Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 13
Como desenrolar com uma garota em 7 dias


Notas iniciais do capítulo

Aiiiin chegoooou! Quero ver o que vocês acham dos poeminhas e dessa personagem nova e misteriosa... Mas NÃO LEIA ANTES DE DAR 100 VOTOS NO BTS!



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Como prometido, o dia seguinte começou agitado. A despedida da família Kim foi rápida, pois os juízes estavam atarefadíssimos. Jin decidiu que deixaria o jantar por conta dos espectros enquanto aquela confusão não terminasse.

Hoseok ficou bastante desapontado com a agenda cheia, mas não havia muito que pudesse fazer a respeito. Agradeceu infinitamente a bondade de Namjoon, que o liberou por uma hora vespertina para “fazer companhia à hóspede”, o que queria dizer que ele teria uma hora para desenrolar com ela. “Não se acostuma”, alertou Namjoon. Hoseok resolveu agradecer levando-a à incrível biblioteca do líder, coisa que ela nunca tinha visto. Ficou completamente encantada.

— Sehun costumava ler para mim de vez em quando. Mas eu nunca vi tantos livros de uma vez só!

— O que você indica pra gente, Sunghee?

— Hum, deixa eu ver…

A pequena ia acompanhando, porque estava praticamente sozinha na Casa. A eomma e todos os outros oppas estavam atarefados, e Michung era sua única companhia. Sunghee voou para as prateleiras mais altas.

— Teremos pouco tempo juntos, então algo curto. Poesias?

— Poesias são ótimas! — concordou Michung.

— Aish, é difícil, aqui tem muita poesia da segunda geração do romantismo… É tudo o que não queremos. Ah, aqui, eu adoro esse!

Ela desceu e entregou o livro para Michung.

— “Coração Ardente” — leu Michung na capa. Hoseok segurou o sorriso. Aquela menina sabia muito bem o que estava fazendo.

— Pode escolher — garantou Sunghee. — Esse livro tem poemas muito bons.

Os três se sentaram nas confortáveis poltronas. Michung folheou o livro e escolheu o poema.

— Vou recitar este.

— Como é o nome? — perguntou Hoseok.

— “Teu”.

 

O Sol derrama a luz do meio dia

Gotejam raios de amarelo calor

Que banham toda a cidade fria

Assim é em mim teu amor

 

Sobre todo grãozinho de areia

Cai a água salgada do mar

Molhando escamas de sereia

Assim é em mim teu olhar

 

Subo no mais alto vulcão

E em jogo nos braços do vento

O ar quente vem do coração

Assim é em mim seu alento

 

Respiro o ar úmido da floresta

Que faz no deserto um traço

Cheguei, a natureza está em festa

Assim é em mim teu abraço

 

Parada, sozinha, no nada

Penso no tanto que te desejo

Quando vem uma quente rajada

Assim é em mim o teu beijo

 

— Aigoo, que lindo! — encantou-se Michung.

— Agora leia um, oppa — pediu Sunghee.

— Tá — disse ele, pegando o livro. Passou algumas páginas. — Lerei “Árvore Oca”.

— Parece bom — disse Sunghee.

 

Eu sou uma árvore oca

Não há nada que me preencha

Apenas este vazio como breu

 

Assim pensava o eu do passado

Mas se traçar um novo olhar

Você verá o nome desse vazio

 

Esse vazio é a sua ausência

Que apodrece a minha casca

E me recorda a eterna sina

 

Eu sei que estou só, e nada pode me salvar

Porque eu sou uma árvore oca

Cheia de saudade tua

 

As folhas mortas se acumulam

Entre as raízes inúteis

Que me aprisionam neste solo

 

Chega a tempestade, e eu não me importo

Nunca esperei por ela, mas não há nada

Que possa elevar minha desgraça

 

Do meio das nuvens veio

O raio milagroso que enfim

Tombou minha casca oca e podre

 

Então nascemos novamente

Eu, uma árvore forte e cheia de folhas

Você, uma folha verdinha no meu galho

 

Eu estou repleto, eu posso sorrir

Mesmo que a distância nos separe

Você faz parte de mim, e isso basta

 

Agora eu sou forte

Eu sei que não vou deixar nada

Arrancar-te de mim

 

Porque você sou eu

É por você que eu vivo

Nesse mundo novo e estranho

 

Você é meu solo

Onde moram as raízes

Que me mantêm de pé

 

Você é meu tronco

Que preenche a minha existência

E me torna forte

 

Você é meus galhos

Que se estendem e alcançam

As folhas verdes de quem me distanciei

 

Você é o prolongamento

Que me permite ir além

Mesmo que eu esteja preso

 

Todas as partes de mim

São cheias de você

Eu não sou mais uma árvore oca

 

— Eita — disse Hoseok, de repente.

