Subaquático escrita por ohhoney


Capítulo 5
Nós no mar


Notas iniciais do capítulo

Saiu, porra!!!!!!111

Ai, como eu amei escrever esse capítulo. Tô completamente apaixonada por essa história, e esse AU é demais!!!

Deixem aquele review maroto. Espero que gostem!



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Suga ficou quieto e pensativo durante todo o caminho para casa. Daichi sabia que não adiantaria puxar conversa — Suga permaneceria quieto até ruminar todos os pensamentos em sua cabeça e só depois falaria com ele. Por isso Daichi tratou de dirigir pela rua da praia o mais devagar possível, deixando que Suga observasse o oceano iluminado pela luz branca do luar.

Após chegarem em casa, Suga sentou no sofá e cruzou os braços sobre o peito.

— Bebe isso.

Daichi olha para ele com certo receio no olhar, mas sorri tentando encorajá-lo. Oferece uma caneca de peixinhos para Suga com algo cheiroso dentro. Suga pega e encara o líquido esverdeado.

— É chá. Cuidado que está quente.

— ... Obrigado.

Daichi senta-se ao seu lado, também com sua caneca de chá em mãos. As cortinas da sala balançam suavemente com a brisa vinda do mar. A noite está agradável e o céu, limpo. As cigarras cantam, indicando que o dia de amanhã seria quente. Suga tem o olhar baixo e meio tristonho, ainda pensativo enquanto toma seu chá devagarzinho.

Ele toma dois grandes goles e suspira alto enquanto apoia a caneca na mesinha. Joga-se para trás e encara o teto.

— Estou puto.

Daichi aperta os lábios e deixa sua caneca na mesinha também.

— Pensei que fosse ficar triste...?

— Estou puto e triste. Preciso ter uma conversa séria com o pessoal. Não é possível que esconderam uma coisa dessas de mim minha vida inteira. — Suga suspira novamente e pega na mão de Daichi, afagando-a — Daichi, temos que tirar aquele garoto de lá. Não posso permitir que ele viva em um espaço daqueles. O que ele estava fazendo lá, para começo de conversa...?

— Bom... — Daichi encara os olhos castanhos de Suga — Tendo em mente que sereianos são super raros hoje em dia... Parece que ele é uma atração do circo. Se eu não me engano, aquele menino Kageyama estava tentando convencê-lo a aprender algum truque...

Espera. Como assim, "hoje em dia"? — os olhos de Suga se arregalam — Daichi.

— Suga...? Você sabia que os sereianos eram os reis dos mares, né? Que existiam milhões pelo mundo?

A expressão de Suga deixa claro que ele não sabia dessa informação. Daichi sente-se idiota.

— Como você sabe disso?! — Suga parece aterrorizado.

— T-Todos aprendemos na escola sobre os sereianos e como eles foram caçados à extinção...

Aquelas palavras doem na alma de Suga. Extintos. Até Daichi sabia da existência de mais deles, e Suga não. Fora enganado a vida toda. Durante 20 anos acreditou que era o único de sua espécie em todo o oceano. Caçados. Os humanos tinham caçado todos de sua espécie até não sobrar nenhum...

Lágrimas de fúria escorrem pelas bochechas de Suga, e ele larga a mão de Daichi. Seu interior pega fogo e ele tem vontade de gritar.

Hinata, o único sereiano que vira, estava sendo usado como atração de circo. Entretenimento para os mesmos humanos que os caçaram. Estava aprendendo truques como se fosse um maldito cachorro. Aprisionado em um tanque minúsculo... O coração de Suga se parte ao lembrar das imensas cicatrizes pelo corpo de Hinata, e como as barbatanas de sua cauda estavam rasgadas.

Como puderam fazer isso...

— Por favor, não chora — Daichi aproxima-se de Suga e apoia a mão em sua perna — Desculpe, Suga, eu não tinha ideia que você não sabia. Eu te explico tudo o que você quiser.

Não. — ele limpa o rosto furiosamente — Não é você que precisa me dar explicações. Vou ter uma conversa com o pessoal quando voltar pra casa.

— Suga, eu prometo que vou tirá-lo de lá. Prometo. O Kageyama me deu o número do celular dele e eu vou pensar em alguma coisa.

Vendo como Daichi realmente parecia preocupado e tinha o olhar doído, Suga sente-se um pouquinho menos mal. Ele sorri de leve e murmura um "obrigado".

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Daichi deu para Suga um pouquinho daquela coisa esquisita chamada "café", mas ele não gostou muito. Prefere aquela bebida da noite anterior; tinha um cheirinho gostoso e era doce, e não amargo. Os dois comeram e se banharam.

— O que quer fazer? Acho que temos um tempinho antes de você precisar voltar — Daichi pergunta. Ele e Suga estão no quarto parcialmente vestidos logo depois de terem saído do chuveiro.

