Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 18
A valsa, a mentira, a verdade


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a enrolação. Lembram que eu disse que fechar o arco era importante? Então, ontem já fiz algumas mudanças em capítulos anteriores ao que estava escrevendo. Enfim, esse eu acho que dá pra postar. Estou me esforçando para fechar esse arco, só faltam duas cenas.
EDIT: E eu esqueci de botar ontem, mas há uma playlist para a valsa. Caso vocês gostem de ler com música ou se não conhecerem alguma delas, abram a playlist:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLYVlkph_3b58oFCCjtPsmetpbPTRQOQ29



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Os holofotes voltaram-se para o topo da escada. Ela estava lá, com seu vestido azul, branco e prateado e as sapatilhas de balé. A saia rodada ia pouco além dos joelhos, para que ela tivesse liberdade nas coreografias. O cabelo cacheado estava para trás, preso por uma tiara prateada. A blusa do tecido escolhido prendia-se apenas no pescoço, deixando as costas nuas e desprovidas de asas. Tudo isso observavam seus convidados, enquanto ela descia graciosa ao som da música.

Jungkook foi esperá-la no meio. Como seu verdadeiro appa, era o primeiro a dançar com ela o clássico danúbio azul, tocada completa pela orquestra. A música era a mais tradicional para a ocasião, mas a coreografia era completamente surpreendente, cheia de saltos e giros, e cheia da emoção dos dois que muito esperavam por aquele momento. Jungkook sempre foi muito entrosado com a filha, e não deixou de lacrimejar, mas segurou o quanto pôde. Não estava disposto a estragar o momento de sua filha. Quem olhasse para eles, para os olhares iluminados, veria que aqueles dois se amavam, como devia ser. Jungkook era algo além de appa para ela. Era simplesmente o homem mais especial de sua existência. Aquele que cantava para ela quando estava sem sono ou quando se sentia triste. Aquele que a ensinara a voar, que também era algo que a consolava, e a fazia sentir-se livre. Ela podia ir aonde bem entendesse, mas nunca distanciava-se muito da Casa onde crescera, porque era seu lar, onde se sentia feliz, onde estavam as pessoas que amava. Ela podia se divertir com Taehyung, dançar com Hoseok e estudar com Namjoon, mas quando precisava desabafar era com seu appa que ela falava. Era com quem ela realmente podia se abrir, com quem realmente podia contar. O diferencial desta coreografia era ser uma valsa completa, que durou quase dez minutos. Ninguém se cansou, porque a coreografia era cheia de energia e com um pouco de interpretação.

Por fim, Jungkook deixou a filha sozinha no meio e voltou ao seu lugar. Jimin saiu da circunferência e entrou no círculo. Seu novo cabelo rosa conseguia, de alguma maneira, combinar muito bem com a roupa azul. A orquestra tocou Vozes da Primavera para eles. Eles dançaram a valsa com um pouco mais de pompa e alguns passos de balé e dança contemporânea. A surpresa foi o encerramento com a versão orquestral de Lie, feita inteira em passos de dança contemporânea. Ao fim da sua dança, Jimin deu lugar a Hoseok, que já não era ruivo.

A orquestra começou a executar a lindíssima Lago dos Cisnes. Hoseok e Sunghee dançaram com passos de balé que vinham principalmente dela. Como Hoseok não sabia nada de balé, ela teve que aprender sozinha, e o fez com sucesso. A música foi encerrada com pompa e decresceu, dando lugar a uma batida inesperada. O momento perfeito para o diferencial da dupla. Se chamava Hope On The Street. Era uma coreografia original de Hoseok. O Street Dance era o que Hoseok realmente dominava, e o que ele mais ensinava para Sunghee além de k-pop. A apresentação foi completamente fora do contexto da valsa, mas levantou o público.

O próximo foi Namjoon. A música começou com piano e flauta. Os meninos a reconheceram logo. Ao notar que era uma música da Disney, olharam logo para Jin, que era apaixonado pelas princesas. Eles só não esperavam que o mais velho estivesse pronto para fazer a voz da música Sentimentos, embelezando ainda mais a coreografia de Namjoon e Sunghee. A escolha, claro, foi um trocadilho com o antigo stage name de Namjoon.

As asas da dança trocaram de lugar para a vez de Jin. Namjoon retribuiu cantando a música Era Uma Vez Um Sonho, impressionando a todos. A coreografia também foi simples, mas encantadora. Mais uma vez, Sunghee escolheu a música que combinava perfeitamente com a história do seu samchon. Considerado o mais belo entre os sete, ficou em coma durante muito tempo, além de amar as princesas da Disney e a cor rosa, a mesma do vestido da Bela Adormecida.

