Oásis Proibido escrita por Machene


Capítulo 8
Retraimento


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Sei que andei demorando bastante para publicar mais um capítulo da fanfic de Nanbaka, mas não vou me justificar além do que eu sempre costumo mencionar das minhas ocupações extras, que retardam minha escrita (relatadas uma vez aqui e outra ali em fanfics diversas). O que importa é que o capítulo novo está aqui, e aproveito para dizer que a fic, que eu planejava encerrar com 10 capítulos, agora vai ganhar mais 7. Isto porque, para a quantidade de coisas que planejava escrever, o que tinha não ia dar conta. Sendo assim, espero que todos curtam mais esta continuação.



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Cap. 8

Retraimento

 

Mais um dia começa em Nanba, prosseguindo a subtração de tempo até o fim dos seis meses de experiência do trabalho feminino na prisão. Agora os membros locais estão entrando no quarto mês consecutivo de interação entre si, o que já deu condição de serem abordadas diversas atividades nos prédios para prisioneiros e guardas. E também forneceu oportunidades de investimento em relacionamentos mais profundos, embora proibidos.

De fato, ninguém sabe mais disto do que os astutos monitores do presídio, Mitsuru e Tiffany. Já vindo analisando, através de câmeras de vigilância e outros meios, a curiosa interação repentina entre Upa e Min-Hee, durante as rápidas aulas de qigong ofertadas de livre e espontânea vontade pelo mesmo mestre que, inicialmente, recusara veemente ter Nico como aluno, e Qi e Gisele, entre os experimentos na enfermaria, eles se atiçaram.

Após acharem novos alvos de perseguição em Tsukumo e Maya, criando climas nas caminhadas pelo prédio 13 durante o tempo livre, e em Shiro e Paola, que com charme e insistência conseguiu o milagre quase intencional de distrair o cozinheiro o suficiente até começar, de vez em quando, a queimar as refeições preparadas, a dupla se empolgou de modo muito malicioso ao descobrir o que almejam em seu hábito de espionagem: casais.

Embora, por enquanto, mais ninguém saiba da união assumida de Musashi e Hoshi, excerto os discretos supervisores Kenshirou e Nori, a própria prima da moça, e da secreta de Rock e Serafina, mesmo os amigos mais próximos já tendo conhecimento da confessa atração que um sente pelo outro, parece bastante óbvia a existência de conexões implícitas entre pares diversos circulando no complexo. E Hajime e a diretora Momoko notaram.

Claro que para o bem maior dos interesses desses casais formados ou predispostos à formação, porém também pela própria diversão, o par no monitoramento não poderia permitir que os dois firmassem as suas suspeitas, além das disfarçadas ou ignoradas pelos demais supervisores e guardas. Por isto foi conveniente provocarem a consolidação do previamente elaborado plano de distração e união entre ambos, arquitetado por Irina.

Assim, depois do supervisor careca perder a competição de “quem come mais” para o prisioneiro 69 do prédio 13, pagando a prenda de limpar o escritório de Momo sozinho, usando somente uma cueca, atualmente Alita, que se tornou grande amiga da apaixonada líder enquanto visita frequentemente sua sala de trabalho, espalhou o sucesso da operação após conseguir informações do desmaio da diretora e do socorro boca a boca recebido.

Tendo também, estrategicamente escondida, tirado uma foto da cena e repassado às amigas mais sagazes, ela garantiu que Hajime se mantenha no controle de sua insatisfação com alguns projetos adotados pelas moças em Nanba, visando justamente a melhoria de vida dos membros da prisão, e as aproximações excessivas, ainda que comedidas, de uns presos na direção delas, e vice-versa, sobre a ameaça da imagem ser exposta ao público.

Por esta razão, ele não teve argumentos quando, neste dia de folga, a supervisora Lei tomou a liberdade de convidar todos os amigos e amigas mais próximos à irem curtir o clima no jardim do prédio 5, como se o lago sobre a imensa cachoeira da propriedade fosse de sua posse. Contudo, com autoridade suficiente para tanto, a decisão precisou ser acatada por seu parceiro Samon. E agora, antes dos convidados chegarem, ele vai vê-la.

