Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 27
Jungkook toma um Simancol


Notas iniciais do capítulo

Estão prontinhas para imaginar o ABS de Min Yoongi, certo?
Hoje vamos de música nacional pra variar. O hiperlink vai estar lá em baixo.
É só trilha mesmo, ninguém canta, tá?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/729702/chapter/27

Bambam também pediu a um espectro que passasse o pano de chão na Casa, porque eles com certeza deixariam um rastro no caminho de volta, e Jin não gostaria nem um pouco de encontrar a Casa molhada. Bambam trouxe, além da toalha, uma bacia para colocar as roupas molhadas. Deixaram os guarda-chuvas abertos na pequena varanda e foram andando. Bambam pegou o chapéu e colocou na bacia. Depois Yoongi tirou o roupão que estava pingando demasiadamente e colocou na bacia também.

— Tem que tirar essa roupa molhada, hyung.

— Eu já disse que não ligo pra resfriado — disse Yoongi, embora já estivesse tirando a camiseta branca. Tinha ficado tempo demais com aquela roupa gelada. Pegou a toalha, colocou na cabeça e começou a mexer, sem ao menos ver para onde estavam andando.

— Esse cabelo vai demorar para secar — notou Bambam.

— Tá, que demore, eu não vou dormir com o cabelo molhado. Acho que eu estou te explorando, Bang Bang, você quer ir dormir? — Bambam não respondeu, o que Yoongi achou estranho. — Bang Bang?

Bambam começou a chacoalhar o ombro de Yoongi. Ele logo percebeu que havia algo errado. Tirou a toalha do rosto e quase pulou pra trás ao dar de cara com a peste. Rapidamente moveu a toalha para a frente do corpo e a encarou, um pouco temeroso pela situação. Havia muito tempo que não a olhava diretamente daquela forma. Ela estava linda com os cabelos completamente soltos contornando seu rosto.

— Boa noite, Bambam. Precisando de ajuda?

— Eu? Ah, eu…

— Não, ele não está precisando, obrigado — intrometeu-se Yoongi.

— Desculpa, a pergunta não foi dirigida a você — respondeu Sunghee, com uma ponta de atrevimento em sua educação.

— Tá, ele vai te responder, então.

— Não preciso, Sunghee, obrigado.

— Ha! Viu só? — Yoongi parecia uma criança que havia acabado de ganhar uma aposta, mas Sunghee o ignorou.

— Vocês sempre dizem isso. Não se preocupe, Bambam, eu estou vendo que tem tarefas demais para uma pessoa só. Eu vou ajudar.

— Eu não preciso da sua ajuda! — disse Yoongi, indignado, porque sabia que a ordem de Jungkook era que ela se afastasse.

— Eu não vou te ajudar. Eu vou ajudar o Bambam a cumprir a terrível tarefa que é cuidar de você.

Yoongi fez uma careta, mas no fundo estava admirando a esperteza dela. Sunghee nunca desobedecia, a não ser que fosse por uma boa causa, e todo mundo sabia disso.

— Não precisa disso, Sunghee, não é dever seu me ajudar. Você é filha de uma juiz, e eu sou um servo.

— Ah, Bambam, você sabe muito bem que isso não quer dizer nada. Eu estou sem sono e sem nada para fazer, e você já trabalhou demais. Tenho certeza de que está cansado.

— Um pouco.

— É, na língua de vocês, isso quer dizer que está bastante cansado. — Ela dirigiu-se a Yoongi. — Você não tem pena de colocar toda a responsabilidade de cuidar de você em cima dele? Vamos, vamos logo acabar com isso.

Sunghee foi andando rápido em direção ao quarto de Yoongi.

— O que temos que fazer agora, Bambam? — perguntou ela, acendendo as lamparinas.

— Preparar o banho e separar a roupa.

— Ah, eu não se separar roupa de homem, posso cuidar do banho.

— É o quê? — perguntou Yoongi, desacreditado.

— Preparar o banho. Você não sabe tomar banho sozinho?

— Claro que sei.

— Então tá — disse Sunghee, entrando na suíte.

Encheu a banheira com água morna e colocou luzes de cores quentes na água, enquanto Bambam separava uma roupa confortável e bem quentinha.

— E agora? — perguntou ela, saindo do banheiro.

— Eu vou ajudá-lo a tomar banho enquanto você acende a lareira, pode ser?

— Claro — disse ela, e começou o trabalho. Yoongi entrou no banheiro se sentindo uma criança.

