Oásis Proibido escrita por Machene


Capítulo 3
Monitoramento




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Cap. 3

Monitoramento

 

O início da manhã na prisão Nanba finalmente passa após as devidas apresentações demoradas das novas trabalhadoras contratadas que chegaram adiantadas. Em filas, todos os prisioneiros começam a retornar às suas celas e a diretora se encaminha frente às moças para perto dos supervisores. Victória toma a dianteira e fica de cara com Hajime.

— Então, para iniciar nosso serviço hoje, nós discutimos a caminho daqui e algumas têm detalhes a tratar com os supervisores e vice supervisores. Onde podemos nos reunir?

— Por que não no escritório da diretora? – Mitsuru sugere.

— Certo, e onde fica isso? – o supervisor do prédio 13 a fita seriamente.

— Depois do prédio 7. Chegamos em alguns minutos se formos de trem.

— “Trem”? – Tiffany ri – Ah sim... Embora os relatórios já dessem uma noção, agora sim eu estou sentindo a dimensão deste lugar. Quase parece uma pequena cidade, excerto pelos alojamentos pouco convidativos. Mas a decoração é... Linda.

— Pode parar com o sarcasmo por um segundo, por favor? – Nori pede aborrecida – Já que é assim, nós podemos conversar com eles aqui mesmo e depois nos encaminhamos para nossos setores. É melhor do que andar quilômetros.

— Concordo. – Alita diz sorrindo – Usagi querida, pode nos passar os documentos que você copiou? – a garota faz que sim com a cabeça e retira da sua bolsa uma pilha de papéis, entregando a ela – Obrigada. Bem, se preferirem, Paola, Gisele, Min-Hee, Hoshi, Usagi e Kazumi podem ir na frente. Nós vamos demorar um pouco.

— Está certo. – Gisele dá de ombros – Nossas tarefas não exigem nenhum elaborado plano de preparação mesmo. Se precisarem de mim, estarei com Dr. Okina.

— E eu com a Dra. Kazari. – Min-Hee acena e ambas vão para junto do casal.

— Neste caso, acho melhor eu começar a cozinhar. Pode me mostrar a cozinha do prédio 13, chefe Shiro? – o imenso homem ao lado de Paola, mesmo sem aparentar, cora antes de acenar em acordo e começar a guia-la.

— Já que estão à vontade, eu vou deixa-las em boas mãos. – Momoko sorri e se vira às demais recém-chegadas – As outras gostariam de fazer um tour comigo pela prisão?

— Por que não? É uma ótima oportunidade de conhecer mais o cenário. – Hoshi fala empolgada – Esme, Serafina, vocês nos acompanham?

— Tudo bem por mim. Eu só começo a trabalhar quando alguém vier me ver.

— No meu caso é o contrário, mas concordo que um tour pode ajudar bastante o meu toque sensitivo. – Esme ri – Usagi vai precisar ser guiada até o almoxarifado, certo?!

— Sim. E se vamos andar de trem, já pressinto que terei muito trabalho. – as amigas riem do seu longo suspiro – Kazumi, você vai ficar?

— O quê? Ah, não, eu... – a jovem olha para frente e para trás com preocupação – Os presos não deveriam voltar para as suas celas? – o grupo se volta ao tranquilo quarteto de prisioneiros paralisados do prédio 13 da cela 13.

— Bom, se nem o Hajime, o Seitarou ou o Yamato vão nos levar de volta, temos que esperar eles terminarem essa reunião com vocês. – Jyugo responde simplesmente.

— A essa altura do campeonato, é certeza que vocês reconhecem o caminho de volta para retornarem à sua cela sem precisar de alguém segurando suas mãos. – Samon torce o nariz, recebendo o olhar ameaçador de Hajime na sequência.

— Ah... Eu posso escolta-los, se estiver tudo bem. – Seitarou se oferece receoso.

— Negativo. – sua nova parceira Celiny rebate de braços cruzados – Precisamos ter essa conversa com todos para quem algumas de nós foram designadas. Mesmo sendo um guarda, o senhor vai ter que participar da reunião com os supervisores e vice supervisores.

— Por acaso isso significa que eu também sou necessário aqui?

— Sim senhor locutor de rádio. – Yasmin confirma – Mas o diálogo será rápido, eu acredito, então não vejo mal em deixá-los esperar. De acordo, diretora?