— O que foi? — perguntou Michung.

— Nada. É que eu conheço esse autor.

— Não foi você que escreveu, foi?

— Não — disse Hoseok sorrindo. — Mas eu posso fazer um poema pra você, se quiser.

— Seria uma honra, senhor Jung.

Os três passaram o restante do tempo que tinham lendo os poemas da coletânea “Coração Ardente”.



Fazia algumas horas que Taehyung chegara com os pais na tal fazenda. Dahae foi recebida com grande alegria pelos amigos, que conheciam sua história e sua busca. Ela apresentou seus meninos com muita felicidade. Convenientemente, os moradores da fazenda não os encheram de perguntas. Jiso, a senhora que comandava a fazenda,convidou-os a entrar na grande casa de madeira que ficava no meio da fazenda. Tinha metade do tamanho da Casa do Juízo e um grande gramado na frente. Jiso levou Taehyung ao seu quarto rústico, que ele achou o máximo, e os pais para o quarto de Dahae.

— Há algumas roupas confortáveis no armário, vistam-se. Minjae vai mostrar a fazenda a vocês.

Taehyung colocou uma camisa branca bem folgada, calça jeans e coturnos. Sentiu-se estranho, pois fazia muito tempo que não vestia nada parecido. Ao sair, sentiu o cheiro tentador de morango que vinha do fim do corredor.

— Que cheiro maravilhoso é esse? — perguntou a Jiso, que esperava no corredor.

— Hyeri está fazendo um doce — respondeu ela, amavelmente. — Deve estar pronto quando vocês voltarem.

Dahae e Dongwon saíram do quarto ao lado. Hyeri levou os três à frente da casa. Quatro cavalos estavam prontos para serem montados, sendo acariciados pelo rapaz de camisa xadrez.

— Este é Minjae — apresentou Jiso. — Minjae, esses são Dongwon e Taehyung.

— Ouvi falar muito de vocês — disse o rapaz, com um sorriso. — É um prazer conhecê-los. Vamos, escolham seus cavalos. Este lugar é enorme, há muito para ver.

Taehyung pegou um cavalo marrom. Os quatro cavalgaram por toda a fazenda, conhecendo o estábulo, as criações de vacas e galinhas e as inúmeras plantações. Parecia que qualquer coisa poderia ser produzida ali. Depois de passar pelos moinhos, visitaram as plantações de trigo, que eram imensas, e logo depois os campos de morango.Taehyung quase caiu do cavalo quando viu uma moça que colhia os morangos. Ela não tinha nenhum traço de ser coreana, mas era extremamente bela. Os cabelos cacheados escapavam da faixa azul no cabelo. A trança descia pelo ombro esquerdo. Minjae parou ali perto e deu várias explicações sobre a importância da produção de morangos. Era realmente incrível e Taehyung estava interessado, mas não mais do que estava interessado naquela garota. Ficou o tempo todo olhando para ela, metade tentando entender como ela podia atraí-lo tanto sem se conhecerem, metade desejando que ela também o visse, mas ela parecia muito concentrada no seu trabalho. De repente, achou que alguém notaria e voltou sua atenção para Minjae. Deu uma última olhadela antes de seguirem o caminho.

O último lugar onde pararam foi o centro de distribuição.

— Ficamos com uma pequena parte do que produzimos. Uma boa parte vai para as ilhas que produzem comida. O restante vai diretamente para as demais ilhas.

— E como que isso tudo chega no destino? — perguntou Dongwon.

— Nós já vamos ver — garantiu Dahae. — Tem um grupo saindo logo, logo.

