Spotted: Behind the Gossip escrita por naymeestwick


Capítulo 10
Capítulo 9- NYC - Gone, gone


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pela demora. Estive completamente comprometida com as coisas da faculdade agora no final do curso. Obrigada a todos que tem acompanhado. ♥



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Tradução do título: Indo embora de New York City

Indo embora da cidade de Nova York. Para onde você vai quando está com a cabeça vazia? Indo embora da cidade de Nova York. Para onde você vai quando o coração está escurecido? Eu vou perder você quando eu for, mas assim, você vai poder pegar a sua estrada de volta.

(NYC - Gone,gone; Conor Oberst)

Nota inicial: Narração por Leighton e Blake
Leigh: Fonte normal
Blake: Negrito e itálico
Flashback: Negrito e itálico

***

— Meu Deus, Leigh. Já estava ligando para a polícia! — Blake gritou e acenou afoitamente quando me viu passar pela porta do Eleven Madison Park. Quando reconheci sua voz tampei parte do rosto com a mão ao ver o quão grandioso era o restaurante. E ela estava fazendo o escândalo de sempre. Que vergonha.

— É por aqui, senhorita Meester. — Agradeci quando a Hostess indicou-me o caminho até a minha amiga espalhafatosa. O lugar era extremamente luxuoso. Era claro, amplo e bem arejado. Havia flores em todos os lugares, além de grandes janelas que nos proporcionavam uma vista privilegiada da cidade. Todas as mesas eram forradas por toalhas brancas com taças e talheres de todos os tipos sobre elas. Os garçons estavam perfeitamente bem uniformizados e muito bem treinados. Dentre os clientes, haviam pessoas da alta sociedade, bem vestidos, esbanjando etiqueta e classe até nos gestos mais simples. Senti-me envergonhada por estar com uma calça jeans, uma blusa branca sem detalhes e um cardigã aberto na cor salmão.

— Acho que vai ser fácil encontrar... — Falei para não parecer tão constrangida.

— Leigh, onde você estava? — Ela falou ainda um pouco afoita. Ela estava vestida com uma saia de pregas preta, uma blusa rosa de mangas longas e gola alta, meia calça preta e scarpins pretos.

— Trabalhando... — Falei calmamente, tentando disfarçar o desespero com a minha melhor expressão de "não há nada acontecendo aqui".

— Mas, você disse há mais de uma hora que já estava saindo. — Ela olhou o celular para confirmar o horário da minha última mensagem e voltou o olhar para mim, com uma expressão um pouco mais séria.

— É sério, Bla. — Sorri para amenizar — Josh nos prendeu lá para uma reunião de emergência. — Dei de ombros como se não fosse importante.

— Hummm... — Ela pousou uma mão no queixo e ergueu uma sobrancelha — E sobre o que ele queria falar?

— N-nada demais — Me odiei por ter gaguejado. Ela não perdoaria.

— Leighton, você acha que me engana? — Ela estreitou os olhos e fez um biquinho intrigado — Você está com essa cara estranha desde sexta, Leigh. Tem algo acontecendo e você vai me contar hoje.

— Não pode ser amanhã? — Respondi com um sorriso amarelo.

— Leightooooon... — Ela insistiu.

— Tudo bem! — Levantei as mãos na defensiva — Eu conto, mas vamos pedir porque eu estou faminta.

— Eu achei que você não vinha, depois de desligar o telefone na minha cara. — Ela falou enquanto folheava o cardápio.

— Foi por pouco. Eu vim porque estou curiosa para saber mais sobre o seu papo com a Jessica. — Falei com as mãos pousadas sobre a mesa.

— Não foi nada demais, Leigh. Nós estávamos ensaiando aquela cena da festa em que eu toco Guitar Hero. E foi muito divertido porque nós duas éramos uma negação naquele jogo. Sorte a nossa que a Steph pensou em chamar uma profissional para nos ajudar. Enquanto isso, fizemos um intervalo para aguardar. Fiquei um pouco entediada, por não poder conversar muito com o Penn e então decidi puxar assunto com a Jessica:

— E então, Jessy. Está gostando do pessoal? — Sorri de forma amigável.

