Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 16
Como desenrolar com uma garota em 2 dias


Notas iniciais do capítulo

Postando cedinho pra vocês.
Agora sim esses meninos vão botar a mão na massa.
Tá chegando a hora de descobrir qual é o verdadeiro nome da Morango.



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Taehyung decidiu tirar o dia para não ir atrás de Morango. Não a viu o dia todo, mas estava feliz pela companhia dos pais no campo de trigo. Era uma sensação de segurança e tranquilidade da qual ele sentia muita falta. Quando ficava pensando muito na Morango, acabava sentindo-se culpado. Não foi pra isso que ele foi na fazenda. Uma coisa era mágica: quanto mais ele se achava culpado por ir atrás da Morango em vez de ficar com seus pais, mais Dongwon e Dahae perguntavam como ele estava indo nisso. Receber o apoio deles fez toda diferença.

Acontece que, quanto menos Taehyung esperava por Morango, mais ela aparecia.

— Annyeong — disse ela, surgindo atrás dele. — Desculpa atrapalhar o seu trabalho. Só vim dizer que vou voltar hoje ao lago, então você será bem-vindo, desde que não fique escondido. Até logo.

— Quê, mas…

— Hora de trabalho não é hora de conversar — repetiu ela, segurando o riso ao se afastar.



Hoseok não queria passar do sexto dia. Estava determinado a aproveitar o último dia de Michung na Casa como seu namorado, então aquele dia pedia medidas drásticas. Algo muito, muito especial. Decidiu pedir ajuda à genial Sunghee para ter alguma boa ideia.

— Estou com várias ideias — admitiu Hoseok — mas são todas clichês.

— Talvez não devesse fugir dos clichês, oppa. Michung é uma menina que passou a vida inteira em uma cama. Tudo o que ela fez de mais especial foi através de ficção, ou de sonhos… Talvez devesse tornar o sonho dela realidade.



Morango saiu correndo na frente de Taehyung. Parecia ansiosa por um instante de diversão. Ela alcançou o topo da colina antes que ele começasse a subir. Quando ele chegou ao topo, ela já estava tirando as botas, e logo entrou na água. Finalmente, ele chegou à beira, e ela estava brincando sozinha, jogando a água para cima, novamente como se fosse uma criança. Taehyung ficou admirando-a, pensando em como ela tinha sido fria o tempo todo, mas ali se entregava, mesmo sabendo que ele estava por perto. Como será que ela sabia que ele estava ali ontem? O melhor palpite de Taehyung era que ela era uma telepata. No mínimo uma dona da verdade, tipo o Jimin.

De repente, ela parou e olhou pra ele com a mesma expressão de mau-humor de antes.

— Você vai ficar aí parado? Veio só pra ficar me olhando? — logo depois, a expressão se desfez em um sorriso divertido. — Entra logo, garoto!

Taehyung viu aquilo como uma ordem que deveria ser seguida depressa, como se ele fosse um soldado. Tirou as botas e a camisa xadrez e entrou na água. Estava gelada, então ele evitou se molhar, a princípio, andando devagar com os braços na altura dos ombros.

— Mas que frescura! — debochou Morango, antes de jogar pra cima dele. Instintivamente, Taehyung fechou os braços e a água voltou todinha pra cima dela, que abriu a boca com falsa indignação. — Como ousa me atacar dessa forma?

— Eu só me defendi — respondeu Taehyung, rapidamente, embora já esboçasse um sorriso com aquela situação toda.

— É mesmo? E até quando vai ficar só na defensiva, Taehyung?

Ele entendeu perfeitamente a indireta. Durante todos aqueles dias, Taehyung não havia feito grandes coisas para investir em Morango. Aquele era o momento.

Taehyung fez cara de quem se sente desafiado, e começou a guerra de água. Ele levou toda a vantagem, dominando o elemento e atacando-a sempre. Morango percebeu que nunca iria ganhar dele daquele jeito, então mergulhou e nadou para outro ponto qualquer do lago. Só que Taehyung conseguia sentir toda a água então sabia exatamente onde ela estava, e a seguiu. Morango emergiu bem mais à frente, e assustou-se com ele.

