Contrato de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 28
Pé na bunda e... Não, eu não estou apaixonada!


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, voltei!!!
Não conseguiria ficar sem postar esse capítulo por muito tempo mesmo kkkk
E nele vai rolar fortes emoçoes u.u
BOA LEITURA :3



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Pisquei perdida e confusa encarando um teto branco que não era o do meu quarto. Tentei me sentar, mas um par de braços me impediu.

  - Nada disso - a voz de Anthony me alcançou e eu consegui focalizar seus olhos escuros.

  - O que aconteceu? - quis saber com a voz rouca.

  - Você desmaiou e quase matou a gente do coração - foi Edu quem respondeu, ele estava de pé perto do pé da cama e exibia um lindo sorriso pra mim.

  - Desmaiei? Por quê?

  - Queda de pressão - uma enfermeira que até então eu não tinha notado respondeu. - Você está grávida, não devia ficar se preocupando assim, não faz bem nem a você nem aos bebês - ela sorriu. - Seus amigos fizeram a maior confusão na recepção para que você fosse atendida, eles estavam realmente preocupados.

  Olhei para os morenos e nenhum deles me olhou nos olhos, mas mesmo assim sorri, a enfermeira garantiu a eles que eu já estava melhor, mas que ficaria em observação o resto do dia (não gostei muito dessa parte) e depois saiu.

  - O que aconteceu com você, Anthony? - perguntei assim que ela fechou a porta. - Eu ainda não entendi, você se envolveu ou não naquele acidente?

  - Você devia descansar - ele deu um meio sorriso. - A enfermeira disse que se irritar não vai fazer bem nem a você nem aos bebês.

  - Irritada eu vou ficar se você não me der a droga de uma explicação!

  - Tudo bem - ele ainda sorria. - Naquela hora em que eu estava falando com você e tudo aconteceu, eu estava longe da confusão, mas o engarrafamento estava horrível e os carros próximos de mais, quando o idiota furou o bloqueio os carros foram batendo uns nos outros como peças de dominó, eu só dei o azar de estar lá no meio. Eu estava falando com você, e os carros bateram e o idiota causou a explosão. O pessoal que se machucou foi só quem estava perto o suficiente para ser atingido. Felizmente eu não fui uma dessas pessoas, mas perdi o celular com a batida e depois os policiais tiraram todos dos carros com medo de uma segunda explosão e nos trouxeram pra cá e com tudo isso eu não consegui te ligar outra vez - não sei se era pelo alívio evidente de que nada tinha acontecido realmente, mas a única coisa que eu consegui notar foi que essa é a primeira vez desde que eu conheci Anthony, que ele disse tantas palavras de uma só vez. Acabei sorrindo sozinha.

  - Qual a graça? - quis saber e eu neguei com a cabeça.

  - Nada não.

  - Com licença - a enfermeira pediu entrando outra vez no quarto. - Só queria informar que seu irmão e a esposa dele chegaram e querem vê-la. Mas não podem ter mais que três visitantes por quarto.

  - Miguel e Lena estão aqui? - perguntei surpresa e dessa vez Anthony não conseguiu impedir que eu me sentasse.

  - Ele te ligou várias vezes, então achamos melhor atender e dizer onde você estava - Edu deu de ombros e depois olhou de mim para Anthony. - E acho que já vou indo, ainda tenho que buscar a moto lá estacionamento do shopping. Tchau, Lisa.

  Eu abri a boca para pedir que ele não fosse ou ao menos tentar explicar esse meu comportamento estranho, mas quando percebi que não sabia o que diria a fechei outra vez suspirando.

  - Tchau, Edu.

  - A gente se vê - ele deu um último aceno e saiu do quarto acompanhado da enfermeira que parecia bem interessada nele. Eu não podia culpá-la, Edu era mesmo um gato.

  Acabei rindo sozinha outra vez, olha no que eu estava pensando. Anthony me olhou arqueando uma sobrancelha e eu dei de ombros.

  - Você não vai querer saber qual é a graça - garanti. Ele abriu a boca para protestar, mas a minha família, por que era isso que aqueles dois escandalosos eram, invadiram o quarto e Miguel já chegou falando.

  - Hospital, Elisa? Você quer me matar do coração? Você não estava no shopping? Cadê aquele seu namoradinho? - quando ele finalmente parou para respirar foi que notou o bonitão pardo ali. - Anthony? O que está fazendo aqui?

