Oásis Proibido escrita por Machene


Capítulo 4
Transformações


Notas iniciais do capítulo

Oi minna! Vim anunciar que agora estou mais tranquila com os assuntos da faculdade, com os quais estava encucada, então vou poder dar um pouco mais de atenção às minhas histórias. Aos pouquinhos vou poder terminar as fanfics que comecei, e aqui está mais um capítulo da fic de Nanbaka para vocês. Espero que gostem. ^^



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Cap. 4

Transformações

 

É um novo dia em Nanba e pela primeira vez em um pouco mais de um mês, depois da vinda das primeiras mulheres empregadas do presídio, o clima está incontestavelmente agradável. Isto é, da forma mais natural possível. Já é costumeiro que as jovens circulem pelos corredores dos prédios com ou sem fiscalização dos supervisores, vices ou guardas, e para o alívio de grande parte deles os presos parecem mais dispostos a obedecê-las.

Para os prisioneiros do prédio e da cela 13, é a vez de Esme visita-los novamente e quando ela chega tem uma imensa surpresa. Uno e Rock estão agarrando Hajime com o máximo de força que podem enquanto Seitarou se coloca entre eles e Yamato, tentando evitar seu ataque à Jyugo, atrás do sorridente vice supervisor. Um pouco ao longe, Nico, Celiny e Yasmin assistem a bagunça, e o rapaz é o mais aflito.

— Mas o que está acontecendo aqui? Parem com isto! – pelo nervoso pedido dela, o supervisor se recompõe suspirando aborrecido – O que deu em vocês?

— Foi o Hajime que surtou do nada! – o japonês com heterocromia acusa.

— “Do nada”, seu maldito?! Você é que faz questão de me provocar o tempo todo!

— Mas desta vez o Jyugo só disse o que todo mundo pensa: você devia arrumar uma namorada. – rebate o inglês – E é sério Hajime, quem sabe assim seu humor melhora. – o homem ameaça soca-lo quando a guarda brasileira segura seu punho direito.

— Já chega! Numa coisa eles estão certos: o seu temperamento é muito volátil, senhor Hajime. Não é à toa que no histórico do Jyugo está registrado um caso sério de internação por coma induzido por agressão física. – novamente, Hajime fica ereto em silêncio, preferindo não encarar os presentes – Se isso continuar, eu terei que reportar à diretora.

— Bom, também não é para tanto! – Seitarou procura intervir – O supervisor só está cumprindo o seu dever. – a moça bufa e cruza os braços.

— Isso não é motivo para não tratar as pessoas com respeito.

— E que tipo de respeito a senhorita acha que presos do mais alto grau deviam ter?

— O senhor Hajime sabe que os prisioneiros daqui de cima não são perigosos de fato, certo?! – Celiny fala com desdém, encostada à parede e cerrando as unhas com uma lixa – Até os que parecem perigosos na verdade só são mal-amados. Os terríveis mesmo vivem nas profundezas, como demônios esperando uma fuga do inferno. – ela aponta para baixo sem olhar os ouvintes e sorri pela falta de argumento.

— Está bem, vamos encerrar esta discussão, ok?! – a visagista intervém – E Celiny, por favor, pare de ficar cerrando as unhas o tempo todo.

— Mas foi você mesma que me deu esta lixa para evitar que eu as roesse.

— Pensando bem agora, acho que antes dessa prefiro sua mania de dedilhar os dedos e bater o pé no chão quando está sentada. – Esme suspira.

— Bom, você não reclama da aparente mania que o Honey tem de fantasiar possuir uma extraordinária beleza. – a garota cora e a fita aborrecida.

— Então, já que os presos e os supervisores não estão se entendendo, por que para o dia de hoje não invertemos os papéis? – a jovem toma o quepe de Yamato e deposita na cabeça de Jyugo – Já que parece que Tsukumo sumiu de novo...

— Ele foi convocado ao prédio 9 para ajudar a Jiang Li a treinar os presos. – Yasmin informa – Provavelmente não volta antes do fim do dia.

— Muito bem. Então, apenas por hoje, os quatro presos da cela 13 farão o papel dos supervisores e eles farão o papel de presidiários. – à exceção do vice supervisor, os outros homens exclamam chocados enquanto as moças observam achando graça.

— Espero que a senhorita esteja brincando, porque eu não pretendo permitir isto!