— Quero ficar um pouco contigo...

Suga abaixa o olhar, meio envergonhado. Daichi sorri para si mesmo e senta ao lado de Suga na cama, passando seus braços ao redor dele.

— Beleza. Você ficou de me contar daquela vez que se meteu numa briga com uns tubarões.

— Verdade.

Eles voltam a deitar na cama desarrumada, um nos braços do outro, conversando animadamente. Suga começa a história, mas depois eles mudam de assunto, passando a falar sobre o ciclo migratório das baleias, da influência da Lua no mar, como as sardinhas contam as melhores piadas, e de como tinham vontade de sair e explorar o mundo um dia.

— Eu não me importo com o destino desde que você esteja comigo — Suga esfrega o nariz no de Daichi e sorri. Eles se olham com carinho.

— Não quero ir a nenhum lugar sem ter você do meu lado.

Daichi mostra um sorriso apaixonado e Suga o beija, também sorrindo.

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— Tá se sentindo bem?

— Meu estômago dói um pouco...

— Hm... Acho melhor voltarmos para a praia, não?

— Sim.

Daichi dá uma piscadinha e levanta da cama, começando a arrumar uma pequena mochila. Suga veste a bermuda e levanta para ir ao banheiro. Daichi coloca as coisas no carro e pega sua prancha de surf.

— Daichi! — Suga chama do banheiro.

— Oi?

— Preciso de uma ajudinha...

Daichi vai até lá e encontra Suga sentado no chão ao lado do vaso com a testa franzida.

— Minhas pernas tão doendo muito — ele se lamenta e esfrega os joelhos — Caí e não consigo levantar.

— Temos que voltar logo. Vem, se apoia em mim.

Daichi coloca um dos braços de Suga atrás de seu pescoço e o ergue. Suga solta uma pequena reclamação. Suas pernas tremem. Eles vão até o carro e Daichi o coloca no banco do passageiro, apertando o cinto de segurança ao redor dele antes de pular para o banco de motorista e dar partida.

— Em dez minutos estamos lá, não se preocupe.

Daichi dá um sorriso encorajador e recebe outro. Ele faz carinho nas pernas de Suga durante todo o trajeto.

A praia de Suga era um lugar secreto na ilha. O caminho era tampado por um tronco caído que parecia extremamente pesado, mas que já estava oco e era fácil de ser tirado do caminho. Daichi colocou também vários galhos para ocultar as marcas de pneu. Quem passava por ali jamais imaginaria que existia um caminho para a praia mais bonita e, consequentemente, para a casa de Suga.

Como as cigarras anunciaram na noite anterior, o dia realmente tinha amanhecido quente e ensolarado. Poucas nuvens pairam no céu e a brisa está quente. A água do mar está geladinha e cristalina, com pouquíssimas ondas e vários peixinhos nadando em cardumes.

Daichi estaciona seu carro no lugar costumeiro e pega Suga no colo para levá-lo para a água. Os dois ficam surpresos ao verem na areia pelo menos duas dezenas de polvos, cada um de uma cor e tamanho diferente, esperando por eles.

— O que é isso? — Suga pergunta para seus amigos.

— Vossa mãe pediu para que te levássemos para a caverna — o polvo azul-escuro diz, e Daichi recua um pouco, ainda estranhando o fato de que polvos realmente podiam falar — Humano, deixe-o conosco.

Daichi olha para Suga com dúvida, mas é reconfortado com um sorriso. Daichi coloca Suga na beira da água e corre para buscar a prancha. Suga sobe nela e se despede de Daichi enquanto é puxado pelos polvos na direção da caverna.

Tentando não se preocupar muito, Daichi senta na areia e pega seu celular. Há algumas mensagens esperando para serem lidas.

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De: Kageyama

11:43— Também quero devolver o Hinata para o mar, mas não tem como. O pessoal do circo provavelmente me mataria se eu o soltasse. Além disso, ele é meu amigo e é um idiota, não acho que ele saiba se virar sozinho.

11:44— Vamos embora hoje de madrugada, não sei qual o próximo destino.

11:45— O Hinata não para de falar no Suga e está chorando dizendo que não aguenta mais ficar aqui. Eu também não...

11:45— Ajuda a gente, por favor.

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Daichi suspira e olha para as gaivotas no céu. Era cruel como Hinata estava servindo como um bicho para exposição, tendo que aprender truques para entreter pessoas. Daichi tinha visto como ele ficara apavorado ao ver dois estranhos se aproximando. Deve ter sofrido muito nas mãos dos humanos para ficar traumatizado daquele jeito. Ele tinha prometido para Suga que tiraria Hinata de lá e o traria de volta ao mar.

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Para: Kageyama

12:09— Tem como você me encontrar em meia hora? Vamos almoçar e discutir algumas coisas.

