Oásis Proibido escrita por Machene


Capítulo 7
Interação




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Cap. 7

Interação

Neste dia de folga para muitas moças cumprindo ou não o itinerário de Nanba, faz mais de três meses que começou o programa de inclusão feminina no presídio. Dentre os eventos notáveis ocorridos, vale voltarmos ao que sucedeu à união de Musashi e Hoshi.

...

Já era tarde quando, no prédio 4, Nori caminhava impacientemente de um lado para o outro na plataforma da estação, junto a Kenshirou. Quando o trem que esperavam enfim chegou, ela aguardou as portas abrirem e se preparou para saltar sobre a prima, até ter a surpresa de vê-la segurando a mão do preso 634 na saída. Ao que pareceu, nenhum dos dois teve a sutileza de esconder o interesse mútuo dos olhos dos guardas dentro do vagão.

Quando o supervisor dispersou os poucos amotinados lhes cercando, esperou a sua tensa parceira recobrar a cor do rosto para falar.

— Que diabo é isso? – ela questionou ainda em choque.

— É o que parece Nori. Musashi e eu estamos juntos. Somos amantes agora.

— Oh meu Deus! – a mulher tocou o peito palpitante, fazendo o parceiro pensar que teria um infarto a qualquer momento – Hoshi, por favor, não brinque comigo!

— Eu não brincaria com algo assim. Sei que não esperava isto, assim como nenhum de nós, mas aconteceu. Nós nos amamos e queremos ficar ao lado um do outro.

— Você tem noção do que está dizendo? Já pensou no que isto significa?

— Que eu me uni a um bom homem?! – Nori abriu a boca sem saber o que dizer e se virou a Kenshirou, que ainda estava surpreso pela serenidade dela ter evaporado.

— Número 634, o que você tem a dizer? – ele indagou.

— O nome dele é Musashi, senhor supervisor. Por favor.

— Tudo bem Hoshi. – o moreno afagou sua mão com o polegar – Senhorita Nori, eu não quero causar nenhum mal à Hoshi. Pelo contrário. Eu realmente a amo. – a sincera declaração súbita paralisou os dois supervisores – Desculpe se a nossa relação te ofende, mas eu não pretendo abrir mão dela. Nem que isto me mate. – a séria supervisora ofegou e deixou seu chicote cair até o chão, apertando o cabo firmemente na mão direita.

— Não diga uma coisa dessas! Minha prima não precisa de desafios agora! – Hoshi sussurrou ao amado e fitou a prima na sequência – Nori, me escute: você sempre foi esse tipo de pessoa que luta pelas coisas justas e quis vir para Nanba por considerar injusto os presos serem julgados por seus crimes e não por seu caráter. Musashi é uma boa pessoa!

— Pode até ser, mas você não está tendo bom senso se unindo a alguém que não tem controle sobre a própria força. – o alemão baixou a cabeça nesse instante, porém a amada manteve firme o aperto de mão – Não te ocorreu em nenhum momento que ele pode...?

— Musashi não me machucará. – a japonesa mais nova interrompeu – Ele não feriu a família naquela época, então ele nunca me machucaria também. Eu sei disto.

— E só porque ele deve ter prometido isto você acredita? – Kenshirou questionou.

— Sim, acredito. – Hoshi disse convicta, comovendo Musashi – Nori, ou você aceita ou está contra nós. Se estiver, eu sinto muito se a magoa, mas eu aviso que não pretendo desistir da minha relação com Musashi, nem que terminemos brigando por isto.

— Hoshi... – seu namorado começou, porém, sentiu um aperto nos dedos que pedia um silêncio temporário, então ele ficou quieto.

— Não importa quem nos desafiar, nós vamos ficar firmes! Mas eu não quero brigar com você, minha única família e melhor amiga. – Nori suspirou com pesar nos olhos, na vontade de chorar, contudo se recusando a isso, e terminou enrolando o chicote de novo.

— É isto mesmo o que você quer? E seja sincera, porque não vou perguntar de novo!

Sim. – a prima lhe sorriu e ela tomou fôlego, surpreendendo-se quando o parceiro segurou sua arma e moveu a cabeça num gesto que incentivava sua ida até a moça.

A até então resistente supervisora fitou a amiga de infância com emoção e caminhou na sua direção, abraçando-a sem mais cerimônias. Depois de alguns segundos, a japonesa encarou o prisioneiro, que travou ao sentir sua intensa observação, e suspirou de novo.