— Certo, desde que todos estejam de volta às celas em seguida. – os representantes do prédio 13 confirmam antes que ela saia acompanhada das outras, e ninguém parece se dar conta da intensidade do olhar trocado rapidamente entre o preso 15 e a tímida Kazumi.

— Então, podemos começar. – Nori limpa a garganta – Na verdade, a minha presença e as de Alita, Lei, Tiffany, Yasmin e Celiny não passam de mera formalidade. Quem os senhores devem ouvir mesmo são as outras. Esses papéis que a Alita está entregando, um para cada um, se tratam da mesma coisa: um itinerário. – Jiang Li toma a frente e continua.

[Itinerário disponível no meu blog de fics, Fãnime (cujo link está na página do meu perfil)]

— Todos os presos terão que comparecer às minhas aulas, as da Irina e as da Maya, excerto se for por motivo de saúde. As atividades que faremos vão ajudar todos a ficarem mais aprimorados fisicamente, mentalmente e espiritualmente; isso supondo que terão um mínimo de dedicação. Quem vai tomar conta da saúde deles será a Gisele, enquanto que a Serafina lida com os problemas mais emocionais e a Esme melhora sua autoestima, mas a parte da diversão é toda da Victória. – a dita moça aproveita a deixa e sorri em retorno.

— Pois é. No itinerário está bem visível que Serafina e Esme visitarão as celas em dias determinados para cada prédio de duas em duas semanas. Isso porque, obviamente, elas não podem esperar pelo desabafo de alguém. Se fosse o caso, vindo deste lugar, essa pessoa provavelmente já estaria à beira da morte. – as chinesas seguram suas risadas – É o mesmo caso das aulas das professoras aqui, e o tempo entre as atividades foi calculado para que nenhuma bata de frente com outra. Ao contrário delas, Paola e Gisele estarão à disposição dos presos o tempo todo, alimentando-os e sarando suas feridas. Enquanto isso o restante das garotas estará ocupado com seus afazeres. Contudo, no meu caso e no da Kazumi, todas as pessoas do presídio deverão estar a nossa disposição.

— O que isso quer dizer? – Nico pergunta subitamente e Lei se vira para responder.

— Bom, embora todas nós tenhamos vindo para Nanba cuidar principalmente dos presidiários, podemos estender os nossos serviços aos supervisores, vice supervisores e guardas da prisão se for preciso. Agora, no caso da Kazumi e da Victória, devido os seus cargos de investigadora e produtora cultural respectivamente, todo mundo precisa fazer o que elas pedirem ou mandarem. Isso porque seus trabalhos são atividades coletivas.

— Exato. – a produtora cultural prossegue – A cada duas semanas temos direito a um dia de folga, mas cada prédio também ficará livre de nós por uma semana entre as visitas. Depois dos encontros com as professoras e a visagista, eu os ocuparei com minha imensa lista de atividades coletivas planejadas, já notáveis no itinerário. O espaço livre antes das suas 24h de descanso da gente será preenchido pela terapeuta, que vai tomar notas dos seus sentimentos e pensamentos no fim dos exercícios passados. E acho que terminou.

— Opa, o que significa isso aqui? – Kiji interrompe de repente – Victória...

Senhorita Victória, por favor. Aliás, antes que eu me esqueça, repassem para todo mundo que devemos começar a nos tratar pelos primeiros nomes. – os homens iniciam um burburinho de confusão e surpresa – Um pedido da Serafina, para ver a reação de cada um com a mudança, já que estamos no Japão e isso não é comum. Mesmo assim, podemos manter os tratamentos de senhor, senhora e senhorita. Então, qual era a reclamação?

— Então, senhorita Victória, por que os espaços de recreação precisam ser abertos para os presos agora? – ouvindo isso, o quarteto da cela 13 se anima – Isso não tem lógica!

— Não tem lógica, senhor Samon, é que considerando a localidade inconveniente da prisão Nanba, uma fortaleza dita impenetrável em uma ilha remota nas proximidades do Japão, os presos sejam excluídos de atividades físicas e de entretenimento tão facilmente acessíveis justamente aqui. Certo, todos no lugar estão confinados pelos próprios motivos, porém não sou a única que obteve conhecimento das razões, em grande parte, ridículas da transferência de vários condenados. Alguns só vieram parar aqui por terem um longo histórico de fuga em prisões de outros países, e por certo só ocorreu devido maus-tratos.

