Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 14
Como desenrolar com uma garota em 6 dias


Notas iniciais do capítulo

Ainn, eu amo esses caps...



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O dia amanheceu com o cantar dos galos na ilha da fazenda. A família Kim tomou um café reforçado na grande mesa de madeira na cozinha, junto com outros moradores, com quem ficaram conversando.

— Seus meninos começam o trabalho hoje? — perguntou Hyeri.

— Sim — informou Dahae. — Vão me ajudar lá na plantação de trigo.

— Ah, lá é bom!

— Aigoo, já passou da hora, temos que ir voando — disse Dahae, levantando-se. — Vamos!

Os três andaram tão apressadamente pelo corredor que Taehyung acabou esbarrando em uma pessoa que estava indo para o café.

— Mianhaeyo — disse ele, rapidamente, até notar que era aquela mesma menina. Estava pensando em arrumar algo para falar, mas sua eomma apressou-o novamente. Ele reclamou consigo mesmo e foi atrás dos pais.

Dahae, Dongwon e Taehyung foram voando sobre os campos em direção à plantação de trigo. Taehyung não conseguia parar de pensar na menina. Ela finalmente havia olhado para ele, mas aquela deveria ter sido uma péssima primeira impressão. “Quem é esse menino que eu nunca vi e já chega esbarrando em mim?”, Taehyung imaginou ela falando. Ela realmente tinha uma expressão fechada de quem não era muito simpática, mas aquilo não desanimava Taehyung. Ele sentia que havia algo de diferente nela, algo que o chamava de uma forma que nenhuma outra garota chamou antes! Aquilo era tão surreal e encantador! Ele lembrou de tê-la visto tocando violino na fogueira. Ah, que menina mais incrível! E aquele aparente mau-humor deveria ser só charme, como o Yoongi. Eles se pareciam muito nesse ponto.  Assim esperava Taehyung, que conhecia bem o lado escondido do seu amigo.

Antes de dar as primeiras explicações sobre o trabalho no campo de trigo, Dahae teve que explicar os olhares curiosos voltados para as asas deles.

— Não estão acostumados com asas-negras aqui. É melhor vocês manterem as asas fechadas.

O trabalho no campo de trigo seria uma chatice se não fosse a necessidade de interagir com a planta, de entender-se com ela para produzir o melhor efeito. “Jin Hyung ia adorar”, pensou Taehyung novamente. Depois de algum tempo de trabalho, ele decidiu que deveria fazer alguma coisa.

— Eomeoni… Chegou a ver a garota que esbarrou em mim na saída da casa grande?

— Não reparei, filho… — disse Dahae, sem desviar a atenção do trabalho.

— Hum… — murmurou Taehyung, pensativo ao mexer no trigo. — Ela não tem cara de coreana. Nem de asiática, na verdade.

— Temos alguns imigrantes e descendentes aqui, Tae.

— Ah — Taehyung coçou o queixo, pensando no que poderia falar à sua eomma para que soubesse quem era ela. — Ela tocou violino ontem. E… Ela tem lindos cabelos cacheados e castanhos. Usa tranças e às vezes uma faixa no cabelo… E uma boquinha vermelhinha como morango. Ela trabalha na plantação de morangos.

— Acho que sei de quem está falando.

— Sério? — questionou o garoto, animadamente. — Me diz o nome dela, eomeoni!

— Eu não sei o nome dela, só a conheço de vista.

— Aish, eu preciso saber…

Dahae e Dongwon se entreolharam, já entendendo a intenção do filho.

— Por quê? — perguntou Dongwon, escondendo um sorriso. — O que essa menina tem de tão especial?

— Ah, eu não sei, apeoji… Ela… — Taehyung perdeu-se em seus pensamentos. — Ela tem algo muito impressionante que eu não sei o que é. Parece me chamar… Ela é a coisa mais linda que eu já vi. — De repente, Taehyung voltou-se para sua eomma. — Você pode descobrir o nome dela?

— Posso. Mas acho que você mesmo deveria fazer isso, meu filho. Por que não pergunta pra ela?

— Perguntar pra ela? — repetiu Taehyung, duvidoso. — Eu?

— Claro — disse Dongwon, aproximando-se do filho. — Taetae, quando o assunto é amor, você precisa correr atrás! Você tem que… como é que se diz?