— Eu posso estar na sua fazenda — brincou ele. — Mas a partir do momento em que você entra na água, é você quem está no meu território.

— Guerra de água com um dominador de água não tem mesmo graça nenhuma — disse ela, nadando tranquilamente ao redor dele. — A não ser que eu descubra um ponto fraco.

— Você pode tentar — disse Taehyung dando de ombros. Ele sabia que ela era seu pior ponto fraco no momento.

Naquela hora, ela estava atrás dele, então tentou fazer cócegas.

— Ah, você acha mesmo que eu sinto cócegas? — perguntou Taehyung, resistindo ao máximo, enquanto ela salpicava seus ombros com as pontas das unhas.

— Acho — confirmou ela, aproximando os dedos de seu pescoço. Taehyung foi encolhendo os ombros, até que não aguentou mais e puxou-a pelos pulsos, trazendo-a para a frente. Segurou-a pela cintura, mantendo-a perto dele.

— Ué, acabaram os ataques com água? — perguntou ela naturalmente, como se estar nos braços de Kim Taehyung fosse a coisa mais normal do Segundo Mundo.

— Você tá me devendo umas respostas, moça. Você disse que trabalhar não é hora de conversar, etc, etc… Mas não estamos trabalhando. Você ainda não me disse o seu nome, nem como conhece a letra de uma música que não foi divulgada, nem como sabe que eu estava aqui ontem.

— Não tem outro dominador de água nessa fazenda.

— Mas como você sabe que eu domino água?

— Eu não posso te contar. É um segredo.

— Isso não é justo.

— Eu queria te contar, queria mesmo... Mas eu fiz uma promessa, e não posso quebrá-la.

— Aish, você é misteriosa demais.

— E você fala demais.

Sem esperar que Taehyung retrucasse novamente, Morango agarrou seu pescoço e beijou-o intensamente.

Depois disso, não houve mais tempo para palavras naquele pequeno lago.

 

Quando era quase hora de ir embora, Taehyung estava boiando com a ajuda de Morango. Mantinha os olhos fechados e o sorriso no rosto. Poderia preocupar-se com o que seria quando chegasse o pôr-do-sol do amanhã, quando a troca chegasse ao fim e ele tivesse que voltar à Casa do Juízo, voltar ao trabalho sem tempo para o lago do jardim, voltar à presença dos seus amigos e da sua irmã, e à ausência dos seus pais e da única garota por quem ele se apaixonou. Mas ele preferiu pensar só no presente. Só naquele momento em que ele tinha a Morango, a garota sem nome. Ele não ousou perguntar nada. Estava seguro de que ela diria o que desejasse que ele soubesse. O nome dela poderia ser qualquer um, já que ela era ocidental, ou no mínimo uma descendente. Poderia ser de qualquer época, também. Aquela incerteza, aquele mistério, deixava as coisas ainda mais incríveis para Taehyung. Ele precisaria de muito tempo para descobrir quem aquela garota realmente era.

Taehyung pensou em algo que ela precisasse saber antes de qualquer coisa continuar. Alguma coisa que poderia fazê-la ter dúvidas sobre ele, porque qualquer dúvida deveria surgir o mais rápido possível. Pensou em contar sobre seu trabalho e o Juízo, mas ela deveria saber daquilo, se sabia que ele era um dominador de água. Lembrou-se logo dos olhares que o deixaram desconfortável durante seu primeiro e único voo naquela fazenda. Essa foi sua escolha. Ele abriu os olhos, e flagrou-a admirando-o.

— Eu preciso te contar uma coisa — disse, logo. — Algo em que eu sou diferente, e quero que você saiba logo.

— Você é diferente em muitas coisas.