— Ah isso é verdade. Não serviam uma comida decente nos lugares onde já estive. – Rock comenta parecendo entristecido pelas lembranças, deixando incrédulos os guardas, supervisores e vices – Por sorte aqui em Nanba temos muitos benefícios.

— Exatamente! Eles não precisam ser mais mimados do que já são!

— Senhor Hajime, por favor, não aumente o tom de voz. Isso é desrespeitoso. – ele abaixa os ombros em impaciência enquanto Victória permanece tranquila – Eu não estou criticando as regalias que oferecem para eles aqui, entretanto com a falta de interação dos prisioneiros, e até mesmo entre os senhores, é somente questão de tempo até haver outra destruição em massa neste lugar. E olhe que ainda não sei como muitas dessas muralhas altas e espessas nem fizeram menção de cair por enquanto, no estado que estão! Enfim, a minha ideia é permitir que todos aproveitem o shopping, o cinema, as pistas de esqui e as demais áreas de diversão. Obviamente alguns setores como a área de recepção geral, a sede de pesquisa e a arena não estarão disponíveis a passeio. Cada prédio terá seu dia de uso para esses recintos, mas se for solicitada a presença de outros membros fora do dia designado para eles, visando algum treinamento por exemplo, o pedido será analisado.

— E é você quem vai garantir que isso tudo seja cumprido? – Uno questiona.

— Isso é tarefa nossa. – Yasmin relata – As supervisoras e guardas vão ficar de olho em todos e reportarão o andamento de tudo diariamente, inclusive para a diretora. Temos carta verde para seguir fazendo o que acharmos melhor com a intenção do cumprimento devido do itinerário, fora a interferência em outras coisas se for necessário. Perguntas?

— Eu tenho uma. – Jyugo levanta a mão – Onde a... Aquela garota, Kazumi, entra?

— Ela não entra. – Tiffany fala – Kazumi só interfere em alguma coisa se for preciso, embora tenha a liberdade de fazer o que quiser a qualquer hora. Todavia, provavelmente a coitada seja quem mais vai ter trabalho, desenterrando podres e mistérios. Ninguém se espante caso receba uma visita repentina na calada da noite.

— Do jeito que você fala, até parece que ela iria devorar alguém. – Jiang Li levanta uma sobrancelha – Kazumi é, sem dúvida, a que dará menos trabalho dentre todas nós.

— Seja como for, se ninguém tem mais perguntas, retornem aos seus afazeres! – Irina ordena – Os supervisores queiram, por gentileza, nos guiar para os prédios. Cumpriremos esse itinerário desde já. Mas antes, alguém leve os quatro diabretes ali para a cela!

...

Como determinado pelas jovens trabalhadoras de Nanba, o itinerário começa a ser cumprido diariamente. Para os residentes do prédio 13, depois do domingo de folga a sua segunda já começa com o incentivo dos exercícios matinais de Jiang Li, que claramente não liga para a autoridade de Hajime como supervisor pelas insolentes intromissões nas tentativas dele de controlar os presidiários dentro do pátio.

Na terça é a vez da caprichosa Irina dar aula na sala reservada com mesas, cadeiras e outros utensílios para o ofício. A falta de conhecimento dos presos, até em nível básico, se mostra um grande desafio para ela, que se dedica a ensinar estudos gerais do jeito mais meigo possível enquanto usa a mesa de professora como depósito de manicure. Contudo, as suas respostas e próprias perguntas maliciosas deixam o ambiente desconfortável.

Quarta-feira chega com alívio, pois Maya é a salvação de relaxamento necessário. O pátio vira espaço de exercício novamente, todavia desta vez para a prática do silêncio e movimentos tranquilos das disciplinas físicas e mentais lecionadas pela indiana. Ela faz observações inteligentes durante seu tempo de ensino, mas se mantem distante da conexão amiga que flui entre os alunos no processo. Na quinta é Esme quem dá o ar da graça.

Ela visita cada prisioneiro dando dicas de estilo e apreço pessoal confiantemente, apenas se aborrecendo com Jyugo, o único a se depreciar. Para melhora do seu ânimo, a moça lida com a falta de valorização citando pontos positivos em aparência, destacando os olhos heterocromáticos. Após serem presenteados com novas roupas e novos cortes de cabelo, os alegres detentos esperam pelo primeiro evento interativo obrigatório na sexta.

