Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 28
O médico fica doente


Notas iniciais do capítulo

Oieeee!
Eu sei que vocês já devem estar querendo me matar pela demora. Acontece que eu esqueci de avisar que ia viajar. Foi mal mesmo.
Mas enfim, aqui está o início do último arco. Já quero chorar só de pensar nele.



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Tenho 18 anos, eu sei o que preciso saber (War of Hormone)

 

Jin não acordou se sentindo muito bem naquela manhã. Quando Namjoon o acordou e o chamou para que fossem cumprir as obrigações do dia, que começavam com mais uma chatíssima e longa reunião com o Juízo, ele disse para ir sem ele. Namjoon preocupou-se imediatamente. Sentou-se na cama ao lado dele.

— Você está passando mal?

— É só uma indisposição. Eu devo estar melhor em algumas horas.

— Não quer que eu fique com você, bae?

— Não, você precisa encontrar os meninos. E faça o favor de não preocupá-los à toa, eu estou bem.

— Tá. Eu vou pedir pro Jinyoung ficar ali fora, se precisar de alguma coisa manda me chamar.

— Tudo bem.

Namjoon inclinou-se para beijá-lo e sentiu seus lábios mornos. Havia algo errado.

— Você não tá com febre?

— Não é nada, Nam! Prometa que vai focar na reunião e que não vai falar nada pra ninguém.

— Lá vem você com essas promessas.

— Prometa, Nam. Por favor. Ou eu vou ficar aqui preocupado com o que está acontecendo lá.

— Nada disso. Descanse e fique bem. Eu prometo. — Namjoon beijou-o novamente e saiu.

Conforme falado, pediu ao Jinyoung para ficar do lado de fora para o caso de Jin precisar de alguma coisa.

Quando Namjoon chegou sozinho na sala de reuniões, a primeira pergunta foi “cadê o Jin”.

— Ele está se sentindo um pouco cansado, eu deixei ele dormindo um pouco mais hoje.

Jimin fez uma careta, mas ficou quieto. Ele sabia que era uma promessa, e ele odiava promessas que o obrigavam a ficar calado.

Namjoon não era exatamente o melhor em mentir, mas todos acreditaram, com exceção de Jimin e de Sunghee, que conhecia o Oppa muito bem e tinha uma grande sensibilidade com relação ao samchon. Ela ficou a reunião toda inquieta, mas tentou não se manifestar, porque sabia muito bem como funcionavam as coisas. Quando havia uma mentira e Jimin ficava quieto, ela devia permanecer ativa.

Havia uma flor dentro de um jarro no console da lareira. Desde o começo da manhã, Sunghee notou que ela estava um pouquinho mais murcha que nos dias normais, então ficou de olho.

A reunião se estendeu mais do que eles esperavam. Era quase hora do almoço, e ainda estavam com problemas. Sunghee tinha o olhar fixo na flor que ficava cada vez mais murcha.

— Eu acho que existe um livro sobre isso, — disse Namjoon — mas está na biblioteca.

— Eu pego — Sunghee prontificou-se rapidamente. — Qual é o nome?

— Memórias, sonhos e…

— Reflexões — completou Sunghee. Tirando Namjoon, ela era a que mais conhecia a biblioteca. — Já volto, gente.

Ela saiu calmamente da sala, mas assim que fechou a porta, correu para o aposento de Jin. Jinyoung estava ali na frente, andando de um lado para o outro nervosamente.

— Junior? — perguntou Sunghee, confusa. — O que faz aqui?

— Até que enfim alguém apareceu. O Namjoon Hyung me deixou com o Jin Hyung e eu não sei o que fazer. Ele não me deixa chamar ninguém!

Sunghee não compreendia bem o sentido daquelas palavras, mas presumiu que seu samchon não estivesse bem.

— Não foi preciso ninguém me chamar. Eu sei quando meu samchon precisa de mim.

Sunghee entrou no quarto sem esperar que Jinyoung desse qualquer autorização. Ali estava Jin, deitado na cama, e não parecia nada bem.

— Aigoo…

— Me chama se precisar — disse Jinyoung fechando a porta.

