Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 19
Coração de pedra


Notas iniciais do capítulo

Boas notícias: Finalmente terminei o Arco 15, então vamos voltar à frequência de postagem normal (dia sim/dia não). Vocês ainda podem aproveitar os ONZE capítulo do Arco 15 antes de entrar no próximo (e último) arco.
Hoje vocês vão conhecer o novo vilão da história ♥



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Havia muito tempo que Yoongi não acordava tão animado. Eram 11 da manhã, muito cedo para uma pessoa apaixonada por sono depois de uma festa que varreu a madrugada. Ele foi direto para a biblioteca, que também não estava nos destinos mais frequentados por ele. O motivo? Queria ler alguma coisa inspiradora antes da aula de piano às 14h. Pegou uma indicação de Hoseok, chamada “Coração Ardente” e leu alguns poemas.

Depois de algum tempo, a porta se abriu. Yoongi não esperava que alguém na Casa já estivesse acordado, então ficou surpreso quando Jungkook entrou.

— Bom dia — disse Yoongi, logo.

— Bom dia — disse Jungkook, aparentando bom humor, enquanto sentava-se perto do amigo. — Nem acredito que já está acordado. Nem na biblioteca. Não faz nem um pouco a sua cara.

— Eu não consigo dormir até muito mais tarde. Já estou acostumado com as obrigações do Juízo.

— Está mais acostumado ao Juízo do que às festas? Que boa notícia.

— Não entendi.

— Não? Ué, achei que você frequentasse várias festas desse tipo.

— Não, não desse tipo.

— Confesso que estou surpreso, hyung. O que faz quando está com suas garotas?

Yoongi riu e mudou de posição, deixando o livro de lado.

— Olha, Jungkook, as garotas daqui não são como as do Primeiro Mundo. Aqui tem meninas de todas as idades, e todas as épocas, então existe todo tipo de diversão. Até as mais novas tornam-se mais ajuizadas com a morte.

— Está dizendo que esse tipo de festa não existe? — perguntou Jungkook, de repente risonho. — Por que me deixou fazer uma festa fora de moda para a minha filha?

— Porque é uma ocasião especial. E o mundo precisa de inovação, meu caro Jungkookie.

— Ainda estou curioso, como você se diverte com as garotas se não vai às festas?

— Eu vou a festas, mas não assim. Frequentamos muitos bailes de máscaras, vamos ao teatro, assistimos às orquestras e óperas...  Foi assim que eu virei um ator melhor, observando as técnicas. As garotas daqui gostam muito desse tipo de coisa.

— Parece incrível… Incrivelmente chato.

— É menos chato do que parece. Dançam-se músicas de 2000 em bailes de máscaras do Segundo Mundo, tá?

— Ah, é? Isso sim parece mais empolgante. Sabe, hyung… Você deve se divertir bastante com essas garotas.

— De fato. Mas o que você está pensando, Jeon Jungkook? — perguntou Yoongi, fingindo não estar com medo de que Jungkook quisesse pular a cerca.

— Estou pensando que você aproveitaria mais se tivesse mais tempo livre.

— Mais tempo livre? — perguntou Yoongi, sem entender. — O que você quer dizer?

— Eu estive pensando sobre essas coisas e decidi que darei aulas de piano à Sunghee no seu lugar. Assim poderá usar seu tempo de aula para fazer o que quiser.

Yoongi ficou encarando Jungkook, sem acreditar no que ele estava dizendo.

— Quê? Mas… Kookie, não precisa…

— Eu também preciso de mais tempo com ela, sabe? Você não precisa se sentir culpado nem nada.

Yoongi riu de nervoso.

— Mas… Foi você quem pediu para eu dar aulas de piano pra ela, Jungkook. É uma das coisas que eu mais gosto de fazer, e agora você muda de ideia?

— Hyung… Eu não queria dizer isso dessa forma, porque você é meu melhor amigo, mas… Eu quero que você se afaste da Sunghee.

Yoongi sentiu seu coração sendo arrancado, mas conseguiu não demonstrar.

— Tá — disse ele, secamente. — Você pode me dar um bom motivo?

— Posso. O motivo é que eu te conheço muito bem, e conheço Sunghee até melhor. Acima de tudo, hyung, eu conheço o amor. Eu sei que isso tudo é uma combinação explosiva, e eu não quero que a minha filha saia ferida.

Yoongi deu de ombros.

— Você que sabe, Jungkook. Se me conhece bem, sabe que o amor está longe dos meus interesses, mas se você se sente mais seguro assim, eu faço o que você pede.