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Minutos mais tarde, Suga aparecia de volta na praia; dessa vez, agitava sua cauda prateada atrás de si com entusiasmo, e nadava para cima e para baixo com um sorriso alegre no rosto.

— Estava com saudades daqui — Suga rasteja para fora da água e senta na areia ao lado de Daichi — O que houve?

— Marquei de me encontrar com o Kageyama para discutir como vamos tirar o Hinata de lá.

Os olhos de Suga brilham com força. Seu coração pulsa nas veias com a ideia de ver Hinata livre, ali com ele na praia. Livre. Ao mesmo tempo, ele sente uma onda quente preenchê-lo por completo.

— Tudo bem. Vá encontrá-lo. Tenho que ter uma conversa séria com o pessoal daqui.

— Você vai ficar bem? — Daichi mostra preocupação nos olhos.

— Vou. Eu preciso saber.

Os dois se despedem brevemente, prometendo se reencontrarem mais tarde. Daichi observa enquanto Suga pula pelas ondas e desaparece na água. Seu coração martela em seu peito.

Daichi encontra Kageyama em uma pequena lanchonete no lado norte da cidade. O garoto estava sentado batendo impacientemente os dedos na mesa, e soltou um suspiro de alívio ao ver Daichi entrando pela porta.

— Desculpe a demora, tive que levar o Suga de volta para a praia.

Kageyama ergue as sobrancelhas e responde:

— Tudo bem. Olha, precisamos conversar. Eu e o Hinata não aguentamos mais fazer parte do circo... — Kageyama aperta as mãos juntas e encara suas juntas — Não quero mais vê-lo naquele tanque.

— O Hinata até entendo ser uma atração, mas por que você está lá?

Kageyama toma um gole de seu refrigerante, meio corado nas bochechas.

— Eu não tenho pais. O pessoal do circo me adotou quando eu era criança. Dizem que são minha família, mas me tratam muito mal. A dona do circo, a Lady Night, não permite que eu saia e odeia que sou amigo do Hinata, mas sou o único que ele escuta. Eles o maltratam e o deixam sem comida se ele não aprende os truques para as apresentações. Ninguém gosta muito de mim, também.

Daichi sente-se péssimo. Kageyama e Hinata parecem ter uns 16 ou 17 anos no máximo. Tinha que fazer algo por eles. Não podia deixar que Hinata continuasse preso e que Kageyama ficasse nas mãos daquele pessoal do circo.

— Escuta. Tenho um plano.

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— Suga!!!!!!! Você voltou!!!!!!!!

— Voltou! Voltou! Voltou! Voltou! Voltou!

Centenas de peixinhos saem nadando dos corais na direção de Suga, dando voltas ao seu redor e soltando bolhinhas de empolgação.

— Voltei! Desculpa por deixar vocês preocupados!

— Eu tava com saudades!

— Eu também! Eu também! Eu também! Eu também! Eu também!

— Eu também estava, pessoal. Escuta, vocês sabem onde estão seus pais? Preciso muito conversar com eles.

— Sobre o quê?

— O quê? O quê? O quê? O quê? O quê?

— É papo de adulto — Suga sorri e aconchega alguns dos peixinhos em suas mãos, olhando aquelas vidas pequenininhas — Onde estão?

— Na pedra redonda com os outros!

— Depois nos falamos, tchau.

— Tchau Suga! Vem brincar com a gente depois!

— Brincar! Brincar! Brincar! Brincar! Brincar!

— Claro, vou sim.

O cardume volta para entre os corais, brincando de pega-pega. Outros peixes passeiam ao redor, todos dando saudações a Suga. Por mais feliz que esteja ao estar de volta, seu interior arde de perguntas. Ele aperta os lábios e vai até a pedra redonda no meio da barreira de corais. Todo o pessoal mais velho estava lá. Parecia algum tipo de reunião. Eles ficaram felizes ao ver Suga quando ele se aproximou, mas logo perceberam que havia algo de errado.

— Precisamos conversar — Suga cruza os braços sobre o peito e fecha a cara.

— O que aconteceu, querido? — Mãe aproxima-se do garoto — Foi aquele humano?

Suga olhou fundo nos olhos de Mãe e soltou bolhas impacientes.

— Quando vocês iriam me contar que eu não sou o único sereiano do mar? E que minha espécie foi extinta?

O silêncio que tomou conta da reunião foi perturbador. Todos estão em choque pelas palavras de Suga. Como ele...?

— O-Onde você ouviu isso? — a lagosta azul, Benny, tremelica suas antenas.

— Eu... Estava passeando com o Daichi e encontramos um outro sereiano, preso em um tanque. Ele disse que não haviam mais de nós livres na natureza, e que fomos caçados... Que éramos os reis dos mares.

— Outro sereiano?! — os camarões gêmeos, Bob e Rob dizem em uníssono — Impossível!