Sunghee foi logo para o lado de Jin. Ele estava tremendo muito, e sua boca estava seca. Ela puxou o cobertor, que estava na altura da cintura, para cobri-lo melhor, e colocou a mão em sua testa. Ele estava fervendo.

— Samchon, o que aconteceu?

— Eu disse pra não contarem a ninguém — murmurou ele, com dificuldade por causa da voz trêmula.

— Ninguém me contou, eu descobri sozinha.

— Prometa que não vai contar.

— Você está muito mal, samchon. Precisa de cuidados.

— Você cuida de mim. Eu sei que você sabe fazer isso. Não quero que ninguém se preocupe comigo. Há muito a ser feito.

— Não interessa, você está doente.

— Sunghee, me diga o que vai adiantar se Taehyung souber. Ou se Yoongi souber. Não vai adiantar nada. Deixe eles cuidarem do Juízo sem preocupações.

Sunghee suspirou.

— Eu vou precisar de ajuda.

— Então chame o Namjoon. Ele já sabe.

— Eu já volto.

Sunghee saiu do quarto.

— Como ele estava quando Namjoon Oppa saiu?

— Não estava tão ruim. Só parecia cansado e com febre baixa. Agora está impossível dizer que ele não está doente.

— Cuide dele, Junior. Eu vou precisar da sua ajuda, e do Namjoon Oppa também.

A discussão continuava acontecendo quando Sunghee entrou na sala novamente. Deixou o livro na frente de Namjoon, onde havia vários outros livros acumulados, abertos e empilhados, e sentou-se em seu lugar ao lado do marido. Deixou a conversa fluir ao seu redor, enquanto mantinha a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos sobre a mesa, e olhava para Namjoon fixamente. Depois de alguns segundos, Namjoon parou de falar. Michung continuou discutindo com Jungkook sobre o assunto em questão, até que Namjoon finalmente abriu o livro e ficou encarando-o. Parecia que tudo ao seu redor tinha sumido. Então ele ergueu o olhar para Sunghee e mordeu a parte interna das bochechas.

— Pessoal — disse ele, chamando a atenção dos outros, que estavam concentrados nas conclusões de Michung e Jungkook. Ele demoraram a notar que o líder os estava convocando. — Vamos parar por aqui. A citação não vai resolver, eu e Sun temos que ler isso direito e estudar melhor antes de apresentar algo.

— Mas estamos desenvolvendo pontos que não dependem dessa questão — argumentou Taehyung.

— Eu acho que isso tudo pode ser perda de tempo. O livro pode ter respostas que vocês vão levar horas para descobrir sozinhos.

— Podemos continuar discutindo enquanto você a Sunghee estudam — sugeriu Jimin.

— Pode ser. Mas eu prefiro que vocês se ocupem dando uma olhada nas questões do próximo julgamento. É possível que eu e Sun estejamos atarefados demais para nos unirmos a vocês, então terão que lidar com isso sem nós.

— E sem o Jin? — perguntou Géssyca. — Meio impossível, né…

— Claro que não é impossível — disse Namjoon, com segurança. Fechou o livro, depois de olhar pela última vez para a flor seca e despedaçada que havia entre as páginas. — Vocês têm autonomia para tomar decisões. Nós somos um grupo, por mais que haja um líder, todos são capazes. Então é isso, a reunião está suspensa. Eu e Sun vamos para a biblioteca agora.

Sunghee assentiu apressadamente e se levantou. Os dois foram os primeiros a sair da sala. Yoongi foi atrás deles e segurou Sunghee pela mão antes que se distanciassem pelo corredor. Ela virou-se para ele.

— Seja lá o que estiver tentando fazer… Boa sorte.

Sunghee deu o último beijo no marido antes de agradecer e ir para sua difícil missão.

— Como ele está? — perguntou Namjoon, ainda segurando o livro, quando já estavam bem longe da sala de reuniões.

— Piorou muito desde que você saiu. Você precisa manter o controle, oppa. Não pode deixar transparecer sua preocupação, tem que passar confiança.

— Eu estou acostumado a essas coisas, por ser líder… Mas certamente será mais difícil dessa vez — eles viraram no corredor. — Cadê o Junior?

— Lá dentro. Pedi para ele cuidar do samchon.

