Oásis Proibido escrita por Machene


Capítulo 2
Apresentações - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, este capítulo ficou maior do que o anterior por conta da apresentação das últimas garotas, que precisava ser feita. De fato, a imagem com as quatro protagonistas, que fazem par (digo logo) com Jyugo, Uno, Rock e Nico, só será vista no capítulo que vem, mas achei desnecessário que apenas elas fossem apresentadas para o pessoal da prisão Nanba na sequência. Se tivesse pelo menos mais umas duas garotas além delas, aí sim teria sentido pegar o começo do capítulo 3. Como não tem, a gente termina a introdução aqui. Na imagem deste capítulo existe um personagem extra que só será apresentado lá na frente, mas a foto dele está logo inclusa na montagem. Enfim, vamos começar!



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Cap. 2

Apresentações – Parte 2

 

— Está certo, está certo... Se acalmem! – a diretora Momoko pede à multidão reunida na entrada da prisão Nanba, contudo os homens demoram a obedecer – CALEM A BOCA AGORA! – o silêncio é imediato – Muito bem. Quem já está na frente do barco? – ela pergunta retoricamente, vendo as novas trabalhadoras locais contratadas – Então vamos dar prosseguimento com as garotas que começarão em novos cargos neste presídio. Vou chamando seus nomes e vocês se apresentam, para que eu não gaste a voz. Esme.

A próxima a descer do Sea Lounge 40, recebendo a mão amiga do piloto, é a jovem com claros cabelos castanhos presos em um coque, amarrado por uma liga com pompons brancos e vermelhos. Uma mecha se desprende à esquerda da curta franja quando atinge o chão do pátio com seus sapatos escarlate de salto coração e corte pelúcia preto, mesmos tecido e cor das luvas e da estola com pingente cetrino no centro.

As meias 3/8 pretas, com renda vermelha na ponta, se aproximam do vestido branco de mangas compridas coberto de flores carmesim, envolto pelo casaco do mesmo tom e de detalhes escuros. Os reluzentes olhos azuis da moça pousam na sua bolsa de mão rúbea, com bordados dourados e correntes prateadas, e após fechá-la ela fita a plateia.

— Bom dia. Meu nome é Esme e eu sou francesa, como devem ter notado pelo meu sotaque. Vim de Paris a convite da diretora Momoko para ser a nova visagista de Nanba.

— Ser a nova o quê? – Rock questiona confuso – Que diabo é isso?

— Um visagista, Rock, é alguém que valoriza a especificidade de cada indivíduo, melhorando sua aparência. – o prisioneiro Honey explica eloquentemente.

— Exato. – Esme sorri em resposta – Eu pretendo ajuda-los a se retratarem por fora como são verdadeiramente por dentro, de modo que melhorem sua autoestima.

— Oh, que talento excepcional! É uma excelente escolha de papel para alguém tão bela, exatamente o que Nanba precisava! – o número 82 prossegue floreando.

— Então quer dizer que se ela não fosse bonita não serviria para esse trabalho? – as atenções se voltam para a dona dos olhos esmeralda debruçada no corrimão do barco.

— Ah, é... Eu não quis dizer isso. – o rapaz ri envergonhado.

— Bem, foi o que pareceu. E isto é rude. – ela diz sacodindo a trança dourada que cai até as coxas, atada por uma liga preta na extremidade e um laço da mesma cor no topo.

— Pode parar agora Irina. – Momo pede, internamente segurando uma risada – Terá tempo de provocar os presos quando começar a trabalhar. Aliás, por favor, se apresente.

— Está bem. – a jovem concorda recusando a mão do comandante da embarcação – Eu estou bem, querido, obrigada. Olá a todos! Para quem ainda não adivinhou, eu vim de Moscou, na Rússia. Meu nome é Irina e serei sua nova professora de estudos gerais.