Dahae levou-os para o campo onde as carroças estavam cheias, já sendo amarradas com lona e corda e presas aos cavalos. Os cavaleiros subiram em seus respectivos equinos e guiaram-nos para a formação de saída, em forma de triângulo. O cavaleiro que estava na frente comandou a partida. Os cavalos mostraram as asas — o que deixou Taehyung boquiaberto — e abriram-nas. Em seguida, começaram a correr, e decolaram. As carroças, que eram mágicas, acompanharam como se o chão fosse de vidro. Cada cavaleiro tomou seu rumo. A cena foi impressionante.

Os quatro voltaram para a casa grande. Havia uma senhora tricotando na varanda. Jiso, que os esperava na porta, conduziu-os à cozinha com a feliz notícia de que o doce estava pronto. Hyeri serviu em pequenos potinhos. Taehyung saboreou cada colherzinha.

— Estão prontos para a fogueira? — perguntou Minjae. — O sol já está se pondo.

— Que fogueira? — perguntou Dongwon.

— Nossas noites são sempre encerradas com fogueira e música.

— Já gostei — disse Taehyung com boca cheia. Engoliu antes de falar. — Aigo, eommeoni, tudo aqui é tão tranquilo em comparação com a Casa do Juízo…

— Eu disse, meu filho. Dá vontade de ficar aqui para sempre.

— É — confessou ele. Ficou pensando em como Yoongi gostaria daquela fogueira com música. Como Jin adoraria cozinhar no forno à lenha. Como Namjoon sentiria-se feliz contando histórias para as crianças. Jungkook voando com a filha sobre os campos de morangos. E ele, na companhia dos pais o tempo todo. Sem julgamentos, sem espectros, todo mundo se ajudando. Ele trabalharia com o que ele quisesse. Ficaria nos campos de morangos, e se cansasse daquilo, poderia trabalhar com entregas ou alguma criação. Opções não faltavam, e todas eram boas, na companhia da natureza e de pessoas incríveis — como aquela garota… Ele precisava dar um jeito de falar com ela, mesmo que ela parecesse tão fechada. “Desenrolar”, dizia Yoongi; era disso que ele precisava, em seis dias. — E cantar toda noite antes de dormir… Parecia a perfeição. Por outro lado, o que seria o Juízo sem eles? Será que qualquer sucessor poderia ser igualmente benevolente? Ou será que algum Abraxas tomaria conta? Ele não podia deixar o Juízo nas mãos de qualquer um. Abraxas quase o levou injustamente à inexistência. Fez questão de deixar seu appa na punição sem que ninguém soubesse. De forma nenhuma aquilo poderia acontecer de novo. Será que Taehyung era o único a sonhar com uma eternidade fora daquela Casa?



Quando o espectro disse que Sunghee e Michung iriam jantar sozinhas, elas se recusaram a sentar-se à mesa. Qual era a graça de um jantar sem confraternização? Serviram-se e levaram os pratos para uma das salas de estar, onde ficaram conversando sobre assuntos de menina. O espectro sugeriu que elas assistissem dorama.

— Ah, eu adoro doramas! — disse a sempre animada Michung. Já Sunghee não sabia bem o que era um dorama, nunca tinha visto um. Elas estavam assistindo um episódio quando Hoseok e Jungkook chegaram. Jungkook chamou a filha para dormir, e Hoseok levou Michung para um novo passeio no jardim.

— Dessa vez mais calmo — garantiu ele, a caminho da saída. — Poderemos apreciar melhor a beleza do jardim neste horário.

— Por quê? — perguntou ela. — Tem algo especial de noite?

— A noite nos traz de forma mais bela aquilo que mais vemos durante o dia.

Os dois chegaram ao portal e desceram as escadas. A lua estava grande, despejando seu brilho frio sobre o jardim. O céu estava cheio de incontáveis estrelas. Hoseok olhou para Michung, sua pele azulada, o cabelo escuro, os olhos atentos para cima, refletindo todo aquele brilho. Ele sorriu.

— Está quase na hora — informou ele. — Vamos?

Michung acompanhou Hoseok com passos calmos, atenta à nova cor que a lua projetava no jardim. Toda a atenção permitiu que, mesmo com a tranquilidade em seu andar, ela tropeçasse. Segurou-se em Hoseok para não cair.

— Mian — murmurou ela, começando a rir baixinho. Recobrou a postura e continuou a andar, mas não soltou sua mão.