  - É uma longa história - disse meio rindo meio gemendo, Lena se sentou na beirada da minha cama e sorriu.

  - Então é bom começar logo, por que não vamos embora sem ouvir tudinho.

  E eles não foram, nem mesmo Anthony foi embora. Passaram a tarde comigo ali. O bonitão foi obrigado a fazer mais exames, assim como eu, mas felizmente nenhum deles deu nada. Era tão estranho ver Anthony ali com meu irmão e minha amiga, mas ao mesmo tempo era incrivelmente divertido. Ele obviamente escutava mais do que falava, mas ainda assim era mais interação do eu havia sonhado.

  Quando voltamos pra casa no fim do dia, Lena fez questão de ir dormir comigo, fosse para me vigiar ou relembrar os velhos tempos, eu não sabia, mas foi muito bom, mesmo que dormir com ela fosse como dormir com um lutador de MMA.

  Na segunda de manhã a vida já havia voltado ao normal, pelo menos pra mim, por que ainda exibiam matérias e mais matérias sobre o acidente na ponte e eu duvidava que tudo já tivesse se resolvido. Lá na doceria o assunto era esse também, então não fiz questão de participar das conversas, mas quando Edu me mandou uma mensagem lá pelas duas da tarde eu me desliguei de vez do que acontecia a minha volta. Era só uma frase, mas que nunca era acompanhada de boas notícias, “A gente pode conversar?”.

  Eu como o esperado respondi “Sim”, então ele disse que passaria mais tarde lá no meu apartamento. Bem, seja o que Deus quiser.

  Como hoje eu estava ansiosa com o que viria, resolvi cozinhar, estava terminando de temperar o bife quando a campainha tocou.

  - Só um minuto - pedi colocando a carne na panela e lavando as mãos. Fui até a porta e a abri sorrindo. Edu continuava com o mesmo sorriso que eu me lembrava, mas mesmo que se esforçasse para esconder, ele não estava realmente feliz, o sorriso não alcançava os olhos. - Entre - chamei quando ele não fez movimento algum. Edu pareceu acordar e assim o fez.

  Eu voltei para a cozinha e ele se sentou em um dos banquinhos da bancada.

  - Então, o que você queria falar comigo? - perguntei indo direto ao ponto enquanto começava a preparar a salada. Eu se remexeu parecendo desconfortável e por fim me encarou.

  - Acho que isso não vai dar certo - ele comentou e eu olhei para o tomate que picava.

  - O que tem de errado com a salada? - quis saber e ele abriu um sorriso, mas um instante depois quando começou a falar parecia triste.

  - Não estou falando da salada. Estou falando de nós. Eu e você. Isso não vai dar certo.

  Parei o que estava fazendo e o encarei surpresa.

  - Você está terminando comigo, é isso?

  - Bem a gente não chegou a ter nada de verdade - ele abriu um meio sorriso e eu o olhei feio. - Ok, não vou fazer piada agora - disse sério e foi a minha vez de rir. Eu estava levando um pé na bunda e estava rindo, maravilha isso.

  - Isso não ia dar certo mesmo, né?

  - A gente é parecido de mais. Então, desculpa?

  Eu ri.

  - Por ter me chutado não. Mas pelo menos você não veio com aqueles papinhos de “Não é você, sou eu”, ou ainda “Olha Elisa, você é uma pessoa incrível, mas...” - fiz aspas no ar e Edu gargalhou.

  - Esse último parece que a pessoa tá sendo demitida - ele disse depois de se recuperar e sorriu pra mim. - Seria muito mais fácil se eu gostasse de você do jeito que gosto da minha ex, que depois de três anos de namoro rejeitou meu pedido de casamento.

  - O que!? - exclamei quase cortando o dedo junto com a alface. - Sua ex não quis casar com você e depois te chutou? - perguntei sem acreditar. Edu deu um sorriso triste.

  - Na verdade eu terminei com ela depois que ela não quis casar comigo. Acho que foi orgulho ferido.

  - Com certeza foi orgulho ferido, mas em que circunstâncias ela não quis casar com você?