Dentre os muitos que a olham, o preso Trois analisa atentamente os contornos de seus fios lisos sobre o rosto, sumindo antes de chegar na fitinha preta fixando a gola de babados da blusa branca com mangas bufantes, deixando seus ombros desnudos. A saia escura um pouco bordada em dourado e de barra furada sobrepõe a peça superior e faz par com a pequena bolsa de mão e os sapatos, porém o chapéu rendado só tem tom preto.

— “Professora”? – o inflamador Musashi torce o nariz – Por acaso nós vamos ter que participar de aulas agora? Eu não estou nem um pouco afim de compactuar com isso.

— Meu amor, não estou nem um pouquinho preocupada com o que vocês pensam. Não são vocês que vão pagar meu salário. – alguns presentes seguram risadas enquanto outros abrem as bocas em sinal de choque – Aqueles que quiserem continuar burros, sem saber o que se passa no mundo lá fora, fiquem à vontade. Também não estou dizendo que vou prender meus alunos numa sala de aula, mas não faria muita diferença para vocês se fosse o caso, certo?! Se colaborarem comigo, não perderão nada, excerto a ignorância.

— Estava até adivinhando que o seu discurso de chegada seria mais ou menos assim.

— Bom, nem todas têm a sorte de ter um currículo tão brilhante quanto o seu, Gisele.

A dona dos lisos cabelos castanho escuro, presos em um rabo de cavalo e batendo no bumbum, ri e afasta sua franja para a direita, deixando alguns fios soltos tocarem seu jaleco branco. Este combina com a camisa e contrasta com a saia preta, de tom mais claro que a gravata e o cinto, porém igual as pontas das sapatilhas bicolores.

— Sou apenas uma perita em farmacêutica com mania de perfeccionismo, não vamos exagerar. E já que fui meio apresentada, posso passar na frente diretora? – a permissão é dada e ela salta do barco – Então, olá! Meu nome é Gisele e serei sua nova boticária.

— Ah sim, era de você que eu tanto ouvi falar. – o Dr. Okina aperta sua mão – Sou...

— O médico-chefe residente, Dr. Okina. Estou ciente. É um prazer conhecê-lo. Aliás, por acaso eu posso conhecer o preso número 71 do prédio 5? – pergunta vasculhando o local com os orbes chocolate, vendo Qi ser empurrado para frente por Liang – Oh, você está aí! Li um pouco a seu respeito nos relatórios que foram fornecidos. Dr. Okina, por que não trabalha com ele em sua sala? – neste momento a maioria dos presentes a encara como se fosse louca – Disse algo errado? É um desperdício deixa-lo conter seus talentos.

— Ele está preso justamente pela habilidade que tem. – Samon relembra.

— Sei bem disso, mas não vejo mal algum em permitir isso. Sua pena seria reduzida pelos serviços prestados, então que razão ele teria para envenenar todo mundo? Se o Dr. Okina não se sentir confortável com a ideia, eu posso tê-lo como meu parceiro.

— A ideia é que você e as outras moças prestem serviços à Nanba, Gisele. – fala a diretora – Não inclua condições fora do contexto.

— Mas não há nada fora do contexto! Eu posso afirmar que a saúde dos presos será melhorada bem mais se houver trabalho em equipe. Afinal, estou acostumada a ver isso com os meus pais em seu serviço de médico e enfermeira no hospital perto da nossa casa.

— E de onde você veio? – Qi de súbito se interessa em saber, recebendo um sorriso.

— De Atenas; eu sou grega. Diretora, como eu disse anteriormente, sempre procuro fazer tudo com primazia. Estou certa que Dr. Okina não terá paciência de me ensinar no momento em que me sentir à vontade aqui, então deixe-me ter Qi como meu parceiro. Se estiver tudo bem para os outros, tenho certeza que trocando nossos conhecimentos e ideias poderemos dobrar a eficiência da ala de enfermagem de Nanba. – parte do público passa a cochichar entre si com expectativa e curiosidade conforme a outra parte olha da novata para a séria Momoko, pesando os prós e contras.

