Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 15
Como desenrolar com uma garota em 4 dias


Notas iniciais do capítulo

O tempo está correndo, senhores...



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O quarto dia amanheceu tranquilo para Hoseok. Ele havia sido liberado por Jin para fazer a aula de dança com Sunghee. O mais velho jogara o argumento de que a maknae deveria ter ao menos alguma de suas aulas semanais, mas Hoseok conhecia bem a compaixão de seu hyung. Obviamente, ele convidou Michung para assistir a aula.

O professor pediu à aluna que escolhesse a coreografia do dia, porque sabia que ela o faria bem. Foi a primeira vez que Sunghee ousou pedir aquela.

— Boy In Luv.

Hoseok olhou para a sua aluna, incrédulo.

— Sério?

Hoseok ficou sem jeito de dizer a ela, mas tinha medo daquela música. Ela podia ser uma ótima música de conquista, mas havia causado muita desgraça. No entanto, a maknae sabia muito bem que a desgraça não tinha nada a ver com a música. A achava especial, porque foi a primeira que seu appa cantou para sua eomma. Não foi uma música especial para a eomma e o samchon… Mas poderia ser uma música especial para aqueles dois.

— Vai mesmo fazer aquilo amanhã? — perguntou Hoseok a Sunghee, antes de começarem.

— Vou. Eu tenho que fazer, oppa.

 

Taehyung passou a manhã no campo de trigo, depois foi para o almoço. Ele não estava acostumado a almoçar, mas na fazenda todas as refeições eram importantes para manter a energia. As pessoas iam em turnos diferentes, e muitos comiam em seus próprios setores, de forma que a cozinha da casa não ficava tão cheia como provavelmente ficaria se todos estivessem presentes. Mesmo assim, era uma bagunça só. As crianças comiam sentadas no chão da sala e alguns jovens sentavam na amurada da varanda. Taehyung colocou a comida, mas não achou lugar. Felizmente, Minjae estava por ali e o chamou para a varanda. Os dois sentaram na escada e almoçaram na brisa.

— Aqui é bem fresquinho — comentou Minjae, com a boca cheia. — Bem melhor que lá dentro.

Taehyung olhou ao redor e procurou Morango, mas ela não estava ali.

— É mesmo — concordou ele, também com a boca cheia. Não ter modos era uma experiência diferente para um juiz. Alguma hora, Taehyung notou que Minjae estava comendo rápido demais. — Ei, calma, você vai engasgar desse jeito.

— Eu tenho que ir rápido. Muita coisa pra fazer.

— Imagino. Você faz de um tudo por aqui, não é?

— É isso aí. Nunca sei o que vou fazer no dia seguinte, cada dia é uma aventura! Hoje, por exemplo, tenho que consertar o telhado dos estábulos, depois vou buscar as embalagens dos ovos, depois tenho que passar na plantação de morangos para buscar os caixotes e levar para a distribuição…

— Eu posso fazer isso pra você — disse Taehyung, prontamente.

— Tem certeza? É um trabalho meio pesado. Você tem que pegar todos os caixotes no armazém de morangos, que fica do lado da plantação, arrumar na carroça, fechar e montar no cavalo para levar para o centro de distribuição. Lá, você ajuda a tirar tudo. Eles vão ter que refazer as carroças, porque elas são sortidas. Mas você pode deixar a carroça lá mesmo.

— Tranquilo — disse Taehyung, sorridente com a esperança de ver Morango. — Posso fazer isso por você.

— Agradeço muito. Mas ainda tenho que comer rápido — disse Minjae, rindo um pouco. Ainda lhe restavam muitas tarefas.

Depois de almoçar, os dois caminharam juntos até os estábulos. Minjae preparou o cavalo e a carroça de Taehyung e lhe deu as últimas explicações antes de começar o conserto.

— Ah, aqui. Leve um chapéu. Você vai precisar.

