Forget About Me escrita por Lia Mayhew


Capítulo 11
Capítulo 10 – Honey Boo, How I Loved You


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse capítulo tem algo que vocês estão esperando. Boa leitura!



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sunny days how i loved you so

 

A loja das Geminialidades Weasley não costumava ter muito movimento nas tardes de dias de semana, como era o caso daquela quarta-feira. Entretanto, infelizmente, isso não tornava o atendimento mais fácil.

— Não, senhora, eu já disse que não é assim que funciona a nossa política de troca. – Fred explicava mais uma vez – Você não pode devolver um produto só porque ele explodiu se ele foi vendido como explosivo.

A bruxa baixa e muito mais velha que o ruivo ajeitou os óculos no rosto e parecia pronta para retomar a argumentação. Fred já estava perdendo a paciência quando George interrompeu.

— Eu cuido disso, Fred. – Disse o irmão, abrindo um sorriso simpático para a cliente – Aliás, Roniquinho te mandou correspondência. O envelope está no escritório.

Fred agradeceu e subiu para a sala. O caçula deveria estar pedindo conselho sobre garotas, já que, mesmo com o histórico trágico de Fred, ele se tornara confidente do irmão. O escritório estava uma bagunça, cheio de caixas espalhadas, papéis soltos e invenções sendo testadas. Um caos. A carta que George mencionou estava no balcão. Dentro do envelope, tinha outros três menores junto de uma nota escrita com a letra malfeita de Ron.

Fiquei de te entregar. Desculpa pelo atraso. - Ron

Fred começou a ficar nervoso quando viu de onde vinham as cartas. Berwick-Upon-Tweed. O remetente era um Harrison, só que Brendon Harrison. Imediatamente, abriu as cartas. Como esperado, Layla era o assunto das três mensagens. Brendon permaneceu evasivo, sem oferecer grandes detalhes. Parecia que Layla estava envolvida com pessoas erradas e não estava bem, em todos os sentidos possíveis. A cada carta Brendon ficava mais desesperado. O garoto implorava para Fred ir para a cidade, com a esperança de que o ruivo fosse capaz de reverter a situação. De acordo com Brendon, ele era uma das poucas pessoas cuja opinião ainda importava para a irmã.

A data da última carta já era de três semanas antes. Maldição. Fred precisava aparatar.

 

— Malandra! – Exclamou Layla, gargalhando – Você tem cada história, Blake.

Layla, Blake e outras meninas mais novas caminhavam de volta da escola. Blake tinha dado uma grande volta, morava muito mais perto de St. August que Layla, porém a garota aproveitava toda chance que tinha para tagarelar. As vítimas da vez eram as pobres alunas do sexto ano. Com a formatura se aproximando, Blake queria investigar melhor quem iria assumir a sua posição de veterana. Ter a amiga do lado reafirmava o seu status social. Por sua vez, Layla estava ali porque realmente gostava de algumas das meninas e para garantir que Blake não traumatizaria ninguém. As meninas mais novas pareciam adorar o passeio e se aprumavam toda vez que as duas se dirigiam a elas.

— Eu sei. – Blake jogou os cabelos loiros para trás, como um tique – E essa não é nem a melhor parte. Até aí estava tudo bem, mas quando o irmão dele chegou, eu jurei que ia ter um treco.

Nessa hora, todos as garotas começaram a falar ao mesmo tempo e Layla parou de prestar atenção. O grupo já estava na esquina da rua de sua casa. Ela notou uma figura alta e ruiva na calçada. Não poderia ser.

— Fred? – Chamou Layla, atraindo a atenção das meninas.            

O rapaz se virou. O rosto dele se iluminou ao vê-la. Em sincronia, os dois se abraçaram. Fred ficou tão feliz em ver a garota aparentemente bem que a levantou do chão.  Layla aproveitou para colocar o rosto em seu pescoço, percebendo o quanto tinha sentido saudades daqueles braços.  Após o contato, se separaram, constrangidos. O bando de garotas ainda vestidas com o uniforme da escola formava uma plateia intimidadora que vigiava cada movimento do casal. Layla sabia que a escola inteira ia comentar sobre o encontro no dia seguinte. Talvez ainda hoje, se elas se esforçassem o bastante.  

— Blake, lembra de Fred? – Perguntou ela, sem saber mais o que dizer.

— Como poderia esquecer? – Os olhos verdes piscaram rápido, não escondendo a diversão por trás deles – Vamos deixar vocês sozinhos. Até mais, Layla.