— Desenrolar? — perguntou Taehyung, lembrando-se imediatamente do hyung e suas garotas.

— É assim que vocês chamam? Que seja, você tem que desenrolar. Tem que ir se aproximando aos poucos e mostrando o seu valor.

— E não esbarrar nela — acrescentou Dahae.

— Você precisa conversar com ela sobre algum assunto — sugeriu Dongwon.

— Mas que assunto? Eu nem a conheço direito, nem sei as coisas que ela gosta…

— É isso que você tem que descobrir — explicou Dahae. — E tem que fazer isso sozinho.

Taehyung passou todo o dia pensando em uma maneira de falar com a garota, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. No fim do dia, ela estava lá, na fogueira. Parecia uma boa oportunidade, mas ele notou como ela parecia concentrada. Aquele momento era precioso para ela. Achou melhor não interferir, então só escutou e observou-a se deliciar com a música.

Mais tarde, deitou-se na grama e conversou com as estrelas, porque sabia que Sunghee estaria ouvindo.

— Eu não sei como posso estar apaixonado dessa forma. Eu nem a conheço! Não sei nada sobre seus gostos, suas manias, apenas um pouco do seu comportamento. Eu não sei nem o seu nome, mas a chamo de Morango, porque ela tem uma boquinha vermelha de morango e trabalha na plantação. Tudo o que eu consigo ver vem de suas atitudes. É assim que eu sei de suas emoções. Quando a vejo olhando para as crianças daqui, eu sei de todo o amor e dedicação que ela tem para com eles. Quando eu era vivo, ficava pensando que a garota ideal cuidaria muito bem de nossos filhos. Neste mundo eu não posso ter filhos, mas há as crianças eternas, como as que moram pela fazenda. E por enquanto eu ainda tenho a minha pequena irmãzinha. Eu preciso falar com ela, mas isso é tudo novo para mim. Eu não conheço o jeito certo, nem sei se existe um, mas eu vou ter que descobrir. Só tenho mais cinco dias.



— Hoje haverá um mutirão dos jovens para limpar a casa grande — informou Dahae, durante o café. — Você pode ficar aqui, Taetae, enquanto eu e seu appa vamos para o campo de trigo.

Taehyung franziu o cenho. Se o grande objetivo de ir à fazenda era estar com seus pais, por que sua eomma fazia tal proposta?

— Tá — disse ele, hesitante.

— Será só pela manhã — esclareceu ela. — À tarde podemos ficar juntos.

— Huhum. É uma boa ideia — admitiu Taehyung.

— Hyeri, avise ao Minjae que Taehyung vai ajudar hoje — pediu Dongwon, já muito familiarizado com as pessoas da casa. — Nós estamos indo para os campos de trigo.

— O Minjae está no comando? — perguntou Taehyung, levemente irônico, lembrando-se que ele também guiava a cantoria na fogueira com sua viola. — Parece que ele comanda tudo nessa fazenda…

— Ele é um dos membros mais ativos aqui — admitiu Hyeri, rindo.

Dongwon e Dahae foram para os campos, enquanto Taehyung e Hyeri ficaram na cozinha. Logo mais, Minjae apareceu e pegou uma maçã na cesta que ficava no centro da mesa. Hyeri aproveitou para notificá-lo.

— Minjae, o Taehyung vai participar do mutirão.

— Que boa notícia — disse ele, ao morder a maçã. — Estamos nos reunindo na varanda. Você será bem vindo no time da vassoura.



Taehyung não gostou do time da vassoura.

Como um bom dominador de água, ele achou que seria mais produtivo se ficasse no time do balde, mas decidiu não contestar a decisão de Minjae. Gostou ainda menos quando percebeu que a Morango estava no time da esponja, que não tinha nada a ver com vassoura.

O líder distribuiu bem os times pelos cômodos, cada um com suas tarefas. A limpeza foi bem mais divertida do que Taehyung imaginava. Ele conversou com os jovens do seu time e fez algumas amizades. Conheceu bastante sobre eles, que eram divertidos e incríveis, mas no fundo estava decepcionado. Seria perfeito se ela estivesse no seu time. Não precisaria ganhar coragem, nem pedir desculpas, tudo estaria em um contexto perfeito.