— Está bem, eu permito. De agora em diante, o número 71 vai acompanha-la em seu trabalho. – Gisele comemora enquanto os amigos do estático Qi o fitam maliciosamente.

— Você chamou a atenção da gata, heim garanhão! – Uno provoca o cutucando.

— Resta saber se isso é bom ou ruim. – Upa cruza os braços.

— Continuando... Agora eu me perdi. – Momo suspira, folheando as fichas em mãos – Ah, certo. Min-Hee, por que não vem se apresentar logo? – a moça de olhos marrons concorda acenando com a cabeça e anda devagar até junto das outras.

— Oi. Me chamo Min-Hee e sou oriunda de Panmunjeom.

— O quê? – o preso 58 do prédio 5 franze o cenho de imediato, interrompendo-a.

— Qual o problema Mestre? – Nico indaga, vendo alguns dos amigos constrangidos pelos olhares alheios, inclusive o próprio dominador de qigong.

— É que... – ele inicia baixinho, todavia toma coragem e levanta a voz – Essa é uma região que fica na província de Gyeonggi, exatamente no meio da Zona Desmilitarizada da Coreia, a fronteira entre a Coreia do Norte e a do Sul, e devia estar desabitada há anos.

— Agora está. – Irina responde passando a mão nos fios negros da coreana corada – Acredita que a diretora a encontrou sobrevivendo sozinha naquele lugar, tempos depois do armistício de 1953 que interrompeu a Guerra da Coreia? Uma garotinha não deveria viver cercada por tanta tensão diária. – Min-Hee faz um bico e afasta a mão da russa.

— Não me trate como criança só porque sou baixinha, Irina. – enquanto a loira ri, ela limpa a garganta e volta a sorrir – Enfim, eu serei técnica eletrônica aqui em Nanba. Se tiverem qualquer problema com máquinas, eu estarei trabalhando com a Dra. Kazari.

— Ah sim... – a cientista-chefe deixa sua bazuca de lado – Bom, eu não tenho tempo para ser babá de outra criança, então preciso ter certeza que essa garota é boa no serviço.

A jovem se vira para a mais velha, balançando as mechas soltas do seu duplo coque traseiro, preso num arranjo de presilhas pontiagudas, e a fivela prateada à direita da franja curta do cabelo liso, limitado ao busto, afrouxa do aperto. A cada passo de suas sapatilhas lavanda, seu vestido do mesmo tom se agita debaixo da túnica branca com fendas, sendo ambos bordados na cor correspondente a da outra peça.

— Pode me emprestar seu monóculo, por gentileza? – um tanto curiosa, Kazari retira o aparelho verde do olho esquerdo e entrega a ela, observando-a retirar algumas pequenas ferramentas de algum lugar dentro da roupa para manuseá-lo antes de devolver – Pronto. Parecia um pouco danificado, provavelmente resultado de um choque brusco contra algo sólido. Agora deve conseguir acessar seus dados mais apropriadamente. – a mulher toca o objeto, confirmando a afirmação da moça, e sorri, fazendo uma careta na sequência.

— Lembro de tê-lo deixado sobre a minha mesa quando tive que me ausentar por um instante, e quando voltei o sangue do Jyugo estava escorrendo pela minha parede rachada. – o rapaz e o supervisor do prédio 13 desviam os olhares – Qual de vocês fez isso?

— Foi ele. – Hajime rapidamente denuncia, fazendo o prisioneiro se indignar.

— Peraí, foi culpa do Hajime por ter ameaçado me atirar contra a parede! Eu só tentei me defender com a primeira coisa que vi pela frente!

— Em primeiro lugar, você não deveria ter fugido! – os dois começam a discutir.

— Muito bem... – a cientista pega a bazuca de novo – Diretora, tenho permissão para atirar neles agora? – em aflição, Momoko perde a compostura por um momento.

— Nos dois? Acho que a diretora só permite a morte de um deles.