Ao fim da música, Jin deu lugar a Taehyung. Conforme se aproximava do clímax, a apresentação ficava mais difícil de ser inovada. O que poderia ser mais impressionante que uma valsa acompanhada por voz? Se os próprios dançarinos cantarem, é claro. A música era uma velha composição, chamada Even If I Die, It’s You. Foi performada pelos gêmeos pela primeira vez, e agora pelos dois que também se consideravam irmãos, menos por serem “filhos de Abraxas” e mais por terem se divertido juntos durante muito tempo. A coreografia pouco tinha de valsa, mas era cheia de interações entre os dançarinos. Fizeram alguns passos elaborados com os pés e vários giros enquanto cantavam.

Chegou o gran finale. Taehyung saiu do círculo, e Yoongi entrou. Suas mãos estavam tremendo. Havia muita gente ali, e ele estaria tranquilo se fosse um rap, ou uma performance com os meninos, mas era algo novo. A orquestra, que ele mesmo trouxe, tocou a Valsa das Flores. Eles dançaram normalmente a valsa, cuja coreografia não tinha muita coisa especial, apenas as elevações que Yoongi fazia constantemente. Além disso, apenas o brilho no olhar dele a cada passo que não dava errado. Ao mesmo tempo, ele ficava nervoso com a aproximação do seu solo.

Em determinado momento da música, eles se separaram, executando a coreografia independentemente. Ali, começou a atuação. O personagem de Yoongi dançou um pouco mais até perceber que sua parceira não o estava acompanhando. Ela permanecia imóvel. Na mesma hora, ele tirou os sapatos, que escondiam sapatilhas de meia-ponta. Hoseok ficou chocado. A música mudou para Für Elise, sendo solada pelo pianista. Yoongi rodou em volta dela, curioso, tentando entender o que havia acontecido. Finalmente, ele deu um peteleco no rosto dela, que tilintou. Parecia feito de porcelana! O personagem fez uma cara de choque por um instante, mas pôs-se a brincar com a boneca. Com pequenos toques, mudava a posição de seus braços, ajeitava a coluna para o lado, virava a cabeça, erguia-a para a ponta, descia-a para a meia ponta. Tudo tentando satisfazer sua curiosidade e, ao mesmo tempo, tentando torná-la viva novamente. Depois de muito tentar, o personagem foi tomado pelo desespero. Yoongi não era um bom ator, mas concentrou todo o seu esforço para interpretar. A orquestra retornou, expressando a frustração enquanto ele dançava, indignado, seus passos de balé. Finalmente, sua expressão amaciou-se quando apareceu uma borboleta azul. Ele seguiu-a pelo círculo e brincou com ela por alguns instantes, até que capturou-a. Levou-a então para as costas de Sunghee e pôs-se a desenhar asas que partiam dela. As asas da borboleta cresceram e tornaram-se as asas dela. Ouviu-se o tic-tac do relógio enquanto Yoongi batia as asas em um ritmo preciso, que dobrava e dobrava. Era como se desse corda. Aos poucos, uma borboleta desenhou-se no rosto de porcelana, que tornou-se cada vez mais humano, e a boneca voou. Yoongi parecia satisfeito.

Sunghee olhou para as próprias mãos, como se não acreditasse, e pôs-se a dançar, voando baixo sem sair do círculo, até finalmente notar que Yoongi estava parado. Era feito de porcelana. Sunghee pousou e repetiu todo o processo. Começando pela curiosidade, passou a explorar os movimentos possíveis, tentando fazê-lo voltar ao normal. Chegou novamente o momento de insanidade, como se não pudesse acreditar que não iria mais vê-lo. Surgiu, então, a borboleta amarela. Sunghee brincou com ela, capturou-a e posicionou-a nas costas de Yoongi. Puxou-as, produzindo o contorno iluminado das asas que se preencheram. Pôs-se a batê-las com o mesmo tic-tac, e Yoongi voou, mas então veio a surpresa: ele continuava a ser de porcelana, e pousou novamente.