Taehyung conduziu o cavalo e a carroça até a plantação de morangos. Ele já conhecia bem o caminho. Logo que chegou, avistou a Morango. Dessa vez, ela olhou para ele. Taehyung desceu, sorridente, e começou a desfazer as amarras da carroça vazia. Quase tomou um susto quando a Morango apareceu do lado dele.

— Cadê o Minjae? — perguntou ela, sem cerimônias.

— Ah, ele… Ficou nos estábulos para…

— Tá. Vou pegar os caixotes — disse ela secamente, saindo.

— Eu te ajudo — prontificou-se Taehyung, e foi atrás dela. Morango parou e olhou para ele por cima do ombro. Ela parecia ainda mais impaciente naquele dia. O olhar dela deu um pouco de medo em Taehyung. Ela estava com o cenho franzido, mas de repente ela riu levemente como se Taehyung fosse uma piada.

— Seria bom se você trouxesse o cavalo para perto do armazém, não acha?

— Ah, sim, eu vou fazer isso.

Levemente atrapalhado, Taehyung puxou o cavalo pelas rédeas acompanhando Morango. Depois de quatro dias, ele ainda não havia formulado algo bom para dizer a ela, mas decidiu começar com algo mais natural.

— Ah, eu estava querendo falar com você sobre ontem…

— Hora de trabalhar não é hora de conversar, V.

Taehyung parou, completamente abismado. Mas que loucura era aquela? Como ela poderia saber seu antiquíssimo stage name, se ele nem sabia como se dirigir a ela? Ficou com um pouco de raiva por isso, ainda mais sendo proibido de conversar.

Parou a carroça bem em frente à abertura do pequeno armazém e terminou de abrir a carroça, enquanto Morango trazia o primeiro caixote.

— Eu posso ao menos saber o seu nome?

— Não — disse ela, friamente, colocando o caixote no canto da carroça.

— Mas você sabe o meu. O meu stage name. Isso é uma injustiça…

— Eu disse que não é pra conversar — repetiu ela, mais alto. — Você não ouviu?

— Por quê?

— Porque você não sabe falar e trabalhar ao mesmo tempo.

— Claro que sei.

— Então por que está parado?

Taehyung abaixou a cabeça e foi para o armazém. A garota que ele tanto amava o estava conseguindo entristecer na primeira conversa.

Ele e Morango carregaram alguns caixotes para a carroça antes que ela se pronunciasse novamente.

— Não fica com essa cara — disse ela. O tom estava um pouco menos agressivo. Um pouco mais explicativo. — Eu não quero que você fique triste. Mas é assim que as coisas funcionam aqui na fazenda. Há muito trabalho a ser feito agora. Teremos outras oportunidades para conversar, está bem?

Taehyung sorriu. Ele tinha que compreender o lado dela, afinal. Eles eram muito diferentes. Taehyung morava no luxo do Juízo, um trabalho intelectual que o obrigava a ser extremamente cordial. Morango morava na simplicidade da fazenda, com seu trabalho braçal que a fazia ser ativa e arrogante, sem tempo ou paciência para lidar com novatos. Por outro lado, por que ela tinha que ser tão misteriosa? Ela sabia muito sobre ele, e não podia dizer nem seu nome. Sabia cantar War of Hormone, sabia seu nome de palco, e nada disso Dahae poderia ter contado, ela também não sabia.

Ah, mas nada daquilo importava. Eles estavam trabalhando juntos, e teriam outras oportunidades. A única coisa que preocupava Taehyung era seu tempo que já estava na metade.



Durante a troca, não houve dia mais agitado na Casa do Juízo que o quinto.

O dia começou bem cedo. Antes mesmo que Sunghee e Michung se levantassem, os juízes e Yumii já estavam trancados dentro da sala, discutindo o caso 7.

Sunghee não desanimou-se e foi para a cozinha cumprir seu propósito. Deixou aos espectros o pedido para informarem Michung onde ela estava, quando a hóspede despertasse. Depois de algum tempo de trabalho, Sunghee recebeu Michung, e elas ficaram fazendo companhia uma à outra.

