Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 20
As Árvores Ocas


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capítulo simples, mas é bom para quem quer dar uma chance ao Jungkook.
Sou Team Yoongi, sorry.



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Sunghee ficou completamente arrasada nas primeiras horas mas, depois de muito refletir, ela percebeu que aquele Yoongi que tinha agido de forma tão rude era um personagem. Havia alguma coisa estimulando-o a atuar como se nunca houvesse sentido nada por ela, mas foram 11 anos de convivência, então ela sabia muito bem que Yoongi não era aquele completo idiota. Ela estava certa. Ele tinha medo do sentimento que havia aflorado com seu primeiro beijo real.

Quando diminuiu o piano, Sunghee estava decidida a nunca mais tocar, mas enxergando a situação como realmente era, ela escolheu continuar. Entrou na de Yoongi e o deixou completamente de lado, embora isso a fizesse sofrer. Então, ela começou a ter aulas de piano com o appa, mas sabia que nem de longe seriam a mesma coisa.

Mas algo mudou em seu coração em sua primeira aula com ele.

Jungkook conversou com sua filha sobre a mudança de professor, que até então ela achava ter sido iniciativa de Yoongi.

— Eu pedi para Yoongi Hyung me ceder a aula de piano, porque preciso de mais tempo com você. Mas também… Eu percebi como vocês estão próximos, e tenho medo do que isso pode gerar.

Sunghee continuava ouvindo atentamente, sem demonstrar nenhuma reação, mas algo dentro dela começava a se mexer, enquanto ela entendia o que estava acontecendo.

— Você está com ciúmes dele, apeoji?

— Filha, nós já falamos sobre isso. Eu quero que você tenha uma pessoa como eu tenho a sua eomma. Quero de verdade. Mas não acho que Yoongi seja essa pessoa.

— Ele é seu melhor amigo.

— É. Ele é, mesmo. Mas não tenho certeza de que seria um bom companheiro. Sun, quando nós sete éramos vivos e morávamos todos juntos, o hyung tinha o costume de sair. Ia a várias festas e sempre voltava bêbado e cheio de marcas de batom. Eu gostaria muito de poder dizer que ele mudou, mas ele continua dando escapadas da Casa. E ele sempre justifica da mesma maneira, dizendo que foi ver as “garotas”. É esse tipo de pessoa que você escolheu?

— Não sabia que dava para escolher.

Jungkook deu um riso fraco, que escondia seu arrependimento por ter insistido que Yoongi se aproximasse.

— Não dá. Mas, às vezes, a razão tem que falar mais alto que o coração. Ainda estaríamos vivos se eu tivesse pensado um pouco mais, e eu sei que não faz diferença pra você, você tem seus pais, o Taetae Hyung também… Mas eu não. O Jimin Hyung também não, ele sente muita falta. E eu também sei… Que o Yoongi Hyung também deixou alguém especial para trás.

— Jeon Minji. E o Min Holly.

— Sim. Sunghee, tudo o que faço é pensando no melhor para você. Eu não quero que você faça algo do qual possa se arrepender. Por isso tomei essa decisão. Eu espero que você compreenda.

— Eu compreendo, apeoji. Eu sei ser bastante racional. Acho que você está certo… Yoongi, essas garotas dele… Isso não tem como dar certo.

— Pois é, minha maknae. Eu imagino que você já deva sentir alguma coisa, mas vai passar. Seu samchon está de prova.

Sunghee se permitiu rir.

— Ele gostava da eomeoni. E Jimin Oppa também.

— Isso. Você ainda vai achar a pessoa que realmente foi feita para você. Então, vamos começar a aula?

Sunghee fez que sim. Nunca antes ficara tão confusa como naquele momento. A razão e a emoção em um conflito devastador usando sua mente como cenário.

Ela amava Yoongi.

Mas ele era o perfeito cafajeste.

Mas ela sabia que ele sentia algo por ela.

Mas ele estava sendo muito frio.

Mas ele foi caloroso por 11 anos!

Mas não adiantava nada se ele estava diferente.

Mas devia ser só um teatro.

Mas ele deveria saber que a estava machucando daquela forma.

Mas ele preferiu não ir contra Jungkook.

Mas se ele quisesse, lutaria por ela.

Mas por que ela mesma não lutava?

Mas ela não queria decepcionar seu appa.

“Socorro. Alguém me salva”.



Os dias seguiram-se tranquilos em Omelas. Não houve nenhuma discussão por muito tempo, mas as coisas estavam diferentes, embora poucos notassem. Yumii foi a primeira a perceber que sua filha não falava mais com Yoongi, nem sequer olhava para ele, e que ele também mantinha-se indiferente à presença dela. Os outros só começaram a notar que havia algo de errado quando Jimin começou a apresentar sintomas estranhos. Nos momentos mais felizes do jantar, quando todos estavam conversando sobre assuntos agradáveis, ele começava a chorar silenciosamente. Todos ficavam preocupados, mas ele nunca dizia o motivo de suas lágrimas.

O motivo era que aquela felicidade era falsa. Todos estavam cegos, felizes às custas do sofrimento de duas pessoas que eram fortes demais para expressar ou sequer deixar transparecer a sombra que os tomava.

Yumii estava a um fio de falar com Jungkook sobre aquilo tudo. A gota d’água foi durante um jantar em que Jin perguntou sobre a entrada de Sunghee no Juízo. Ela disse que escolheu não entrar.

— O quê? — perguntou o samchon, desconfiado. — Mas você sempre quis ser parte do Juízo!

— Eu mudei de ideia.

