Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 10
Sunghee nunca assistiu TV


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sou muito boazinha, então estou postando isso bem cedinho porque eu sei que vocês estão bastante ansiosos. Programei a postagem para o mais cedo possível.



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— A coisa não tá fácil. Parece que o Mark Tuan não passa desta noite.

Repentinamente, as portas da sala se abriram, fazendo Hoseok tremer um pouco com o susto. Sunghee entrou na sala, esbaforida. Jimin cobriu a boca assim que olhou para ela. Mas não era por nenhum segredo. Era simplesmente inacreditável.

— Sunghee — disse Yumii, com tom de reprovação. — Você sabe que não pode interromper as reuniões assim.

Sunghee olhou só um pouco para a eomma. Ela odiava desobedecer sua família, mas sabia muito bem quando era a hora certa para tal ato. Então, voltou os olhos para Taehyung, e sem hesitar, soltou.

— Seus pais estão aqui, oppa.

A notícia foi dada tão rapidamente que Taehyung não conseguiu acompanhar.

— Quê? — perguntou ele, ainda em dúvida. Sunghee decidiu ser mais exata.

— Kim Dahae e Kim Dongwon estão em nossa casa.

Taehyung mantinha a boca aberta. Olhou para Jimin, esperando que ele dissesse que Sunghee tinha um excelente senso de humor, mas sua expressão era de preocupação.

— Só que seu appa não está muito bem — explicou ele, antes que Taehyung questionasse. — Ele ficou sob punição desde que assumimos.

Taehyung piscou e abaixou a cabeça, devastado. Namjoon olhou para Jimin com expressão de alerta.

— Só estou dizendo isso para que você se prepare para o que vai encontrar, hyung. Mas você deve vê-los. Seu appa precisa de cuidados.

— Eu vou com você, Tae — disse Jin, prontamente. Taehyung ergueu a cabeça e assentiu, voltando a ficar agitado. Os dois olharam para Sunghee. A maknae os levou pelos corredores velozmente, tal que quase não conseguiam acompanhá-la. Finalmente, ela alcançou as portas duplas dos aposentos onde estavam. Parou, e indicou para Taehyung.

— É aqui, oppa.

O coração de Taehyung mal cabia no peito. Ele colocou as mãos trêmulas na maçaneta. Ele queria escancarar aquela porta e abraçar seus pais, mas sabia que a situação era muito mais delicada do que ele desejava. Ele virou a maçaneta devagar e empurrou a porta. Colocou o rosto para dentro do quarto. Ele viu seu appa deitado de bruços, os espectros em volta tentando cuidar de suas costas feridas pela ausência das asas e sua eomma aflita do lado esquerdo. Ela logo olhou para ele.

Aigo, era ela. Depois de tantos anos, sua eomma estava novamente ali na sua frente. Por muito tempo, tudo o que ele teve foi uma foto velha e suas próprias memórias. Sempre pensou como seria quando a reencontrasse. Se ela o receberia. Pensava que sim, antes de matar seu appa e deixar sua irmã sozinha. O que ela deveria pensar dele agora? Taehyung duvidou completamente que ela o aceitasse, mas teve esperança, e ela foi correspondida. Dahae simplesmente abriu os braços para receber seu filho.

Taehyung deu passos apressados até alcançar e abraçar sua eomma. Não tentou evitar as lágrimas que desceram livremente para o ombro dela.

— Eomeoni — disse a voz grave e trêmula de Taehyung, experimentando novamente a palavra em desuso.

Dahae abraçou mais forte seu filho. Aigo, o tinha deixado um menininho, agora estava um homem feito! Maior que ela, até.

Jin tentou esconder a emoção pela honra de assistir aquele reencontro, enquanto ia para o lado direito. Os espectros logo se afastaram, pois sabiam que não precisavam fazer mais nada dali em diante. Jin não precisava se aproximar para curar alguém, mas desgastava-se menos quando o fazia. Ele colocou a mão alguns centímetros acima da ferida sangrenta. A flor brilhou, e os rasgos começaram a fechar-se devagar, deixando apenas as finíssimas cicatrizes e o sangue já derramado sobre a pele. Jin afastou a mão, e os espectros terminaram o serviço limpando o sangue.

Dahae soltou Taehyung e segurou seu rosto, enquanto o dela preenchia-se de alegria.

— Olha só pra você! Está enorme, meu menino, meu pequeno Taetae.

Sunghee lacrimejava ao assistir aquela cena. Desde o nascimento, era acompanhada por aquela família enorme, não conseguia imaginar como Taehyung se sentia sem ao menos ter a eomma. Parecia insuportável, aquela ideia!

Já curado, mas ainda um pouco cansado, Dongwon se levantou desajeitadamente, ficando sentado na cama. Esperou pacientemente que os dois terminassem de se falar. Taehyung finalmente olhou para o appa e ficou de joelhos para que ficassem mais próximos.

— Apeoji — disse ele, ainda chorando. — Me perdoe.

Dongwon colocou a mão esquerda na cabeça de Taehyung. Sentiu seus cabelos e esboçou um sorriso que sumiu logo em seguida.

— Eu não tenho nada para perdoar. Eu sou quem precisa do teu perdão, meu filho.

Dongwon segurou a mão de Taehyung e o puxou para seu lado na cama. Eles se abraçaram enquanto Dongwon convidava sua esposa a sentar-se ao lado. Ali ficou a família, unida e abraçada naquela cama, enquanto os espectros se dispersavam. Jin, silenciosamente, chamou Sunghee e a levou para fora. Aquele momento era apenas deles.