— É. Eu sou. É que… Quando eu morri, não fui salvo imediatamente. Abraxas tirou minhas asas. Só depois elas nasceram novamente. Só que…

Taehyung não conseguiu completar, porque estava boquiaberto. Pela primeira vez, sua menina abria as asas que a deixavam ainda mais linda. Quando Taehyung achava que não podia ficar mais apaixonado, Morango lhe mostrava suas asas, iguais às dele.



Yumii pegou na penteadeira a segunda joia. Era um adereço de cabelo feito com cristais que se arrumavam em forma de flores de cerejeira. Tinha um tipo de pente para prender o cabelo. Yumii o colocou do lado direito do cabelo de Michung, puxando-o para trás. Era o toque final do penteado, com uma joia de cada lado.

— Você está pronta — informou.

Michung se levantou e deu uma olhada no espelho vertical. Estava usando um vestido azul marinho cheio de pedrinhas.

— Acha que ele vai gostar, unnie?

— Eu tenho certeza que sim, querida. Sabe o caminho para o hall de entrada?

— Sim. Kamsahaeyo, unnie.



— Eu não deveria fazer algo diferente no meu cabelo, Jungkookie?

— Não, acho, hyung… Você já é ruivo, quer fazer mais o quê, colocar purpurina?

— Não — disse Hoseok, rindo. — Pensei em pentear de um jeito diferente. Tipo, pentear pra frente.

— Não, acho que fica melhor pra trás.

— Tudo bem, eu vou confiar no meu único amigo casado.

— E o único que tem uma filha.

— E o único que é golden maknae.

— Isso. Agora coloque o casaco, hyung, ou vai se atrasar.



Hoseok e Michung encontraram-se no hall de entrada, vindos de portais opostos. Ambos tentaram esconder seu encantamento ao ver o outro. Andaram até o centro do hall, onde Hoseok ofereceu seu braço. Lentamente, eles andaram para o portal de saída e desceram as escadas.

O jardim estava muito diferente da primeira noite em que Michung estivera ali. Havia flocos de luz espalhados em todos os lugares, e as flores pareciam emanar um brilho sutil. As sapatilhas prateadas de Michung e os sapatos de Hoseok fizeram barulho nas pedrinhas do caminho até o pátio de Jin. Era feito de mármore e tinha um lírio de quatro pétalas desenhado no chão, mas seu miolo estava escondido por uma mesa redonda de carvalho escuro, que estava  posta e tinha uma cadeira de cada lado. Entre cada par de pétalas havia um pilar entalhado e envolto com vinhas, que espalhavam-se para a cobertura do teto, formada por quatro circunferências, dos quais cada um saia de um pilar.

Hoseok puxou a cadeira para Michung e sentou-se na outra. Imediatamente, dois espectros entraram por uma abertura na cerca viva que ficava atrás do pátio e serviram o jantar. A todo momento, um piano tranquilo e lento tocava baixinho. Durante o jantar, os dois conversaram muito sobre a vinda de Michung, sua estadia, as aulas de voo que tivera com Sunghee e também como seria sua vida na fazenda. Por último, os espectros serviram a sobremesa.

Ao fim do jantar, Hoseok continuou a conduzir sua acompanhante pelo jardim. Novamente, pegaram o Caminho de Sunghee e chegaram ao chafariz. A água ficou cada vez mais azulada e começou a brilhar. Logo, tomou forma. Pequenos feixes elevaram-se nas bordas e criaram uma amurada. Oito deles continuaram a subir, mais grossos, enquanto a escultura central elevava-se e mudava de forma, abrindo-se para formar o telhado em cone. Mais um pouco de água transbordou pela frente, desenhando uma escada que solidificou-se em diamante. Assim formou-se o Coreto de Diamante.

Tentando esconder sua surpresa, Michung foi levada por Hoseok para dentro do coreto.

— Será que você pode me conceder a honra de uma dança? — pediu Hoseok, estendendo a mão.

— Desde que você não se importe com o fato de eu ser uma completa desastrada. Você sabe que eu praticamente nunca dancei antes.

— Praticamente?

— Só quando eu era muito pequenininha. Meu appa me colocava sobre os pés dele e nós dançávamos, mas eu nem me lembro direito.