— Se é para a felicidade da Hoshi, tudo bem. Eu não vou tentar impedir. Musashi, por favor, eu peço que tome conta dela. Cuide da minha priminha com carinho.

— Eu prometo. – ele respondeu aliviado – Vou proteger ela e lhe fazer feliz.

— Estou contando com você. – Nori sorriu, rendida diante da alegria deles, e abraçou Hoshi outra vez, depois se juntando à Kenshirou para observarem Musashi enlaça-la – A única coisa que eu pretendia impedir acabou acontecendo. Diga-me que eu fiz o certo.

— Se fez o certo eu não sei, mas você apoiou algo que considerou ser o certo. Não cabe a você decidir com quem sua prima vai se relacionar, e mesmo assim Hoshi respeita e considera a sua opinião. As suas intenções e as dela são nobres. – a jovem olhou para o supervisor com admiração, chamando-lhe atenção – Eu disse algo errado?

— Não. Era bem o que eu precisava ouvir. Obrigada. – ele respondeu resmungando, entretanto, pelo rubor latente nas suas bochechas, estava claro que era o mais admirado dentre os dois, e a razão disso se encontrava sorrindo ao seu lado.

...

Voltando para o momento atual, alguns membros do grupo mais próximo de amigos entre os homens e mulheres no presídio estão prestes a debater sobre dois assuntos bem importantes. O primeiro deles apareceu mais cedo neste dia, depois da visita rápida da supervisora Alita na sala da diretora Momoko, com o único objetivo de mostrar modelos dos novos uniformes que está produzindo. Contudo, seu interesse mudou de rumo logo.

Bastou ver a superiora suspirar distraída para um bonequinho de pelúcia sobre sua mesa, com a forma do supervisor Hajime, que a árabe curiosa começou a fazer perguntas de maneira divertida, conseguindo facilmente informações do nível de relacionamento e interesse entre a mulher e seu amado. Tendo posse disto, a parceira de Kiji transmitiu as novidades empolgadamente para as amigas, que imediatamente decidiram se reunir.

Aproveitando para chamar parte dos presos para seu plano ardiloso de união, uma parte da equipe já chegou ao refeitório. Contudo, antes de focar nisto, a ideia de juntar os aliados mais próximos foi de Kazumi, justamente pelo outro assunto valioso que deseja discutir. Nesse meio tempo, porém, uma das latinas membros construiu o próprio projeto de ataque para capturar sua presa, pedindo uma pequena dica da garçonete Paola.

Serafina se adiantou e pediu o apoio de Rock para carregar algumas caixas pesadas, com utensílios e alimentos, justamente até a cozinha, como uma troca de favores com a italiana sem ele ter conhecimento disto. Agora, tendo saído do local antes de seus amigos os verem, os dois andam pelos corredores do prédio 13.

— Oh Rock, você me prestou um imenso favor! Gostaria de retribuir. O que eu faço?

— Ah, que é isto?! Não precisa fazer algo. Eu não tinha esse propósito.

— Eu sei, mas não me sentiria bem deixando como está. Vejamos... – ela sorri com o indicador sobre os lábios, ciente de que está provocando a imaginação dele – Ah, já sei. Eu tenho uma surpresa para você na minha sala. Me acompanhe.

O preso engole a seco, em dúvida se a segue enquanto os seus olhos recaem, numa manifestação automática, para o quadril rebolando pelo caminhar, e decide ir. Chegando lá, a terapeuta permite que ele entre e o encara de baixo para cima antes de trancar a porta, chamando atenção. Vendo seu semblante de predadora, o rapaz engole a seco de novo.

— É... Senhorita Serafina... O que está fazendo?

— Garantindo que possamos conversar à vontade. Sente-se. – Rock tarda a obedecer, espreitando-a ir até a sua mesa, contudo obedece, se acomodando no divã.

— Uau! É uma torta? – ele indaga após ela puxar a capa cobrindo a bandeja ali posta.

— Sim, e não qualquer torta. – Serafina corta uma fatia com a faca ao lado e leva até perto dos lábios – É uma deliciosa torta de maçã. Eu mesma preparei.

— Puxa! O cheiro é realmente muito bom! Eu posso mesmo ficar com ela?

— Pode ficar com tudo que aguentar devorar. – ela riu de leve, pondo o pedaço da torta na boca do paralisado jovem corado – Como está o gosto? – o provador nem pode falar de boca cheia, deliciando o presente, o que faz a cozinheira sorrir ao bater as mãos para limpar os farelos – Sabe, eu adoro cozinhar. Talvez nem tanto quanto Paola. Bem, é claro que ela tem seus motivos para passar tanto tempo na cozinha.

