um pouco, até que aconteceu. O gelo tinha uma pequena irregularidade que Taehyung não notara antes. Tropeçou, e os dois caíram. Yonseo deslizou um pouco mais no gelo. A alegria de Taehyung sumiu enquanto ele dirigia seu olhar para a irmã caída de lado. Mas, de repente, ouviu-se uma gargalhada altíssima, a mais incrível daquele dia, enquanto ela se virava para olhar para ele, com os cabelos caídos no rosto. Taehyung sorriu aos poucos.

— Machucou?

— Não. Eu estou bem, orabeoni.

Taehyung riu um pouco enquanto a levantava.

— Eu disse que ia deixá-la cair. Andem, venham os dois.

— Eu estou bem, apeoji — ela repetiu.

— Andem logo, os dois já brincaram bastante.

— Nem foi tanto assim, eomeoni — argumentou Taehyung, ajudando Yonseo a sair do gelo. Não estava bravo.

— Eu sei, Tae, mas temos que preparar as coisas para a sua viagem.

— Por que eu não posso ir também?

— Você é pequena demais, meu bem — disse o appa. — Não se machucou, mesmo?

— Não.

— Criança é assim mesmo, bae, parece que são de ferro — disse a eomma, antes de rir.

— Mesmo assim, eu deveria ter sido mais cuidadoso — admitiu Taehyung, sentado no banco ao tirar os patins.

— Deveria — concordou o appa. Mas, dessa vez, não estava bravo. Soava compreensivo. — Mas vocês se divertiram e ninguém se machucou. Então está tudo bem.

Taehyung ergueu o olhar dos cadarços para os olhos do appa, um pouco surpreso. Como ele conseguia fazer aquilo? Ele ficava bravo só por um momento mas, depois, estava tudo bem. Yonseo sabia como: era eomma. A pequena flagrara a eomma dando um beliscão de leve nele. Lembrando-o daquilo que ela sempre repetia: não adianta nada brigar. Isso não resolve os problemas. Conversar resolve. Talvez fosse por isso que ela amasse aquele orabi… Eles nunca brigavam, porque a eomma não deixava, e não havia espaço para ressentimentos. Aquela semana que se seguiu foi horrível, ela sentiu tanto a falta dele… Queria que chegasse logo o dia de buscá-lo.

— Quantos dias faltam pro Baekhyun sair, mesmo?

— Uma semana — respondeu Minji, sem prestar muita atenção na amiga e colega de trabalho. Ficava fazendo desenhos com as balinhas, nem sequer olhou pra ela.

—  Diririn dirin din, lalalalala, J-Hope na nae ireum…

Yonseo pegou o celular e fingiu atendê-lo.

—  Dá pra você parar com isso? É irritante.

—  Desculpa, é só meu jeitinho —  disse Hoseok, rindo na sala de Eva. — Como estão as coisas?

—  Uma correria, claro. Faltam só algumas semanas… Você pesquisou na internet o que eu pedi?

— Na internet? Ah, sim. A Eva disse que o Chung Ho ainda está no Brasil, e não volta para a Coreia tão cedo. Fique tranquila, parceira. Vai dar tudo certo no casamento de vocês, apenas aproveitem isso e tudo que vier depois. Você serão muito felizes, Yonseo.

— Ótimo. Muito obrigada, oppa. Tirou um peso das minhas costas. Espero que as coisas fiquem bem por aí também.

— Aqui, as coisas estão bem. Estamos sempre nos preparando, vai dar certo.

— E ela, como está?

— Está aprendendo a voar, já. É uma graça.

— Imagino. Quatro anos, né?

— Isso. O que a Minji tem? Está mais avoada do que o normal…

— Que bom que perguntou isso…

Yonseo saiu da sala, deixando Minji pensar com suas balinhas.

—  Acho que você nunca me ligou em 9 de Março. Ela sempre fica assim, porque…

—  É aniversário do Yoongi Hyung.

—  Na cabeça dela, seria. “Se o Agust estivesse vivo, hoje ele faria aniversário”. É isso que ela diz. Se possível, traga ele para visitá-la, Hobi Oppa. Ela ainda sente muito a falta dele.