— Suga, filho — Pai aproxima-se também e segura na nadadeira de Mãe — Você tem certeza? Os sereianos...

— Tenho certeza, Pai! Vi com meus próprios olhos! — Suga agita a cauda impacientemente.

Pai e Mãe se olham, e depois para o resto dos animais na roda. Todos parecem apreensivos. Eles soltam algumas bolhas antes de falarem:

— Está bem, Sugawara. Temos muito o que conversar.

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Suga sabia que seria uma conversa longa e aparentemente secreta, já que ele e os mais velhos foram para a caverna subaquática. Quando animais estrangeiros não podiam saber dos assuntos do coral, utilizava-se a caverna para as reuniões. Algas bioluminescentes iluminavam  a areia e subiam pelas paredes, deixando o ambiente com uma luz azulada bem bonita. O grupo reuniu-se no centro e em círculo.

— Sugawara Koushi.

O sangue de Suga gela em suas veias ao ouvir a voz da Anciã, a tartaruga de 230 anos. Ela vem nadando devagarinho acompanhada de seus dois cavalos-marinhos guardiões. Ele tinha encontrado-a somente uma vez antes, então com certeza era uma conversa muito séria. Ele engole em seco.

— Filho... — Pai começa, agitando a cauda.

— Por que vocês nunca me falaram nada? — Suga soa magoado — Por que me deixaram achar que era o único?

— Querido, escute — Mãe passa a barbatana carinhosamente na bochecha de Suga — Perdoe-nos. Foi muito egoísmo de nossa parte.

— Achávamos que se você nunca soubesse, nunca sairia dos corais — Estela, a estrela-do-mar, bate uma de suas pernas na areia — Precisamos de você aqui, Suga...

— O que quer dizer?

— Os tubarões do sul — Rob começa.

— Com você aqui, estamos a salvo deles — Bob termina.

Helen, a baiacu, solta bolinhas:

— Como você mesmo disse, os sereianos eram os reis dos mares. Eles não ousam atacar nosso recife com você aqui. Precisamos de você, Suga. Desde que os sereianos sumiram, estamos vulneráveis.

— Como eles sumiram? O que aconteceu? — Suga aperta as mãos, ainda sem muitas respostas.

— Deixe eu lhe contar uma história, jovem — a Anciã começa, com sua voz fraquinha calando todos os outros — Uma história que começou há mais ou menos 200 anos e nos leva até aqui, nesse momento.

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"Eu era uma jovem e ingênua tartaruga, nadando pelos mares em busca de algas gostosas e as praias perfeitas para botar meus ovos. Os sereianos realmente eram os reis dos mares. Estavam por todos os lugares, em todos os recifes, em cavernas, em cidades subaquáticas enormes. Existiam milhões deles pelo mundo. Desde o início dos tempos, a relação entre eles e os humanos foi conflituosa.

"Os sereianos eram acusados de raptar e afogar crianças e marinheiros, e transformá-los em monstros marinhos. Além disso, também achavam que afundavam barcos e navios e comandavam os animais a atacarem. Para os sereianos, os humanos eram os responsáveis pela poluição das águas e da caça e extinção de várias espécies, além de, desde sempre, pegarem filhotes para colocá-los em aquários e fazer experiências. As escamas de suas caudas eram bens extremamente requisitados e populares.

"Há 200 anos aconteceu uma coisa terrível: em uma das duas Guerras que assolaram a humanidade, duas bombas atômicas foram jogadas no mar e milhares de vidas foram perdidas. Então os sereianos e os humanos entraram em guerra.

"Por conta das rixas do passado, os humanos decidiram caçar e matar todos os sereianos do oceano. Em dez anos, foram considerados espécie em extinção e, apesar da luta de alguns grupos humanos para salvá-los, infelizmente foram considerados extintos de vez. Por mais de 100 anos, os poucos sereianos restantes esconderam-se em cidades secretas nas profundezas. Mesmo assim, a população não crescia rápido o suficiente.

"Faz 20 anos que um pequeno incidente fez com que você viesse parar aqui. Um grupo de sereianos foi avistado nadando com baleias por um barco pesqueiro, e as notícias de sobreviventes chegou aos ouvidos do governo.

"De noite um navio de guerra usou seus equipamentos para localizar a pequena cidade e lançou dezenas de mísseis. Foi um caos. Quase todo mundo morreu; os poucos que conseguiram escapar esconderam-se e permaneceram em segredo.

"Eu tinha acabado que colocar meus ovos quando o recife inteiro entrou em pânico. Carregada por um golfinho vinha uma sereiana muito machucada, sangrando, sem metade da cauda. Era óbvio que morreria. Havia um porém: ela estava grávida.

"Nós fizemos tudo o que podíamos para tratá-la, mas alguns dias depois ela não aguentou o parto e morreu. Ela nos fez prometer que cuidaríamos de seu bebê e o manteríamos em segredo, e jamais deixaríamos os seres humanos chegarem perto.