Para sua sorte, o macaquinho Xun, mascote da chinesa, consegue localizar a sua escolhida mãe adotiva quando pergunta dela ao animal, pulando da mesa da sua sala de descanso e indo até o pátio. Enquanto o bichinho escala o supervisor para se acomodar em seu ombro, ele observa a jovem praticar tai chi chuan lentamente de olhos fechados. Como se hipnotizado por um tempo, o rapaz se aproxima cautelosamente e espera.

— Samon?! – ela finalmente abre os orbes com o guincho do macaco e sorri, ficando ereta enquanto Samon cora – O que foi? Os outros já chegaram?

— Não, e francamente não estou gostando desta ideia de chamar todos para cá.

— Ah, qual é?! Baixou o supervisor gorila em você? Não seja chato!

— Não estou sendo! – ele esbraveja, puxando o ar ao ver que assustou Xun – É só que a diretora pode não gostar disso.

— Não precisamos mais nos preocupar com ela, ou com Hajime, por um bom tempo. – Lei retoma seu exercício, fazendo movimentos suaves de olhos fechados – E se você se aborrecer sempre que fizermos atividades em grupo, é capaz de armarem uma cilada para te pegar como pegaram aqueles dois.

— É com isto mesmo que estou preocupado! – a agitação dele faz o primata descer de seu ombro por segurança – Digo, essa armadilha planejada foi quase um motim! As ordens da diretora foram muito claras, mas agora parece que ninguém está afim de acata-las. Até mesmo o Kenshirou ficou esquisito. Quando eu perguntei se ele não se importava que o número 634 passasse tanto tempo com a senhorita Hoshi, ele disse que nem a prima dela, a senhorita Nori, se importava mais. E o Dr. Okina parou de fazer vista grossa com a presença do número 71 constantemente na enfermaria. Ele não quer me dizer o que tanto faz com a senhorita Gisele naquele lugar! E se os presos estão...?

— EI! – a voz dele trava quando a moça grita, paralisando após abrir os orbes outra vez – Você está tirando a minha concentração! Pode parar de queimar os neurônios. Se estivesse acontecendo algo de estranho aqui, nós seríamos informados pelos outros. – ela declara fazendo uma nova pose, esticando os membros com suavidade – Afinal, para que serve uma rede de comunicação entre os supervisores dos prédios se não for para falar do que acontece em cada setor?

— Certo, mas e se os outros estiverem mentindo e ignorando tudo de propósito?

— “Tudo” o quê, criatura? – a chinesa finalmente desiste de seu exercício e põe uma mão na cintura – Acha que Kenshirou e os outros estão sendo comprados ou algo do tipo?

— Não sei, mas não te parece estranho que eles não estejam se incomodando com essa aproximação dos presidiários com as outras moças?

— O que me parece estranho é que você continue se referindo aos garotos usando os números de presidiários. Eles têm nomes, se lembra disto?

— Lá vem você! É justamente disto que eu estou falando; nós estamos numa prisão, não podemos tratar os presos como se fossem clientes de um resort! – Lei cruza os braços.

— Tá, ok, e que tal eu? – Samon franze o cenho e balança os ombros em sinal de confusão, fazendo-a bufar – Eu não sou presa, e você me trata igual a qualquer um dos seus discípulos, mesmo dizendo que não pode ter relação de proximidade com eles! Você se contradiz o tempo todo! Por que fala deles assim e trata com gentileza quando ninguém mais está olhando? Por que fala das outras meninas dizendo “senhorita” e me chama logo pelo primeiro nome? – ela fecha as mãos em punhos, colocando-os nas laterais do corpo – Eu não sou sua aprendiz, não sou sua prisioneira e nem mesmo amiga, ou mãe do seu filho, então pare de me tratar como se fosse um capacho que está sustentando!

O supervisor absorve as palavras incrédulo, tendo sido a primeira vez que presencia uma explosão da parte da jovem, no momento, eufórica. Nem o macaco se mexe, mas é o único a reparar que os prisioneiros do prédio 5 já estão observando tudo um pouco mais distantes, das sombras das pilastras.

— Por que “mãe do meu filho”? Eu tenho algum filho? – a supervisora passa as mãos no rosto, rangendo os dentes e levanta as mãos para o alto.