— Você acha que ela pode…?

— Bom, nós nos tornamos muito próximas, você sabe. Trabalhamos juntas, contamos tudo uma pra outra. E o Sehun Oppa também, nós três estamos sempre por perto uns dos outros. Ela é quase da família… Eu não vejo problema, mas você que sabe.

— Vou ver o que consigo fazer aqui. E a Mi?

— Aconselho que você mesmo veja. Não ligue, projete. Ela… Precisa de você.

— Aigoo…

— Pode ir, tudo bem. E não esquece da Minji Noona.

— Claro. Annyeong!

— Annyeong.



— Anjinho?

— Eu não tenho mais doze anos, Hobi Oppa.

Michung estava sozinha, deitada em seu quarto.

— Não estou nem aí. Com doze, dezesseis ou sessenta anos, você continua sendo um anjo.

— Olha quem fala — disse a garota, rindo.

— Como você está?

— Não muito bem… A doença está começando a ficar pior… O Sehun Oppa tem andado estranho… Mais sério que o normal…

— Não se preocupe, vai dar tudo certo.

— Eu quero ir, oppa. Eu quero ir com você. Logo.

— Não faça isso. Suicídio diminui as suas chances de salvação.

— Eu sei… Mas eu sinceramente espero que não demore. Eu quero poder voar logo.

— E você vai, minha querida.

Sehun, que estava observando pelo vidro, entrou no quarto.

— Falando sozinha… O Hoseok está aqui?

— Sim, oppa.

— Hobi-shi, posso falar com você um instante?

Hoseok olhou para ele. Sabia que a conversa não seria das mais agradáveis. Um pouco relutante, iniciou o processo de Oculto Visível.

— Você está aí. Me acompanhe, por favor.

— Até breve, Michungie.

 

Sehun e Hoseok estavam na salinha do break.

— Ela está iniciando um momento crítico. Ela não gosta daqui. Fica falando o tempo todo que quer ir logo.

— Não é pra menos, Sehun-ssi. Você sabe dizer quanto tempo ela tem?

— Eu… Não daria mais que quatro anos…

— Quatro anos… Ela vai estar com vinte.

— Sim. Ainda é triste pensar nisso… Ela já sofre muito, e pensar que logo logo eu não poderei mais vê-la… Quer dizer, ver com frequência. Eu vejo ela todos os dias…

— Eu trago ela para te visitar quando der.

— Sei que fará isso, meu amigo.

— Cuide dela. Não deixe ela partir antes da hora. E não fique com pena de dizer quanto tempo ela tem. No estado dela, talvez seja… Um alívio…

— Deve ser. Falta pouco. Também, com as histórias que você conta, até eu tenho vontade de me matar às vezes…

— Aigoo, doutor! Não precisa!

— Eu sei, estou brincando. — disse Sehun, rindo. — Esses pensamentos são passageiros. Apenas fico pensando que seria legal voar, e rever as pessoas que já se foram… Mas eu não vou fazer isso. Ainda mais agora!

— É mesmo! Está nervoso?

— Sim, um pouco… Ter adiado só me deixou mais ansioso.

— Adiaram? Por quê?

— O Baekhyun vai ser liberado semana que vem. Ela gostaria que ele fosse.

— É mesmo? Finalmente, que bom!

— Pois é. Também estou aguardando por isso. Assim como elas, eu quero ajudá-lo a se reestabelecer. Talvez me aproximar dele novamente…

— Ele é um bom rapaz, não duvide disso.

— Não duvido. Conheço as razões dele e confio em você.

— Aposto que vocês vão se dar bem.

— Sim, vai ser legal.

— Bom doutor, agora eu preciso ir… Tenho que ajudar com a festa de hoje. Mesmo que eu não esteja muito no clima...

— Fique bem, Hobi-ssi. Vamos levando do jeito que der. Eu cuido dela, pode deixar.

— Até breve, doutor.

— Até, meu amigo.


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Notas finais do capítulo

Tenso, hein...



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