— É todo mundo muito bacana, estou adorando. — Ela sorriu de volta.

— Fico tão feliz!!! — Falei com bastante animação e apertei de leve a mão dela.

— Blake, preciso muito falar com você. — Taylor apareceu, de repente, um tanto aflita, com o celular na mão.

— O que foi, Tay? Aconteceu alguma coisa grave?

— Sim, é muito urgente! — Ela disse, me puxando pelo braço e se sacudindo como se estivesse apertada para ir ao banheiro.

— Calma, menina. — Me movi para ela perceber que eu iria com ela — Com licença, Jessica. Eu já volto. — Que bobeira é essa, Tay? Foi contratada pela Leigh para me vigiar quando eu chegar perto da Jessica? — Saí falando e acompanhando a Taylor.

— É mais ou menos isso. Você não vai acreditar o que eu vi aqui na internet. — Ela rolou o botão do Blackberry afoitamente até encontrar — Olha essa foto do Ed com a Jessica no Starbucks da Park Ave.

— Qual deles?

— Isso importa? — Ela estendeu o telefone e eu não pude conter o palavrão que eu soltei na hora.

— Taylor, meu amor, muito obrigada por me mostrar isso. — Dei um beijo em sua testa e ela me olhou com estranheza.

— O que você está pensando em fazer? — Ela ergueu uma sobrancelha e sorriu com cumplicidade.

— Tenho um plano. Nós vamos arrumar um jeito de arrancar dela o que está acontecendo entre eles. Vem comigo!

— Estava com saudade dos seus planos... — Ela falou enquanto me acompanhava no caminho de volta

— Eu também. A Leighton me deu um bom motivo para eu usar os meus dotes.

— Oi, Jessy. Voltamos! — Troquei um olhar rápido com Taylor como se pedisse para ela ficar atenta aos meus sinais. Jessica sorriu. — Então, fiquei um pouco curiosa quando vi você com o Ed na sexta. Vocês pareciam estar bem próximos. Já se conheciam?

— Nos conhecemos nas audições e nos tornamos amigos — Ela deu de ombros, como se não fosse importante.

— Entendi. Ah, mas me fala... Você pode se abrir comigo — Falei com simpatia na voz. — Ali não tem só amizade, pelo menos não foi o que pareceu na sexta.

— Era sim. Ed tem sido um ótimo amigo desde quando eu cheguei. Foi apenas uma noite para descontrair.

— Lógico. Nós merecemos. — Sorri e pisquei para Taylor começar a agir.

— Bla, a Leigh acabou de perguntar como vão as coisas aqui — Ela captou a mensagem e falou sem tirar os olhos do celular.

— Fala que estamos muito bem e que ela não precisa se preocupar. Que sorte a dela, né Tay? Está lá com o Ed. Ele é um ótimo parceiro de gravação.

— Eu sei bem. — Ela revirou os olhos e falou se abanando — Acho que fui a primeira a fazer uma cena de beijo com ele. Nunca vou esquecer o piloto...

— Sossega, Tay! — Falei em meio a uma gargalhada. Ela sempre se gabava por isso. Com 14 anos, era um triunfo e tanto.

— Fazer o quê? Só queria estar no lugar da Leighton. — Ela disse se sacudindo. — O Ed é muito gostoso. A Leigh vai poder passar a mão à vontade.

— Eu não te culpo por pensar assim, pequena. — Gargalhei novamente. Ela sorriu e jogou os longos cabelos loiros para trás, orgulhosa de si.

— Isso é uma campanha em favor dele? — Jessica falou apoiada em um balcão de madeira com ar de desdém.

— Para você não deve ser nenhuma novidade tudo que estamos falando.

— Não é mesmo! — Ela sorriu — Eu o conheço muito bem. — cruzou os braços e observou a movimentação dos funcionários que trabalhavam afoitamente para a construção do cenário.