— Bem, eu devo lembrar, senhor Hajime, que tenho total autorização para preparar qualquer atividade dentro do meu método de trabalho para melhorar o bem-estar de todos aqui. Acredito que se vocês se colocarem no lugar uns dos outros isto pode acontecer. Além disso, não planejo inclui-lo nesta dinâmica. – a visagista pega seu celular e disca alguns números, esperando ser atendida – Alita querida, como vai? Eu estou precisando de um favorzinho. Você pode chamar Nori e pedir que ela coloque Lei na linha também?

...

— Então, era esse o seu plano desde o começo quando nos convocou para cá?

— Sim! – a sorridente Esme responde à Samon – E fico tão contente que os senhores tenham aceitado meu convite, mesmo em cima da hora! Agora vejamos: Rock substituirá o senhor Kenshirou, Uno assumirá o cargo do senhor Kiji e Nico ficará no lugar do senhor Samon enquanto Jyugo toma a posição do senhor Yamato aqui. Está bem assim?

— Não, não está nada bem! Isto é ridículo! – Kiji reclama – É um ultraje! Olhe como eu estou horrível nestes trajes! Eu me recuso a fazer parte desta encenação!

— Jura? Ah, mas que pena. Eu estava admirada como o senhor Kiji consegue ficar tão glamoroso mesmo assumindo a imagem de um prisioneiro.

— É sério? – a francesa confirma entregando-lhe um espelho – Bom, admito que eu fico mesmo bem em qualquer coisa. É uma surpresa até para mim.

— E o mesmo pode ser dito de Uno. O uniforme lhe caiu como uma luva.

— Isto é porque o meu gosto consegue refinar tudo, desde a roupa até homens feios. – quando o irritado Uno faz menção de ir para cima dele, Yasmin o segura pelo cabelo.

— Não está falando sério? – Kenshirou faz uma careta – A sua maior preocupação é a roupa? Nós estamos arriscando fazer papel de bobos na frente de todos! É pior do que aquela situação da síndrome da cor de cabelo aleatória causada pelo número 25.

— Ah, mas isso só acontece numa certa época do ano. Eu estou bem agora.

— Verdade isso? Interessante. Bem senhor Kenshirou, será só por algumas horas. E mais, os rapazes não sairão deste prédio. Eu não abusaria tanto da boa vontade do senhor Hajime. – o homem resmunga diante do sorriso carismático da francesa – Estamos aqui apenas incorporando personagens, e eu sei que não sou professora de teatro...

— Nem precisaríamos de uma aqui. – Celiny comenta conforme arruma as gravatas dos uniformes dos presos, aparentemente quase degolando o número 11.

— Mas eu estou disposta a ajuda-los a ver as coisas de outro modo. – Esme continua – Vamos lá: os presos vão para a sala reservada de Serafina e os supervisores, e o senhor Yamato, ficam aqui na cela 13. Ah, antes que eu me esqueça, se reúnam rápido para uma foto. – ela pega o celular e os líderes carcerários recuam constrangidos.

Após muita insistência, eles acabam aceitando fazer uma fotografia no corredor, segurando plaquinhas contendo algumas informações sobre si escritas com giz branco. Posteriormente, os presidiários entram na sala exclusiva de Serafina e sentam no sofá rosa de frente para a porta, posando na sua própria foto. Pelo resto do dia eles têm a liberdade de perambular pelo ambiente, mas são obrigados a cumprir o mesmo trabalho de Hajime.

Enquanto isso, os supervisores aproveitam seu tempo livre para ler, dormir e fazer as mais diversas atividades sugeridas por Esme, inclusive curtir as salas de jogos de Uno e Nico. As guardas é quem mais controlam os insatisfeitos presos, obrigados a observar os demais se divertindo enquanto planejam relatórios, então no final o intitulado gorila chefe e Seitarou estão satisfeitos com a tranquilidade do projeto repentino.

...

Na enfermaria, Gisele trabalha tranquilamente numa mesa de sua exclusividade, mexendo com plantas e produtos químicos de costas para a entrada. Quando balança um tubo de ensaio para misturar os líquidos dentre dele, a porta é aberta bruscamente.

— Oh, Honey! – ela vira a cadeira giratória – Em que posso ajudá-lo?

— Senhorita Gisele, é um caso urgente! Veja! – a moça espreme os olhos para ver a pequena cicatriz ainda vermelha em sua bochecha esquerda – Eu fui deformado!

— Pare de ser tão dramático, saco! – reclama o outro homem que para no portal.

— Qi! Que bom vê-lo. – o prisioneiro saúda o carismático sorriso com vergonha – Entre, por favor. Você está acompanhando o Honey?