— O que quer dizer? – o americano tenta acompanhar seu caminhar.

— Nada além do que pode ser facilmente percebido. – a latina se debruça lenta sobre o divã, abrindo os braços – Bem, eu certamente fui influenciada pela minha querida avó, que praticamente me criou enquanto meus pais trabalhavam. Por causa dela eu sou o tipo de garota caseira e vim parar aqui. Ela quis que ajudasse na reintegração social dos presos. – o presidiário tenta ignorar os arrepios provocados pela respiração dela em seu pescoço.

— Então... – ele limpa a garganta – A senhorita não teve muito contato com os pais?

— Não, desde criança. Mas entendo a posição deles, e não me sentia tão sozinha. Os vizinhos costumavam jantar quase todas as noites na casa da vovó para provar a nossa comida. – a moça finalmente o fita, apoiando a cabeça na mão direita, sobre o outro braço.

— Eh! – o rapaz exclama impressionado – Bom, não me admira! A torta é deliciosa!

— Eu disse! – os dois riem um pouco – Eu poderia cozinhar para você outras vezes.

— Ah, mas eu já tenho provado tantas comidas suas. Acho que estou abusando.

— Nada. Eu gosto de manter todos satisfeitos. – ela declara voltando à mesa – E você poderia me ajudar a experimentar coisas novas. – neste momento, o preso desvia o olhar nervoso, despertando uma risada dela, que corta outra fatia de torta – Fique calmo Rock. Você malha o bastante para transformar toda a gordura desta torta em músculos.

— É... Pensando bem, é verdade. – ele ri se levantando, vendo-a se aproximar.

— Meninos saudáveis podem abusar um pouco. Aqui, coma mais um pedacinho.

A terapeuta parte o pedaço do doce e leva direto para a boca dele, que quando come acaba lambendo os seus dedos sem querer. O gesto cria um clima subitamente quente no recinto, que vai esquentando conforme Rock mastiga, até por fim ser beijado por Serafina. A princípio a surpresa retesa seus movimentos, contudo, em questão de uns segundos, seus braços vão parar na cintura dela enquanto seu pescoço é puxado para baixo.

Quando pausam para respirar, o prisioneiro se afasta da jovem, ambos muito rubros.

— Uou! Espera aí!... Parou tudo!... – ele ofega rápido, com o indicador na frente do corpo e a mão esquerda no quadril – O que está acontecendo aqui?

— Você sabe. – a latina responde maliciosamente – Eu estou muito interessada em você, Rock. E sei que você também está por mim.

— Estou. Tá bom, é verdade, não vou negar isto. Mas... Não dá, não podemos!

— Por quê? Por causa das nossas posições? Eu não me importo.

— Co-como não se importa? Isto...! – o americano passa a mão dos cabelos para o rosto – Nós podemos acabar sendo punidos por isto! Pior: eu posso dormir com os peixes!

— Momo não fará nada. Na verdade, ela nem precisa saber. O que os olhos não veem, o coração não sente. – a terapeuta tenta uma reaproximação e o preso recua.

— Como tem tanta certeza que se formos pegos não vai acontecer alguma coisa?

— Porque a diretora tem seus próprios problemas para resolver. Ou nós resolveremos para ela. – aproveitando a confusão de Rock, Serafina o imprensa contra a parede e leva as mãos até seus ombros, provocando novos arrepios nele antes de ser presa pelos braços.

— Calma! Eu quero perguntar uma coisa! – ele pausa, mais ousado e menos corado – Quem te disse que essa torta é a minha favorita?

— Um passarinho. – ela ri da careta dele – Desculpe se foi golpe baixo.

— Foi mesmo. Me atrair com uma torta... Se acha que pode me pegar com comida...!

— Apenas admita que eu acertei em cheio. Você não sabia? Vovó sempre me dizia que a gente conquista os homens pelo estômago. Então... Eu te conquistei?

— Ah sim. – o presidiário ri malicioso após um tempo – Por todos os seus dotes.

...

Rumando na direção do refeitório para o encontro do grupo de amigos, Lei segue os prisioneiros do prédio 5 junto de Min-Hee e Jiang Li, tendo todos acabado de descer do trem que os encaminhou ao prédio 13. Mais atrás dos outros, a coreana conversa com Upa enquanto cola um pergaminho em branco na testa.

— Que agoniante é ficar com um pedaço de papel colado na testa!