  - Tudo começou com um estágio. Era uma oportunidade única como ela não cansava de repetir. Mas era em outro país, aí eu fiquei com medo dela conhecer outro e se encantar. Então eu a pedi em casamento e ela surtou dizendo que era loucura a gente se casar assim do nada, e que eu só tinha feito aquilo pra ela não ir. A gente brigou feio esse dia. Ela disse não para o meu pedido e eu pedi um tempo, eu ia falar com ela no dia seguinte tentar resolver, mas eu não pude ir cedo e no fim do dia quando eu fui, ela já tinha ido. E foi isso, o pior pedido de casamento da história.

  - Nossa - comentei surpresa. - Mas o que eu não entendi uma coisa, você pediu ela em casamento só pra ela ficar?

  - Meu Deus, não! - ele gemeu apoiando a cabeça na bancada. - Por que todas vocês acham que eu fiz isso para prendê-la? Caramba! Eu só queria um laço concreto com ela antes dela ir!

  - Péssimo jeito de conseguir isso, e como assim “todas nós”?

  - Eu fui falar com o meu cupido sexta - ele sorriu. - E a louca da Caitlin disse a mesma coisa - suspirou. - Eu nem devia ter feito nada.

  - Caitlin? - repeti enquanto as engrenagens do meu cérebro começavam a girar.

  - Ela é a irmã mais nova da Victória, a minha ex, e foi ela quem se autodenominou meu cupido. Ela me deu a maior bronca sexta e quis saber o porquê da gente ter terminado antes da Vic ir embora.

  - Mas Caitlin? - perguntei ainda sem acreditar, só podia ser brincadeira. - Uma morena de dezenove anos, dos cabelos curtos e que recentemente começou a trabalhar em uma doceria? Essa Caitlin?

  - Como você...? - ele se interrompeu e me encarou surpreso. - Você conhece a Cait?

  Eu comecei a rir e quase não consegui parar, uma vez que a cara de “Não estou entendendo nada” do Edu era hilária.

  - Essa Caitlin - consegui dizer. - É a minha mais nova colega de trabalho. Então sim, eu a conheço.

  - Caramba! Que mundo pequeno! - Edu riu também, mas depois seu sorriso morreu e ele suspirou.

  - Se você, obviamente, ainda gosta assim da Victória por que não vai atrás dela? Você a viu só uma vez e já está assim - ri e ele gemeu.

  - Sinto lhe informar que está errada minha cara, Lisa. Eu nem vi ela e estou assim, sexta eu me encontrei com a Cait, e eu sei é ridículo.

  Eu acabei rindo e ele me olhou arqueando uma sobrancelha.

  - Certo não vou rir da desgraça alheia - garanti. - Mas tenho uma última pergunta, se você ainda gosta tanto assim dela, por que me chamou pra sair em primeiro lugar?

  - Orgulho ferido, lembra? E também, não é como se eu pudesse não enxergar você, você é linda e incrível, foi por isso que eu te chamei pra sair - ele deu um daqueles sorrisos encantadores e eu fui obrigada a dar a volta na bancada para abraçá-lo.

  - Você é incrível, Edu. Espero que dê tudo certo com a Victória, por que pelo o que eu ouvi da Caitlin, vocês merecem.

  - E eu espero que dê tudo certo com Anthony.

  - Não é como se... - eu me interrompi assim que entendi o que ele tinha dito e corei na mesma hora. - Espera! O quê? A gente nem tem nada!

  Edu riu.

  - Imagina se tivessem, né? Ele faltou me bater sexta-feira com aquele lance todo do frango, e acho que não foi só aquilo. Ele parecia bem perto de me bater mesmo só por eu estar tocando em você.

  - Você está exagerando - murmurei surpresa, Anthony não estava assim aquele dia, estava?

  - Claro que não. E você também gosta dele. Você está apaixonada pelo cara, não está?

  - O que!? Não! Que ideia é essa? Isso é... - parei de falar assim que Edu me olhou como se dissesse “Negar é a prova”, acabei suspirando derrotada. - ...Verdade - admiti o óbvio. Eu já estava completamente apaixonada pelo idiota do bonitão e nada no mundo iria mudar isso. - Eu estou muito ferrada - choraminguei e ele riu.

  - Não é como se eu precisasse de confirmação depois de ontem. Você não teria ficado daquele jeito se ele não fosse importante pra você, Lisa. E você gostando ou não, ele já é.

  - Eu já disse que te odeio? - fiz bico e Edu me abraçou.