Quando amanhece, Victória chega igual a um furacão, invadindo a cela 13 junto de Hajime, Seitarou, a guarda Celiny e outros visitantes.

— Olá garotos! Agora que Esme os deixou fabulosos, viemos animar seu dia! Como primeira atividade para vocês, eu me informei e decidi que, como gostam de companhia, nós iremos nos divertir nas salas de jogos do prédio 13. Isto é, se Uno e Nico permitirem.

— Claro que sim! Vai ser muito legal! – Nico comemora agitado.

— Era a resposta que eu esperava. Por isso mesmo eu trouxe alguns amigos. Musashi recebeu autorização para vir aqui e Hoshi, Usagi e Kazumi estavam livres hoje, então me fizeram o favor de aceitar meu convite. Como de praxe, os senhores Hajime e Seitarou estarão nos supervisionando, mas Celiny também irá.

— Na verdade, Yasmin e o senhor Yamato também nos acompanharão hoje. – Celiny comunica – O problema é que ela precisou ir atrás do senhor Yamato e do preso Tsukumo, que por algum motivo se perderam nos corredores.

— Não é surpresa. – Rock comenta – Aposto que a culpa foi do Yamato.

— Bem, para que sala devemos ir primeiro? – Usagi pergunta ansiosa.

— Ah, para a minha! Estou louco para jogar uma partida de bilhar!

— Certo Uno, então nos guie. – Victória pede e dá passagem, achando graça da sua expressão entusiasmada quando encara o aborrecido supervisor antes de sair.

No caminho o grupo acaba encontrando os outros três membros desaparecidos, que se juntam a eles até chegar ao destino. Lá a equipe se espalha e a diversão começa. Com timidez, Kazumi entra na brincadeira sendo incentivada pelos presos e suas amigas, tendo a constante vigilância dos guardiões. Posteriormente os guardas são convocados com uma grande determinação, e logo que o vice supervisor também é levado Hajime suspira.

Na pausa para o almoço, todos se encaminham ao refeitório e cumprimentam Paola, fazendo corações dispararem durante seu serviço de garçonete. Após anotar os pedidos, ela caminha cheia de graça até Shiro para dar a relação.

— Ei, ei Usagi-chan, você já foi em Akiba? – o preso 25 indaga – Como é lá?

— Akihabara? Ah sim, já fui. É cheio de cor, diversão... Sabiam que o nome é uma homenagem a um santuário de uma divindade do fogo destruído num incêndio?

— Você realmente precisava ter dito isso? – Hoshi dá um meio sorriso, inclinando a cabeça na direção de Musashi, sentado ao seu lado.

— Ai minha nossa, eu sinto muito! Não queria despertar nenhuma lembrança ruim!

— Tudo bem. – ele sorri, sabendo sem enxergar que o súbito clima de solidariedade é por sua causa – Para algumas coisas eu já sou vacinado.

— Ok. Ah, Jyugo, já que é bom com travas, você já tentou brincar com um desses? – Usagi retira de sua bolsa um cubo mágico embaralhado, depositando nas mãos dele.

— Ah, sim. Eu achei bobo, já que consegui juntar todas as cores nos seus lados em cinco segundos. – os presentes que não sabiam de tal feito exclamam impressionados, e ainda mais ao vê-lo repetir o ato no mesmo instante.

— É sério?! – Celiny não esconde a surpresa – Uau! Você deve ser um gênio mesmo para desvendar tão rápido o segredo do melhor brinquedo do demônio.

— “Brinquedo do demônio”? – Tsukumo ergue a sobrancelha.

— É claro! Já tentou jogar isso? Não é coisa de Deus, isso eu garanto! Jyugo deve ter um pacto com demônios. – Yasmin dá uma leve cotovelada no ombro dela.

— Não seja má, Celiny! Ele é inteligente, apenas isso.

— Embora eu saiba de crianças prodígio que bateram esse recorde. – ela rebate.

— Mas é realmente fascinante. – Kazumi une as mãos perto do rosto, inclinando um pouco a cabeça – Jyugo é como uma chave para o mundo todo.