Sunghee não demorou muito para acender a lareira. Pediu a um espectro que fosse buscar seu secador de cabelo. Abriu as portas da sacada. A chuva estava parando. Ela fumou mais um cigarro enquanto esperava. Fechou a parte de vidro da porta para ajudar o quarto a manter-se aquecido. Pouco depois, Bambam saiu do banheiro.

— Ele já está terminando de se vestir — informou.

— Ótimo. Sabe, Bambam… Tem um livro muito famoso no primeiro mundo. Ele já é um pouco velho, mas aqui tudo é velho… Enfim, ele ainda estava em alta na época da Michung. Ela o leu. Logicamente, porque era um livro sobre câncer muito bem falado e ela não tinha nada para fazer. Se chama “A culpa é das estrelas”, de John Green. Tem um personagem chamado “Augustus Waters”. Ele tem um maço de cigarro, mas nunca o acende. Ele diz que é uma metáfora. Ele coloca a coisa que mata entre os dentes, mas não dá a ela o poder de completar o serviço. É parecido comigo. Eu coloco a coisa que mata entre os dentes, dou a ela o poder de completar o serviço, mas o serviço já está feito. Bonito, não é?

— Sim.

— É por isso que você fuma? — perguntou Yoongi, saindo do banheiro.

Sunghee se livrou do cigarro.

— Antes fosse — disse, em voz baixa, enquanto voltava para dentro e fechava as portas.

— Eu gosto de ler — disse Bambam, que estava amando a situação. — Gosto de “Romeu e Julieta”.

Yoongi olhou para ele, perguntando-se se ele tinha noção do que dizia.

— Odeio Shakespeare. “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Eu odeio a tragédia. Por que chorar, se podemos rir, não é? Senta, criatura — disse Sunghee, empurrando o ombro de Yoongi. Ele sentou na ponta da cama. — Pode ir, Bambam, eu cuido do resto.

— Tudo bem… — Bambam parecia um pouco relutante, o que significava que ele estava torcendo para que ela dissesse isso. Realmente, ele aparentava muito cansaço.

Yoongi ficou imediatamente nervoso por se ver sozinho com ela. Sunghee colocou o cobertor em volta dele, para que ficasse mais quentinho, e ligou o secador.

— Isso vai ajudar. Seu cabelo vai secar bem mais rápido.

Yoongi fechou os olhos, sentindo o ventinho quente fluir pelos seus cabelos. Já era uma sensação boa antes de Sunghee começar a passar os dedos pelos fios, mexendo no cabelo para que o vento pegasse em todos os ângulos. Flagrou-a cantando Begin despretensiosamente em seu momento de distração. A voz dela era extremamente linda, mesmo sem nenhum esforço. Completamente diferente do terrível choro que ele ouvira em outra madrugada, ali mesmo naquele quarto. Como as coisas tinham mudado… Ele tinha tocado para ela, e agora ela cantava para ele, mesmo com a ordem de se afastar. Ele a tinha segurado no colo, a tinha ninado, e agora era ele que se apoiava nela, quase sem perceber, porque estava adormecendo. Yoongi tentou, de todas as maneiras, fazer aquela ideia parecer errada na sua mente, mas não havia nada tão certo naquele mundo como aqueles dois. De repente, no meio daquela atuação toda, daquele teatro em que os dois interpretavam pessoas arrogantes e frias, quando sabiam muito bem que amavam um ao outro, ele encontrou um pouco de verdade. A única dúvida era quando eles seriam livres para fazer com que a verdade fosse a única coisa visível.

De repente, tudo parou. O barulho do secador e o canto dela ao fundo cessaram, o ar quente sumiu.

— Pronto. Está seco. Você devia deitar, agora. Trate de dormir um pouco.

Yoongi deitou, sentindo-se um refém à mercê das ordens dela. Foi puxando o cobertor, e ela o ajudou a cobrir-se. Deixou tudo bem fofo e bem quentinho. Olhou para ele, deitado em seus travesseiros, subitamente adormecido. Ficou observando-o porque era uma oportunidade de ouro. Fazia muito tempo que ela não olhava para ele daquela forma, porque sabia que não podia. Passou a mão nos cabelos dele uma última vez, puxando os fios para trás.

— Espero que não fique doente.

— Eu ouvi isso — murmurou.

— Melhor assim. Não quero que ache que quero seu mal. De forma nenhuma. — Ela hesitou. Não deveria falar nada daquelas coisas, mas sabia que estava segura. — Eu te amo, Min Yoongi.