Com risinhos, as meninas saíram. Fred enfiou as mãos no bolso. Layla não olhava para o rosto do rapaz.

— Você nunca chegou a vir na minha casa antes. – Ela balançou o molho de chaves - Entre.

Layla abriu o portão de ferro e conduziu ele até a construção principal. Fred já esperava que a casa dela fosse muito diferente da Toca, ainda assim não era bem como tinha imaginado. Claro, era imponente e tinha um ar histórico, contudo, o quintal e o quarto de vidro tornavam o lugar mais aconchegante.  Após largar a mochila na sala e passar na cozinha para oferecer uma bebida a Fred, como uma boa anfitriã, Layla o levou exatamente para o jardim de inverno. Ela se acomodou no sofá felpudo e esperou que ele se ajeitasse do seu lado.

— Não quero ser mal educada, você já percebeu que eu estou feliz em te ver, mas o que você faz aqui, Fred?

— Seu irmão pediu para eu vir, na verdade.

— O quê? O meu irmão, Brendon, te convidou para vir aqui em casa?

Fred parecia anestesiado. Tinha esquecido da sensação de só ficar perto para Layla. Era como se algo quente se preenchesse dentro dele.

— Sim. Faz umas semanas que ele me mandou algumas cartas. – Layla fez um esforço para não se perder em pensamentos vendo o cabelo dele se tornar um fogaréu com a luz do sol – Ele estava preocupado com você e achou que eu poderia ajudar. Sinto muito que não pude vir antes. Só recebi as cartas hoje, então nunca tive a chance de responder.

Layla praguejou Brendon. Era admirável a insistência dele em fazer ela passar vergonha. Ela deu um grito alto, que fez Fred se desequilibrar do seu lado. Após alguns instantes, o irmão mais novo apareceu com o cabelo bagunçado e sem fôlego, aparentando ter descido as escadas correndo. 

— Layla! O que aconteceu? – O pânico se transformou em confusão quando viu a companhia da irmã - Fred?      

— Não pareça tão surpreso. Você o chamou.

— Por acaso, ele veio andando de Hogwarts até aqui? Faz tempo que eu escrevi para ele.

— Brendon! Você nunca deixa de ser arrogante?

A fala deixou o garoto carrancudo.

— Layla. Você sabe como você estava. Eu fui forçado a tomar algumas decisões desesperadas. – Ele apontou para o ruivo calado no sofá - Fred foi uma delas.

— Ei!

— Porra, Brendon. – Ela escondeu o rosto nas mãos - Você não tinha esse direito.

— Está tudo bem, Layla. – Fred voltou a falar e decidiu tomar as rédeas da situação antes dos irmãos brigarem feio – Eu fico feliz que esteja bem. Ainda quero saber o que aconteceu. Pelo jeito, você deu conta do problema sozinha.  

O raciocínio de Layla acelerou. Ela não melhorou sozinha. Outro romance do seu passado foi fundamental para a sua mudança de comportamento. Analisando melhor a situação, não fazia sentido que Draco estivesse na festa em que eles se encontraram. Era o aniversário de casamento dos Ohalloran e Acheflour tinha feito uma lista de convidados reservada, sem razão para incluir os Malfoy. Brendon tinha acabado de confessar que chamar Fred foi uma das múltiplas decisões desesperadas que tomou. Só que Fred não respondeu a carta e Brendon foi forçado a arriscar ainda mais.

— Você chamou o Draco para festa na casa de Clementine. – Concluiu ela, deixando o irmão pálido – Você armou aquele teatro.

 - Olha, parece ruim quando você fala assim – Brendon nem ia tentar mentir, não era seu forte -  Sim, eu procurei o Malfoy. No começo, foi só para tentar encontrar o Fred. Não deu certo e eu pedi a ajuda dele. E, antes que você comece, eu não me arrependo. Ele conseguiu te ajudar. Foi uma atitude legal da parte dele.

Layla ficou possessa.

— Atitude legal? Ele falou coisas horríveis sobre mim. A seu pedido, pelo visto.

Fred intercalava a atenção, acompanhando os dois como se fosse uma partida de pingue-pongue. Todavia, a menção daquele nome era significativo demais para não interromper.

— Espera. Vocês estão falando de Draco Malfoy? O filho de comensais da morte que humilha a minha família a cada oportunidade que tem?

Os irmãos não se deram ao trabalho de olhar para ele.

— Agora não, Fred. – Disse Brendon.

— Você pediu para ele me humilhar. Ia pedir a mesma coisa para o Fred? Algum outro garoto com quem eu já fiquei vai aparecer e me ridicularizar em público?