Foi o momento de maior frustração para a personagem. Ela se deixou cair no chão, completamente tomada por tristeza. De repente, seu rosto se iluminou com uma ideia. A orquestra executou, junto à música já em curso, dois compassos de Era Uma Vez Um Sonho enquanto Sunghee se levantava. Mexeu com Yoongi mais algumas vezes para deixá-lo do jeito que queria. Sua última modificação foi mover sua coluna um pouco para a frente, deixando-o inclinado. Assim, de frente para ele, ela também se curvou, fechando os olhos no meio do caminho, até beijá-lo de forma muito sutil.

A música diminuiu. Ninguém no salão ousava respirar. Alguns meninos cobriram a boca com as mãos, completamente chocados com a profundidade do espetáculo. Yoongi bateu as asas de borboleta, e foi possível ver seu corpo mudando quando ele deixou de ser um boneco de porcelana. Ele segurou as mãos de Sunghee e eles voaram juntos, dando fim ao beijo.

A apresentação foi encerrada com uma dança no ar, novamente com a Valsa das Flores. A coreografia foi completamente diferente, leve, enquanto os dois deslizavam pelo ar. Cheios de entrosamento, os personagens pareciam apaixonados. Ao fim, eles desceram, girando juntos, e pousaram com os rostos colados, no momento final da música.

Dois segundos de silêncios foram perturbados com os estrondosos aplausos do público. Os meninos estavam extasiados. Até os meninos do 7 tinham parado de prestar atenção no serviço para admirar o excelente trabalho. Sunghee e Yoongi agradeceram ao público uma vez, depois os outros meninos se juntaram. Em seguida, o DJ colocou uma música mais agitada, convidando todos a dançarem. Sunghee e Yoongi deram um abraço, felizes pela missão cumprida. Yoongi estava completamente aliviado.

— Eu estava com medo de deixar você cair de novo — confidenciou ele, tentando falar mais alto que a música. — Olha, minhas mãos estão tremendo.

— Sem necessidade. Você foi muito bem, oppa. Muito bem mesmo.

Os outros meninos apareceram para parabenizar os dois pela linda performance, e aos poucos foram se dispersando.

— Será que pode me dizer que cara é essa? — questionou Yumii ao marido, que estava com uma péssima expressão no rosto.

— Que cara?

— Acha que eu não notei que você está todo azedinho desde o clímax?

— Eu não gosto disso. Não gosto dessa ideia, Yumii.

— Foi só uma atuação, oppa. E mesmo que não fosse, essa festa não significa que sua filha já tem maturidade para tomar as próprias decisões?

Jungkook não respondeu. Voltou sua atenção para a festa.

— Você sabe que ele trouxe as tais garotas dele, não sabe? Ele teve coragem de trazer as garotas que ele se orgulha tanto de pegar para a festa da nossa filha, e aí faz isso?

Yumii não sabia exatamente o que dizer. Yoongi estava extremamente estranho nos últimos tempos: muito próximo de Sunghee, embora não deixasse de falar nas meninas com quem vivia dando escapadas da Casa do Juízo. Decidiu encerrar o assunto.

— Isso não é hora de pensar nessas coisas, oppa. Temos que aproveitar a festa e cuidar dos convidados, está bem?

Jungkook assentiu, tentando ficar um pouco mais calmo e esquecer a situação.



A festa foi esquentando com a balada até que, à uma da manhã, Géssyca foi para o palco e chamou a atenção de todos. Era a hora de seu teatrinho.

— Boa noite, pessoal. Infelizmente, a banda que nós chamamos teve um imprevisto e não pôde se apresentar, mas eu consegui outro show de última hora. Eu espero que gostem.

Géssyca saiu do palco e as luzes se apagaram. Sunghee foi abrindo caminho até a frente, pois ninguém fez o favor de avisar que era hora da banda. Depois de alguns segundos de silêncio, ela ouviu uma voz no escuro.

— Hum? Eoseo wa! Bangtaneun cheoeumiji?

Sunghee demorou apenas o tempo do som da guitarra começar a crescer para perceber que aquela era a voz de Namjoon. Logo, um holofote se acendeu, e ela viu seu appa cantando no centro do palco. Depois de uma estrofe, ele sumiu e deu lugar a Jimin. Pouco depois, os sete estavam dançando no palco. Sunghee não podia acreditar que seu maior sonho estava sendo realizado. Desde pequena, ouvia sua eomma falar de como os meninos eram incríveis quando cantavam e dançavam juntos. Vez ou outra, ela pedia para que eles fizessem uma apresentação, mas eles sempre se negavam. O máximo que ela conseguia era cantar alguma música com Taehyung, um rap com Namjoon, fazer uma coreografia com Hoseok ou ouvir Yoongi tocar uma antiga composição. Às vezes, seu appa também cantava para ela. Mas nunca todos juntos como naquele momento.