Ele abriu os olhos lentamente, muito sonolento, e os fechou de novo. Lembrou-se de Jungkook ordenando-o a se afastar, ameaçando-o, mas afastou o pensamento por um momento. Ainda naquela madrugada, Michung o havia levado ao interior do seu pensamento, onde ele pôde notar que conhecia a si mesmo melhor do que Jungkook o conhecia. Ele não iria fazer nada de mal a Sunghee, e isso era suficiente para que ele não tivesse medo das próprias ações.

— Eu também te amo.

Sunghee apagou as lamparinas e saiu do quarto.

O despertador tocou na hora programada, e Sunghee levantou-se imediatamente. O dia já começava a mil com sua aula de piano. Estranhamente, ela não estava com sono, mesmo com a madrugada agitada. Tinha uma coisa a fazer antes da aula, de preferência sem que seu professor soubesse. Passou no quarto de Jin para falar com ele, mas não estava lá. Namjoon disse que ele tinha ido ao jardim. Lá, Sunghee encontrou seu samchon cuidando das flores mais frágeis que haviam sido abaladas pela chuva. Depois, foi correndo para o salão onde seu piano estava, e onde seria sua aula. Jungkook já estava lá, sentado no sofá próximo ao piano, mas não estava sozinho.

— Bom dia, apeoji, desculpe o atraso.

— Chama cinco minutos de atraso?

— Sim — disse ela, naturalmente. — Bom dia, oppa, o que faz aqui?

— Bom dia… Ah… — murmurou Jimin, ao ler os olhos dela. — Que boa notícia, hein!

— Que boa notícia? — perguntou Jungkook, intrometido.

— Nada importante, Kookie — disse Jimin, escondendo o sorriso, antes de se dirigir a Sunghee. — Respondendo sua pergunta, eu vou participar da aula de hoje.

— Hoje nós faremos uma avaliação surpresa — informou Jungkook. — E o Jimin Hyung vai me ajudar a avaliar você.

— Tudo bem — disse Sunghee, completamente segura ao sentar-se no banco do piano. Ela sabia um pouco mais que seu appa sobre piano, porque praticava mais, então não poderia ser nada difícil.

— É uma tarefa simples de composição — explicou Jungkook. — Composição e improviso. Me mostre uma música sobre seus sentimentos. Jimin vai me ajudar dizendo se a criação foi realmente feita agora, se foi espontânea e se realmente fala dos seus sentimentos.

— Pode ser qualquer sentimento?

— Hum, deveríamos dificultar a avaliação especificando mais o tema? — perguntou a Jimin.

— Eu acho uma excelente proposta — respondeu Jimin, satisfeito.

— Certo — continuou Jungkook. — Então uma composição sobre seus sentimentos especificamente por Min Yoongi.

— Pode ser mais específico? — perguntou Sunghee, tranquilamente.

— Mais específico? — questionou Jungkook, confuso.

— Sim — explicou ela. — Min Yoongi é uma pessoa de muitas faces. Está falando do personagem que ele tem interpretado ultimamente ou do de verdade?

— Bom, o hyung está aqui, eu suponho que seja o de verdade.

— Tudo bem. Posso começar?

— Quando quiser.

Jin bateu na porta de Yoongi, que demorou a abrir e mostrar seu rosto sonolento e o cabelo bagunçado.

— O que houve, hyung?

Jin não respondeu. Colocou a mão na testa de Yoongi, que ficou sem entender nada.

— Você está bem?

— Estou…

— Mesmo?

— Sim, hyung. Por quê?

— Ah. Nada. É que eu fiquei sabendo que talvez você estivesse doente.

— Quem te disse isso?

Jin estava prestes a dizer que aquilo não importava, quando ouviram o som de um piano sendo tocado em notas lentas. Jin aproveitou a oportunidade para desviar o assunto.

— Que som é esse?

Yoongi colocou a cabeça para fora do aposento.

— Algo importante. Os sons importantes não encontram barreiras na Casa do Juízo.

