Durante as aulas... escrita por Sarah


Capítulo 4
Quase irmãos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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Eles estavam acostumados a voltar sempre juntos para casa. Nunca ida, só volta.

Não que ele morasse perto da casa dela, na verdade, sua casa era umas boas ruas para cima, seguindo sempre a direita, mas nem por isso deixava de acompanha-la, mesmo chegando atrasado para o almoço. Aliás, os dois sempre chegavam atrasados para o almoço: nunca saiam da escola até que todos os amigos fossem embora.

Não eram irmãos de sangue, tampouco se conheciam há muito tempo e com toda certeza não eram parecidos, fisicamente ou psicologicamente.

Ele era todo alto e moreno, magro e desengonçado, mas atraia a atenção das outras meninas da sala, e da escola. Engraçado, divertido e levemente/completamente retardado. Sempre sorrindo, sempre brincando, sempre lerdo. Era disléxico.

Ela era baixinha, mal chegava aos ombros dele, e muito branca, o olho de um azul escuro quase esverdeado. A aparência e o sotaque não deixavam mentir: não era dali (ele também não, embora parecesse). Sorria e brincava, cometia suas loucuras básicas, mas sem deixar de ser séria e nervosa. Sempre lendo.

Haviam se conhecido há pouco mais de um ano, por causa de uma amiga em comum. Melhor explicando: ele gostava dessa tal amiga em comum, e ela passou a (tentar) ajudar os dois a se entenderem, o que não deu muito certo, mas mesmo assim, todos continuaram amigos.

Ele contando seus dramas amorosos e sonhos extremamente esquisitos, ela aconselhando da melhor maneira que podia, não contando muito sobre a própria vida, mas com muita vontade de contar absolutamente tudo.

Voltavam juntos para casa todos os dias. Ela sempre tentava derruba-lo da bicicleta de brincadeira, sem sucesso.

Eram como irmãos e agiam como tal, mesmo que em nada se parecessem.

Mas o tempo passou, mais especificamente: um ano se passou.

Ela se mudou de escola. Ele não. Pouco se falavam, geralmente quando saiam com os amigos. Ela sentia muita falta de quando voltavam juntos, e queria acreditar que ele também sentia, mas não tinha certeza. Mas isso, de voltarem juntos, não voltou a acontecer.

Mais um ano se passou, e ele também acabou por se mudar de escola.

A frequência com que os dois se viam ficou cada vez menor, e a tendência era diminuir cada vez mais.

E daquela amizade de irmãos, onde as diferenças que não eram poucas, não tinham a menor importância, só restaram as muitas lembranças, cheias de saudades.


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