— Não, só ocorreu de nos encontrarmos no corredor. Eu vim a pedido do Dr. Okina.

— Ah sim, é para me ajudar com alguns medicamentos que estou produzindo. Mas Honey, diga-me, como conseguiu esse corte? – questiona mostrando um banco para ele se acomodar e indo até uma estante com portas de vidro.

— Trois estava brincando com uma das suas novas invenções e ela se partiu em vários pedacinhos, então um deles voou direto na minha cara. O que eu faço agora? Meu rosto é minha vida! Ah, e nem quero imaginar a reação do senhor Kiji quando vir isto!

— Ora. – a enfermeira ri e pega um frasco cilíndrico de plástico, voltando a sentar – Não precisa ficar nervoso. Tome. Use esta pomada uma vez ao dia e em pouco tempo a cicatriz vai desaparecer, mas não precisa exagerar na aplicação.

— Oh, muito obrigado, obrigado de verdade! – Honey segura as mãos dela – Eu vim aqui porque sabia que apenas a senhorita poderia me ajudar!

— É mesmo? Tem certeza que não há mais nenhuma razão? Como uma certa francesa que hoje está trabalhando com os prisioneiros daqui? – o sorriso dele tremula de repente – Honey, eu não sei se gostaria de saber que você está se machucando de propósito para ficar perto de Esme. – o rapaz à solta e se levanta rápido, ainda sem graça.

— O quê? Não, a senhorita está enganada! Por que eu faria uma coisa assim?

— Sim, acho que tem razão, me desculpe. – ela pede erguendo uma sobrancelha, um sinal claro de sua descrença, então Usagi entra na enfermaria.

— Gisele, eu vim trazer...! Ah, desculpe, não sabia que estava com pacientes.

— Tudo bem Usagi, embora Qi seja meu ajudante. Trouxe o que eu pedi?

— Sim. Aqui tem material suficiente para você fazer testes químicos ao menos umas trinta vezes. – as duas riem enquanto a jovem deposita a caixa com utensílios na mesa – Por que está tapando a bochecha com a mão, Honey? Se machucou?

— Ah, não é nada demais. – diz sorrindo nervosamente – Por favor, não se preocupe.

— Ok. Oh, e o que é esta lista aqui? São para remédios novos?

— Sim. Dr. Okina preparou hoje cedo e deixou comigo para entregar à Hoshi, que já deve estar chegando aqui. – neste instante o grupo vira para a porta ao ouvir Nico passar, seguido pela sorridente Esme logo atrás.

— Senhorita Gisele, eu vim buscar os meus remédios! Ah, Honey e Qi estão aqui. E Usagi-chan também! – a garota é a única que acena.

— Desculpem a interrupção. Eu vim acompanhar Nico para... Honey, o que houve?

— Nada! – o preso volta a tapar o rosto, sacodindo a outra mão para os lados – Não aconteceu nada. Por favor, não se preocupe comigo.

— Se não tem motivo para preocupação, por que está se escondendo?

— Ele só ganhou uma cicatriz e já recebeu um remédio para isto.

— Fique quieto, Qi! – quando a francesa faz menção de se aproximar ele recua, se escondendo atrás do colega – Não venha até aqui, não olhe para mim, eu imploro!

— Deixe de ser bobo, eu só quero ver como está. Não vou rir de você.

— Eu devo relutar mesmo assim. – o jovem desvia vendo-a rodear Qi, ainda com a bochecha coberta, e continua se esquivando pelo local enquanto é perseguido.

— Pare de ser tão teimoso! Qual o problema de eu ver essa cicatriz afinal?

— E por que deseja ver? Eu estou horrível agora, não seria uma bela visão! Só espere alguns dias e estarei de volta ao normal.

— Você fala como se estivesse deformado. Não pode estar tão ruim.

— Realmente não está. – o prisioneiro 71 revira os olhos e Gisele segura um riso.

— Eu juro, está péssimo! Por favor, apenas guarde na memória minha imagem como sempre foi até que eu esteja restaurado. – subitamente, o novo farmacêutico o segura com força pelas costas, prendendo seus braços, e durante suas debatidas o número 25 vira seu rosto na direção da luz para expor o ferimento.

— Não está nada “péssimo”. É um corte pequeno. – a almoxarife constata.

— Você fez muito barulho por pouca coisa, que vergonha. – Nico concorda e Qi solta o americano, que com ar irritado e choroso fita receosamente a visagista.