 

 

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

 

Essa é uma história que eu ainda não consigo entender

Cheia de aproximações e de afastamentos

Quando estamos longe tudo parece se perder

Mas os momentos juntos são os melhores momentos

 

Eu não sei o que é

Isso em meu coração

Não conheço essa horrível sensação

 

Eu não sei o que é

Que eu fiz pra te perder

Não suporto esse mundo sem você

 

Eu senti uma vez

O meu coração queimar

Eu presumo que isso seja te amar

Eu só quero ficar

Aonde você está

Por toda eternidade te amar

E amar

E amar

Sem nunca me importar

Com o que os outros vão pensar

 

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

 

Já não posso suportar

Nem sequer posso te olhar

Eu morro todos os dias

Tentando te esperar

 

Mas quanto tempo vai passar

Até que eu possa viver?

Até que eu possa ser

Aquilo que falta em você?

 

Até que você possa ser

O que falta em mim?

Até que seja completo

E o sofrimento tenha fim?

 

Eu existo por você

Você existe por mim

Nós tentamos esconder

Mas todo mundo pode ver

 

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

 

O mundo vai contra nós

Mas eu não quero nem lembrar

Quero fechar meus olhos

E adormecer

Me acorde quando esse inferno chegar ao fim

 

Um sentimento assim

Eu jamais encontrei

Como é possível te querer tanto?

 

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

Com os outros, é amargo

Mas comigo é doce como açúcar

Com os outros, é tão frio

Mas comigo é quente como fogo

 

Jungkook não parecia nem um pouco impressionado: aquilo era exatamente o que ele esperava. Estava contente por ter dado certo. Por finalmente ter ouvido a filha e por ter certeza de que ela sentia algo por Yoongi. Olhou para Jimin. Como se esperava, havia manchas verdes em seu rosto, mas seu choro estava bastante controlado. Ele sorria, feliz pela iniciativa de Jungkook.

Jimin olhou para o corredor superior, onde Yoongi observava. Tinha vindo timidamente ao ouvir o som, ficando no cantinho da parede, mas Jimin o havia chamado disfarçadamente, indicando que não havia problemas, e deu um tapinha em Jungkook para notificá-lo. Jungkook sorriu ao olhar para cima e ver o seu hyung. Exatamente como ele tinha planejado. Yoongi estava com os cotovelos apoiados na amurada e as mãos tentando esconder o sorriso. Entendeu que era aquilo que Jungkook tinha dito na noite passada sobre consertar seus erros.

Sunghee já o tinha notado, mas não olhou para ele.

— Como fui, apeoji?

— Eu achei a música excelente. E a julgar pelo Jimin, ela foi bem verdadeira.

— 100% — disse Jimin, bastante satisfeito e feliz por antecipação.

— Então, é isso — disse Jungkook, se levantando. — Avaliação completa, nota máxima. E minha missão cumprida — ele deu uns tapinhas no ombro de Jimin para que se levantasse também. — Você não achou que foi uma música excelente, Yoongi Hyung? Eu achei incrível. — Jungkook foi empurrando Jimin pra fora da sala, enquanto se retirava lentamente.

— A aula acabou? — perguntou Sunghee, confusa.

— A aula sim, mas não suas tarefas. Acho que vocês dois precisam conversar e se resolver. Eu não sou babá de ninguém, vocês já estão bem grandinhos pra se virarem sozinhos, não é? E... Ah, eu e o Jimin temos um compromisso no horário da aula a partir de hoje, então…

— Temos? — perguntou Jimin.

— Sssh… Claro que temos. Então acho que não posso mais ser seu professor de piano. Enfim, nós temos que ir, se virem aí.

— Pra onde vocês vão? — perguntou Yoongi.

— Nós? — perguntou Jungkook, inocentemente. — Ah, vamos fazer uma visita às suas garotas.

— Ah, Jimin, você não presta… — disse Yoongi, balançando a cabeça, ainda segurando o riso.

Jimin soltou uma gargalhada e deu de ombros.

— Fazer o quê? Alguém tem que resolver os problemas dessa Casa. Annyeong.

Jungkook arrastou Jimin para fora e fechou a porta.

Yoongi foi para as escadas e desceu, sem nenhuma pressa. Tudo estava às mil maravilhas.

— Annyeong — disse ele, ao se aproximar com os braços para trás e os ombros encolhidos. Novamente, parecia uma criança, o que deixava Sunghee contente.

— Annyeong — disse ela, segurando o riso. — Quem é você?

Yoongi deixou os ombros caírem, levemente confuso.

— Que tipo de pergunta é essa?

— Não se faça de bobo, Min Yoongi. Você é cheio de personalidades, e essa música foi para uma específica que eu não vejo há muito tempo.