"Esse bebê era você.

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Suga mal consegue respirar. Todos ao seu redor pareciam extremamente tristes com a lembrança, mas Suga estava em choque. Nunca imaginaria.

— M-Minha mãe...?

— Filho, entenda — Pai aproxima-se do rosto de Suga — Não podíamos te contar. Se você soubesse que talvez ainda existam sereianos por aí, você sairia em busca deles. Nós fizemos uma promessa, Suga.

— Por isso não queríamos que você se aproximasse daquele garoto humano — Mãe completa — Não podíamos arriscar te perder. Nós te criamos como se fosse um de nós, todos aqui te consideram um filho e te amam muito. Se alguém soubesse da sua existência...

— Os boatos que correm o oceano dizem que todos os sobreviventes de 20 anos atrás morreram. Não resta nenhum vivo — Benny balança suas antenas.

— Desculpe por dizer que você era o único — Estela escala uma pedra — e por esconder tudo de você.

— Só queríamos te proteger. Nós te amamos. — Rob e Bob dizem juntos.

O coração de Suga está apertado no peito. Podia ver no rosto de todos o quanto estavam arrependidos e o quanto se importavam com ele. Apesar de tudo, não tinha como ter raiva... Não há como odiar aqueles que zelaram pelo seu bem por tantos anos, e só queriam seu melhor. Suga sentia-se grato.

— O-Obrigado. Por tudo. Eu amo vocês também. Obrigado por me contarem sobre meu povo. Obrigado por cuidarem de mim...

Suga coloca as mãos no rosto e chora. Pai e Mãe afagam seu cabelo.

— Mande trazer a caixa — a Anciã diz para um dos cavalos-marinhos que a acompanha, e ele sai por entre as algas. — Pequeno Sugawara... Não acredito que está tão crescido. Já é um adulto...

Suga vai até a Anciã e a abraça gentilmente, acariciando seu casco esbranquiçado pelo tempo. O cavalo-marinho volta acompanhado de um grande polvo roxo, que carrega uma caixinha de madeira.

— Essas são as coisas que sua mãe tinha com ela quando chegou. — a tartaruga afasta Suga gentilmente para mostrar a caixa. A madeira estava podre e escurecida, com alguns buracos e craca grudada — Guardamos para te dar um dia. Acho que chegou a hora.

De boca aberta, Suga pega a caixa cuidadosamente dos tentáculos do polvo. Dentro estão as coisas da mãe que nunca conhecera. Seu coração palpita no peito. Benny, Rob e Bob, Estela, Helen, Mãe, Pai, e a Anciã sorriem para ele.

Suga sorri de volta.

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— Você vai abrir?

— Vou.

O Sol se punha em meio às nuvens alaranjadas no horizonte. A tarde estava bonita e quente. Sentado em sua prancha, Daichi observa a caixinha nas mãos de Suga. Ele parece nervoso.

Suga ergue a cabeça de repente e solta alguns apitos longos.

— O que houve? — Daichi pergunta.

— Ah... — ele coça a cabeça — Escuta, tem uns animais que querem te conhecer... Tudo bem?

— Quem?

— Os peixes que me criaram. Pai e Mãe.

— ... Seus pais querem me conhecer?

— Mais ou menos isso.

Daichi engole em seco. Jamais pensara que ouviria tal coisa.

— A-Acho que tudo bem.

Suga apita de novo. Longos segundos depois, dois peixes pretos de barbatanas e caudas amarelas aparecem ao lado de Suga. Eles piscam seus grandes olhos escuros.

— Esse é o Daichi. — Suga olha dos peixes para o garoto e volta — Eles dizem oi.

— O-Oi, prazer.

Daichi jamais imaginou que um dia conversaria com dois peixes por intermédio de um sereiano. Era um dos dias mais loucos de sua vida.

— Desculpe, eles estão com medo. Não confiam nos humanos. Eles acham que você vai me machucar.

— Não vou machucar o Suga, eu prometo. — Daichi sorri amigavelmente — Não vou machucar nenhum de vocês.

Daichi segura na mão de Suga e dá um beijo em suas juntas.

— Sim, vamos abrir a caixa.

Suga abre a tampa de madeira e de dentro tira duas coisas. Uma delas é um pente de cabelo feito de uma concha, enfeitado com pequenas pérolas. Alguns de seus dentes estão quebrados, mas ele ainda é muito bonito. O outro objeto é um colar feito de fibra de corda com uma pedra branca presa na ponta.

— Eles dizem que minha mãe usava o colar quando chegou.

— É muito bonito.

— Sim...

Suga pega os objetos com cuidado e passa os dedos carinhosamente sobre eles. Sorrindo para si mesmo, ele estende o colar na direção de Daichi.