O elogio repentino choca o rapaz, sendo que até então apenas ele mesmo se referia assim. Em segundos suas bochechas enrubescem e Jyugo tenta disfarçar um terno sorriso que surge ouvindo a conversa dos demais. Apenas o supervisor percebe.

...

Já é quase fim do primeiro mês de residência em Nanba para as novas contratadas. Estando alojadas de forma permanente no presídio e constantemente interagindo com os presos, aos poucos cada uma passa a encontrar alguém com quem tenha mais afinidade no serviço, se já não tinham sido encaminhadas ao homem em questão anteriormente. No caso de Tiffany, a texana geniosa, seu interesse se direcionou às piadas de Mitsuru.

O radialista sem medo da morte, provocando a pobre apaixonada diretora Momoko, agora deu um novo estímulo para transformar seu sarcasmo em indiretas de duplo sentido. E ela passou a usá-las em todos que já considera como casais. É a situação, por exemplo, de Musashi e Hoshi. A bondosa japonesa criou o hábito de visita-lo durante seus instantes de descanso, recebendo permissão de Kenshirou e passando pela desaprovação de Nori.

Embora a prima tenha alertado várias vezes que não devia se envolver além da conta com os detentos, a moça ainda insiste em oferecer companhia ao solitário jovem, alegando precisar de alguém para conversar por estar confinado sozinho. E assim mais uma vez ela chega no prédio 4, pedindo licença ao supervisor para entrar na cela 10 antes da parceira aparecer e fazer vista grossa. A ideia de se envolver na intervenção dela não o agrada.

— Por favor senhor Kenshirou. Eu serei rápida. – ele suspira e acaba a acompanhando até o local, porém nem é preciso informar ao rapaz a razão da visita.

— Hoshi, você veio! – a garota sorri em resposta ao sorriso dele e entra assim que a grade é aberta, se acomodando de joelhos no chão sem cerimônia.

— Fico admirada como sempre consegue me identificar. Hoje eu trouxe uma surpresa do refeitório do prédio 13. Paola e Shiro mandaram com os melhores cumprimentos.

— O que é? – Musashi pega a comida em mãos e prova – Ah, um bolo! É delicioso.

— Não é?! Quer provar um pouco também, senhor Kenshirou?

— Não, eu estou bem. – Hoshi sorri e fecha a tampa do pote sobre o colo.

— Vou deixar com o senhor de qualquer forma, para que possa experimentar mais tarde com a minha prima. Como está se sentindo hoje, Musashi?

— Muito bem agora. Sabe que não precisa me visitar o tempo todo.

— Eu faço com gosto. Me parece extremamente torturante ficar só aqui todo dia.

— E é. Bom, também há razões para isso. Mas eu confesso que gosto das suas visitas.

— Que ótimo então! – subitamente, Kenshirou é chamado e se retira pedindo licença – Musashi, eu gostaria de perguntar algo, se me permite.

— Claro. Se for algo que eu possa responder. O que é?

— Bem, é que Serafina compartilhou comigo sua opinião sobre você. Ela diz que se pudesse ficar mais confortável para conversar sobre si, poderia entende-lo melhor.

— Ela me disse a mesma coisa. O problema é que eu não me sinto à vontade para me abrir sobre certas coisas. Não é apenas com ela, é com qualquer pessoa.

— Eu entendo isso, só quero saber o motivo. Serafina disse que um antigo trauma do seu passado lhe impede de confiar nos outros, e também de repassar confiança. Você me confirma essa hipótese? – o prisioneiro permanece em total silêncio – Desculpe se estou sendo invasiva. Também não quero que pense mal de mim, porque eu não vim aqui pegar informações para ela. Estou apenas tentando ser sua amiga.

— “Amiga”? – ele permanece curvado para frente, todavia ergue mais a cabeça – Por que? Eu sou um prisioneiro perigoso, e sei o que sua prima acha de mim. Já escutei umas conversas entre ela e o cachorrinho. – a moça baixa os ombros em sinal de tristeza, porém rapidamente toma coragem após um profundo suspiro.

— Não me importa o que pensam de você! Eu quero sustentar minha própria opinião ao seu respeito, mas para isso precisa me deixar compreendê-lo! – o surpreso jovem abre a boca sem saber o que dizer, então, ao senti-la tocar suas mãos, estende um sorriso.

 

Continua...


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