— Como é que você só prestou atenção nessa parte? Estou falando do Xun! – explica apontando na direção do primata, chupando o polegar direito.

— E quem foi que disse que ele é meu filho? Foi aquele idiota do Hajime, não é?!

— NÃO INTERESSA! – o grito dela o silencia de novo, assustando também o animal distraído, que se esconde atrás das pernas do pai adotivo – Samon, você é um supervisor brilhante, mas não vai a lugar algum se continuar se preocupando sempre com o que os outros pensam, não pensam, fazem ou deixam de fazer! Que se dane! Se a Momo disse que os homens daqui, prisioneiros ou não, deviam ficar longe das mulheres, é porque a prioridade é melhorar a condição de convívio neste lugar. Se ninguém está misturando o pessoal com o profissional na hora de fazer seus deveres, então não importa que estejam ficando amigos! Pelo menos é melhor do que ter alguém falando pelas suas costas, e pelo que eu sei você entende muito bem do que eu estou falando. – o rapaz engole e desvia o olhar – Mas eu já disse: não interessa que estejam falando bem ou mal. Se for para melhor, ótimo, e se não for, dane-se! Você pode mostrar para quem for do que é capaz, quem você é, e vai saber com quem pode contar depois de verem a verdadeira fera dentro de você.

Dito isto, a chinesa estende os braços para o bichinho no chão, que mesmo relutante aceita seu colo, e ela por fim percebe a plateia olhando. Um pouco envergonhada, Lei só ergue a cabeça e passa pelo parceiro de trabalho altiva, se virando após alguns passos.

— Só para saber, os meus pais apoiaram a minha decisão de vir para Nanba porque também queriam que eu me tornasse mais dinâmica, e fico feliz de ter conseguido isto. Eu via os animais do nosso zoológico, esperando a chance de se recuperarem para serem libertados daquelas prisões, que por mais acolhedoras que fossem não deixavam de ser prisões, e não conseguia deixar de me sentir todos os dias como se também esperasse para ser devolvida ao meu habitat natural. Só que dia após dia, enquanto nós resgatávamos os novos membros feridos ou deslocados e juntávamos à pequena família que tínhamos feito, sempre ficava pelo menos um para trás quando soltávamos os recuperados. Foi o caso do Xun. – relata, pausando para entregar o seu broche, com a foto do macaquinho, ao mesmo – Ele perdeu a mãe, então meus pais me deixaram encarregada de protegê-lo. No começo, achei que não teria chance de ensinar o Xun a se virar sozinho, mas ele se mostrou esperto, diferente do que todos achavam, e eu também comecei a mudar aos poucos. Agora, depois de tudo que eu passei aqui também, sinto que finalmente estou onde deveria estar.

Samon não responde ao final da fala da parceira, e esta não espera por isto. Quando a moça se distancia, evitando olhar nos olhos os presidiários assistindo ao espetáculo, ele suspira e põe as mãos na cintura, sem saber como reagir. Os outros também permanecem quietos, seguindo na direção da nascente da cachoeira para deixa-lo sossegado. Quando os demais membros do grupo de amigos chegam, se espalham para fazer coisas diferentes.

Dentre as pequenas rodas de conversa, uma é formada por Kazumi, Victória, Usagi e Serafina. Elas observam um pouco de longe, na sombra, Jyugo, Uno, Nico e Rock se banhando no lago, fazendo travessuras, comendo ou apenas curtindo o clima.

Dios mío, que saúde! – a produtora cultural brinca fitando o inglês, passando um lenço sobre o rosto suado, e suas amigas riem – Eles têm muita energia.

— Tanta quanto tem a Kazu-chan investigando. – a almoxarife sorridente comenta.

— Desde quando mesmo você começou a me chamar de “Kazu-chan”?

— Desde que ouvi o Nico falando. É mais bonitinho. – as duas riem – E também fiz o reconhecimento da força culinária do Shiro-kun, então de agora em diante vou chamar ele de Shiro-san! Mas Vic-chan, você não estava olhando para todos os meninos, não é?!

— Ora Usagi, pare de ser bisbilhoteira! Está parecendo a Jiang Li! – a japonesa ri.

