Aurora escrita por Um conto em ponto


Capítulo 15
Clero part 2




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 Simon e Aurora atingiram então o maior nível de intimidade que já tiveram com qualquer outra pessoa, ele sentia total confiança nele e era recíproco.
—Se importa se eu quiser saber mais sobre você? –Dizia em quanto retocava um chamativo batom vermelho.
—onze...
—E quanto tudo começou?
 Simon então sentou-se na cama de madeira que ficava de frente a uma penteadeira com um espelho redondo o qual Aurora se olhava e também percebia a presença do amigo.
—Quando fiz 12 anos ele me levou até o sino da igreja matriz, me disse que eu tinha que enrolar as mãos bem forte nas cordas que eram amarradas no badalo para que não escapassem em quanto eu estivesse tocando-o...-Os olhos do rapaz então ficaram distantes, e as palavras iam fugindo de sua mente, por um instante ficou em silêncio em seguida retomou. –Eu não pedi que ele parece, eu nunca disse que não queria mais, eu nunca pedi, e mesmo quando doía muito, e até hoje já com 24 anos eu nunca disse nada, eu nunca falei uma só palavra.
 Aurora caminhou em direção ao amigo e sentou-se de frente para ele e segurou suas mãos.
—Ele me destruiu deusa, ele acabou comigo, eu não tenho mais ninguém. Ele fez isso com todos nós.
—Eu não gostei dele na primeira badalada do sino na porta da igreja quando ele sorriu pra mim. –Um sorriso de lado tomou sua boca vermelha. -Só precisava de um motivo, e agora eu tenho.
—O que? –Simon não entendeu aquele olhar, e aquele sorriso maldoso.
—Posso confiar em você?
 E foi assim que começou uma parceria que seria dali em diante para a vida toda.

 ♥♥♥♥♥♥♥

 Ao anoitecer Aurora sempre gostava de sair e ver o céu onde estivesse, estivesse ele nublado ou estrelado. E naquela noite o céu estava parecendo uma festa de natal de tantas luzes, ela permaneceu um tempo ali só, mas logo Felipe chamou-a para o jantar. Todos reunidos em volta da mesa, fizeram uma prece antes da velha Auzira servir-lhes, e após a prece todos iniciaram sua refeição. Aurora primeiro por ser a convidada de honra, em seguida os meninos.
—Estamos muito felizes por estar conosco aqui nesta noite, e muito obrigado por tudo que tem feito a nossos meninos. –Disse o padre Silvio que era o mais quieto homem que Aurora já havia conhecido, e possuía um sotaque gringo com um português horrível o que também dificultava sua comunicação.
—Eu que tenho que agradecer, aqui tem sido um lar pra mim.
 As luzes amareladas, e todos sentados a mesa juntos falando sobre assuntos aleatório traziam essa imagem de lar, de aconchego e familiaridade a Aurora, era algo que ela não amava, mas lhe agradava. Mas ela questionava o tempo todo entre uma conversa e outra do padre com os meninos se realmente valia a pena fingirem ser uma família se quando olhava dos olhos de todos só enxergava medo. Medo de descobrirem, medo de não ter mais, medo de perder, medo de ganhar medo, medo, medo.
 -Sabe um sonho que eu tenho desde criança padre Miguel? –Disse baixo em quanto todos conversavam uns com os outros sobre assuntos variados.
—Não consigo imaginar.
—Nem uma suposição? –Dizia olhando o padre nos olhos, com a mão por baixo da mesa, tocou-lhe o joelho. O padre a olhou surpreso e prendeu o ar por alguns segundos.
—Você foi uma criança rica, não consigo pensar em possíveis desejos.
—O ser humano costuma ser insaciável não é padre? –De vagar subiu sua mão até a coxa do homem. –E mesmo com todo o meu dinheiro, existe uma coisa que eu nunca fiz, mas sempre quis.
 Miguel então tocou a mão da jovem, por baixo da mesa e acariciou demonstrando a Aurora o que ela precisava saber, o padre não era só um gay, ou estuprador, ele gostava de sexo, o que alimentou ainda mais seu desejo de te -lo.
—Nunca toquei o sino da igreja. –Disse em som mais alto tirando a mão da perna do padre. Todos os meninos da mesa engoliram seco a comida, Simon olhou para baixo envergonhado. O único que pareceu não sentir como o ambiente foi padre Silvio que disse:
—Vamos realizar seu sonho, amanhã celebraremos uma missa cedo e você toca.
 E retomaram as conversas, padre Miguel parecia estar nervoso, e Aurora amava ver quando deixava um homem nervoso, novamente avançou sua mão para perna do padre, mas dessa vez começou a coloca-la dentro de sua bermuda.
—Só avisando. –Disse baixo. –Eu nunca toquei, o senhor me ensina?
—Vamos todos pra seus quartos que amanhã temos missa cedo, vamos? –Disse o padre levantando-se de repente, e todos até os que ainda não haviam terminado a refeição foram sem relutar.
 Padre Silvio dormia em um quarto, os meninos em outro e todos trancados. Padre Miguel levou Aurora até um quarto na dispensa, Auzira não passaria a noite por lá.
—Aqui é seu quarto querida, espero que sinta-se a vontade. Auzira faz o café as oito da manhã, o que precisar é só me chamar.
—Muito obrigada padre. –Dizia Aurora olhando apenas o volume na bermuda do homem.
—Eu que agradeço. –Disse ele deixando o quarto rapidamente.
—Padre?
—Sim querida?
—Se o senhor não quiser me ensinar a tocar o sino tudo bem. –Deu-lhe um sorriso safado e ao mesmo tempo inocente.
—Não faça isso comigo filinha.
—Amanhã vou embora, mas mês que vem eu vou voltar e vou te esperar a meia noite para tocarmos as doze badaladas juntos o que o senhora acha?
 O padre passou a mão no volume de sua calça tentando disfarçar, mas Aurora sorriu, em seguida deitou-se e fingiu bocejar fechando os olhos imitando gemidos cansados.
—Sua benção, vou descansar.


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