— Cale a boca, Jiang Li! – Lei a repreende assustada com a atenção de alguns.

— Fiquem quietos, os dois! – Kenshirou separa os brigões – Nesse ritmo não vamos sair daqui nunca! Pode continuar, diretora.

— Cachorrinho. – murmura uma parte dos que o rodeiam, fazendo-o se aborrecer.

— Certo. – Momoko procura retomar o raciocínio – Quem se apresenta agora?

— Você ia nos chamando, se lembra? – Tiffany responde – Mas já que Jiang Li deu com a língua nos dentes, mande ela falar de uma vez para calar essa matraca.

— Estressadas! Está bem, não me importo! – a dona dos olhos amendoados passa as tranças do liso cabelo castanho, preso no topo em coques laterais, para cima do busto – Eu sou Jiang Li, chinesa de Xangai, e serei sua instrutora de educação física.

— Oh, que notícia maravilhosa! Agora todos ficarão em forma! – Yamato ri.

— Nós já somos forçados a fazer bastante exercício, obrigado! – Uno resmunga.

— E as suas aulas são para um treinamento mais básico ou têm especificações?

— Prisioneiro 2 do prédio 5, Liang, não é?! – ela sorri de canto, arrastando os sapatos brancos de saltos curtos, com detalhes vermelhos e fivelas de trevo douradas, ao formar uma pose de luta – Tente a sorte se quiser.

Para a surpresa dele, ninguém interrompe o convite de briga, provavelmente porque tem todo o ar de uma simples aula. Liang se encaminha ao centro do círculo montado pela plateia e também entra em posição de batalha. O pequeno vestido carmesim da professora, de tom mais escuro, quase transparente, na altura dos seios e erguido de leve pelo grande laço à direita, permite a mostra do bordado à esquerda da meia calça preta, o lado menor.

O rapaz sacode a cabeça, se obrigando a prestar atenção em atacar, contudo todas as suas tentativas de golpe falham. Quando ela se cansa de desviar, bloqueia seu braço e chuta as pernas, derrubando-o num baque. Pego de surpresa, a única reação que ele tem é a de piscar, vendo-a afastar o lenço rúbeo do enfeite dourado, com um rubi no centro, à esquerda da franja antes de rir. A seguir, Jiang Li estende a mão e o ajuda a ficar de pé.

— Você é realmente talentoso. Boa tentativa. – sorri cumprimentando, então o chinês dá um sorriso em retorno ao notar que a pulseira de contas dela foi parar em seu pulso.

— Eu é que agradeço. Estou ansioso para que me ensine mais. – sussurra em resposta, passando o acessório cetrino para o braço direito dela antes de cerrar o contato lentamente.

A chinesa se afasta tentando esconder o rubor do rosto, enquanto Liang o mascara continuando a sorrir quando muitos o fitam e fazem gracejos. Por alguns segundos ainda as suas mãos unidas atrás das costas permanecem quentes.

— Quem quer se apresentar agora? – Momoko permite a escolha ao olhar as jovens.

— Pode ir na frente, Hoshi. – oferta a sua colega, carregando sobre a cabeça um longo véu transparente cor salmão com bordados e detalhes dourados, portanto a ruiva de orbes vermelhos aceita e toma a mão do piloto da embarcação para descer.

— Bom, eu... – mal a coitada pisa no pátio, tropeça em seus sapatos carmim de tira e quebra o salto direito, indo de cara no chão e surpreendendo a todos.

Em questão de segundos um enxame de homens se prontifica a ajuda-la, indagando se não está machucada. Ela ri sem graça, limpando a poeira das mangas médias do vestido branco e escarlate com dupla barra de babados sobre as anáguas, sendo a frente em forma de leque e aberto em “V”. A recém declarada supervisora carcerária Nori se apressa em lhe dar apoio, conferindo o alinhamento dos fios soltos entre a franja e seu duplo coque.