— Não é você que me preocupa com relação ao amor, então sim, eu prefiro que você se distancie. E agradeço a sua compreensão.

Yoongi assentiu. Jungkook saiu depois de se despedir brevemente. Yoongi esperou alguns minutos para ter segurança de que ele estaria longe. Durante esse tempo, manteve-se completamente calmo. Qualquer pessoa que o espionasse não veria nenhum sinal que gerasse dúvida sobre a sua estabilidade. Ele manteve o excelente comportamento enquanto caminhava pelos corredores e descia até o porão.

Jimin e Jackson estavam em seu horário de treino, na sala grande e cheia de sacos de areia pendurados no teto. Yoongi correu ao primeiro que viu e pôs-se a socá-lo. O fez de qualquer jeito e colocou toda a força e toda a raiva que estavam aprisionados, mas tudo dentro dele parecia completamente tomado por uma sombra tão intensa que nem mesmo todos os socos seriam capazes de manifestar. Nada foi capaz de pará-lo, nem a dor, nem o sangue que escorria, nem as lágrimas que embaçavam sua visão. Jackson estava agoniado o suficiente para sair de seu lugar e ir até ele, mas Jimin apenas esticou a mão, indicando que ele deveria ficar onde estava. Ninguém melhor que Jimin sabia que Yoongi precisava descarregar toda aquela tensão acumulada. Yoongi começou a gritar para o saco de areia palavras de ódio, xingamentos terríveis e os piores desejos. Chamou-o de “criatura mais desprezível do mundo”.

O ser que ele projetava naquele saco de areia não era Jeon Jungkook, como você pode supor. Era Min Yoongi.

Sem controlar a própria respiração, prejudicada pelo choro e pela baixa qualidade do ar subterrâneo, Yoongi cansou-se rapidamente, mas só parou quando perdeu o ar. Se jogou deitado no chão.

— Chame o Jin Hyung — ordenou Jimin a Jackson, que saiu correndo.

Jimin abaixou-se perto de Yoongi, que tinha os olhos cobertos com as mãos feridas. O rosto estava molhado. Ele puxava o ar com força enquanto soluçava. Jimin soprou e produziu chiado, tentando acalmá-lo.

— Como ele pode fazer isso? — perguntou Yoongi, com a voz extremamente trêmula. — Como ele pode me implorar pra ficar perto dela, e quando eu finalmente me sinto feliz, ordenar que eu me afaste?

— Ele não sabe o que está fazendo — disse Jimin, firmemente. — Talvez ele soubesse se você dissesse a verdade…

— Não — disse Yoongi, logo, esforçando-se para levantar. — Não, Jimin, nós dois temos um trato. Uma promessa.

— Já faz 10 anos, hyung!

— Ótimo, é uma excelente data pra renovar — disse ele, levantando o polegar.

Jimin fechou a cara.

— Você é terrível. Prefere ficar sofrendo do que deixar o orgulho de lado.

— Você conhece as minhas razões melhor do que eu.

— Eu sei. Você esconde o que pertence apenas a você, o que não tem coragem de compartilhar com ninguém. Isso se aplica a todos os segredos que você me faz esconder.

— Eu não tô tapando a sua boca. Você pode contar, só vai quebrar a promessa.

— Não vou quebrar nossa promessa, hyung. Não sou capaz de fazer isso. Você é meu amigo. — Eles ouviram passos na escada. — Jin Hyung está chegando para curar você. Espero que invente uma boa desculpa.



Yoongi foi às 14h para o salão onde sempre aconteciam as aulas. Ele não iria perder o hábito tão cedo. Sentou-se em seu banco e colocou os dedos sobre as teclas. Tocou as primeiras notas de Begin, e encarou o piano azul. Ele se lembrava bem de quando ele tinha a metade daquele tamanho. Agora já estava do mesmo tamanho do marrom. “Ela está atrasada”, ele mentiu para si mesmo, para não surtar. Continuou tocando Begin por um longo tempo. Já tinha extravasado tudo o que precisava. O restante conseguiria manter dentro de si, ou manifestar codificado em música de um jeito que só ele entenderia.

Ficou completamente surpreso quando ouviu os passos no corredor superior. Lá estava ela, andando com passinhos apressados, porque estava atrasada. Yoongi respirou fundo. Não podia acreditar que Jungkook ainda não havia contado para ela. Ele precisaria de muito esforço para lidar com aquilo.

Sunghee desceu as escadas rapidamente. Enquanto ela se aproximava, ele perguntou friamente.

— Tá fazendo o quê aqui?

Sunghee fez uma careta, confusa, e riu.

— Vim para a aula, ué.