Essa informação fez Fred se levantar do sofá.

— Você já ficou com o Malfoy?

 - Agora não, Fred. – Repetiu Layla.

— Você sabe que eu só fiz isso pensando no seu bem. Agora, você está saudável e segura. Também não é como se você gostasse do Malfoy e ele tivesse partido seu coração ou algo assim.

— Se ele concordou em participar dessa palhaçada é porque ele ainda é louco por mim. Eu sabia. – A autoconfiança dela se encheu. Então, olhou para Fred, que estava do seu lado com uma cara não muito feliz – Não que eu goste dele ou coisa parecida.

— Ainda não entendi como vocês se conhecem. – O ruivo tinha cruzado os braços e não parecia mais tão entusiasmado - Eu bati nele este ano, sabia? Fui expulso do time de quadribol por isso, mas parece que vale mais a pena cada dia que passa.

— E isso que você ainda nem ouviu a história inteira.  

— Brendon! – Layla estava prestes a trucidar seu irmão. Mesmo entendendo e apreciando as intenções dele com Draco, ainda queria dar-lhe vários tapas. Fred deveria pensar o pior dela. – Volta lá para cima, por favor.

— Com prazer.  

O caçula nem esperou um segundo para subir as escadas. A garota se voltou para Fred e envolveu as mãos grandes dele nas suas, liberando os braços antes cruzados.

— Peço desculpas por meu irmão ter ido te incomodar, Fred. Ele se preocupa demais comigo.

O ruivo virou as mãos dela, entrelaçando os dedos dos dois. 

— Não precisa pedir desculpas, Layla. Também faria qualquer coisa para te ajudar.

Ela tinha dado um fora nele, do jeito mais insensível possível, e ele ainda se importava com ela. Não deveria existir ninguém mais adorável no mundo.

— Vou te contar o que aconteceu para você não perder a viagem, caso ainda queria saber.  

Voltaram para o sofá. A garota contou a Fred tudo o que tinha acontecido depois do baile Baddeby. Ela não tinha compartilhado todos os detalhes sobre a sua mãe antes e decidiu não revelar tudo ainda, especialmente o que envolvia Draco. Ainda assim, falou sobre as alucinações. Ele merecia saber o motivo pelo qual ela tinha o tratado daquele jeito. Recentemente, Layla também tinha descoberto que compartilhar as suas angústia com outras pessoas ajudava. De modo geral, o rapaz pareceu bem envolvido com a narrativa.

— Layla... – Os dedos compridos acariciaram o seu pulso. – Eu não fazia ideia do que estava acontecendo com você.

— Agora você sabe. E eu estou bem, de verdade. Eu quero saber de você.

Layla se surpreendeu com as reviravoltas da vida dele: tinha se resolvido de vez com George, sua insatisfação com a administração de Hogwarts tinha crescido, sua linha de produtos clandestinos garantiu a sua expulsão e a abertura de uma loja no Beco Diagonal. O fora dela tinha o feito bem. Depois de estarem devidamente atualizados, a conversa ganhou outro rumo.

— Não me diga que você está namorando o Malfoy. Eu não aguentaria.

— De jeito nenhum. Eu conheci Draco alguns anos atrás, por acaso. Não existe esses sentimentos entre nós. Brendon entendeu tudo errado. Só tem um garoto pelo qual eu me interesso. É uma pena que eu tenha estragado tudo com ele. 

Toda confusão que ela tinha causado permitiu que descobrisse o que realmente queria. Admiradores e pretendentes não a impressionavam. Teve vários deles nos últimos tempos e só uma coisa impediu a sua desgraça completa: afeto genuíno. Desde a noite que conheceu Fred, ficou encantada com a sua candura e a maneira de pensar tão diferente de tudo que ela conhecia. As coisas aconteciam de modo natural entre eles. A sua cor favorita era o tom de cobre que o cobria da cabeça aos pés. A atração era inegável e Layla sentia que mereciam uma nova tentativa.

Fred foi surpreendido pelo galanteio. Em nenhum momento desde que recebeu o pedido de ajuda, esperou que ele iria resultar em uma reconciliação. Nunca deixou de ter sentimentos por ela. Ele gostava da singularidade do enlace, da travessura e da fragilidade que Layla escondia. Assim como os caracóis pretos que pareciam o enrolar como trepadeiras.

Não havia como os dois permanecerem separados com todos esses sentimentos.