O show durou uma hora e meia, com performances completas, pela primeira vez em quinze anos. No More Dream, por exemplo, veio logo depois de Dope. Até a temida Boy In Luv foi performada, com direito a três rosas vermelhas nas mãos dos pretendentes de Yumii. No final, as rosas de Jungkook e Jimin murcharam, enquanto a de Jin desabrochou. Tipos de efeitos especiais que você só vê no Segundo Mundo.

Depois do show, o DJ continuou com a balada, cheia de músicas incríveis escolhidas a dedo. Sunghee andava pela festa, procurando alguma companhia. Era difícil, porque as luzes estavam apagadas, deixando apenas aqueles efeitos luminosos que, apesar de maneiríssimos, eram terríveis para enxergar alguém. Além disso, os casados aproveitaram o tempo para dançar com suas esposas. Até Jungkook se deixou levar nos braços de Yumii porque, por mais que sua filha tivesse 15 anos, ele era para sempre jovem. Embora amadurecesse um pouco, teria sempre a mesma carinha e as mesmas vontades de quando tinha 20 anos. Seria sempre perdidamente apaixonado pela sua garota. Sunghee prendeu o riso ao ver os pais se pegando no meio da galera. Andando mais um pouco, achou Taehyung segurando a cintura de Géssyca e murmurando alguma coisa em seu ouvido. Conhecendo bem o senso de humor do oppa, Sunghee sabia que se tratava de alguma cantada horrível. Hoseok foi o próximo a ser encontrado dançando com Michung. Bastante previsível. O que surpreendeu a menina foi flagrar Jimin jogando uma piscadela para uma das meninas que Yoongi trouxe. Estranho, ele deveria estar no meio delas, que estavam se divertindo bastante com Sober, mas Sunghee não o viu em lugar nenhum. Como tudo estava cheio, decidiu ir para a parte atrás das colunas que sustentavam o corredor superior, onde estava mais calmo. Imediatamente, encontrou Jin e Namjoon atacando o buffet e se entupindo de comida. Continuou andando e passou por eles, que não a viram, por causa da má iluminação. Como continuou olhando para eles, mesmo quando tinham ficado para trás, não demorou a esbarrar em uma pessoa que segurava uma pequena garrafa de vidro. A garrafa se espatifou no chão antes que ela pudesse notar que era Yoongi. A ponte de Sober começava, deixando o ambiente mais propício ao diálogo.

— Mian — disse ela. Yoongi pegou a mão dela e levou ao seu peito, onde seu coração imaterial batia velozmente. — Aigoo, isso tudo só porque esbarrou em mim?

— Menos pelo “esbarrou” e mais pelo “você”.

Sunghee não acreditava que estava ouvindo aquilo. Aquelas palavras não pareciam ser do Min Yoongi que ela conhecia: ela não duvidava que ele pudesse sentir aquelas coisas, mas ele era orgulhoso demais para admitir algo parecido. Chegou a pensar que ele não deveria estar em seu juízo perfeito, mas era inteligente o suficiente para saber que ele estava bem sóbrio.

— Não sabia que eu mexia com você assim — mentiu ela, colocando a outra mão sobre a primeira.

— Hoje faz quinze anos.

Sunghee decidiu que era tempo suficiente. Suas mãos percorreram o curto caminho que faltava até as lapelas do casaco e puxou-o. Yoongi não viu nenhum motivo para resistir. Aquele não era o primeiro beijo deles, mas era o primeiro de verdade. Devia ser lá para o oitavo beijo, contando todas as vezes que ensaiaram essa parte, e não contando as vezes em que ele caía e ela, em vez de reclamar ou reprimir, o motivava com um beijo na bochecha, e foram muitos. Yoongi já tinha beijado muitas mulheres, mas nunca sentiu algo parecido com aquilo. Sunghee nunca tinha beijado alguém além de Yoongi, mas tinha prestado bastante atenção nos doramas e, acima de tudo, tinha certeza de que era ele.


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Notas finais do capítulo

E mais uma vez, o amor está no ar. EBAAAAAAA!
Não sei se vocês sabem, mas eu nunca gostei muito de romance por romance. Tem que ter algo diferente, como aconteceu no arco 7. Preciso dizer que isso ainda vai dar muita merda? Só olhar pro tamanho do arco (que cuida só disso): 10 capítulos até agora.



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