Bulletproof Army escrita por Jéssica Sanz, Jennyfer Sanz


Capítulo 11
Anjinho no Segundo Mundo


Notas iniciais do capítulo

A Phaella já conhece nossa mocinha, não sei se mais alguém a reconheceu... ㅋㅋㅋ



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A boca de Hoseok fez um O de surpresa. Michung estava com seus 19 anos ao morrer, e estava linda. Hoseok deu um sorriso bobo. Sempre achara o rosto dela lindo, mesmo sem ser contornado por fios de cabelo como estava naquele momento. Mesmo com as visitas frequentes, nunca a vira de pé, não tinha ideia de como ela era alta, era quase do seu tamanho.

— Não estava esperando por mim? — questionou ela, graciosa e animada.

— Eu sempre esperei por você. Mas confesso que estou surpreso. A pílula funcionou?

— Perfeitamente. Eu senti um pouco de falta de ar, soube que era a hora, então a tomei. Depois disso, simplesmente dormi e acordei aqui. Acho que ela coloriu meu cabelo! O seu também está incrível, hein, oppa. Você fica muito bem ruivo.

Hoseok quase não conseguiu acompanhar a forma energética de falar. Michung estava totalmente diferente. Sempre falava muito devagar, e sua voz quase não fazia-se ouvir. Todos os seus movimentos eram lentos. Mas agora, ela parecia ligada em 220V, dando pequenos pulinhos e movendo-se a todo instante.

— Também acho — disse Hoseok, sorrindo com ela.

— Será que podemos dar uma olhada nesse jardim? — perguntou ela, logo em seguida.

— Claro… — disse Hoseok, e de repente compreendeu. Michung não devia se lembrar de como é a vida fora da cama. — Você já estreou suas asas?

— Quero estrear minhas pernas saudáveis, oppa! — disse ela, dobrando-se para a frente de tanta animação.

Hoseok deu de ombros.

— Espero que os meninos não se importem. Você já se acostumou a andar?

— Já. Eu quero correr!

— Então vamos nessa.

Hoseok se virou e começou a correr, o que era, para ele, algo inusitado. Quando precisava se mover rápido, ele simplesmente voava. Mas lembrou-se logo do tempo em que ele corria com os meninos. Não foi muito rápido, pois queria deixar a adrenalina para o jardim. Michung o acompanhava em velocidade semelhante, tomando o cuidado de segurar a parte da frente do vestido para não tropeçar. Eles desceram algumas escadas e dobraram em alguns corredores até achar um portal no térreo. Desceram logo as escadas e dispararam pelo jardim.

Michung ria sem parar atrás de Hoseok. Ele abriu os braços e sentiu o vento batendo no tecido do casaco. Eles correram por todo o jardim.

Havia um lago cristalino que era portal de acesso para o Jardim Subterrâneo. Sobre a parte mais estreita, no meio do lago, havia uma linda ponte de carvalho por onde cresciam flores roxas. Eles atravessaram e andaram pelos caminhos desenhados com pedras de cores específicas e rodeados por arbustos de espécies diferentes. O chamado Caminho de Sunghee era feito de diamantes lapidados por ela mesma e levou a um chafariz que Taehyung lhe dera de presente. As águas dançavam com várias cores. Eles deram a volta e seguiram por um caminho diferente. Ao longo do caminho havia sempre bancos de madeiras de árvores distintas. De repente, Michung caiu e Hoseok parou para ver se ela tinha se machucado, mas levantou-se com a mesma energia.

Os dois alcançaram o gramado e pararam, ofegantes. Ali aconteciam as raríssimas festas diurnas, e o espaço se enchia, mas naquele momento não havia nada além de grama, uma flor aqui, outra ali. Hoseok olhou para Michung.

— Que tal uma corrida? — propôs.

Michung não respondeu. Só o empurrou com o ombro e saiu a toda velocidade. Hoseok foi logo atrás, fingindo-se indignado pela trapaça. Bem mais à frente, estava quase alcançando-a quando ela tropeçou nas próprias pernas e caiu. Hoseok caiu por cima dela e eles se embolaram na grama. Hoseok ficou caído enquanto ela se mantinha agitada. Desajeitadamente, foi se estabilizando e sentou na grama. Olhou para Hoseok, que mal conseguia respirar, e deu uns tapinhas no ombro dele.

— Vamos, oppa. Temos um gramado inteiro pela frente.

Hoseok levantou o dedo indicador sem conseguir se pronunciar. Depois de alguns segundos, disse.

— Deixa eu descansar um pouquinho.

— Que descansar o quê, oppa? Eu passei a minha vida toda descansando. Parece que vivi a vida morta. E agora que estou morta, finalmente me sinto viva.

— Pode correr enquanto eu descanso, eu já vou.

Michung ficou encarando Hoseok. O peito dele subia e descia com a respiração acelerada. Finalmente, ela se moveu na grama, sem levantar. Posicionou-se e deitou com a cabeça na barriga dele. Os olhinhos ficaram fechados, e o sorriso estava de volta.

— Eu disse que você pode correr sem mim.

— Correr sem você não será mais divertido que ficar deitada em uma cama — ela abriu os olhos. — Olha como é diferente. Eu tenho a grama, tenho o sol, o céu, as nuvens que se movem o tempo todo. Tenho a energia que vai me movimentar quando eu quiser. A certeza de que posso agir de acordo com a minha vontade, sem que minha doença possa me impedir. — ela virou-se para ele. — E tenho você. O travesseiro que vai para cima e para baixo o tempo todo. Tem coisa mais divertida que isso?