 

 

Longe de Berwick-upon-Tweed, a boca de Pansy Parkinson se mexia. Draco não ouvia nenhum som. A sonserina contava alguma história para o amigo, que estava distante. Layla Harrison era sua grande aventura, mas era pôr Pansy que costumava sentir mais consideração. Ter o respeito de um Malfoy era algo inestimável, mesmo que Layla fizesse pouco caso. Então porque, se perguntava o menino, não se sensibilizava da mesma forma por seus olhos verdes? Se apaixonar por eles era uma opção muito mais apropriada em comparação com os olhos castanhos, brilhantes e furiosos. Draco nunca mais iria fazer uma boa ação.

 

 

Layla e Fred ainda tinha algumas dúvidas. Fazia pouco tempo desde que se conheceram e já tinham se machucado consideravelmente. Recomeçaram com cartas e encontros diários, sem forçar qualquer expectativa. A companhia era o suficiente e, com a liberdade que os dois usufruíam, a intensidade foi se tornando maior. Fred foi reapresentado para o pai dela. Layla teve a oportunidade de ter uma segunda impressão de George e Angelina, em um encontro constrangedor e muito menos catastrófico que o primeiro.  

Como Layla ainda tinha que prestar os N.I.E.M.S. e não tinha sido a aluna mais dedicada ao longo do ano, passou a ter que estudar mais nas últimas semanas de aula. Fred se tornou seu parceiro acadêmico para que conseguissem continuar passando tempo juntos. Ele se revelou um excelente professor.

— Eu não entendo. Qual é a necessidade de colocar essa raiz na poção?

Fred estava esparramando na cama da garota. Mesmo a cama sendo king size, o ruivo ocupava um grande espaço. Ele se levantou e foi até a escrivaninha, onde ela estava lendo o texto do exercício.

— Você precisa dela para reagir com o princípio ativo do outro ingrediente.      

Ela o olhou, envolvida, escutando o resto da explicação. A sua paixão era uma lente que amplificava tudo o que ele fazia. Fred apresentava uma aptidão e se tornava o mais habilidoso dos homens. Uma qualidade ascendia a virtude.

— Entendi.

Zombaria invadiu a expressão dele, percebendo que ela tinha perdido o interesse nos estudos. Layla queria roubar um beijo. Por ele estar sentado na mesa, na escrivaninha em si, teve que puxar a camiseta dele para forçar a aproximação. Ela adorava a maneira como ele a beijava, um beijo com liberdade de ser só um beijo.

— Eu quero que você conheça os meus pais. – Fred falou no minuto que eles se separaram. Layla arqueou a sobrancelha e passou a ligar as pintas do braço dele – Parece justo. Eu já fui apresentado para o seu pai duas vezes.

— Estou a sua disposição. É só me dizer o dia e o lugar.

—  Sábado, na hora do almoço. Na Toca. Você vai amar a comida da mamãe.  

— Eu tenho certeza de que vou.

— Ótimo. – Fred se levantou – Tenho que ir, meu bem. Se eu chegar atrasado de novo, George é capaz de me expulsar da sociedade e desenvolver uma segunda personalidade para me substituir.

Layla guiou o rapaz para a sala de estar, onde ele usou pó de Flu para voltar a loja no Beco Diagonal. Instantes depois, a coruja da família entrou na casa com as correspondências.

— Que timer perfeito. – Layla acariciou a cabeça cinza da coruja.

Nem precisou olhar para a carta endereçada a ela para saber que era de Draco. Era difícil de admitir que a carta era uma resposta de uma correspondência sua. A revelação de Brendon sobre a aparição de Draco em Berwick-upon-Tweed surpreendeu verdadeiramente Layla. Tinha feito um julgamento equivocado. O sonserino era capaz de agir motivado por altruísmo. Layla teve que escrever o agradecendo. Não sabia até onde teria ido sem a interferência dele, seria necessário um erro muito significativo para ela mudar de rumo. Repetia para si mesma que não havia tom de flerte, afinal, realmente não havia, era só um agradecimento que tinha se prologado. A racionalização permitia que ela não considerasse o contato uma traição de qualquer nível. Apenas era melhor que o assunto não fosse comentado com Fred, sabia das rixas existentes entre as duas famílias. Entendia o quão desumano era o tratamento dado aos Weasley pelos Malfoy, contudo, a sua certeza moral não bastava para ignorar o que Draco tinha feito por ela. Por sua própria experiencia, compreendia que pessoas eram complexas e expunham múltiplas facetas. A comunicação também não oferecia qualquer perigo. Já tinha entregado seu coração ao ruivo, ainda que não soubesse definir sua relação com Draco.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Fiquem a vontade para conversarem comigo nos comentários.



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