Paola devolve à Hoshi uma pena cetrina para escrita que derrubou, e Yasmin dá de volta a sacolinha branca com fitinha vermelha. A jovem coloca a pena por dentro das duas ligas decorativas no centro da roupa e a sacolinha no canto inferior direito dela.

— Aquele tombo foi feio. – Mitsuru comenta – Espero que ela esteja bem.

— Ela derrubou muita coisa? – o preso Musashi questiona de repente.

— Ela não parecia estar trazendo nada demais. Realmente não reparei. Por quê?

— Então esse leque é dela? – ele mostra o acessório em mãos – Eu peguei do chão.

— Minha nossa, ele veio parar aqui?! – Jyugo diz surpreso e ri – Só pode ser daquela garota. É igualzinho à roupa dela. – afirma tocando os laços de lã na ponta – Por que não vai devolver para ela? O Qi e o Liang já se deram bem, pelo visto.

— Está de brincadeira? Qualquer um de nós pode acabar sendo morto se tentarmos alguma coisa com essas mulheres, principalmente eu! A maioria aqui não confia em mim.

— Ah meu camarada, vamos lá! – o locutor de rádio o incentiva sorridente, dando um leve empurrão pelos ombros – Você só vai entregar um leque, não tem razão para te colocarem na solitária. Vai nessa! – com alguns dos amigos apoiando, o alemão suspira e se encaminha na direção da voz que reconheceu como sendo da dona do leque – Ah... Isto é seu? – a maioria dos presentes silencia enquanto Nori sai da frente da moça.

— É sim. Obrigada. – seu sorriso murcha ao fitar o rosto dele – Oh... Você é o...

— Prisioneiro número 634 do prédio 4. – a nova parceira de Kenshirou interrompe – Obrigada por sua gentileza em ajudar minha prima Hoshi.

— Espera aí, “prima”? – Trois fala em nome dos vários atônitos.

— Isto mesmo. Nori e eu somos primas. – Hoshi sorri timidamente diante da séria prima – Na verdade eu sou do Japão, do interior de Matsuyama. Serei a supervisora de suprimentos aqui em Nanba. Por favor, tomem conta de mim. – ela se curva e, sem prestar atenção, bate com a testa no peito do moreno ainda na sua frente – Ai, me desculpe!

— Como podem ver, minha prima é um pouco distraída e desastrada, então também peço, por favor, tomem conta dela. – a mais velha pede fazendo a devida reverência.

O foco do cenário demora um pouco a retornar depois do incidente. Após repetidas desculpas envergonhadas, a diretora da prisão Nanba retoma a linha de raciocínio. Pelo visto, quatro garotas risonhas continuam esperando juntas a sua vez de serem chamadas, três já do lado de fora da cabine. Elas andam mais para frente quando a jovem seguinte, que cedeu sua vez para a ruiva falar, desembarca auxiliada pelo comandante do barco.

— Bom dia a todos. Meu nome é Maya. Eu sou indiana, vinda de Nova Deli, e escolhi servir na prisão Nanba como professora de ioga, mas este é apenas um dos muitos canais de relaxamento que vou ensinar. A partir de hoje eu os ajudarei a aliviar suas tensões.

A repentina afirmação convicta da indiana começa a atiçar os homens novamente. Além disso, seu pequeno bustiê mais parece uma simples faixa cruzada sobre seus seios, camuflado pelo enorme colar e os adornos ao redor, o que não contribui para o juízo dos infelizes do sexo oposto. Sua comprida saia translúcida estilo sereia só não é indecente devido haver um véu extra debaixo e por algumas lantejoulas cobrirem a parte de cima.

Ainda assim, a joia roxa no centro das fileiras de pérolas no topo chama atenção o suficiente para o seu quadril. As pulseiras, tornozeleiras e demais adereços parecem cobrir de ouro o seu corpo e a roupa tom salmão, atraindo olhares inclusive onde um enfeite se prende ao fim da lisa trança batendo nos joelhos e cursa os fios, brilhando como sementes de jatobá, até chegar na testa. Aí a única luz reinante vem dos seus olhos, da cor da graúna.