— Bom, eu já me acostumei. – o rapaz acha graça da careta dela, descolando o papel – Ele controla o meu qigong, você sabe. Isto me impede de extrapolar na força.

— Sim. Sei que não gostaria de explodir tudo, mesmo se quisesse. É melhor evitar confrontos; são sábios os que pensam assim, e eu admiro. – o jovem fica quieto por alguns segundos, observando sutilmente o semblante sério dela.

— Você também já deve ter visto muitas coisas ruins, não?!

— Que mais me deram medo do que fizeram perder meu controle. Mas não medo da perversidade dos outros e sim de me tornar como aquelas pessoas ruins. – ela prossegue sem fita-lo – Aqui em Nanba muitos são gentis uns com os outros, mesmo brigando, como a Dra. Kazari e o Dr. Okina, e até com Kaguya, que nem humana é. É um clima bom.

— É... Mas você sabe, nós devemos enfrentar os problemas de cabeça erguida. E, se for necessário, até mesmo lutar contra eles. Não é vergonha sentir medo, porém é preciso enfrenta-lo se quiser participar de uma briga para ajudar quem está dentro dela. – Min-Hee pondera o discurso encarando-o, e Upa acaba enrubescendo, então desvia o olhar.

— Tem razão Upa. No começo, quando a diretora me pediu para trabalhar aqui, achei que só queria aproveitar meu conhecimento sobre máquinas, mas não tinha oportunidade melhor que esta, então aceitei. Agora eu vejo muitas coisas de outra forma. – o mestre em qigong estranha o sorriso nostálgico dela, contudo não interrompe – Tudo muda quando se tem alguém por quem lutar. Além disto, há mais de um jeito de se vencer uma guerra.

...

Voltamos ao refeitório, onde Lei conversa com Mitsuru, o guarda e locutor de rádio, Tiffany, a operadora de monitoramento, e Hajime. Enquanto ela releva a brincadeira do supervisor sobre deixar pai e filho em casa para sair, no caso referindo-se ao seu parceiro Samon e o macaco Xun, algumas de suas amigas já estão sentadas ao redor de uma mesa, esperando os presidiários ajudarem Paola e Shiro a trazer os lanches que pediram.

As moças de imediato percebem a atenção de Serafina voltada ao rubro prisioneiro 69, desviando o olhar sempre que o seu cruza com o dela, e se entreolham. Irina limpa a garganta, fazendo-a se voltar, embora mantenha a postura das mãos entrelaçadas, com os cotovelos na mesa, e o semblante de caçadora à espreita da presa.

— Serafina... Você e o Rock estão tendo um caso?

— Oh Irina, você imagina cada coisa. Como poderia? Eles estão proibidos de ter esse tipo de contato conosco, se esqueceu?

— É, mas nós não estamos proibidas de investir. – Jiang Li lembra sorrindo cheia de malícia – Admita: se não está fazendo qualquer coisa com ele, você quer!

— Está bem. Eu quero. – as mulheres ao redor da mesa se atiçam instantaneamente e ela dá de ombros – E daí? Ele faz o meu tipo.

— Quer dizer musculoso e temperamental? Oh sim, grande partido!

— Olha só, a tagarela da Jiang Li não maneira nos modos, mas ela bem disse uma verdade. Serafina, eles são presidiários. Não cairia bem termos algo além do profissional.

— Eu não ligo Maya. E me admira você dizendo isto. Sempre preferiu ficar distante, observando os outros, e finalmente começou a se enturmar quando o Tsukumo te ajudou.

— Eu não nego isto. Eu acho divertido sim quando ele me convida a dar uma volta pelas instalações quando temos a chance, porque mesmo que estejamos numa prisão, aqui parece um spa comparado ao longo tempo que morei com meus pais, ajudando a cuidar da loja de cerâmica da família. Até sinto que estas novas relações que estamos construindo aqui dentro trarão grandes frutos. Só estou dizendo que todo cuidado é pouco.

— Ah, isto é verdade. Pessoas de fora do nosso círculo podem não nos entender.

— Quer dizer entender o tipo de pessoa que eles são ou por que queremos ficar perto deles, Kazu-chan? – a investigadora maneia a cabeça.