— Posso?

Michung hesitou um pouco, sem entender a proposta.

— Pode — disse ela, como se ele não precisasse de autorização.

Hoseok passou o braço direito pelas costas dela e a levantou. Ela, por sua vez, colocou os pés sobre os sapatos dele, a mão direita sobre seu ombro e a mão esquerda em sua mão. A música fez-se mais alta, e eles dançaram. Michung sentiu novamente que estava voando, e dessa vez era um voo muito especial. A música não era só piano, tinha algo de instigante e emocionante nela. As luzes que se espalhavam ao redor como vagalumes deixavam tudo ainda mais mágico. Mas a melhor coisa de tudo era olhar para Hoseok e para o brilho em seus olhos, ter certeza de que ele estava ali, e de que estava sentindo o mesmo que ela.

Em um momento, Michung quase escorregou dos pés de Hoseok e, em um reflexo, soltou a mão que segurava a dele e apoiou em seu ombro. Passado o susto, ela riu.

— Isso definitivamente não é uma dança normal, oppa. Acho que vou precisar de algumas aulas para aprender.

Hoseok riu um pouco, feliz em saber que ela desejava continuar ao seu lado. Agora, suas duas mãos estavam na cintura dela. Ela apoiou a cabeça em seu ombro. O ritmo da música era lento enquanto eles continuavam a dançar.

— Oppa… — sussurrou ela. — Obrigada por realizar meus sonhos.

— Aigoo, você já realizou todos os seus sonhos?

— Não todos. Mas uma parte significativa. Eu corri. Eu voei. Eu estou dançando. Você entende o quão incrível é isso?

— Nem tudo isso foi por minha causa. Você não precisa de mim para correr e voar.

— Mas… Qual a graça de correr e voar se você não estiver comigo?

Hoseok sorriu e abraçou Michung um pouquinho mais forte por um instante, como se estivesse espreguiçando. Ele era muito feliz por estar com ela. Como ele não sabia como responder àquilo, disse a única coisa que lhe restava.

— Eu te amo tanto, anjinho…

Michung sorriu, toda feliz, e afastou-se um pouquinho dele, apenas o suficiente para que pudesse olhá-lo nos olhos. Ele continuava movendo-se na dança, cada vez mais devagar. Ela segurou o rosto dele, colocando os polegares em suas orelhas.

— Eu também te amo, oppa. — Ela encostou o nariz no dele. — Ninguém vai nos atrapalhar hoje, vai?

Hoseok se permitiu um riso curto.

— Se alguém aparecer, eu não vou ligar. Nada pode estragar isso. Eu quero dizer para os dois mundos inteiros que você é o amor da minha morte, Oh Michung.

Ela não aguentou mais. Cruzando o pouco caminho que restava, Michung deu início ao beijo pelo qual os dois esperaram ansiosamente, não por seis dias. Por muito mais tempo. Os beijos eram interrompidos por respirações e risadas, porque não havia ninguém no Segundo Mundo que se divertisse mais do que aqueles dois, e não havia nada que pudesse deixá-los mais felizes.

Por enquanto.



O dia amanheceu agitado na Casa do Juízo. Começou com uma reunião rápida de uma hora para decidir as últimas coisas para o julgamento de Youngjae, o quinto do 7 a morrer. Assim que entrou na sala, Hoseok foi chamado por Jin.

— O que foi? Deixei alguma bagunça no seu jardim?

— Não. Chegou um novo carregamento de ingredientes hoje. E isso estava junto com os morangos.

Hoseok pegou o envelope nas mãos de Jin. Atrás, lia-se: “Para Jung Hoseok. Entregue a Jung Hoseok. Não abra se não for Jung Hoseok”.

— O que você acha que é? — perguntou ele, intrigado.

— Eu não sei. Yoongi não chegou ainda, você deve ter alguns minutos para ler isso.

Hoseok sentou no sofá e abriu o envelope, ansioso. Leu-o rapidamente. Depois, levantou-se e foi novamente a Jin.