Namjoon respirou fundo antes de entrar. Jinyoung estava colocando um pano molhado na testa de Jin. Ele continuava tremendo e suando. Namjoon foi rapidamente sentar-se ao lado dele. Sentiu-se horrível por não saber como agir. Não havia nada que pudesse fazer para melhorar aquela situação, a não ser oferecer seu apoio. Segurou a mão dele. Estava muito quente, um pouco molhada de suor, e não parava de tremer.

— Não se preocupe, meu amor, vai passar. Você vai ficar bem.

Namjoon queria prometer, mas não conseguiu. Ele sentiu que Jin estava se afastando novamente. Sempre pensou que ficaria com ele para sempre, mas era difícil manter esse pensamento vendo-o naquele estado.

— Você consegue falar alguma coisa? — perguntou Namjoon.

A respiração de Jin estava lenta e pesada. As piscadas eram longas. A boca estava toda rachada. Ele parecia muito cansado. Uma lágrima escorreu pelo canto do olho direito.

— Não se force, samchon.

— Não, não precisa — disse Namjoon, afastando a lágrima e colocando a mão no rosto dele. — Não precisa dizer nada. Eu te amo. Estou aqui com você.

— Ele precisa de ajuda — disse Jinyoung, preocupado. — Nós não temos como ajudá-lo mais do que isso. Ele precisa de remédio.

A respiração de Jin acelerou-se de repente. Ele segurou a mão de Namjoon um pouco mais forte.

— Não, não precisa. Está tudo bem, hyung. Fique bem quietinho.

Sunghee olhou para Jinyoung. Sabia que ele estava certo, mas também sabia que seu samchon nunca tomaria remédio, mesmo que isso pudesse salvá-lo.

— As ilhas não são divididas por especialidades e interesses? — tentou Jinyoung, novamente. — Devíamos ir atrás de algum médico.

— Vai ser difícil — respondeu Sunghee. — Os médicos que temos aqui não são especializados nessas coisas, porque quase não há doenças. Tudo o que acontece é muito específico. Vai ser praticamente impossível encontrar alguém que entenda o que está acontecendo com o samchon…

— Se é quase impossível, há chance — disse Namjoon. Ele não estava disposto a ficar assistindo Jin cair sem fazer nada. — Junior, peça a alguém do 7 para juntar espectros e fazer uma busca nas ilhas por alguém que possa nos ajudar. E peça a outro para ir à biblioteca juntar todos os livros de medicina inconsciente.

— Medicina inconsciente?

— Sim. Medicina primeirista não vai servir de nada para nós.

— Mas não vamos aprender nada de uma hora para a outra, oppa…

— Eu sei que não. Mas temos que tentar, Sun.

Hoseok estava na sacada mais alta. A mais ampla e mais especial de todas, embora ninguém fosse lá. Estava debruçado na amurada quando ouviu a voz de Michung se aproximando, chamando-o. Na mesma hora, saiu da área da sacada, ficando posicionado bem na entrada.

— Annyeong, bae!

— Annyeong… O que está fazendo aqui em cima?

— Ah, nada. Só pensando.

— Hum. Eu acho que nunca entrei nessa sacada… — disse Michung, espichando-se para o lado para ver. Hoseok pôs-se no meio do caminho.

— Há muitos lugares que você ainda não viu, anjinho. Essa Casa é imensa!

Michung cruzou os braços.

— Jung Hoseok, está escondendo o quê de mim?

— Eu? Escondendo? Muito engraçado, como se eu fosse esconder alguma coisa da minha esposa! Eu só… Preciso ficar um pouco sozinho.

— Tem algo de errado acontecendo.

— Não é nada demais. Está todo mundo estressado por causa desse caso difícil que estamos vendo agora… Você também chegou em um momento complicado, se lembra?

— Sim…

— Então. É a mesma coisa! Daqui a pouco eu vou sair daqui e dar uma olhada no caso do julgamento, como Namjoon-ssi recomendou. Quer ir se adiantando?

— Tudo bem, oppa. Eu vou fingir que não notei que você está me expulsando. Realmente tenho mais o que fazer… Até logo…

— Até, anjinho.