— Ela quer saber o que estamos fazendo agora... — Taylor disse com um sorriso enquanto digitava agilmente. — Ainda não superou o fato de não estar aqui com a gente.

— Diga para ela que estamos nos divertindo bastante aqui com a Jessica — Passei a mão por cima do ombro dela e sorri com carinho. Ela sorriu de volta.

— Não acho uma boa ideia você dizer que está comigo — Ela disse um pouco constrangida e com a voz baixa.

— Por que? — Perguntei enquanto abria uma garrafa de água mineral.

— Você sabe que ela não gosta de mim. — Ela disse com os olhos baixos, parecendo um pouco magoada.

— Eu juro que não entendo o que aconteceu entre vocês. — Falei um tanto intrigada e internamente feliz por ter chegado ao ponto que eu queria.

— Coisas de adolescentes — Ela disse e balançou as mãos como se fosse algo irrelevante.

— Não é o que parece. — Encarei-a — A Leigh ainda sente muito pelo que aconteceu com vocês na escola.

— Como disse, são coisas de adolescente. Nós éramos muito amigas, como irmãs. Mas, estávamos sempre brigando uma com a outra e competindo. Em uma dessas brigas, não conseguimos mais nos acertar e você sabe com a Leigh é... dramática até o último fio de cabelo. — Tive de concordar.

— Realmente é coisa do passado.

— Sim! E agora que voltamos a nos encontrar eu quero tentar consertar as coisas entre nós, mas ela não me dá uma chance. Está sempre colocando as paredes dela na frente das relações. Ela tem uma facilidade muito grande para transformar tristeza em ódio. Sinceramente, não sei como agir. — Ela balançou a cabeça para os lados e encarou os próprios pés com uma expressão triste.

— Nossa, Jessy, eu não imaginava que você se sentia dessa forma. Espero que ela caia na real e perceba o quanto você tem vontade de consertar as coisas. — Pousei uma mão em seu ombro e falei sinceramente. Ela concordou.

— Agora, vamos voltar a ensaiar porque eu preciso me preparar para detonar você! — Falei e caminhei em direção ao salão principal puxando-a pela mão.

***

— Não acredito que você e a Taylor armaram um plano para arrancar a verdade. — Ri um tanto incrédula. Taylor era uma menina como nenhuma outra. Atuava conosco e fazia o papel de Jenny, irmã do Dan. Ela tinha 14 anos, mas gostava de agir como se tivesse dezoito. Estava sempre por dentro de assuntos relacionados à moda, músicas, TV e, principalmente, à vida das pessoas.

— Joguei com as minhas próprias armas — Gargalhamos juntas.

— O pior de tudo é que ela mentiu para vocês sobre o Ed e encurtou bastante a história da escola. A gente não brigou, ela simplesmente parou de falar comigo de uma hora para a outra. — Falei com os olhos no pãozinho que estava a minha frente. Além disso, recentemente, ela armou um plano ridículo para enlaçar o Ed. Você acredita que ela trouxe a banda dele toda para cá?

— Nossa, que fofa. — Ela deu um gole na taça com vinho branco.

— Fofa? Ela está tentando jogar sujo para conquistar ele. — Falei com o tom alterado e tomei um gole da minha bebida.

— E o que você tem a ver com isso, Leigh? Vocês estão juntos? — Ela me encarou séria.

— Claro que não! — Falei olhando para a vista de uma das janelas. — Mas, as atitudes dela me incomodam.

— Deixa ela para lá, amiga. — Ela disse nem um pouco convencida com a minha resposta. — Agora eu quero saber de você. O que tem te afligido tanto nesses últimos dias? — Abri a boca para dizer algo, mas ela me interrompeu. — Não adianta dizer que não é nada.