— Hyung, eu faço o que você quiser, mas me libere às 16h!

— Ah… Por que você tá me pedindo isso? O líder tá ali, ó…

— Ah, agora eu sou o líder? — perguntou Namjoon, com uma mistura de sarcasmo e humor. — Você tomou as rédeas da situação desde que começou esse problema com o 7.

— Sinto muito, Namjoon, mas você não está tratando isso com a seriedade que a história merece.

— Você que tá se preocupando à toa, hyung. Abraxas está na inexistência e Chung Ho no Brasil, isso tudo não passa de coincidência.

— Ele está mesmo no Brasil? — perguntou Jin a Hoseok.

— Eu chequei… antes de ontem. Está sim.

— Chegueeei, gente, desculpa a demora.

— Alguém dormiu mais que a cama de novo — zombou Jungkook.

— Muito engraçadinho — retrucou Yoongi, sem paciência nenhuma.

— Então, gente, tô liberado ou não?

— Está — disse Jin.

— E vai ter castigo, mesmo? — provocou Jimin, e nisso olhou para Hoseok. A expressão dele mudou na mesma hora. Ele tornou-se sério e olhou para Yoongi, mas desfez antes que alguém percebesse.

— Depende — disse Jin. — Se a liberação valer à pena, não tem castigo. Mas se não valer… Vou pensar numa coisa muito boa, pra você, Jung Hoseok!



Eram 16h. As coisas estavam normais na Casa do Juízo (na medida do possível para quem está desenvolvendo um caso complicado), mas não era lá que estavam Hoseok e Michung. Os pés descalços mal tocavam a areia morna enquanto eles corriam na praia. Michung não sabia que era possível haver praia em um mundo composto basicamente por ilhas flutuantes, mas não questionou. Outro de seus sonhos quando viva era ir à praia, coisa que ela só fez quando pequena. Hoseok agradeceu mentalmente a Jimin pela informação, embora a ideia não tivesse sido exatamente deles. O pique-pega fluía muito bem na praia, Michung só caiu algumas vezes, nada que pudesse abalar sua estrutura. Vez ou outra, desviavam para a beira do mar, e a corrida fazia as gotas salgadas se espalharem como chuva. Michung estava com os cabelos curtos presos em uma maria-chiquinha, e os dois usavam lindas roupas de banho à moda do Juízo.

Depois de algum tempo de brincadeira, já sem as mesmas energias do início, os dois se estabacaram no chão de novo, como no primeiro dia. Mas tudo era diferente quando não existiam mais sentimentos a serem escondidos, então ficaram ali, se beijando entre respirações longas e ofegantes para recuperar o fôlego perdido na correria.

— Aigoo, vocês nem esperam os amigos e já começam a festa, é isso? — eles ouviram a voz distante e olharam para o lado. Taehyung vinha adiante, carregando a garota desconhecida nas costas. Hoseok se levantou e ajudou Michung a levantar.

— Pelo visto as coisas deram certo pra você, hyung — disse Taehyung, ao chegar mais perto, enquanto Morango descia de suas costas.

— Sim, deram. E você, não vai me apresentar sua nova amiga?

— Namorada — corrigiram os dois, em uníssono.

— Michung, Hoseok Hyung, — disse Taehyung. — Essa é minha namorada, Géssyca.

— Mas podem me chamar de Geh.

— Ela é brasileira — acrescentou Taehyung.

— Ah, nós temos um amigo no Brasil — lembrou Hoseok, brincando com Taehyung.

— Não se preocupe, eu já estou aqui há muito mais tempo que seu caro amiguinho está no meu país — tranquilizou Géssyca.

— Bae, esse é meu amigo Hoseok, e esta é Michung, sua amiga.

— Namorada — corrigiram os dois, em uníssono.

— Mas então, Hoseok, você quer casar comigo ou não? — perguntou Taehyung.

As meninas fizeram cara de espanto.

— Eu achei uma excelente ideia, Taetae — afirmou Hoseok, com segurança.