— Sua aula não é hoje, você não sabe?

— Claro que é hoje.

— Então ninguém te contou que sua aula foi mudada de horário.

— Ah. Que dia teremos aula, oppa?

— Não teremos aula. Eu não sou mais seu professor de piano.

— O quê? — perguntou Sunghee, indignada. — Como assim? Quem decidiu isso?

Yoongi respirou fundo. Não podia dizer que era Jungkook, porque ela sentiria raiva e ele não queria isso. Mas também não podia dizer que a decisão foi sua. Então mudou de assunto.

— Você pode ir embora? Eu estou ocupado.

Sunghee mordeu os lábios. Estava com raiva. Não de alguém específico, mas da situação confusa e inacreditável.

— Você não vai me responder?

Yoongi continuou em silêncio e voltou a tocar, mas Sunghee era persistente. Foi até o piano e colocou a mão sobre um conjunto de notas mais graves.

— Ei! — protestou Yoongi.

— Faz 11 anos que você me disse para nunca mais tocar em um piano seu, mas eu não sou mais nenhuma criancinha que vai abaixar a cabeça para a sua ignorância. Eu quero que você me responda. Por que está fazendo isso?

Yoongi fechou a cara, realmente bravo. Ela tinha mesmo que deixar as coisas mais difíceis?

— Eu não te devo satisfação. Tira a mão do meu piano.

— Tem a ver com o que aconteceu ontem?

— Eu já disse pra você ir embora!

— Então é isso, tem a ver com ontem.

Sunghee tirou a mão do piano e riu. Yoongi odiava quando ela se divertia daquela forma. Ela deu a volta e sentou na outra ponta do banco, com as pernas para fora.

— Eu já entendi qual é a sua. Você está com medo.

— Com medo? — perguntou Yoongi, indignado. — Eu? De quê? De você?

— De um sentimento novo.

Yoongi negou com a cabeça, abafando o riso e voltando a atenção para o piano.

— Você é patética.

— Você pode ser um bom ator, Min Yoongi, mas eu sei o que aconteceu ontem.

— Eu estava bêbado.

De repente, Sunghee caiu na gargalhada. Riu tanto que começou a cair em cima de Yoongi, que ficou completamente confuso.

— É, você acabou de se entregar. Nenhuma bebida alcoólica surte efeito no Segundo Mundo, pra sua informação.

Yoongi perdeu a paciência e se levantou. Olhou pra ela, completamente irritado.

— O que você quer de mim?

Sunghee levantou e ficou de frente pra ele.

— Olha nos meus olhos e me diz que o que aconteceu ontem não significou nada pra você.

— O que aconteceu ontem não significou absolutamente nada pra mim — disse ele, tranquilamente.

— E se eu disser que ainda não acredito em você?

— Não posso fazer nada. O que mais você quer, um documento assinado por Abraxas?

Sunghee balançou a cabeça, como se tivesse ouvido uma completa idiotice. Aproximou-se aos poucos, segurou o pescoço dele e o beijou. Yoongi fechou as mãos com força, e precisou de todo o seu esforço para não ter nenhuma reação. “É só mais um teatro”, disse a si mesmo, mas foi muito mais difícil do que ele poderia imaginar. Finalmente, ela se afastou, muito devagar. Ele continuava encarando-a com os olhos abertos.

— Já terminou? — perguntou ele, cheio de sarcasmo. Seus olhos ardiam.

— Já. Obrigada por responder todas as perguntas.

Sunghee sorriu, o que foi extremamente doloroso para Yoongi. Ele sabia que ela estava destruída. Então, ela foi até o próprio piano e diminuiu-o até ficar do tamanho de uma caixinha de música. Pegou-o no chão, e subiu as escadas como se tivesse acabado de ter uma conversa tranquila e despretensiosa.

— Não que você se importe — disse ela, no caminho. — Mas talvez esteja curioso, então eu vou dizer. Minha vontade era jogar isso fora. Mas eu vou guardar por consideração aos outros 11 anos, e ao que você foi durante eles. E… — ela se virou. — Por esses 11 anos, eu agradeço a você.

Sunghee sumiu nos corredores superiores. Yoongi ficou tocando Moonlight e First Love.

Molhando as teclas.


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Notas finais do capítulo

Melhor vilão da série:
( ) Abraxas
( ) Chung Ho
(x) Jungkook

Adoroooo!
Outro aviso: o tamanho dos capítulos deve aumentar consideravelmente para que tenhamos menos capítulos (assim vocês leem mais rápido). O último capítulo do Arco passa 3,5K de palavras.



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