— Quero que você fique com ele.

— Eu? Mas era da sua mãe.

— Não preciso disso. Minha mãe está bem aqui — ele olha para o menor dos peixes e sorri. Ela vai até ele e eles se abraçam — Não precisa chorar — Suga ri — Eu te amo também.

Daichi sente seu coração derreter mais um pouco por Suga. Sorrindo, pega o colar e o coloca ao redor do pescoço.

— E o pente, meu filho?

— Não sei. Acho que vou enterrá-lo como uma homenagem.

— É uma boa ideia.

Daichi se sobressalta. Estava escutando mais vozes.

— Aconteceu alguma coisa? Seu amigo tá com uma cara estranha.

— Ele está bem?

Suga volta o olhar para Daichi, que sente o estômago apertar.

— Daichi? — Suga pergunta, colocando uma mão em seu joelho.

— S-Suga, eu acho... Q-Que estou ouvindo eles falarem.

— Como assim? — os olhos de Suga se arregalam.

— Acho que é o colar. Diz para eles falarem alguma coisa.

Suga abre e fecha a boca repetidas vezes, sem saber muito bem o que falar. Então puxa Daichi pela nuca e lhe dá um beijo.

— Sugawara, o que você está fazendo?!

— Filho, não chegue muito perto dele. Eu sei o que ele disse, mas mesmo assim...

— Eu consigo ouvir! — Daichi aponta para o peixe maior — Ele falou pra você não chegar perto de mim!

Suga abre a boca de espanto e pega a pequena pedra branca entre os dedos. Não parece nada de mais; era arredondada e opaca, com algumas pequenas rachaduras... Ele e Daichi se olham por alguns momentos, tentando entender o que estava acontecendo.

— Deve ser uma pedra especial — Mãe diz, aproximando-se da prancha de Daichi — Venha cá, deixe-me ver.

Daichi desce da prancha para a água e apoia-se em Suga para flutuar. Pai e Mãe aproximam-se de Daichi e começam a cutucar o colar.

— Nunca vi nada igual, Mãe — Pai diz — Nem nunca ouvi falar de algo do tipo...

— Deve ser coisa de sereiano — Mãe especula —, alguma magia antiga ou semelhante.

— E é muito bonito também — Suga sorri para Daichi —, fico feliz que sirva para alguma coisa além de enfeite — ri.

Mãe e Pai se despedem dos dois, dizendo que seus outros filhos o chamam de volta ao recife. Daichi e Suga ficam sozinhos, banhados de raios dourados do Sol que se põe. Daichi está um pouco nervoso.

— Eu e o Kageyama discutimos um plano na hora do almoço. Vamos tentar trazer o Hinata hoje à noite.

— Sério? — Suga bate com a cauda animadamente — Preciso ajeitar umas coisas, então. Promete que vai tomar cuidado? Não quero que vocês arranjem nenhuma confusão, por favor.

— Prometo. Acho que vai dar tudo certo. Devemos chegar aqui de madrugada, então não durma, ok?

Os dois sorriem docemente um para o outro.

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Algumas densas nuvens circundam o céu nessa noite de final de verão. Volta e meia uma delas tapa a luz vinda da Lua minguante, mas está tudo bem. Era mais que perfeito para que dois garotos e um sereiano conseguissem escapar sem serem vistos.

Daichi estaciona seu carro no pé da colina. A feirinha da noite anterior já havia desaparecido e a tenda do circo estava desmontada. Algumas poucas barracas guardavam o restante dos materiais que ainda não foram colocados nos caminhões. Eles partiriam pela manhã bem cedo, antes mesmo do Sol nascer. O relógio no painel do carro marca 1:20 da manhã. Com uma sacola de plástico em uma mão e o celular na outra, Daichi sai do carro e começa a subir a colina o mais silenciosamente que consegue, desviando das luzes dos postes perto da estradinha de terra que leva ao topo.

O vento sacode a relva e levanta o cheiro de grama molhada. Pode-se ouvir, ao longe, o som das ondas batendo nas rochas. Faz-se silêncio. Todo mundo parecia estar dormindo. Kageyama tinha dito que ele e Hinata estariam na barraca vermelha na ponta do acampamento. Daichi logo avista o ponto de encontro e vai até lá sorrateiramente, conseguindo ouvir o ronco de algumas pessoas nas barracas mais próximas.

Será que ele vem mesmo, Kageyama? Ele não faria isso com a gente, né?

— Claro que ele vem, seu idiota. Tenha um pouco de fé.

— Eu só quero ir embora...

Daichi ouve vozes baixinhas da entrada da barraca. Ele aponta a lanterna para a entrada e faz um sinal com a luz. As vozes sussurram.

— Sou eu — ele diz.