— Uh, agora que Maya aqueceu o público, eu quero me apresentar! Posso? – pede a saltitante moça balançando as ondas do seu cabelo no alcance do quadril, rosa-choque tal qual os olhos, e com a permissão da cansada Momoko ela pula em suas botas brancas de solados vinho, o tom da boina e da bolsa pendurada em seu ombro direito, do barco para o pátio – E aí pessoal? Sou a Usagi, e já pelo meu nome sei que podem adivinhar que sou japonesa, embora minha aparência não demonstre. Eu vim lá de Tóquio para me empregar em Nanba, então serei almoxarife aqui por um mês. Por favor, tomem conta de mim!

— Ela é animada. – o risonho Nico comenta, admirando os pompons descendo pela gola felpuda do poncho branco de babados dela, a mesma cor das suas compridas luvas e uma das três que compõe as meias 3/8, sendo cinza a do meio e bordô a superior.

— E você já parece empolgado com ela. – Rock cutuca, fazendo-o corar, mas quando nota que está sendo observado por uma atraente senhorita com um laço preto no cabelo liso em rabo de cavalo alto, deixando-o na altura do bumbum, é a sua vez de enrubescer.

— Serafina, venha dizer “olá”! – Usagi chama a justa garota, que sorri e aceita a mão do piloto do Sea Lounge 40 para ficar ao seu lado.

Duas mechas dos fios roxos de Serafina caem pelo curto e decotado vestido fosco, coberto de flores lilás e com uma saia roxa brilhosa de várias anáguas na cintura. A flor de sua pulseira direita, decorada por uma fitinha preta semelhante às residentes nas alças finas da roupa, casa bem com os sapatos púrpura de salto, enfeitados por lacinhos brancos.

— Olá para todos. Sou Serafina, latina nativa de Porto Rico, e começo hoje como sua mais nova terapeuta. Gostaria que logo confiem suas dúvidas, angústias e inquietações a mim, pois quero ajuda-los a serem pessoas melhores. – encerrando o convite, seus orbes quase da tonalidade do vinho tinto se voltam ao prisioneiro 69 do prédio 13, e ela meche na franja rapidamente para esconder um sorriso misterioso.

— Estou com um mal pressentimento. – ele sussurra mais para si mesmo.

— Por que diz isto? – Uno questiona curioso, sem conseguir notar para onde olha.

— Acho que é minha deixa. – a atenção geral retorna de novo à embarcação, e desta vez a penúltima a descer elegantemente é uma aparente roqueira – Como estão senhores? Cumprimentem sua nova instrutora latina de dança! – o choque de alguns e o mero susto de outros provocam uma risada nela – É brincadeira! Qual é, eu não me desloquei lá de San José até aqui para me matar de tentar ensiná-los a dançar, embora eu tenha ritmo e disposição de sobra. – algumas colegas riem junto – Não. Eu sou a produtora cultural.

Enquanto a diretora explica a função do cargo, a latina recém apresentada passa a mão na parte livre do cabelo coral preso num rabo de cavalo, estando uns fios trançados. A seguir, ela desprende a corrente dourada enrolada em seu pescoço da pele de sua jaqueta vermelha com cintos pretos decorativos nas mangas, sobre o top escuro disforme. Na hora o cinto carmesim do seu short rasgado, igualmente preto, se solta da fivela de caveira.

Sem dar atenção a isso, a produtora cultural fita as botas afiveladas de salto, um par harmonizado com a roupa, e coça um ponto exposto da sua meia-calça retalhada com a ponta de uma delas. Seu foco é retomado ao final do esclarecimento de Momoko.