Não houve nenhuma brecha. Os sete foram da sala de reuniões para o julgamento de um dos membros, que estendeu-se para a tarde, e voltaram à sala de reuniões. Tudo foi tão rápido que Sunghee já estava aflita por não ter nenhuma chance para finalizar sua missão. Ficou sentada na porta esperando ansiosamente que alguém a abrisse. Não queria interromper como da outra vez, pois não era urgente. Apenas sua missão.

Lá dentro, as coisas estavam pegando fogo. O bate-boca era intenso pois a discussão era banhada a dúvidas e opiniões contraditórias.

— Eu tenho certeza de que você já falou disso, hyung — disse Jungkook.

— Mas quando foi isso? — perguntou Namjoon, completamente confuso.

— Eu não sei — disse Jimin. — Você usou um livro seu, eu também lembro.

— Mas que raio de livro é esse?

— Um de capa amarela — lembrou Jungkook. — A Flor num sei do quê.

— A Flor do Sol Poente. Caramba, é isso mesmo.

— Tá, o que esse livro dizia mesmo? — perguntou Yumii.

— Alguma coisa sobre o coma. Eu não lembro.

— Consulta, ué — disse Yoongi.

Namjoon foi para a prateleira da lareira.

— Eita, ele não tá aqui. Levei pra biblioteca tem uns dias.

— Só voa — disse Jimin.

Namjoon saiu velozmente da sala e abriu as asas, rumando para a biblioteca. Não deu nenhuma atenção para Sunghee. Quando ela levantou, ele já estava dobrando no próximo corredor. Já com raiva da situação toda, ela ficou em frente à porta com as asas abertas.

O oppa voltou em poucos minutos. Ao olhar a expressão brava de sua aprendiz, ele parou.

— Sunghee — disse ele, um pouco ofegante com a correria. — Eu preciso muito entrar.

— Eu sei, mas isso aqui também precisa muito entrar. Você pode levar pra mim?



A discussão continuava fervorosa quando Namjoon colocou o livro de capa amarela sobre a mesa. Os seis pararam a conversa ao perceber que o livro tinha virado bandeja para um cupcake de forminha rosa decorado com uma rosa de pasta americana.

— Que isso, Namjoon? — perguntou Jin, que estava levemente irritado com aquela coisa toda.

— É um cupcake muito fofo, não tá vendo?

— Foi você quem fez isso?

— Olha a minha cara de quem fez um cupcake em dois minutos, hyung.

— Você não faz nem no tempo normal, onde arrumou isso?

— Sua sobrinha tá há duas horas atrás da porta esperando pra te entregar. Ela disse que sabe que não dá tempo de entrar, nem cantar parabéns, mas é o mínimo que ela pode fazer. Pra te agradecer. E é isso.

Imediatamente, um floco de luz entrou na sala e desapareceu no coração de Jin, que pegou o cupcake sem deixar ninguém ver que seus olhos se enchiam de água.

— Obrigado pela entrega, Namjoon. Vamos continuar a reunião.

— Não — disse Jungkook, levemente indignado. — É o aniversário de vocês, a reunião pode esperar.

— Não, não pode — insistiu Jin. — A situação está crítica, Jeon Jungkook. Minha irmã, eu te dou os parabéns pelo nosso dia, mas infelizmente é só isso hoje. Pelo menos pra mim. Você não tem nenhuma obrigação de estar aqui, você não é juíza. Pode passar o restinho do seu aniversário com sua filha.

— Mas estamos sem um juiz — lembrou Yumii. — Eu sei que você é muito bondoso, mas não pode levar o peso todo nas costas, liberando Taehyung, Hoseok e agora eu. Ninguém está dispensável.

— Tá, saia mais cedo, pelo menos — concordou Jin, pondo fim à conversa. — Gente, temos que andar com isso, eu não aguento mais.



Taehyung estava comendo um delicioso pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Hyeri sabia cozinhar muito bem.

De repente, ele viu o destino novamente conspirando a seu favor. Morango passou na cozinha, pegou um pedaço e disse a Hyeri.