Eles estavam há alguns minutos limpando a sala de estar, quando chegou o time da esponja. Taehyung sentiu-se nervoso na mesma hora, mas ignorou a sensação. O time esponja começou o trabalho normalmente, conversando em voz baixa, ao contrário do alvoroçado time vassoura. Uma das meninas, Mina, tinha aberto as asas e estava voando para tirar as teias do teto altíssimo. Ela vinha perguntando sobre os hobbies de cada um e dirigiu a pergunta a Taehyung. Ele deu uma olhada para Morango, que estava ali, concentrada em seu trabalho, mas torceu para que ela ouvisse. Foi sincero, porque sentia que tinha muito em comum com ela.

— Nos últimos anos minha maior diversão tem sido ficar ao lado da minha irmã mais nova.

— Você tem uma irmã mais nova? — perguntou um menino, admirado.

— Bom, minha irmã mais nova está viva. Mas eu moro com meus amigos, e o maknae tem uma filha, que é como uma irmã para mim.

— O que vocês fazem juntos? — Mina voltou a perguntar.

— Ah, de tudo. Nós brincamos de correr, nadamos no lago, e também… Nós gostamos muito de cantar.

— Você canta? — todos começaram a perguntar.

— É, eu… tinha um grupo.

— Aigoo! — todos começaram a impressionar-se, até que começaram a pedir que ele cantasse.

— Vocês querem uma música bonita ou divertida? — perguntou ele.

— Fala sério, estamos limpando a casa, queremos uma música divertida — disse um menino mais novo.

Taehyung tinha várias músicas em seu repertório, mas não se lembrava de todas as letras. Tinha pensado sinceramente em usar Boy In Luv, a perfeita música da conquista, mas ela havia causado problemas demais para que ele ousasse tentar repetir o método. Então, escolheu War of Hormone. De algum jeito, ela se encaixava no que ele estava vivendo pela primeira vez de forma tão intensa, mesmo que em alguns pontos soasse desesperada demais. Ora, ele estava desesperado. Ele estava no meio de vários jovens. Mesmo que alguns não fossem do mesmo século que ele, todos deveriam ter amado alguma vez, na vida ou na morte.

Seu primeiro objetivo foi atingido: O time vassoura gostou de War of Hormone. Taehyung estava longe de ser um rapper, mas perto de Jimin e Jin Hyung, ele era excelente. Entre os vocais, só não conseguia superar o golden maknae que era bom em tudo, era até rapper de apoio.

Taehyung estava cantando tranquilamente aquela música, e estava até se divertindo, vendo o time vassoura animando-se para o trabalho. Até esqueceu-se da Morango por um tempo. Só que aconteceu, na ponte, a coisa mais inesperada.

— Nugu ttaemune? — perguntou Morango.

— Yeoja ttaemune — respondeu Taehyung, um pouco atrasado pela surpresa.

— Nugu ttaemune? — perguntou ela, novamente, cantando com sua voz doce e azedinha.

— Horeumon ttaemune — ele não conseguia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Como ela podia saber a letra?

— Nugu ttaemune?

— Namjagi ttaemune.

— Namjagi ttaemune?

— Yeoja ttaemune.

A situação se repetiu, crescendo conforme a música chegava ao seu clímax, o falsete do Jimin. Taehyung não estava nem um pouco a fim de fazer a parte do Jimin, mas não precisou. O queixo dele caiu quando Morango, que continuava concentrada no trabalho de limpar a madeira com a esponja, o executava de forma completamente natural.

Depois de tanto ouvir o repetitivo refrão, os jovens dos dois times cantaram o final, esquecendo ou trocando uma ou outra palavra.

Limpar a sala nunca havia sido tão divertido.

Enquanto o time vassoura partia para outro cômodo sem a companhia do time esponja, Taehyung pensava. “Mesmo que ela tenha morrido há pouco tempo, como é possível conhecer War of Hormone tão bem? Nós nem chegamos a divulgar essa canção. Nunca sequer a apresentamos”. Aquilo incomodava Taehyung mais do que o fato de ela não ter olhado para ele a música inteira. Ele concluiu seus pensamentos com uma única determinação.

“Eu preciso saber o nome dessa garota”.


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Notas finais do capítulo

Nugu ttaemune?
Morango ttaemune.



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