— Não é tão profundo, e não está nada feio realmente. Se conheço a Gisele, ela deve ter dado um ótimo medicamento para resolver seu problema. – a grega concorda com sua cabeça – Isso vai cicatrizar e sem danos visíveis.

— Mesmo assim, é tão humilhante que me veja neste estado. – de repente o cenho de Esme franze e Usagi puxa os outros homens pelos braços para longe.

— Honey, você não é seu rosto, então pare de ser tão dramático e aceite suas malditas cicatrizes! – a surpresa invade os presentes, sobretudo Honey, e é quando Hoshi chega.

— Ah, oi. – todos se voltam para ela – Eu... Cheguei numa hora ruim?

— Não, não Hoshi. Aqui. – Gisele lhe entrega a folha que estava na mesa, vendo-a pegar a caneta de pena pendurada em sua roupa e abrir a sacolinha que sempre mantem presa ao vestido, para então mergulhar a ponta da caneta no conteúdo dentro dela.

— O que é isso que você sempre carrega, Hoshi-chan? Tinta? – Nico questiona.

— Sim. Tinta nanquim da melhor qualidade. Foi um presente da Lei, que conseguiu de um polvo do zoológico da família. Eu sempre carrego um pouco. – a ruiva explica logo tapando o frasco dentro da sacola e fechando-a antes da farmacêutica prosseguir.

— Na lista há todos os suprimentos que você precisa solicitar ao comandante.

— Ótimo. Preciso me apressar; o navio de carga vai partir daqui a pouco. Licença. – ela se curva rapidamente e se retira fechando a porta.

— Então... Nico, aqui estão seus remédios. – a boticária pega uma maleta e indica o banco para que ele sente – Está tudo na maleta que Seitarou fez para guardar seus frascos. Dr. Okina disse que sabe quando e como deve ingerir todos eles, certo?!

— Sei sim. Dia, hora, dosagem... Estou acostumado.

— Muito bem, mas aí tem um remédio extra que eu mesma fiz. – explica abrindo a caixa verde com seu número de preso e mostrando o vidro específico – É pra emergências, o que quer dizer só no caso de você não conseguir tomar seus medicamentos.

— Uau, obrigado! Mas eu vou fazer de tudo para não ter que usar.

— É o que nós esperamos também. – Qi suspira – Senhorita Gisele, se me permite dizer, caso isso aconteça, um remédio líquido não seria o mais apropriado.

— Eu sei. Estou ciente da reação do Nico pelos relatórios que recebi da diretora, por isto esse medicamento não é para ser engolido e sim injetado. Ele tem todos os principais componentes de que Nico precisa para se sustentar, e depressa. Aproveitei a sua receita.

— Quer dizer... Fez um novo remédio com base no que eu preparei naquele dia?

— Sim. Você deu ao Dr. Okina informações do que utilizou para acelerar o efeito do medicamento dele naquele dia, certo?! Então, eu tomei a liberdade de dispor do mesmo material, apenas me valendo do que aprendi para modificar pouca coisa, como os efeitos colaterais. Espero que não esteja aborrecido. – o homem fecha a boca escancarada, se recuperando da surpresa, e acena em negação ao cruzar os braços, levemente rubro.

— De modo algum. Estou... Satisfeito por ter sido útil.

— Que bom então. – a mulher sorri aliviada, desviando a atenção para Usagi.

— O que acontece quando Nico não toma os remédios? – pergunta ao se aproximar.

— Nem queira saber. – Honey fala arrepiado e o preso 71 faz uma careta.

— Bom, se precisa mesmo deles eu vou te ajudar a lembrar de toma-los.

— Como pode Usagi, se você passa mais da metade do tempo no almoxarifado?

— Por isto mesmo Esme. Eu tenho o controle de todo material essencial para a gestão da prisão Nanba e o bem-estar dos prisioneiros. Se faltar alguma coisa, eu saberei.

— Pensei que fosse a função da senhorita Hoshi supervisionar os suprimentos.

— E é Honey, mas depois que ela recebe faz a distribuição e eu recebo quase tudo. Obviamente, quando tem pouco de alguma coisa no almoxarifado eu tenho que informar para ela. Por exemplo, se faltar o estoque dos remédios do Nico.

— Neste caso não precisa se preocupar Usagi, porque a Hoshi deve pegar a lista das substâncias necessárias para os medicamentos diretamente na enfermaria, como a que eu dei ago... – Gisele se interrompe ao encarar um espaço vazio ao lado dos tubos de ensaio – Espere um pouco... Alguém viu uma folha branca com algumas fórmulas escritas nela?