— Vou dar uma volta.

Taehyung raspou o restinho de bolo e foi atrás dela. Se ela ia dar uma volta, não era trabalho. Era permitido conversar.

Eram por volta de quatro da tarde. Morango pegou o caminho andando, e Taehyung foi mantendo uma distância segura. Ela foi seguindo para o oeste, passando pelas diversas plantações e cumprimentando os conhecidos. Conforme ela se afastava da área mais concentrada, a brisa começava a bater suavemente no tecido de seu vestido. Taehyung reparou, então, que nunca a tinha visto com o cabelo preso daquela forma, em um coque, e não em uma ou duas tranças. Aquele era o quinto dia e ele ainda não sabia o verdadeiro nome da Morango.

Ela subiu em uma colina que parecia ser o limite da área mais concentrada, e então pôs-se a correr colina abaixo. Taehyung subiu cautelosamente por uma área cheia de árvores, assim chamaria menos atenção. Do outro lado da colina, depois de mais alguns metros de grama, estava um dos lagos da fazenda.

“Então ela gosta de água”, pensou Taehyung. “Isso é um excelente sinal”.

Morango chegou à beira, tirou as botas e, quando Taehyung achou que ela não poderia ficar mais linda, soltou os cabelos cacheados. Em seguida, foi entrando na água, sem nenhuma pressa. Tudo na fazenda era muito corrido, então Taehyung compreendeu perfeitamente que aquele momento fosse só dela, sem hora.

Por muito tempo, ele ficou apenas observando-a. Viu-a nadar, mergulhar e boiar, mas o mais importante, viu-a despir a máscara que tornava-a fria e arrogante. Aquela era uma menina sem preocupações, sem problemas, sem tarefas. Aquele sorriso vermelho continuava impressionante. Os cabelos molhados continuavam cacheados, acumulando várias gotinhas.

Então, Taehyung decidiu brincar com ela. Ele não precisou fazer muito. Apenas levantou a mão e a água o obedeceu. Alguns feixes levantaram e rodopiaram ao redor dela, deixando-a maravilhada. Taehyung segurou o riso. Ela parecia uma criança, completamente divertida, completamente diferente do que aparentara ser.

E ainda mais encantadora.



Quando a reunião acabou, Jin foi imediatamente atrás de Sunghee. Perguntou a um espectro, que disse que Yumii a havia colocado para dormir. Ele foi até o quarto da sobrinha, e encontrou a irmã no caminho.

— Eu só vou dar um beijo nela — garantiu ele, preocupado com o sono de Sunghee.

— Talvez ela ainda esteja acordada, orabeoni.

Nesse momento, Jin notou que Yumii segurava um pedaço de papel dobrado; certamente era o presente da filha.

Jin entrou no quarto devagar. Assim que fechou a porta, se viu no escuro, mas logo uma luz brilhou acima dela, que o observava com seus olhinhos amendoados que piscavam de sono.

— Desculpa. Eu sei que é hora de você dormir. Mas eu precisava vir aqui. — Jin andou cautelosamente até ela e ajoelhou-se ao seu lado. Ela acompanhava-o com os olhos. Jin estivera o tempo todo tentando não chorar, desde que recebera o cupcake, mas sabia que não precisava fingir pra ela. Ele fez sua confissão bem baixinha e lenta, como deveria ser um segredo. — Eu vim dizer que seu cupcake estava delicioso. Vim agradecer pelo seu carinho. E também vim reforçar que você é muito especial pra mim. Você é a melhor coisa que já me aconteceu, minha princesa. Eu te amo muito, tá? Muito obrigado por cuidar de mim.

Sunghee levantou-se devagar, ignorando o soninho que já se acumulava. Passou os dedinhos pelos olhos de Jin e abraçou-o muito forte.

Ela não precisava dizer nada, pois aquilo já era a resposta. Aquele floco de luz transmitira a Jin um sentimento que nenhuma quantidade de palavras poderia descrever.


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Notas finais do capítulo

Esse finaaal ♥ ♥ ♥



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