— Os dois Usagi. E eu espero que esteja enganada sobre algumas que estou pensando. – quando os homens que faltavam para fechar o grupo se aproximam da mesa, trazendo variados quitutes e bebidas, a conversa é retomada – Muito bem, então vamos lá... Eu fiz a convocação de todos aqui presentes para falarmos sobre um assunto importante, mais especificamente aquele que levou a diretora Momoko a solicitar um investigador dentro da prisão Nanba: o espião invasor. Não sabemos muito dele, mas o certo é que essa pessoa deu um jeito de se infiltrar na prisão e causar estragos da última vez, incitando violência e traição. Acontece que ele também estava observando os presidiários, a mando de uma organização que certamente está envolvida nos experimentos feitos com Jyugo, Musashi e até com o irmão da Esme, Henri.

— Isto significa que os membros atuam em vários países. – Min-Hee complementa – E é bem capaz que estejam planejando recapturar todas as experiências fugitivas.

— Min-Hee! – Esme repreende em tom baixo, beliscando-a no braço.

— Ah... É, desculpem. Não quis dizer nesse sentido. – Jyugo e Musashi acenam em entendimento e Kazumi limpa a garganta.

— Então... Com as informações que tenho reunido graças à colaboração de todos e a ajuda da Usagi, que tem conferido e me repassado os arquivos registrados nos escritórios gerenciais dos prédios, já é possível afirmar que esse sujeito, autointitulado Elf, de algum jeito consegue acesso fácil para entrar onde quiser, como quando incitou a incriminação do Musashi, se infiltrando na mesma escola em que ele estudava. Comparando descrições de perfil físico e de personalidade pelas lembranças do Musashi e do Jyugo, a Usagi fez um desenho com a tinta emprestada da Hoshi e... – a almoxarife apresenta a folha com a imagem rabiscada de um homem sorrindo sadicamente – Elas batem. Eles se encontraram com a mesma pessoa, o que quer dizer que esse espião trabalha para a o cientista com a cicatriz na nuca que fez as experiências com prisioneiros.

— Já tem uma ideia do que ele quer com essas pesquisas? – Tsukumo pergunta.

— Nenhuma, mas o Jyugo disse que se encontrou com Elf dentro do presídio.

— “Se encontrou”? Por que não disse nada para a gente? – Honey reclama.

— Porque... Eu não sabia o que dizer. – seu amigo confessa – Ele fez ameaças.

— O que esse Elf disse para você? – Upa questiona e Jyugo pensa um pouco.

— Ele disse que costumávamos fazer “coisas” juntos, até que alguém me libertou. Essa pessoa parece ter interferindo nos experimentos que essa organização estava fazendo e aí libertou os espécimes. Esse cara o chamou de “pecador”, mas disse que para mim ele devia ser um “salvador”. Só que eu não me lembro de nada disso. – ele franze o cenho – E ele falou que gostava de me ver passar pelas circunstâncias mais dolorosas sem recuar. Disse que, embora eu viva uma vida egoísta e desimpedida, na verdade sou cruel, frio e arrogante. Que... Poderia matar uma pessoa sem sequer olhar para ela. – o preso pausa, fazendo os ouvintes se entreolharem – Aquele desgraçado me chamou de fantoche e ficou irritado quando xinguei o homem com a cicatriz na nuca. Pelo que deu a entender, já tinha tentado me matar antes. – Jiang Li bufa, cruzando os braços.

— Que grande cretino! E como você conseguiu escapar dele pela segunda vez?

— De algum jeito, o meu instinto de sobrevivência me guiou. Eu usei... As armas. – o rapaz explica encarando os braços e Kazumi suspira, olhando para os lados em reflexão.

— Jyugo, faça um esforço. Tem certeza de que não se lembra de quem o libertou?

— Eu... Acho que me lembro de uma coisa, mas é só uma imagem vaga... De alguém dizendo que eu deveria fugir, que eu poderia ser feliz. Estava escuro e... Estávamos, os dois, cobertos de sangue. – outra pausa tensa e Hoshi limpa a garganta.

— Jyugo, ele disse alguma coisa sobre o Musashi, sobre o que aconteceu no passado?

— Na hora ele não pareceu conhecer o caso. Disse que só estava encarregado de mim.

— Ele está encarregado é de tomar uma surra, e nós vamos garantir que isto aconteça quando o acharmos! – Min-Hee diz com determinação, recebendo apoio dos amigos.

— Esperem! Independentemente do que ele, ou os outros com ele, pôde planejar, é perigoso se envolverem! Aquele cara me disse que, além de me investigar, queria arranjar um espécime novo. Ele está de olho em todos da prisão Nanba. Não quero que, por minha culpa, todo mundo corra mais perigo do que já correm!