Kageyama abre o zíper da barraca com o olhar aliviado. Espiando rapidamente para dentro, ele vê uma cama improvisada e o tanque de Hinata ao lado. O garoto ruivo apoia os braços e se ergue para fora, os olhos arregalados e incrédulos, a cauda balançando.

— Eu disse que ele vinha — Kageyama diz para Hinata.

— Claro que eu vim. Rápido, temos que ir. Hinata, pega isso. — ele joga a sacola nas mãos do garoto — Come logo.

Hinata abre a sacola e vê seis peixes grandes. Seis deliciosos e enormes peixes, fresquinhos direto do mar. Sua boca enche de saliva e ele morde um grande pedaço de um deles. Pequenas lágrimas se acumulam nos cantos de seus olhos.

— Obrigado — ele diz de boca cheia, afundando os dentes de novo — Obrigado, eu tava com tanta fome...

— Sem problemas. — Daichi sorri e olha para Kageyama — Já pegou todas as suas coisas?

— Sim. Tá tudo pronto. — Kageyama aponta para a mochila do lado da entrada — Temos que ir antes que o pessoal acorde para carregar os caminhões.

— Você fez o que eu pedi?

— Sim. Eles acham que o tanque do Hinata já está no caminhão. Não vão abrir até chegarem no próximo destino. Já terminou? — ele pergunta para o ruivo — Anda logo!

— Terminei, terminei — Hinata joga a sacola com os ossos dos peixes para longe.

— Beleza, agora pula aqui.

Daichi e Kageyama se posicionam ao lado do tanque com os braços esticados. Hinata olha para eles com receio.

— Vem logo, demônio! — Kageyama se controla para não gritar.

— Ugh, ok. Não me deixem cair!

Hinata vai para o fundo do tanque para pegar impulso e se lança para fora, caindo nos braços de Daichi e Kageyama. Eles caem no chão, Daichi recebendo uma rabada molhada na cara.

— C-Como pode uma coisinha que nem você pesar tanto? — Daichi faz esforço para se levantar e dá uma secada em Hinata com uma toalha, para evitar que ele fique muito escorregadio — Kageyama, você consegue levar ele sozinho?

— Consigo — Kageyama obviamente estava sofrendo, mas mantinha-se firme. Hinata tinha passado os braços ao redor do pescoço dele — Abra a vazão do tanque pra tirar a água, senão eles vão achar que o Hinata esteve aqui.

— Vai descendo para o meu carro, eu vou pegar as coisas. Rápido.

Kageyama anda desajeitadamente com Hinata no colo, Hinata rindo da cara dele e Kageyama o xingando baixinho. Daichi corre até o tanque e abre a torneira conectada a uma mangueira na lateral, e a água começa a escorrer em grande volume para fora. Balançando a cabeça de satisfação, Daichi corre e pega a mochila de Kageyama e dá uma última olhada na barraca. Estava tudo certo.

Ele corre para fora e encontra com Kageyama no meio da colina, andando devagar por causa do peso de Hinata. Daichi segura o rabo do ruivo enquanto Kageyama o segura pelos braços e eles descem o resto da colina rapidamente. Daichi destranca o carro e coloca Hinata no banco de trás, cobrindo-o com uma toalha.

— Entra, rápido — diz para Kageyama, que se lança no banco do passageiro e bate a porta. Daichi dá a partida e o carro vai pela estradinha de terra até a rodovia deserta.

Com os corações a mil, os três se encaram em completo silêncio.

— D-Deu certo — Kageyama sussurra e olha para Hinata no banco de trás, que respira rápido pela boca e olha ao redor ainda sem acreditar.

— Estamos livres — ele responde e abre o maior sorriso que Daichi já vira na vida — Conseguimos escapar, Kageyama! Eu vou voltar para o mar!

Os três soltam deliciosas risadas de felicidade. Ainda era impossível acreditar que tudo realmente tinha dado certo. Sem nenhum imprevisto ou nada do tipo. Daichi sorria para si mesmo pensando quão feliz Suga ficaria ao ver Hinata livre lá com ele.

— Eu não vou ter que aprender mais truques idiotas!

— E eu vou poder conhecer novas pessoas e passear por novos lugares!

— Kageyama, Kageyama! Estou tão feliz! — Hinata o abraça pelo banco — Finalmente...

Bosta.

O coração de Daichi congela no peito. Brilhantes luzes vermelhas e azuis piscam ao longe.

— O que foi? O que foi? — Hinata enfia a cabeça entre os bancos da frente e olha para a estrada. As luzes refletem em seus cabelos.

— É uma blitz — Daichi diz, tentando não entrar em pânico. Hinata, deita e se cobre, e vire para o outro lado. Você também, Kageyama. Finjam que estão dormindo. Deixem comigo. Não falem um pio, tão ouvindo?