— Bem Vic, realmente não é bisbilhotar se você deixa evidente quem estava olhando.

— Diz isto a pessoa que andou babando em cima do Rock até agora, né Serafina?!

— Não tenho argumentos. – a outra latina sorri maliciosamente, passando a mão no rabo de cavalo, e as demais dão risadas de novo.

— A propósito, Paola e Shiro-san não puderam vir, porque estão bastante ocupados alimentando os outros no presídio, mas entregaram muitos quitutes para comermos hoje. – Usagi anuncia, colocando na mesa que divide com as moças uma cesta de piquenique.

— Maravilha. Vou ver se o Rock quer comer uma dessas raspadinhas.

— De novo? Serafina, só porque você levou a sério o que a sua avó disse sobre pegar os homens pelo estômago, não significa que precisa alimentar ele tantas vezes por dia! O Xun, que é um filhote de macaco em fase de crescimento, não come tanto assim!

— Não se preocupe Victória, porque, se depender de mim, ele vai queimar calorias o suficiente para perder qualquer gordura a mais que eu o incentive a engolir. – ela avisa se levantando, levando uma tigela com raspadinha na mão e sorrindo com malícia – E eu sou mais do que capaz de dar conta do recado. – quando a jovem se afasta, Victória chia de braços cruzados e acha graça das expressões chocadas das amigas.

— Tomara que ela não atraia problema para si chamando tanta atenção.

— Relaxe Kazumi. – Maya diz baixo ao chegar por trás – O que pudermos atrair de ruim para nós interagindo com presidiários certamente não será pior do que eles atraíram para si mesmos, ainda que de maneira involuntária, até chegarem aqui.

— Nisto você tem razão. – Gisele concorda se aproximando em seguida – Ah, a quem quero enganar? Você tem razão em muitas coisas. – o grupo ri – De fato, até agora tudo tem estado bom. Excerto pelos comportamentos ainda um tanto intolerantes de guardas e supervisores, temerosos pelo padrão de procedimento penitenciário para com os presos.

— Falando nisto, – Jiang Li começa, se acomodando ao lado dela – eu fiquei sabendo que a Hoshi e o Musashi estão juntos. – ela dá uma pausa para esperar passar o choque da informação nas outras – Verdade! E eles até pediram a aprovação da Nori para ficarem juntos, na presença do Kenshirou e tudo mais.

— Eles não iam te contar isto, né Jiang Li?! – a boticária ergue uma sobrancelha.

— Logicamente não. Na verdade, eu fiquei sabendo através do Liang. Ele ouviu do Rock, que soube pelo Jyugo, que escutou do próprio Musashi.

— Que é isto; a brincadeira do telefone sem fio? – a latina questiona risonha – Cruzes! Você consegue dar um jeitinho de arranjar informação seja de um jeito ou de outro. Devia ter pensado em se tornar jornalista, não professora de educação física.

— Eu era tachada de intrometida no orfanato onde cresci justamente por causa desta minha habilidade, então, se for pensar, seria meio óbvio que escolheria outro rumo para minha vida. – a moça explica, vendo as demais concordarem silenciosamente.

— Enfim, então isso deve significar que Kenshirou não compartilhou com nenhum dos outros supervisores ou guardas o que aconteceu entre eles.

— Claro Kazumi. – a professora de ioga responde – Seria uma decisão respeitosa e sábia, uma vez que o segredo não é dele. E o melhor é também mantermos isto entre nós.

— Certo. – a chinesa continua – Mas o caso é que, pelo que eu soube, a Nori aceitou o relacionamento da Hoshi com o Musashi, e o Kenshirou até ficou de acordo.

— Melhor para eles. – Usagi sorri, ficando pensativa em seguida – Ei... Poderia ser que, provando a afeição que um tem pelo outro, todos os prisioneiros de Nanba teriam a permissão de ficar ao lado de uma garota à sua escolha? – a pergunta provoca reflexão.

— Ou esse pode ter sido um caso especial. – Irina corta, chegando de repente com os braços cruzados – Desculpem se escutei sem querer o que não devia, mas eu vim aqui pra perguntar se alguma de vocês viu a Lei. Ela devia ser a anfitriã da festa e ninguém a viu.