Hoseok riu, divertindo-se com aquele anjinho que finalmente tinha asas. A barriga dele tremeu e ela foi junto, então começou a rir também.

— Viu o que eu disse? — perguntou ela, risonha. — Eu nunca tive isso!

Hoseok parou de rir, e simplesmente sorriu. Aquela não era uma constatação alegre, era simplesmente a mais feliz das constatações. Ela estava do jeito que sempre desejou.

— Ainda não acredito que estou aqui — disse ela, acalmando-se um pouco. Seu coração estava acelerado, e animação se via nos olhos brilhantes. Ela repousou a mão sobre a barriga dele. — Não acredito que finalmente posso te toecar. Parece um sonho, oppa.

Ele segurou a mão dela, pela primeira vez.

— É um sonho do qual você nunca vai acordar, anjinho. Pronta pra outra corrida?

Mais uma vez, Michung não respondeu. Começou a se levantar, e Hoseok achou que a resposta dela seria novamente deixá-lo para trás. E foi o que ela fez, mas não sem antes deixar um estalinho rápido nos lábios dele.

Hoseok ficou meio sem reação com a surpresa, mas se levantou e continuou a correr. Ele teve vontade de segurá-la e beijá-la, mas decidiu deixar as coisas fluírem normalmente. Afinal, eles tinham a eternidade.

Correram mais um pouco até que notaram a coisa branca e veloz que se movia como um raio ao redor deles.

— O que é isso? — perguntou Michung, com sua ávida curiosidade.

— É a Sunghee — informou Hoseok. Logo depois disso. A pequena diminuiu a velocidade, abriu as asas majestosas e pousou na frente deles.

— Ah, é a famosa Sunghee. Como é grande!

— É, ela está bem crescida. Sunghee, essa é a Michung.

— Annyeong! — disse Sunghee, com sua voz graciosa e encantadora. — É um prazer conhecer a senhorita.

— O prazer é meu, Sunghee.

— Está em aula? — perguntou Hoseok.

— É mais uma prática — corrigiu Jungkook, enquanto pousava ao lado da filha e aluna. — Ela aprende incrivelmente rápido e tem evoluído muito, não tem mais nada de novo que eu possa ensinar para ela, por enquanto.

— Claro que esse aprendizado todo não tem a ver com o professor dela, que é um golden maknae — zombou Hoseok.

— Não, não — concordou Jungkook, ironicamente. — Tem a ver com o fato de ela ser uma herdeira, que pegou todos os talentos do appa.

— Só não é convencida como ele.

— Convencido, eu? Foi o Jimin Hyung que disse!

— Foi mesmo, oppa — disse Sunghee, rindo da falsa discussão.

— Ah, vai defender seu appa, é claro. Muito bonito, senhorita Jeon — disse Hoseok, colocando as mãos na cintura e fingindo-se de bravo.

— Mas ele está certo! — queixou-se a pequena.

— Mesmo se ele estivesse errado, você não diria. Mas não vou nem falar sobre isso. Michung, esse é o Jungkook. Jungkook, minha amiga Michung.

— Seja bem-vinda — disse Jungkook, gentilmente.

— Gomawoyo.

— Você tem espaço para mais uma aluna, Kookie? — perguntou Hoseok.

— Claro! Será um prazer ensinar, e garanto que será bem rápido de aprender. O voo é instintivo, a Sunghee só teve que aprender porque era bebezinha.

— Mas você me ensinou várias manobras, apeoji.

— Claro, filha. Se a Michung tiver interesse, nós dois podemos ensinar, também. Mas o básico dá pra aprender em um dia.

— Eu tenho uma pergunta — disse Michung. — Você disse que não pode ensinar mais nada “por enquanto”.

— Ah, é que a Sunghee tem asas híbridas — explicou Hoseok. — Ela tem as asas de anjo e as de borboleta, que vieram da eomma. O Jungkook é um excelente voador, e ensinou a usar as asas que eles têm em comum, mas ele e Yumii ainda estão estudando o voo de borboleta para ensinar.

— Mas é tão diferente assim?

— Completamente — disse Sunghee, mudando as asas. — As asas de anjo são grandes, fortes e bem aerodinâmicas. São muito boas para voar bem alto e por longas distâncias. Já as asas de borboleta são pequenas e finas, batem muito rápido e por isso são precisas. São boas para voos curtos e delicados. Eu já sei flutuar com elas, porque tudo que preciso fazer é batê-las. — Sunghee demonstrou seu voo de borboleta. Suas asas eram azuis. — Mas não sei muito além disso. Meus pais vão me ensinar a ter precisão e fazer manobras, como as que faço com as asas brancas.

— Então, vamos começar a aula? — perguntou Jungkook.

— Sim — disse Michung, animada.

— Ótimo. Comecem sem mim, eu já volto.

— Aonde vai, Hoseok Oppa? — perguntou Michung.

— Preciso avisar ao seu primo que está tudo certo com você. Será rápido, Mi, eu prometo. Jungkook e Sunghee vão cuidar muito bem de você.


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Notas finais do capítulo

Ain, ela é tão fofenha...



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