O rostinho de Hinata perde toda a empolgação, mas ele logo faz o que é mandado. Kageyama fecha os olhos e vira o rosto para a janela, com os braços cruzados sobre o peito. Hinata deita e se cobre com a toalha, espremendo sua cauda debaixo de si. Ele fecha os olhos também e espera.

A policial na blitz faz sinal para que Daichi pare o carro, e ele obedece. Respira fundo antes de a policial chegar em sua janela. Ele abaixa o vidro e sorri.

— Boa noite — diz.

— Boa noite, como vai?

Daichi a entrega sua carteira de motorista, tentando parecer totalmente calmo. Ela observa o documento e depois espia dentro do carro.

— O que vocês estão fazendo dirigindo essa hora da madrugada? — ela pergunta com um sorriso gentil, observando os garotos dormirem — Não têm escola amanhã?

— Ahh — Daichi ri — Ainda estamos de férias! Meu irmão pediu para ir buscá-los na casa de um amigo. Estavam em uma festa. — Daichi dá o seu melhor sorriso.

— E você não bebeu não, né? — a policial cerra os olhos.

— Não, não. Só fui buscar.

— Ok! — ela sorri e dá tapinhas no ombro de Daichi — Dirija com cuidado, tá? E ah — ela abaixa na direção do garoto e diz baixinho — Talvez você queira lavar seu carro depois de pescar, está cheirando a peixe.

A policial mostra a língua e sai rindo. Ela acena para Daichi e ele acena de volta, acelerando o carro e voltando para a estrada.

O coração de Daichi martela no peito. Ele sua frio. Kageyama solta o ar pesadamente e olha para Daichi.

— Relaxa. Deu tudo certo. Hinata?

O menino levanta do banco se tremendo por inteiro. Daichi olha para ele pelo retrovisor. Estava em pânico.

— Não se preocupe, ok? A próxima parada é a praia — ele sorri.

.

.

A cidade está deserta. Os três garotos percorrem rapidamente as ruas na direção da entradinha secreta da praia, ouvindo no rádio alguma música animada para levantar os espíritos. Hinata não parava de tagarelar, e Kageyama estava feliz que seu amigo estava feliz. Fazia muito tempo que não via Hinata tão empolgado e vivo. Eles conversavam e riam sem parar.

Daichi estaciona o carro na areia. A Lua brilhava forte por entre as nuvens, iluminando a prainha com tons acinzentados. Era uma bela noite. Tudo estava quieto e em paz. Era possível ver a cabeça e os ombros de Suga para fora da água, e ele acenava animadamente. Kageyama não tinha acredito quando Hinata dissera que suga era um sereiano, mas agora via com os próprios olhos. Suga nada até a praia e senta na areia, dando boas-vindas.

Kageyama abre a porta de trás e pega Hinata no colo. Ele caminha devagar pela areia, sentindo-se livre. Consegue sentir a pulsação acelerada de Hinata ao ver o mar e toda sua vastidão. O garoto entra na água até a cintura e solta o outro com um sorriso no rosto, e observa enquanto Hinata mergulha na água e balança a cauda animadamente, sem precisar se preocupar com espaço.

— Ahhhhh, água fresca!

Eles riem e Hinata sai nadando rapidamente, afundando e pulando e fazendo curvas. Suga junta-se a ele e os dois nadam juntos, apostando corrida e divertindo-se.

— Viu? Falei que ia dar tudo certo — Daichi coloca uma mão no ombro de Kageyama e sorri, e recebe um sorriso de volta.

— Ei, Daichi! Vem nadar com a gente! — Suga chama ao longe, agitando o braço.

— Você também, Kageyama! Vem, vem!

Daichi corre para dentro da água e se joga de roupa e tudo, indo até os braços de Suga e enchendo a boca dele de beijos.

— Ah, não. Não quero me molhar, minhas roupas estão limpas.

Hinata avança para cima de Kageyama com um olhar perverso no rosto e se joga nos braços dele.

— Puta merda, seu idiota! Eu disse que não-

Hinata passa seu rabo nas pernas de Kageyama e o derruba na água, afundando-o completamente. Ele mal volta à superfície e Hinata já está puxando-o pela mão para o fundo, enquanto Kageyama grita coisas como "Hinata, seu estúpido! Idiota! Eu falei que não queria! Vou quebrar a sua cara!"

Parados no meio da baía, Hinata passa os braços ao redor de Kageyama para ajudá-lo a flutuar.

— Eu vou te matar, você sabe né? Não importa que estamos-

— Eu tô tão feliz. — o sorriso de Hinata é tão sincero que cora as bochechas de Kageyama — De estarmos aqui. Achei que nunca mais voltaria... Pelo menos estamos aqui juntos. Nós, no mar.

Kageyama se inclina para frente e beija o sorriso alegre de Hinata.


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Notas finais do capítulo

Ainda tenho que pensar direito no próximo capítulo, mas imagino que não deva demorar -tanto- assim para sair! Beijinhos!



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