— Ah, sobre isto... – Jiang Li espreme os lábios – Liang me disse que ele, Upa e Qi a viram discutindo com o Samon. Ela pode ter ficado de mau humor.

— Sim, Qi me contou o mesmo. – a grega comenta – Sei que nós não devemos nos aproximar dos homens daqui, mas daí a chegar nesse ponto... A Lei pode estar querendo ficar só, mas eu sinceramente não sei se é uma boa ideia.

— De acordo. – a russa apoia, se virando para Min-Hee, jogando cartas com uma parte dos amigos na beira da piscina improvisada – MIN-HEE! Pode ir procurar a Lei?

— Claro! – a coreana grita de volta, voltando-se rapidamente ao Uno somente para responder sua última jogada, então vira uma carta sobre o monte próximo aos seus joelhos – Bati. – o inglês rosna de raiva enquanto ela se levanta e sai, sobre as risadas dos outros.

Durante a ausência da jovem, Irina toma a liberdade de mudar o design de uma nova invenção de Trois, que mesmo vendo-a tomar a caneta e já começar a riscar a planta do projeto no papel, sobre uma das mesas expostas no pátio, dá consentimento com a única condição de saber a cor da sua roupa íntima. A loira levanta uma sobrancelha, olhando-o com desdém, e quando ele está para dizer que era piada, ela tira o sutiã e põe em sua mão.

Segundos depois, a piscina local é manchada de vermelho graças ao quase cadáver do feliz francês cair boiando. Em outro canto, sentados em cadeiras uma de frente para a outra, Esme termina de pintar a última unha de Honey, sorrindo ao vê-lo fitar suas mãos com admiração pelos desenhos em alto relevo. Enquanto isto, ainda em seu lugar, Usagi vê Nico correr na sua direção, já com uma toalha em volta da cintura, e abre um sorriso.

Conforme ele começa um diálogo sobre qualquer coisa, ela se distrai olhando para a sua perna, sem entender como consegue andar ou correr tranquilamente pelos lugares, e até mergulhar, com uma bola de ferro amarrada nela. A partir daí, a moça tem uma ideia e leva o rapaz pela mão para dentro da instalação, ignorando todos os olhares curiosos ou maliciosos. Neste momento, Min-Hee retorna, pálida, de sua exploração.

— Min-Hee, bem-vinda! – Victória a saúda, já cercada por algumas companheiras de antes e outras recém-chegadas – E então? Achou a Lei?

— Sim. – a jovem responde baixinho, corada e nervosa – E acho que ela vai ficar um pouco ocupada por um tempo. – as ouvintes próximas se entreolham confusas, de repente avistando o macaquinho Xun transitar pela borda da lagoa xeretando as roupas de todos os convidados que mergulham despreocupados.

— Mas o que ela está fazendo que deixou o Xun sem supervisão? E o Samon?

— Está com ela. – com a resposta seguinte da coreana, o pequeno grupo se entreolha de novo, algumas jovens sorrindo com compreensão.

— Eu vou perguntar, mas só por perguntar... – Jiang Li abafa uma risada ao se inclinar para perto da menor – Sobre o que você viu eles fazendo... Para te proteger, não precisa me dar detalhes. Vamos só dar uma ideia; eles estavam mais para “fazendo as pazes” ou “se atracando como animais selvagens”?

— Fazendo as pazes... Eu acho. – a técnica eletrônica estreita os olhos com dúvida.

— Ok. E esse “fazendo as pazes” parecia com “declaração de rendição” ou “clima de romance”? – as amigas encaram Min-Hee com ansiedade.

— Parecia mais com uma manchete de jornal: “casal de macacos discute relação, faz as pazes e volta à solitária por atentado ao pudor”. – a resposta faz uma parte das moças suprimir as risadas ou os gritos de euforia, mas sem se importar em conter a sua animação, a chinesa bate as mãos e fecha em punhos, balançando-os no ar.

— ISSO! EU SABIA! LIANG! – o preso olha na direção dela, assim como a maioria – Pega o Xun e vamos caçar os pais adotivos dele!

— Ficou louca criatura? – Serafina puxa o braço da amiga entre risadas – Você...?