Sunghee queria evitar Yoongi ao máximo. Era menos doloroso evitá-lo quando ele não estava por perto. Uma coisa era simplesmente não vê-lo. Outra era estar com ele e ter que ignorar sua presença. Era verdade, seu maior sonho era ajudar os dez juízes a resolver os vários problemas que enfrentavam, estar a par dos acontecimentos… Mas isso a faria sofrer mais do que era necessário.

Assim, Yumii decidiu chamar Jungkook para uma conversa particular no quarto deles.

— Bae… Não acha que a Sunghee está muito estranha?

— Não… Como assim?

— Ela está muito quieta. Sempre foi muito próxima do Yoongi Oppa, e agora eles nem se olham…

— Ah, é isso? Não se preocupe, isso é temporário, com certeza.

Yumii olhou para Jungkook com uma sobrancelha erguida.

— Estou achando que você sabe mais do que eu. Quer me explicar o que está acontecendo?

— Eu estou dando aulas de piano no lugar do Yoongi.

— Por quê?

— Porque eles estão próximos demais.

Yumii continuou olhando para o marido com cara de pateta, porque não conseguia acreditar no que ele estava dizendo.

— Deixa eu ver se eu entendi. Você separou os dois.

— Sim.

— E não me disse nada? A relação é de uma pessoa agora? Minha filha ficou órfã de eomma e eu não tô sabendo?

— Por que você tá brava?

— Porque você ignorou a minha existência antes de tomar uma decisão sobre a nossa filha, que inclusive já tem maturidade o suficiente para cuidar das próprias relações.

— Eu não acho. Ela é uma excelente lutadora, dançarina, cantora, rapper, pianista, inteligentíssima, ótima na cozinha, mas ninguém ensinou a ela como tomar cuidado com oppas que não estão nem aí para o coração dela.

— Ah, para, Jeon Jungkook. Primeiro que ela assistiu muito dorama, e isso conta muito. Segundo que ninguém aprende nada assim, só na experiência, e ela não teve nenhuma ainda. Terceiro que ninguém disse que Yoongi não está nem aí para o coração da Sunghee.

— Não, imagina! Ele foge de Casa toda semana e diz na nossa cara que está indo atrás de mulher. Realmente, um excelente marido para a nossa filha.

— Isso não quer dizer que ele não esteja pronto para uma mudança. Para se envolver de verdade com alguém…

— Mudar, depois de tantos anos assim? Não é nem um pouco a cara dele.

— Você devia conversar com ele… — disse ela, um pouco mais calma.

— Não, Yumii, eu não quero arriscar. Se der errado, a Sunghee vai sofrer demais.

— Ela já está sofrendo.

— Claro que não está! Nossa filha está ótima. Ela só está passando por um momento difícil pro coração dela, mas passa. Mas se eu deixar eles ficarem juntos e Yoongi decepcioná-la, como as coisas vão ficar? Ela vai sofrer muito mais, e vai ter que continuar convivendo com ele, isso seria terrível.

— Eu acho que você está fazendo tempestade em copo d’água, Kookie Oppa.

— Não estou não — disse ele, calmamente, segurando os braços dela. — Confia em mim, meu amor. Eu vou fazer o que for melhor para a nossa filha, tá? — ele deu um beijo rápido nela. — Tá? — mais alguns beijinhos, e Yumii empurrou os ombros dele.

— NÓS, vamos fazer, juntos, Jeon Jungkook. Não se esqueça.

— Não vou — sussurrou Jungkook, antes de beijar sua esposa do jeito que ela merecia.



Também naquele dia, chegou a primeira aula com Namjoon depois da festa. Eles foram para a biblioteca. Sunghee pegou o livro “Coração Ardente” que estava sobre a mesinha e procurou seu poema favorito.

— O que vamos ler hoje? — perguntou Namjoon, sentando-se. Sunghee fez uma careta para as páginas…

— Hum… oppa… Aquele poema sumiu daqui. Será que alguém arrancou?

— Não se pode arrancar um poema de um livro ao qual ele nunca pertenceu.

— É, tem razão.

— Eu vou escrever de novo pra você — disse ele, indo para a máquina de escrever. Sentou-se e começou a preparar as folhas. — Mas… Existe algum motivo específico para seu interesse nele?

— Sim. Namjoon Oppa… Eu acho que agora eu sei como é ser uma árvore oca.

Namjoon ergueu o olhar para ela, levemente surpreso, sem saber como reagir àquela confissão.

— Ah, Sun... — ele apoiou a cabeça na mão direita. “Será que devo dar um abraço nela”?, pensou Namjoon, que era pouco emotivo e muito racional. Ficou pensando. — “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.

— Hum… O que está tentando dizer, citando Hamlet?

— Que há algo muito errado nessa Casa, algo que faz o Jimin chorar o tempo todo. E agora eu sei o que é.

— É muito mais complexo.

— Entendo.

Namjoon começou a escrever.

“Eu deveria interferir nisso, como líder? Às vezes as coisas têm que acontecer sem intervenções. Uma hora, essas crianças precisam andar com as próprias pernas. Voar com as próprias asas. Isso o que a Sunghee está sentindo é algo que eu não posso consertar, a não ser que ela me conte. Mas eu não posso exigir isso dela. Se eu puder fazer algo por ela, eu farei. Mas por enquanto, tudo o que posso fazer é escrever”.

— Eu vou reescrever o poema para você, mas sem a reviravolta. Você ainda não chegou nessa parte. Quando  chegar, você mesma vai escrever a sua história.

Sunghee sorriu fragilmente. Não estava animada para uma reviravolta. Seria o mesmo que decepcionar seu appa, e ela não queria isso. Ela preferia sofrer sozinha do que causar sofrimento a ele. Faria de tudo para mostrar-se bem, porque o bem dela era tudo que Jungkook queria.


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Notas finais do capítulo

Essa maknae... O que dizer?



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