— Não. – Esme responde enquanto todos olham ao redor e imediatamente a moça se desespera, tirando os objetos do lugar – Qual o problema Gisele?

— Ai meu Deus, eu entreguei a lista errada para a Hoshi! Aquilo era um papel com as minhas anotações! – informa passando a mão na testa – Não acredito!

— Fique calma. Onde está a folha certa? Onde você deixou?

— Eu não sei! O Dr. Okina saiu daqui dizendo que ia deixar a relação dos remédios anotada num papel, mas eu estava distraída e não vi se ele deixou mesmo ou esqueceu.

— Se ele tiver esquecido é um grande problema, porque quando eu o vi estava indo cuidar de uma fratura na lombar que o Liang sofreu. – o herbalista informa.

— O Liang se machucou? – Nico se exalta – O que aconteceu?

— Não importa agora, vamos nos concentrar nessa lista que precisa ser achada.

— Não adianta. – a grega ofega nervosa – Daqui que encontremos nesta bagunça, a Hoshi já terá chegado na entrada da prisão para falar com o comandante do navio.

— Eu posso dizer o que tem em cada um dos meus remédios. Conheço todos.

— Isto é bom Nico, só que eu não sei exatamente quais dessas substâncias precisam entrar na lista para serem repostas. – neste instante, Usagi puxa um pedaço de papel do bolso de seu short, apertando o botão no topo da caneta que retira do outro.

— Sem problema, porque eu sei. Nico, diz para mim rapidinho as composições.

Assim é feito e quando a lista é finalizada passa pela conferência de Qi e Gisele, só então sendo levada às pressas por Honey e Esme. Felizmente ele chega a tempo de trocar as folhas com Hoshi, que agradece o esforço e se retira sorrindo, vendo-o ser elogiado por sua amiga pela coragem de se expor ignorando a cicatriz no rosto. Claramente ela não reparou que o motivo disto foi apenas um surto temporário de adrenalina.

...

Na frente da cela 13 do prédio 13, uma sombra feminina olha atentamente para um dos presos que joga cartas com dois dos melhores amigos, aproveitando o silêncio pelos corredores. Ela tenta não ser pega espionando pela janela, porém se esquece de prestar atenção também a quem observa de fora, e acaba tomando um susto ao sentir a mão que encosta em seu ombro. Tocando o peito, a moça recupera o fôlego sobre risadas.

— Hoshi, pare de rir! Quase me matou do coração! Pensei que fosse o senhor Hajime!

— Se fosse ele não te pegaria na surdina, Kazumi. Se bem que, como você estava tão distraída, provavelmente não ouviria os passos pesados dele. O que está olhando?

— Um caso. – a jovem fita seu alvo de novo depressa e se afasta, sendo seguida pela amiga – Eu estou investigando um caso para a senhorita Momo, mas acho que bati numa pedra enorme. Tenho poucas informações do assunto e não sei onde conseguir mais.

— É sobre o garoto Jyugo? – Kazumi cora de leve, acenando com a cabeça, e Hoshi apoia o queixo na mão direita, sustentando o cotovelo no outro braço – Imaginei. Você anda rondando o prédio 13 demais nos últimos dias.

— Mas é porque a senhorita Momo quer que eu descubra mais sobre ele.

— Sei... Mas Kazumi, querida, você parece muito interessada nesse prisioneiro por conta própria também. Não pense que eu não sei dos olhares que trocam quando se veem.

— Que olhares? – a japonesa enrubesce ainda mais, abanando as mãos – Eu só acho que ele tem olhos bonitos! Não tem nada de mais!

— Bem, mesmo assim, eu me sinto na obrigação de te contar uma coisa importante.

— O quê? É algo sobre ele? Por favor Hoshi, diga-me! Aconteceu algum problema?

— De fato nenhum agora. – a ruiva olha desconfiada pros lados e pega-a pelo braço até cruzar um corredor – Veja, eu fiquei sabendo de algo extremamente perturbador sobre ele. Momoko me contou. Parece que o pai do Jyugo era prisioneiro em Nanba também.

— O quê? Tem certeza disso? Jyugo nunca fala sobre seu passado para ninguém.

— Sim, eu tenho certeza. O que fiquei sabendo é: o pai de Jyugo é considerado, até hoje, o maior dos constrangimentos da prisão Nanba. Seu número de residente era 610 e a alcunha que ganhou foi o “Eterno Fugitivo”.