— Não se preocupem. Não sou dedo-duro, mas vou rir muito na cara deles!

— Por que faz tanta questão? – é a vez de Kazumi perguntar.

— Porque eles tiveram a ousadia de dizer que Liang e eu estávamos ultrapassando limites por passarmos muito tempo juntos quando eu tenho tempo livre. E agora, heim?! Vou colocar ordem naquela macacada! – ela declara se afastando alegre, deixando todas rirem enquanto a observam seguir Liang, carregando Xun nos braços, para fora do jardim.

— Que agitação toda foi essa? – Hajime indaga, surgindo subitamente e assustando o grupo – Se ficaram assustadas, é porque coisa boa vocês não estavam fazendo.

— Ou porque você parece um gorila fantasma! – a produtora cultural reclama com a mão sobre o peito, tirando algumas gargalhadas ao redor.

— Vic, não seja má. – a investigadora pede, e antes que alguém possa responder ao supervisor, a atenção geral se volta a uma enorme bolha de sabão que aparece flutuando sobre a cabeça de vários; ou melhor, uma bolha dentro de outra bolha.

— Deu certo, deu certo! – todos se viram para fitar o prisioneiro número 11 do prédio 13, que chega correndo, já vestido com roupas largas, ao lado de Usagi, trazendo consigo um copo contendo algum líquido e um canudinho em outra mão.

— O que vocês estão aprontando? – o supervisor Kiji questiona curioso.

— Usagi-chan me ensinou um novo jogo: bolhas enjauladas!

— É bem simples; eu vou mostrar. Kazu-chan, afaste um pouquinho, sim?

A moça acena em acordo e se distancia da mesa na qual se apoiava pra jovem usar, então ela mergulha o canudo no líquido dentro do copo e assopra na superfície, formando uma larga bolha que logo é preenchida por outra menor quando a almoxarife sopra dentro dela. A plateia observa admirada até os repetidos gestos formarem uma sequência de seis bolhas, uma aprisionada dentro da outra, e alguns aplaudem em seguida.

— Que interessante. – Alita comenta sorridente – Como conseguiu fazer isso?

— Ah, basta misturar um pouco de água, açúcar e glucose de milho, pra formar bolhas mais resistentes, e então só assoprar. Eu tenho um bambolê. – Usagi anuncia trocando o objeto nas mãos de Nico com seu material de soprar bolhas – Alguém quer experimentar entrar na bolha de sabão? – em pouco tempo, diversos candidatos aparecem.

— Como diabos você conseguiu isso? – Kenshirou pergunta admirado, sem ter uma resposta, e para o próximo abalo, mais duas visitas surgem sem aviso na festa.

— Henri? – Esme o recebe um tanto nervosa – Oh, olá Hitoshi. – o loiro a reverencia também, vendo o próprio irmão se aproximar – O que estão fazendo aqui?

— Ora irmã, não é uma festa? Viemos participar. – o francês explica simplesmente, olhando para cima – Bolhas de sabão? Que nostálgico! Eu nunca pude mantê-las intactas por muito tempo, graças ao frio da França. – ele comenta, tocando uma bolha pequena e, sem querer, congelando instantaneamente antes de estourar – Acho que ainda não posso.

— Isso foi muito legal! – Uno se balança em animação – Faz de novo, faz de novo!

— Minha nossa!... – Hajime suspira, apertando o nariz com dois dedos para aliviar a tensão – A diretora sabe que estão aqui?

— Sabe sim, e disse que quer ver você irmão. – o supervisor engole a seco, sentindo novas veias saltarem em sua testa com os sorrisos maliciosos de terceiros, e se vai.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Para quem quiser conferir, aqui tem três links para a imagem de uma propaganda e os vídeos do "jogo das bolhas enjauladas" e da bolha de sabão congelada, usados como base para as cenas neste capítulo:
1 (Propaganda do Zoológico) - https://felipevulgogrilo.files.wordpress.com/2010/01/zoo11.jpg.
2 (Jogo das bolhas enjauladas) - https://www.youtube.com/watch?v=Xa_SCot7lY4.
3 (Bolha de sabão congelada) - https://www.youtube.com/watch?v=4Dx0mdkDQEI.



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