A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 2
Porcelana.




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...

Ela correu e fechou a porta atrás de si, a trancando rápido. Ele tinha enlouquecido de novo, e quase arrancara sua perna dessa vez.

Percebendo sua respiração acelerada, tentou se acalmar e foi até o banheiro. Sentou na privada fechada e respirou fundo. Acabou soltando uma risada e uma piada sobre a situação perigosa, só para descontrair.

Saindo do banheiro (que era logo ao lado da entrada para o porão), foi para o seu quarto, que era próximo. Entrou na sala pequena e olhou para as suas bonecas e seus móveis. Sorriu ao vê-los e pulou na sua cama de mola. Brincou um pouco e logo se esqueceu do que acabara de acontecer.

— Você é tão bonita! — ela pegou uma das bonecas. — Seus cabelos loiros são um charme, e esse vestido vermelho combina muito com eles!

— Oh, que é isso! — a moça, apesar de ter dezesseis anos, começou a fazer a voz da boneca, a distinguindo da sua. — Você sim é que é bonita! Você tem cabelos pretos e olhos azuis! Quem dera eu tivesse olhos azuis! E o seu casaco... uau, um luxo! Branquinho como as nuvens... Iguais a sua pele! Que parece...

— Porcelana! — a voz da mãe interrompeu a brincadeira da moça, apesar de completar a frase da boneca. Ela abriu a porta e olhou para a filha num misto de susto e alívio. — Graças a Deus você está bem!

— O que aconteceu? — ela não entendia o motivo de tanta preocupação. Já havia esquecido o incidente com o irmão.

— Amaldiçoado... ele tentou forçar a porta de novo. Quase a quebrou dessa vez. Pensei que você estivesse com medo.

— Ah, não. — sorriu despreocupada. — Está tudo bem. — sorriu com seus dentes brancos, que sempre acalmavam a mãe.

— Que bom! — ela sorriu de volta, e saiu do quarto.

A mãe viu o marido consertando a fechadura do porão. Isso significava que Amaldiçoado já havia sido contido. Suspirou. Era difícil criar um filho naqueles dias nublados. Maldições eram rogadas a adolescentes e isso os transformava em estranhas criaturas, que se tornariam monstros completos quando perdessem o coração ou a memória de quem foram. Não se conhecia uma forma de reverter tal situação.

Isso sempre pesava na cabeça da mãe. Ela não queria acordar e ver que a casa havia sido destruída pelo monstro que arrombou a porta do porão. Mas ao mesmo tempo, o pai do rapaz não perdia as esperanças. Não importava o que dissessem, ele não desistia de consertar a fechadura, não desistia de procurar uma solução, não desistia do seu filho.

"Como pode ele proteger uma criatura dessas?" pensou ela. "E ainda deixar que minha filha se aproxime dele quando quer. Não sabe que ela é como uma boneca de porcelana?"


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