  - E você não ter dado um chilique quando eu falei em terminar e na minha ex é a maior prova de que nós dois não era pra ser.

  Me separei dele e o encarei.

  - Se você continuar com essas filosofias de vida nas quais eu não quero pensar eu juro que te expulso daqui. Mas se calar a boca pode ficar pra comer.

  Edu assentiu fingindo seriedade.

  - Eu vou calar a boca - garantiu e eu acabei sorrindo.

  - Bom mesmo. E só mais uma coisa, ontem como você sabia que era do Anthony que eu estava falando quando surtei no telefone?

  - Você sempre se refere a ele como “Idiota”, então não muito difícil deduzir isso. Mas quero fazer uma pergunta também - ele anunciou enquanto eu voltava para a cozinha a fim de verificar a carne. - O que tem de tão ruim em você estar apaixonada pelo pai dos seus filhos? Essa é a única coisa que eu não consigo entender.

  - Como você sabe que ele é o pai? - perguntei surpresa, não lembrava de ter comentado nada com ele.

  - Não é difícil deduzir depois de ontem. E também, ele perguntou a enfermeira sobre seus filhos então eu só juntei uma coisa à outra. De qualquer forma, você não respondeu minha pergunta.

  - Por que a resposta dela é complexa e confusa e envolve minha falta de bom senso.

  - Você tinha dito algo assim dá primeira vez em que eu perguntei. Mas agora eu quero saber, por favor.

  - Se você faz questão - suspirei. - Agora que a gente não está mais saindo acho que não tem problema te contar da confusão.

  E eu contei, as partes importantes, claro, coisas como o fato de eu e Anthony termos nos beijado, não achei necessário. A noite com Edu acabou se tornando um jantar em família, por que Miguel e Lena vieram comer com a gente. Meu irmão fez todo o tipo de piadinha que conseguiu quando descobriu que eu tinha levado um pé na bunda. Mas eu sabia que ele só estava assim por que eu não estava toda triste e sofrendo, por que quando eu descobri sobre o Caio, meu irmão foi o primeira a ir lá e literalmente socar a cara dele, ele só não bateu mais por que a Lena não deixou.

  Depois que todos foram embora eu já estava morta. Ninguém devia fazer uma grávida ficar acordada até as onze da noite numa segunda-feira. Mas como eu ainda estava acordada resolvi irritar um pouco o moreno que não saia da minha cabeça. Não sei se era a descoberta recente de que eu estava apaixonada por ele ou o fato eminente de que ele quase morreu de novo em um acidente de carro, mas eu não estava mais irritada com Anthony por causa do beijo. Ele não queria, mas fez, aí se arrependeu. Maravilha não ia mais pensar nisso. Não me importava. Se eu pudesse irritá-lo com minhas mensagens já me daria por satisfeita. Por isso resolvi lhe mandar uma.

Tá ai?

Não.

Sempre delicado. N devia tá dormindo?

E vc? Achei q grávidas dormissem pra caramba.

Elas até dormem quando deixam.

Quem não deixou?

Meu irmão irritante e a esposa maluca dele. Acho q eles n tem casa.

Aposto q foram ai pra comer.

Eles só vem pra isso. Mas tá fazendo o q Sr. Empresário Ocupado?

Estou ocupado sendo um empresário.

Haha muito engraçadinho vc. Nem sabia q conseguia fazer piada.

N faço. Na vdd devia tá digitando um contrato e n falando com vc.

N estou te obrigando a nada.

Se quiser eu paro de responder.

Para então.

Pensando melhor, vou ficar.

Vc é ridículo.

Já te disse q vc é a única pessoa q tem coragem de falar assim comigo?

O nome disso é honestidade, sou super a favor.

Tô vendo.

  Surpreendentemente nossa conversa durou até quase meia noite o que foi incrível uma vez que não falamos sobre coisa nenhuma. E eu sempre acabava rindo em meio à conversa, não sei por que, mas esses papos meio ridículos sempre envolvendo alguma discussão sem sentindo, eram bem a nossa cara. Fui dormir com um sorriso bobo no rosto depois de guardar o celular, eu não sabia o que esperar de agora em diante, mas eu podia tentar alcançar o coração do bonitão, não podia?


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Notas finais do capítulo

Então, então? Agora COM CERTEZA quero opiniões ♥
Beijocas e até amores!! *-*



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