— Você é uma criança à frente do seu tempo.

— Você sempre me diz isso, Namjoon Oppa.

— É porque é verdade. Você se desenvolve mais depressa do que outras crianças. Isso que você fez hoje… Será que todas as crianças de 7 anos fariam o mesmo?

— Não sei. Não conheço outras crianças de 7 anos.

Namjoon poderia achar que aquilo era um problema, mas sabia que não era. Sunghee amava ser única. E Taehyung sempre parecia ter a idade dela quando estavam juntos. A aula de Namjoon era uma das mais calmas, mas onde se aprendia mais coisas. Era baseada em leitura e estudos teóricos de diversas áreas. Para Namjoon, era gratificante não ter que se preocupar com o Juízo por algum tempo.

— Você sabe qual é o nome desse lugar?

— Casa do Juízo.

— Sim, é como chamamos nossa casa. Mas fica numa ilha flutuante. Na verdade, todas as ilhas aqui ao redor fazem parte de um só lugar. Você se lembra?

— Sim. Abraxas deu o nome de Omelas. O que isso tem a ver com a aula de hoje?

— Tudo. Vamos ler um texto em inglês, um conto chamado “The Ones Who Walk Away From Omelas”.

— Como esperado de Abraxas, nada é por acaso.

— Ninguém é 100% ruim. Abraxas está incluso nisso, já que é um deus-demônio, mas eu ainda não descobri qual foi a grande coisa boa que ele fez. Devo dizer que o contrário é verdade: ninguém é perfeito. Todos nós cometemos erros e guardamos alguns sentimentos ruins, mas somos essencialmente bons.

— “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Jean Jacques Rousseau.

— Exatamente. — Namjoon não se surpreendia com citações assim, mesmo vindas de uma menina de sete anos. Ele conhecia bem a monstrinha genial que havia criado. — Ou será que Abraxas o corrompe? Em alguns casos sim. Maior exemplo?

— Eomeoni.

— Certíssimo. Sua eomma é uma mulher excelente agora, mas cometeu alguns erros por causa de Abraxas. Além disso, tem o pai do Taehyung. Você o viu, ele parece ser uma pessoa adorável. Realmente, a essência de Kim Dongwon é boa. Ele era um excelente appa para Taehyung e Yonseo antes de Dahae morrer. Então, ele se entregou à bebida.

— O mundo sombrio teve início.

— Ele praticamente se tornou outra pessoa. Aqui no Segundo Mundo não existe esse tipo de coisa, então a maldade causada pela bebida se anula. Toda vez que Dongwon bebia, deixava de ser ele mesmo.

— E se tornava Abraxas.

— Sim. São seus dois polos distintos. Aquele que Taehyung atacou era Abraxas. Toda a briga entre Taehyung e o appa decorreu do polo sombrio, que era Abraxas.

— Que não existe mais.

— Não. Ficou apenas o polo bom, que não é desprovido de erros e más intenções. Mas você pode ter certeza que este Dongwon nunca iria contra seus filhos. Claro que os pais podem reprovar atitudes, proibir o que eles acham prudente, mas é tudo pelo bem dos filhos. So, let’s read?

— Of course.



— Senhor Jung, uma pessoa que acabou de ser salva pelo Juízo Espectral deseja falar com o senhor.

Um julgamento parcial tinha terminado. Hoseok e os outros membros do Juízo tinham feito parte dele, exceto Namjoon, que estava em seu horário de aula com Sunghee, e Taehyung, que havia sido liberado para conversar com os pais. Hoseok estranhou. Estava esperando por Mark Tuan, mas ele dificilmente passaria direto pelo Juízo Espectral com todos os crimes do 7. Como os Juízes não conseguiam dar conta de todos os julgamentos, havia espectros preparados para fazer um pré-julgamento, durante o qual muitas pessoas eram salvas por terem sido boas durante toda a vida. Para Hoseok, era praticamente impossível que um membro de gangue, mesmo que fosse uma gangue como o CBX, passasse diretamente.

— Onde está? — perguntou ao espectro.

— Na sacada do hall 45.

— Onde fica o hall 45? — perguntou Hoseok, que nem sabia que eles tinham mais de 40 halls.

— Eu levarei o senhor.

— Aliás, quantos halls nós temos?

— 84 halls, senhor.

— Aigoo, pra que isso tudo?

— Qualquer lugar onde o senhor passa é um hall.

— Ah, sim.

Eles dobraram no corredor que era o hall 45. O espectro apontou a abertura na parede, que deveria ser a sacada, embora, no ângulo em que estavam, não desse para ver muito além do brilho do sol. Hoseok agradeceu e foi até lá. Era uma sacada grande em meia-lua. Realmente, não havia nenhum membro do 7 ali, já que era uma menina. Seus cabelos cacheados  começavam em um tom claro de azul e escureciam nas pontas que batiam nos ombros. Ela usava um vestido marfim, que combinava bem com as asas brancas em suas costas, e apoiava as mãos na amurada, tamborilando os dedos e observando o jardim lá embaixo. O jardim era bastante sem graça quando eles chegaram. Foi cenário de sua primeira batalha, e era basicamente grama, mas Jin vinha trabalhando nele no tempo livre para que se tornasse mais agradável.

— Annyeonghaseyo — disse ele, para que ela notasse sua presença.

— Annyeong, oppa — respondeu, virando-se com um sorriso incrivelmente simpático.


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Notas finais do capítulo

O.o



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