— Se eu não contar, você não vai me deixar em paz, não é!? — Mordi os lábios inferiores. Ela balançou a cabeça em negação. — Ok. — Respirei fundo — Estou um pouco enrolada com uma pessoa. Eu ainda não sei o que há entre nós e eu tenho medo de me entregar e acabar quebrando a cara logo em seguida. Ele é um cara legal, mas está sempre pisando na bola e me metendo em algumas roubadas. Ao mesmo tempo, faz eu me sentir única e toda vez que nos tocamos, eu esqueço de tudo e me rendo. — Falei de uma vez para não perder a coragem.

— Eu costumo chamar isso de amor à primeira vista.

— Eu chamo de atração ao primeiro sexo...

— É uma boa definição. — Ela riu — Mas, Leigh, se você se sente bem com ela, não vejo motivo para dúvidas. Eu mantenho uma política de que a gente só vive uma vez. Pula de cabeça, amiga. Se não der certo, a vida segue... — Ela segurou minha mão sobre a mesa. Olha o quanto você é linda. Tenho certeza que tem uma fila de caras esperando só para beijar os seus pés. Se esse cara te sacanear, você passa por cima dele.

— Quanto exagero... — Falei com os olhos semicerrados.

— Estou falando sério, Leigh. Além disso, pela forma como você fala dele, tenho certeza de que se trata de um cara muito especial. Por isso, meu conselho para você é... vai em frente. A vida é mais divertida quando corremos riscos.

— Você tem razão, Bla, vou pensar no que você disse. Ele é mesmo especial. — Acariciei a mão dela em forma de agradecimento.

— Estamos falando tanto dele, mas que é o sortudo? — Meus olhos se arregalaram e meu coração disparou.

— Um cara do ramo artístico. — Falei sem pensar e tomei um gole de água para ganhar mais tempo.

— Ramos artístico? É sério? — Ela falou um pouco irritada. — Não me dizer que é aquele irritante do Sebastian que estava jogando piadinhas para você na semana passada? — Ela cerrou os punhos.

— Claro que não! — Coloquei uma mão sobre o coração, um pouco assustada. — Jamais. Aquele ali é problema na certa.

— E então? — Ela ergueu uma sobrancelha em questionamento.

— Tudo bem, — Respirei fundo e fechei os olhos — É o...

— Olha quem está vindo ali, Leigh — Blake disse com uma empolgação fora do comum, sorriu, mostrando todos os dentes da boca e acenou para o cara que passou pela porta. Eu não quis me virar para ver. Já sabia como aquela história iria terminar. Mas, fiquei feliz por ter ganhado um tempo.

— Não me diga que é o... — Antes que eu pudesse terminar, senti alguém me abraçar por trás e me dar um beijo carinhoso no rosto, enquanto Blake assistia contente.

— Oi, meninas. — Quando ele finalmente falou algo, virei-me com calma e sorri.

— Olá, meu amor. — Respirei aliviada — Estou tão feliz em te ver. — Continuei falando, mas ele não deu a mínima. Apenas voltou os olhos para Blake e perdeu-os por lá.

— Oi, Chace. — Ela disse fingindo não perceber o flerte.

— Blake... — Ele sorriu tão timidamente, que seus lábios formaram uma linha fina.

— Fala aí, Chace. O que aconteceu? Como você nos encontrou aqui? — Falei, quebrando o clima, porque sabia o futuro daquela história. Não era daquele dia que eu havia percebido as investidas que o Chace estava dando na Blake.

Eu o conhecia bem para entender que era mais uma fase. Era sempre a mesma história: ele fazia de tudo para conquistar uma garota e, quando ela finalmente se apaixonava (o que não demorava muito), ele dizia que não poderia se envolver em algo sério — "não é você, sou eu" e todos os clichês que uma situação como essa pode envolver — Blake era linda, loira, alta e tinha um corpo escultural sem fazer força alguma. Seus cabelos estavam sempre modelados, com ondas naturais e maquiagens pesadas estavam fora da sua rotina. Mas, com ele, nem uma mulher tão imponente como Blake Lively tinha escapatória e era isso que tornava o jogo mais divertido para ele. Além de tudo, ele não sabia que Penn e ela estavam juntos. Sentia que era o meu dever evitar aquela confusão.