— Fiquei sabendo pela diretora que o único evento interativo entre os prédios daqui é o desastroso Torneio de Cooperação de Ano Novo da Nanba. Não pretendo tirar isso de vocês, mas como sua mais nova produtora cultural eu estou disposta a realizar inovações das mais variadas. Então, espero que colaborem comigo, ok?! A propósito, meu nome é Victória. – o brilho em seus orbes chocolate se torna confiante pela calorosa reação dos muitos homens, e de longe se vê que Jyugo está entediado – Agora, cadê a Kazumi?

— Ela ainda não saiu? – Usagi ofega em decepção, cruzando os braços.

Victória pede licença e entra na cabine da embarcação, no breve retorno puxando pela mão uma bela senhorita trajada num deslumbrante vestido longo branco e lilás, cuja barra de babados é embelezada por imagens de bambu e o véu superior é preso somente em dois pontos na lateral direita. A dona dos lisos cabelos negros, afrouxados do penteado que talvez tinha sido feito e indo do seu ombro esquerdo às coxas, desce relutantemente.

Por pouco não tropeçando em suas sapatilhas pervinca, ela encara a multidão detrás do leque circular de seda, ornado por flores do mesmo tom, que coloca frente ao rosto. O encontro rápido dos olhos heterocromáticos do preso 15 com seus reluzentes pêssegos é o bastante para repentinamente derrubá-lo. O aclamado fugitivo fracassado de Nanba não escuta mais nada a partir daí, só consumido pela vontade de se saciar com aquelas frutas.

— Ah, é... Eu sou... – a voz fraquinha inicia, porém, uma leve batida em seu ombro, dada pela parceira anterior, incentiva uma tomada de fôlego antes de recomeçar – Eu me chamo Kazumi, e... Sou japonesa, de Sapporo. Estarei começando a trabalhar em Nanba como sua investigadora, então, por favor, tomem conta de mim. – ela se curva nervosa.

— E o que exatamente isso significa? – Kiji pergunta com curiosidade.

— É exatamente o que ouviram. – a diretora declara abaixando sua prancheta – Desde os últimos problemas passados nesta prisão, ficou claro que muitas brechas se abriram para a quantidade de erros cometidos. Pior ainda: está evidente que alguém de fora teve a ideia de bagunçar o sistema do nosso complexo, e por algum motivo obteve sucesso na infiltração. Eu quero descobrir o responsável, e para ajudar com isso, e também evitar os crimes futuros, Kazumi servirá como a nova investigadora oficial de Nanba.

— Essa garota? – Samon levanta uma sobrancelha, deixando-a constrangida.

— Kazumi só é tímida, mas ela é bastante competente! – Usagi a defende.

— Não há motivos para dúvida. – Momo continua – O pai dela é um perito criminal e a mãe uma advogada, portanto Kazumi foi bem preparada, tal como as outras. Mas se alguém tiver algum problema com a minha escolha, pode se entender diretamente comigo.

Obviamente ninguém reclama. No conjunto, todas as jovens são magras, com seios e quadris modestamente avantajados e peles mais ou menos rosadas, dependendo da sua nacionalidade. As diferentes personalidades chamativas parecem se complementar, sendo que elas aparentam ter feito amizade no meio tempo de conhecimento. Os supervisores e guardas encaram a mudança com receio ou expectativa, mas os presos estão extasiados.

Internamente achando graça disso, assim como Mitsuru, o casal Otogi e outros fora do mandato de comitiva para as moças, Momoko limpa a garganta uma última vez.

— Por fim, eu vou alertá-los sobre a regra número um que teremos em Nanba durante a estadia das garotas aqui: estão terminantemente proibidas relações não profissionais, e isso vale para todos. – breves chiados insatisfeitos soam depressa – Se eu pegar qualquer um perturbando alguma delas, esse infeliz sem amor à vida dormirá com os peixes! Dito isto, por enquanto é só. As outras jovens que virão amanhã serão designadas aos demais prédios do mesmo modo, então até lá podem prosseguir com seus afazeres. Dispensados.

 

Continua...


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