— Mas isto... Então quer dizer que alguém já escapou de Nanba? O pai do Jyugo?

— Talvez. Aparentemente, Musashi consegue se comunicar com ele por terem tristes histórias parecidas e um passado em comum... – a ruiva checa os corredores novamente – Ele me confessou o que eu já sabia, sobre ganhar a cicatriz dele no rosto por causa de um homem terrível com quem lidou no passado. Essa pessoa que o usou para as pesquisas cruéis, piorando o estado de seu corpo afetado por combustões espontâneas na época da acusação de ter matado os próprios pais. Lembra do que estava no relatório?

— Sim, disto eu sei. A diretora Momoko nos manteve atualizadas sobre a condição de todos os prisioneiros, então é claro que eu também entendo a situação do Jyugo.

— Acontece, Kazumi, que esse homem, lembrado pelos dois principalmente por ter uma cicatriz atrás do pescoço, feriu o Musashi usando apenas as mãos! Ele podia mudar seu corpo e transformar os membros em armas, como Jyugo, e tinha as mesmas algemas!

— O que... – as pupilas de Kazumi se contraem – Hoshi... Está me dizendo que... O homem que colocou aquelas algemas no Jyugo, a pessoa da cicatriz no pescoço a quem ele vem procurando com imenso desespero... É... O pai dele?

— Ah Kazumi, eu não sei. Estou te falando o que eu soube, embora até também tenha deduzido as mesmas coisas. Quer dizer, seria muita coincidência essa pessoa ter a mesma habilidade do Jyugo e não ter nenhuma ligação com ele, certo?!

— Mesmo assim, Jyugo não sabe nada do pai e nem conhece o homem da cicatriz.

— Sim. Musashi não sabe nada sobre ele do mesmo jeito, ainda que tenha a mesma determinação de encontra-lo. Mas ele disse que as algemas do Jyugo podem ser a chave para acha-lo. Para mim é assustadora a intensidade do desejo de Musashi de matar essa pessoa, dizendo que nunca o perdoará e afirmando viver apenas pelo dia da sua vingança.

— Isto é porque, assim como o Jyugo, ele não tem nenhuma outra expectativa de vida, Hoshi. Eles nem mesmo possuem uma ideia do que é viver, estando presos aqui! O nosso trabalho neste lugar é ajuda-los, então vamos fazer isto. Eu vou conversar com a diretora Momo para permitir que faça algumas investigações com a ajuda do meu pai. Se o pai do Jyugo foi a única pessoa a fugir mesmo de Nanba, não me admira ela não o ter mencionado durante nosso recrutamento, afinal seria realmente constrangedor pela limpa reputação desta prisão. Mas... Se nossas suspeitas estiverem certas...

— Está certo. A prioridade deve ser achar esse homem e tirar essa história a limpo. Só espero eu que, pelo bem dos dois, o pai do Jyugo e o homem da cicatriz não sejam a mesma pessoa. De qualquer forma, eu vou cuidar para que o Musashi fique mais feliz no nosso tempo restante aqui. Quem sabe assim ele não se sente tão vazio.

— Bom... Acho que quem se sente mais vazio entre eles é o Jyugo. Isso segundo a Serafina. Hajime diz que ele não tem ganância, e ouvi outros o tacharem de perigoso.

— Pobrezinho... Contudo, os amigos gostam dele, certo?! E ele parece ter vários.

— Até mesmo Musashi, mesmo depois de tê-lo deixado cego. – ambas sorriem de leve – Hoshi, eles não são escória, nem lixo. São presos que cometeram erros, que ainda estão cometendo, mas querem mudar. Não falo só de Jyugo ou Musashi e sim de todos.

— Eu sei. – elas apertam as mãos – E compartilho da sua opinião. Você não estará sozinha nesta luta! Vou convocar nossas aliadas e vamos lutar por eles!

— Sim! Ah, mas... Acha que faz algum sentido nós estarmos arranjando briga com os guardas e supervisores da prisão pela pele de um grupo de presidiários que certamente nem vão lembrar dos nossos nomes quando formos embora?

— Bem... Alguém tem que fazer isto, certo?! – as duas riem – Além do quê, estamos no mínimo exercendo nossos direitos de apoiar uma boa causa: a garantia de condição de vida sustentável na considerável melhor prisão do mundo. Na pior das hipóteses, podemos lembrar aos guardas e supervisores que se tentarem matar os presos será questão de tempo até a qualidade referencial deste lugar cair. E a diretora pode esfolá-los. – elas gargalham.

 

Continua...


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