Mais um dia monótono, aliás o último dia em Paris. Não que esteja contente com isso, mas apesar de tudo, estava com saudade de casa e das pessoas do dia a dia, acreditem ou não até de Theo, acho que realmente estava ficando um tanto quanto louco. 

Melissa vai ao meu quarto e me desperta de manhã, fico feliz, ela estava distante por causa das coisas da banda e tudo mais. Por incrível que pareça ela estava sozinha, ou seja, sem Justin.

— Achei que não me queria mais por perto. - digo.

— Me perdoe, sei que estou distante. - desculpa-se.

— Senti sua falta. Sabe bem que não confio plenamente em Chloe ainda não é?

— Também senti Adam. Vai demorar para realmente confiar.

 Fomos até a sala de jogos do hotel, precisávamos de mais tempo sozinhos. Jogamos por toda amanhã aqueles jogos toscos que tem em qualquer estabelecimento de um médio nível social. 

Não consigo cansar de dizer o quanto amo esse sorriso, o sorriso de Melissa. Trazia-me paz, a ascendência do brilho dos teus olhos claros combinados com o intenso branco refletido em sua boca. Toda vez que eu e Melissa ficávamos sozinhos sentia meu coração sair pela boca, palpitando em pulsões leves e serenas, e o mesmo acontecia com Carter, exatamente as mesmas reações espontâneas e de curto período de tempo. 

Como era o último dia em Paris, a professora nos levou em mais alguns lugares, tiramos inúmeras fotos para o álbum do colégio, basicamente usavam essa foto para mostrar como os alunos dedicados tinham mais méritos, isso porque um dos lemas do Delarriva é "todos tem direitos iguais", acho que não era muito bem aplicado. Em seguida fomos em um belo restaurante, bem após o almoço mesmo, só tínhamos nós lá, as garçonetes até assustaram com tantos alunos chegando em uma hora que digamos que não era muito coerente. 

Novamente no hotel e agora era por fim, hora de arrumar as malas para a viagem de volta. Admito, foi uma ótima experiência. Outro país, outras pessoas, outras culturas, além claro de nesse tempo ter ocorrido várias coisas como por exemplo EU SER PRESO! Mas isso é o de menos. Única coisa que tinha certeza era de que precisava aproveitar ao máximo meus amigos, antes de... Do meu "outro eu" voltar. 

Carter me ajudou a arrumar as malas e eu a dele, enquanto Gary ainda não largava seu game portátil. Carter sorriu repentinamente, cata um embrulho debaixo do travesseiro e estica as mãos para me entregar. 

— Pra você. - sorri. 

— O que é isso? - pergunto. 

— O vendedor disse que trás sorte para uma pessoa especial, então estou dando pra você, você é especial. 

— Nossa Carter, eu não sei como agradecer...

— Não precisa, foi só um presente. 

Era uma pulseira com um pingente imitando a forma de um cristal, não conseguia parar de olhar, e toda vez que olhava meus olhos se alimentavam de lágrimas.

Não consigo hesitar em abraça-lo, ninguém nunca tinha dito que era importante, exeto minha mãe e meu pai. Não consego explicar o que senti. Soltei-o do abraço e outro sorriso. 

— De nada Adan. Vamos, o ônibus pro aeroporto já vai sair. 

— Tudo bem. - termino. 

Então todos subiram no ônibus, os primeiros, segundos e terceiros. Como gratidão do hotel ganhamos um pacote de bolachas típicas e um vale de desconto para uma futura hospedarem, não que fosse usar, mas até que não é se se jogar fora. 

Depois de pegar uma bela estrada, chegamos novamente ao aeroporto, agora tínhamos que esperar mais umas horas para o nosso vôo chegar. A professora fez cada aluno contar sua experiência em Paris, só para poder passar o tempo mesmo.

Não tinha muito o que falar. Comprei algumas coisas, briguei e me reconciliei com meus amigos, o que não era novidade nenhuma, fui preso, isso sim era novidade. E por ai foi, um por um, todos nós. 

Finalmente chamaram os passageiros para o nosso vôo. 

Fiquei quase no final para embarcar, quando entrei no avião quase nem tinha lugares, pelo menos não com conhecidos meus. Acabei achando uma poltrona livre ao lado de Kimberly, onde me sentei. 

Mal decolamos e ela já pegou no sono. Estava com seu fone de ouvido gigantesco, e a música estava tão alta que ouvia tudo, mas admito a rádio de rock que ela ouvia não era de se jogar fora, as músicas eram muito boas. 

O vôo não demorou tanto assim, parece que foi pior para ir do que para voltar. 

Depois de uma semana inteira em Paris, minha primeira vez em outro país, novamente estava em casa, ou quase, estava no aeroporto da cidade. Minha mãe e Theo esperavam no carro minha chegada. 

Despedi-me dos meus amigos, e fui ate Elizabeth, que me conrrespondeu com um abraço repleto de saudade, pude ouvir nas palpitações de seu coração o quando sentia minha falta, não a culpava, eu e meu irmão eram tudo que ela tinha, sem meu pai em casa éramos seus únicos confortos. 

Enquanto isso Theo estava com sua cara de sempre, parecendo que alguém havia o mordido ou o acordado antes da hora. Também não o culpo, ele queria ir na viagem mais que qualquer um, se fossemos do mesmo ano, não deixaria de ceder minha chance de ir para deixa-lo embarcar. Afinal no fundo, bem lá no finzinho da alma, nós nos amávamos. 

Voltamos para casa, era tão bom ver objetos familiares para variar. 

Estava faminto, abri a geladeira e fiz um lindo sanduíche de pasta de amendoim, e um outro de geleia de morango. Estava com tanta fome que depois de comer eles, acabei fazendo mais um, mas dessa vez misturando os dois recheios, o que não combinou nem um pouco, ficou bem bizarro. 

Depois de tanto tempo, sentei em minha cama e pude esticar meus pés que não paravam de latejar de tanto andar e ficar em pé. Desfiz as malas e catei o embrulho do presente que Carter havia me dado. Segurei-o firme nas mãos e sorri, sentindo uma grande fonte de felicidade.