— Tá. Não que você não tenha a eternidade para aprender a lidar com as minhas faces, mas eu vou tentar ajudar. Eu frequentemente me escondo atrás de máscaras de personagens que a situação pede. Desde a sua festa, a situação tem pedido essa criatura fria que eu chamo de Agust D. Durante a apresentação, eu fui Suga, a face disposta a mudanças em nome da arte.

— Que bonito — interrompeu Sunghee. — Mas essas não interessam para mim agora.

— Eu sei. Você quer a face que disse que te amava ontem. A face que te beijou na sua festa. A face que decidiu te ensinar piano, que te pôs pra dormir no seu quarto dia de existência.

— Se possível.

Yoongi riu.

— O nome dessa face é Min Yoongi. Ela está por baixo de todas as outras. É a que se esconde por medo dos sentimentos desconhecidos. Esse sou eu de verdade, e agora eu não tenho mais medo.

— Ah, não?

— Não. Eu não tenho motivos para ter medo quando tenho a certeza de que é você.

— De que sou eu o quê?

— Tudo! Minhas raízes, meu caule, meus galhos, minhas folhas…

Sunghee bateu no ombro de Yoongi.

— Foi você que roubou o poema do Namjoon Oppa!

— Mas é claro! E você roubou meu isqueiro, meus cigarros, meu coração…

— Você é tão dramático… Eu precisava de alguma coisa para encher meu caule. Claro que não funcionou, mas…

— Ah, cansei de ser poético.

— Por quê? Você é tão lindo sendo poético…

— Mas você não está nem aí pra isso.

Sunghee colocou a mão na testa de Yoongi.

— O samchon te curou?

— Não, eu não fiquei doente. Você cuidou de mim, por que eu ficaria doente? — Yoongi pegou a mão dela e a levou para a sua bochecha, carinhosamente como um gatinho carente. — Aliás, eu vou para a chuva mais vezes. Para você cuidar de mim mais vezes.

Sunghee riu e enlaçou o pescoço dele com seus braços.

— Quando foi que você aprendeu a ser tão romântico, Min Yoongi?

— Não sei — disse ele, segurando a cintura dela. — Acho que o amor faz essas coisas.

Sunghee franziu a testa em sua perfeita atuação.

— Você está amando alguém?

Yoongi deu um riso curto.

— Muito espertinha, você. Você quer que eu repita, eu repito. Eu te amo, Sun. Eu repito quantas vezes você quiser. Eu grito pra todo mundo, se você quiser.

— Não precisa.

— Tá, não vou mesmo gastar minha garganta com isso agora. Espectro — chamou ele, e logo um apareceu. — Bate na porta de todo mundo e diz que eu amo a Sunghee. Pode acordar quem ainda estiver dormindo e dizer isso. Diga aos Juízes, aos hóspedes, aos outros espectros, a todo mundo nessa Casa que eu sou completamente apaixonado por Jeon Sunghee.

O espectro se foi.

— Você ficou maluco? — perguntou Sunghee, rindo sem parar.

— Eu sou maluco por você, garota, não entendeu? Mas não fica se achando a princesa porque eu quero uma resposta, tá?

Sunghee poderia ter dito várias coisas ou mandado ordens para espectros, mas ela não aguentava mais aqueles centímetros entre eles. Então, sua resposta foi beijá-lo, pela primeira vez de verdade, pela primeira vez livre, pela primeira vez com a certeza absoluta de que tudo estava certo. De que tudo era perfeito. De que nada poderia estragar aquilo.

 

Do meio dos céus veio

O vento milagroso que enfim

Tombou minha casca oca e podre

 

Então nascemos novamente

Eu, uma árvore forte e cheia de folhas

Você, uma folha verdinha no meu galho

 

Eu estou repleto, eu posso sorrir

A distância não nos separa

Você faz parte de mim, e estamos juntos

 

Agora eu sou forte

Eu sei que não vou deixar nada

Arrancar-te de mim

 

Porque você sou eu

É por você que eu vivo

Nesse mundo novo e estranho

 

Você é meu solo

Você é meu tronco

Você é meus galhos

 

Você é o prolongamento

Que me permite ir além

Porque não estou mais preso

 

Todas as partes de mim

São cheias de você

Eu não sou mais uma árvore oca


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E é o fim do arco.
Um amor, não é?
Eu não sei de onde tiro tanto açúcar, eu não gosto de romance...

Não esqueçam de separar os lencinhos para o próximo capítulo. O próximo arco começa...
Desesperador.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bulletproof Army" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.