— Mas que história é essa? — perguntou Géssyca, sem entender nada, apesar de saber muito bem que não era o que ela estava pensando.

— É bem simples — disse Taehyung, virando-se para ela. — Morango Noona, você quer me visitar às vezes ou quer morar comigo para sempre?

Géssyca hesitou, esboçando um sorriso de surpresa. Ela não estava certa de que aquilo era a coisa certa a fazer, mas o amor por Taehyung foi maior que suas inseguranças.

— Para sempre, meu amor — disse ela, emocionada, jogando todas as consequências no mar.

Hoseok repetiu o processo.

— Michung, — disse ele. — você quer me visitar às vezes ou quer morar comigo para sempre?

— Ah, oppa… Você já realizou muitos dos meus sonhos. Morar com você para sempre seria realizar o maior deles.

— Esses sete dias têm sido os melhores para mim e para Taehyung. Nós não temos nenhuma intenção de desfazer a troca. Queremos a eternidade com vocês — explicou Hoseok. — Para isso acontecer, só falta uma coisa. Para morar na Casa do Juízo, é preciso ter uma razão. Por exemplo, ser casada com um juiz.

— Então, o que vocês me dizem? — perguntou Taehyung, abraçando Géssyca bem forte. — Casamento duplo?

— Casamento duplo! — afirmou Michung, dando pulinhos.

— Casamento duplo — concordou Hoseok, segurando seu anjinho.

— Casamento duplo — disse Géssyca, colando sua bochecha na bochecha do noivo.

— Que ótimo — disse Taehyung. — Estava com medo de dar errado. Agora podemos ir pra água?

— Estava esperando ansiosamente por isso — revelou Michung.

Os quatro correram para a água e brincaram pelas horas que lhes restavam. Só voltaram para casa depois de assistir ao pôr-do-sol. A notícia foi dada aos demais membros assim que a reunião terminou. Jin concluiu que a liberação valeu à pena.

— Eu estou sempre querendo que a minha irmã se divida em três, mesmo… Você se livrou do seu castigo, Hoseok.



Eram quatro da manhã. Yoongi estava sentado na sacada de um dos halls, fitando o breu da ilha e as luzes longínquas das outras ilhas, até que ele notou a presença de alguém atrás dele. Mas não se virou.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ele, impaciente.

— Eu recebi seu bilhete — respondeu Géssyca.

— Refiro-me à Casa do Juízo — disse ele, virando-se para dentro.

— Você não prestou atenção ao anúncio? — perguntou ela, igualmente fria. — Eu moro aqui, agora. Eu vou me casar com Kim Taehyung.

— Você não podia ter feito isso. Não podia, Geh Noona, você sabe que é perigoso. Sabe que ninguém pode saber.

— Mian. Eu sei que seu segredo é importante pra você, mas pra mim não é mais importante do que o amor que eu sinto por ele.

Yoongi olhou para o lado, e sua raiva tornou-se decepção.

— Eu sei que não posso mandar no seu coração. Mas você sabia que era ele. Devia ter se afastado.

— Eu tentei, Yoongi. Tentei de verdade. Mas é o que você mesmo disse. Não dá pra mandar no coração. — Yoongi apoiou a mão na cabeça. Géssyca notou que ele estava começando a ficar desesperado, então tentou soar mais compreensiva, embora ainda estivesse impaciente. — Olha, você não precisa ficar assim. Já faz três anos, não é hora de…

— Não! — disse ele, duramente. — Eu não quero que ninguém saiba. Nós temos um acordo, Géssyca. Só que agora não adianta mais reclamar das suas ações, está feito.

— Exatamente, está feito. E não é o fim do mundo, Suga. Digo, Yoongi. Se quer ir adiante com isso, é só continuarmos fingindo que não nos conhecemos. E não precisa ser por muito tempo. Só o suficiente para que dois desconhecidos se conheçam.


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Notas finais do capítulo

Quanto mais se revela sobre a Géssyca, mais misteriosa ela fica, né não?
Palpites?



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