— Não seja idiota. – Musashi diz de repente, surpreendendo a todos – Você acha que ia dar conta de deter eles sozinho? E mesmo que pense o contrário, isso nos interessa.

— Ele tem razão. – Uno toca o ombro do moreno e sorri – Nós somos seus amigos Jyugo, mas não estamos fazendo isto só por você. É por todos que eles já prejudicaram e pelos que estão ameaçando agora. Não adianta de nada querer fugir sozinho!

— Sim! – Nico concorda com a cabeça, juntando os punhos perto do rosto resoluto – Se estivermos juntos, tudo fica mais fácil e menos aterrorizante!

— Em outras palavras, temos necessidade de nos meter. – Trois dá um sorriso.

— E quando terminarmos de dar uma surra em todos esses otários que estão enchendo o saco, vamos comemorar com pizza de forno! – Rock levanta o polegar com animação.

— Eu farei de tudo para ajudar, então continuarei investigando. Obrigada por ter tido coragem de compartilhar conosco, Jyugo. – o preso troca um sorriso com a investigadora.

Bolshoy. Então, agora mudemos a pauta da conversa. – Irina roda o pulso direito – O próximo assunto é sobre uma crise que a diretora Momoko está passando, e o culpado é o trouxa do supervisor Hajime. Todo mundo aqui já sabe que ela é afim dele, correto?

— Positivo. – Victória faz o sinal de paz – Embora eu ainda ache isso estranho.

— Bem, eles formam um casal bonitinho. – Usagi pende a cabeça para o lado.

— Eu chamo de casal assustador. – Honey sorri temeroso.

— Enfim... A pobre Momo não tem recebido visitas dele na sua sala porque não tem acontecido nada que justifique ele ir até lá. E é por nossa causa.

— Principalmente porque o Jyugo não está mais fugindo, certo?! – Tsukumo aponta.

— Exato. – a professora de estudos gerais vira o indicador na direção do destinatário da resposta – Parece que ela tem necessidade de ficar perto dele, e eu estou disposta a tornar seus sonhos realidade. Por isto eu proponho uma atividade divertida. Vou explicar logo; Hajime está vindo aí com Lei, Tiffany e Mitsuru. – segundos depois, o quarteto se aproxima do grupo na mesa e os cumprimenta.

— Sobre o que estavam conversando, para a gente se enturmar? – Lei pergunta.

— Ah, estávamos para fazer uma aposta. – a russa sorri – Então senhor Hajime, que tal participar? Se perder, vai ter que limpar o escritório da Momo sozinho.

— Não tem problema. Não é como se eu não pudesse fazê-lo.

— Mas completamente pelado. – os ouvintes ficam boquiabertos enquanto ela ri.

— Irina, você não pode dar uma punição dessas a ele!

— Não seja estraga-prazeres agora que as coisas estão interessantes, senhorita Esme! – Mitsuru põe as mãos na cintura – Além disto, se a punição fosse simples não valeria ser chamada de punição. Eu sou a favor, e tenho certeza que a diretora não vai reclamar.

— A questão não é esta! Isto pode deixar as coisas meio... Complicadas.

— Bem, nisto ela tem razão. – Victória ri – A pobre da Momo pode ter um infarto.

— Sem contar com a gente. – Uno estremece com a mera ideia de Hajime perder.

— Eu não tenho nenhum problema com isso, e é a primeira vez que fico contente por ser cego, – uma veia salta na testa do aborrecido supervisor – mas também acho que essa condição é um pouco extrema. Por que não deixa que ele use uma calça?

— É... Pode ser. Boa ideia Musashi. Está bem Hajime, então pode usar uma cueca.

— Ele disse “calça”, sua tarada. – Tiffany segura uma risada enquanto outros riem.

— Está bem. – Hajime responde com as mãos atrás das costas – E qual é a aposta?

— Vamos fazer uma competição de quem come mais, uma disputa entre os guardas e os presidiários. Quem vencer, pode escolher o cardápio do dia por duas semanas. Mas se perder... Bom, vocês já sabem. E aí? Quem vai representar os presos?

— Rock, é claro! – Trois põe a mão no ombro do jovem enquanto vários concordam, e em poucos segundos uma enxurrada de comentários e intimidações corre entre todos.

— Ah, queria ver o que Qi e a senhorita Gisele diriam se estivessem aqui. – Liang ri.

— Falando nisto, o que os dois tanto fazem naquela enfermaria? – Upa arqueia uma sobrancelha com desconfiança, entreolhando-se com o outro chinês igualmente curioso.

 

Continua...


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