Hoseok estava com medo de que se atrasassem, mas decidiu não apressá-la. Foi um milagre conseguir fazê-la ficar quieta. Ele ouvia os ruídos dos sapatos nas pedras e o som de sua respiração limpa. Era uma honra para ele estar ao lado dela, então não evitou sorrir.

Finalmente, chegaram ao Caminho de Sunghee. Os diamantes estavam incrivelmente azulados no chão. Quando estavam bem na metade do caminho até o chafariz, Hoseok parou gentilmente e ficou de frente para ela.

— Você está pronta para mergulhar?

— Mergulhar? Oppa, mesmo que queira mergulhar no chafariz, o que seria bastante estranho, ele está longe, ainda.

— Não vamos mergulhar na água, Michung.

Michung fez cara de que não entendeu, o que não surpreendeu Hoseok, mas aquela expressão lhe foi mais engraçada do que havia imaginado, então ele riu. De repente, Michung olhou para o chão. Algo chamava sua atenção, brilhante. Era um diamante que começava a ter brilho próprio.

— O que é isso?

— Está na hora — respondeu Hoseok, com um sorriso.

Michung olhou ao redor enquanto mais e mais diamantes ganhavam brilho próprio. O chão foi ficando cada vez mais iluminado, e a luz azul refletia-se em seu rosto.

— Aigoo — murmurou ela, impressionada.

Quando as luzes estavam quase tomando o chão, começaram a desprender-se das pedras e flutuaram no ar, subindo ao céu lentamente. Michung pareceu perder o ar olhando os infinitos flocos azuis que voavam ao seu redor, cada vez mais concentrados conforme surgiam novas fontes. Ela se viu imersa na luminosidade. Cada floco tinha um brilho lindo e sutil que não machucava seus olhos. Olhou para Hoseok. Só conseguia ver seus olhos brilhantes entre um floco e outro. Suas mãos estavam grudadas, e os flocos que viam por baixo desviavam de seus braços e subiam.

— Isso é lindo, oppa — disse ela, por cima do delicadíssimo som de sininhos que a luz emitia. Ela assoprou os flocos que os separavam e admirou o rosto dele. — E você é lindo.

Michung contornou o rosto dele com seus dedos finos. Hoseok sentiu dentro de si algo diferente de qualquer coisa. Ele esperou que aquela noite pudesse ser diferente, mas não estava preparado para aquela sensação. Ela estava tão perto…

— Essas luzes são mesmo impressionantes — disse alguém em um corredor próximo.

— Mas é claro. O que você pensa da minha filha? — esta com certeza era Yumii.

— Acho que tem alguém no Caminho de Sunghee — disse a voz masculina. Dessa vez, Hoseok percebeu que era Jin.

— A essa hora? — perguntou Yumii.

Michung riu baixinho e sussurrou.

— Não estamos sozinhos aqui.

— Quem está aí? — chamou Yumii.

— Hoseok e Michung — declarou Hoseok, com um sorriso decepcionado. As coisas não foram bem como ele havia imaginado.

Michung queria muito beijá-lo, mas teve medo de ser denunciada. Então, fez a única coisa que lhe veio à mente: encostou seu nariz no de Hoseok e acariciou-lhe. Era um beijo de esquimó. Hoseok sorriu. Como ela era incrível!

Hoseok a levou para fora do caminho luminoso e deu direto onde estavam os irmãos. As luzes já começavam a baixar.

— Aí estão vocês — disse Jin. Queria pedir desculpas pelo incômodo, mas achou que isso tornaria a situação ainda mais constrangedora. — Fiquem à vontade, só estamos checando o jardim, já que não estamos tendo tempo nenhum durante o dia.

Hoseok notou como o hyung estava extremamente cansado. Não estava sendo nem um pouco fácil para ele. Sentiu vontade de oferecer sua pílula AS, mas ele sabia muito bem que Jin recusaria. Não gostava daqueles remédios.

— Está tudo bem — pronunciou-se Michung. — Está mesmo na hora de nos recolhermos. Boa noite.

Michung curvou-se e pegou o caminho de volta para a Casa. Hoseok ficou olhando-a se afastar, enquanto Yumii sussurava.

— Aigoo, atrapalhamos alguma coisa, oppa?

Hoseok olhou para ela e riu levemente.

— Não se preocupe, Yumii. Eu ainda tenho seis dias.


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Notas finais do capítulo

O amor está no ar... ♥ Adoro!



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