Hoseok ficou parado ali mesmo esperando Michung ir embora pelo corredor. Teve certeza de que ela estava longe antes de dar um passo para trás, de volta para a única sacada decorada com flores. O batente externo era cercado por um arco de folhas verdes e flores cor-de-rosa… Ou costumava ser, porque tudo estava terrivelmente desbotado. Hoseok pegou uma flor, que se soltou facilmente com um ruído seco e voltou para a amurada, onde continuou observando o jardim cinza e murcho que havia lá embaixo.

Namjoon ficou umas duas horas deitado do lado de Jin, suportando o calor terrível que ele emanava, enquanto segurava sua mão e, com a outra mão, segurava o livro que estava lendo, que não tinha apresentado nenhuma informação útil até o momento. Sunghee ficou sentada do lado, vez ou outra checando a temperatura de Jin, secando seu suor, tentando fazê-lo beber um pouco de água, o que nunca funcionava. Jinyoung ficava entrando e saindo, pegando o que era necessário e trazendo informações nada animadoras sobre as missões.

Namjoon olhou para o lado, e viu Jin chorando novamente. Percebeu que, naquele momento em que nada parecia adiantar para salvá-lo, ele precisava só de atenção e carinho. Decidiu cantar uma música chamada I Know, que lhe pareceu perfeita. Ele sentia que Jin queria dizer alguma coisa para ele, talvez porque sentisse que seu tempo, que sempre pareceu infinito, estava acabando. Mas Jin não precisava dizer nada. Namjoon já sabia que ele o amava, fazia três anos que estavam juntos. Ele cantou baixinho, abraçou Jin, enxugou suas lágrimas. Tentou deixá-lo mais calmo. Jin tinha parado de tremer o tempo todo, mas tinha uns tremeliques a cada um minuto. Namjoon evitou olhar para ele, porque era muito doloroso vê-lo tão mal.

Sunghee e Jinyoung ficaram observando os dois, respeitando o momento em que tentativas de cuidados não eram bem-vindas. Mas Jinyoung notou uma linha vermelha entre os lábios de Jin, e disfarçadamente mostrou a Sunghee. Ela viu a mesma coisa, e decidiu não ficar calada.

— Oppa — chamou ela, e Namjoon levantou-se devagar. Ela sinalizou o que havia de errado.

Namjoon olhou com mais atenção para o marido, que mantinha seus olhos sobre ele. A linha vermelha já se acumulava no canto direito da boca, para onde Jin estava levemente virado. Namjoon tentou dar a si mesmo um pouco de coragem.

— Me dá um desses panos, Junior.

Jinyoung passou o pano para Sunghee. Namjoon o pegou da mão da sobrinha sem desviar o olhar de Jin. Ele colocou o pano do lado da boca de Jin, virou seu rosto devagar e abriu a boca dele, puxando seu lábio delicadamente para baixo. Contraiu a mandíbula enquanto o pano era encharcado de sangue. Jin continuava piscando lentamente como se aquilo fosse normal. Namjoon pediu a ajuda de Sunghee para lidar com a difícil situação. Tiraram todo o sangue da boca de Jin, limparam seus lábios e o colocaram de volta em sua posição anterior. Imediatamente após dar conta de tudo, Namjoon abraçou Jin, pois não queria que ele visse as lágrimas que começavam a se acumular. Ele queria ter forças para enfrentar aquilo como o líder que sempre foi, mas ele não tinha. Ele não tinha forças para ver que seu grande amor poderia estar indo embora para sempre.

Sunghee teve cuidado ao enxugar as lágrimas de Namjoon de forma que Jin não visse. Namjoon sentiu-se imensamente agradecido por isso. Jinyoung observava aquilo tudo com os punhos fechados. Para ele, era inacreditável. Sem dizer nada, ele saiu do quarto rapidamente. Sunghee notou-o e foi atrás dele.

— Junior — chamou-o no corredor. Ele virou-se para ela. — Aonde você vai?

— Eu vou fazer alguma coisa, Sun. Alguém tem que fazer alguma coisa. Desculpa, mas pra mim não dá pra ficar parado vendo o Jin cair.

— E o que você vai fazer?

Jinyoung deu de ombros.

— Quebrar as regras? É o que resta.


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Notas finais do capítulo

Vai lá, Junior, vai revolucionar.



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