— Ah, Leigh. A Blake me contou hoje mais cedo por mensagem. — Ele falou puxando uma cadeira e Blake deu de ombros enquanto virava uma taça de vinho branco.

— Achei que não teria problema em comentar. Só não sabia que você apareceria aqui sem ser convidado. — Ela passou mordeu o lábio inferior e deu um meio sorriso.

— Como se eu precisasse de convite para estar com as minhas duas garotas favoritas. — Ele sorriu galanteador.

— Realmente, você tem passe livre, garotão. Mas, se eu te conheço bem você não veio aqui apenas para penetrar nosso almoço. — Falei com os olhos semicerrados.

— Pois é, Chace. Cadê sua sombra? — Blake falou com ar de sarcasmo na voz e sorriu. Em seguida, nós duas gargalhamos alto o suficiente para as senhoras da alta sociedade que estavam próximas a nós olharam ao mesmo tempo.

— Então, meninas, é por isso que eu estou aqui. — Ele falou tão seriamente que fomos forçadas a nos calar.

— O que houve com o Ed? — Falei com ar de desespero na voz e levei uma mão ao coração. Eles logo perceberam minha exaltação.

— Leigh... — Blake franziu o cenho e inclinou a cabeça para o lado — Que reação foi essa, parece até que ouviu uma nota de falecimento. — Ela olhou para Chace e ambos fizeram uma espécie de conversa apenas com o olhar e ele riu em resposta.

— Quê? Não foi nada! — Virei a margarita que estava a minha frente em um gole só — Ainda não saí da personagem e fiz uma fala dramática, sem querer.

— Ah, então vamos gravar de novo, amiga. — Ela falou séria.

— Ok. — Respirei fundo — O que houve com o Ed? — Falei calmamente enquanto ajeitava o guardanapo de pano no colo e agi como se não significava nada.

— Leigh, — Chace falou enquanto Blake ria descaradamente do meu vexame — você já se entregou.

— Não sei do que vocês estão falando — Olhei para o lado, tentando encontrar palavras para contra argumentar. Eu, normalmente, teria o que dizer numa situação como essa, mas Ed estava se tornando minha kriptonita. — Não precisa esconder nada de nós, Leigh, nós somos seus amigos. — Chace continuou dizendo.

— É... e além disso, estamos sacando esse seu comportamento suspeito há um tempo. Está na sua testa. — Blake completou e apontou o dedo indicador para o alto da minha cabeça.

— Está? — Retruquei assustada. Torci para que eles não tivessem tido tempo de ler aquela revista infame.

Os dois balançaram a cabeça em afirmação e eu enterrei o rosto nas mãos.

— Droga! Eu odeio vocês! — Eles riram e bateram palmas, comemorando como se eu tivesse acabado de fazer um gol da vitória aos 45 minutos, do segundo tempo, na final do campeonato.

— Não sei porquê você está se escondendo tanto, Leigh. Os sentimentos são assim mesmo, não dá para evitar — Blake falou sem conseguir conter a animação.

— Que sentimentos, Blake? Perdeu a noção? — Falei irritada. Finalmente consegui driblar a situação

— Mas, você estava falando antes do Chace chegar que...

— Que estava me sentindo atraída e ponto. Sentimento é algo muito mais profundo e sério. Você está viajando. — Respirei fundo para me recuperar — Mas, fala de uma vez, Chace, o que aconteceu com o seu marido? — Blake e eu rimos juntas e fizemos um high-five por cima da mesa.

— Essa foi boa, Leigh! — Ela disse limpando as lágrimas que se formaram no canto dos olhos provocadas pela sequência de risadas.

— Há, há! — Ele disse revirando os olhos, não aguentava mais ouvir piadas relacionadas ao fato de os dois dividirem o mesmo apartamento — Na verdade, eu não sei exatamente o que aconteceu com ele. Ele está sumido desde a hora que disse que havia acabado de gravar — Engoli aquelas palavras a seco, pela lembrança que eu tinha daquele momento — Combinamos de sair para almoçar e ele não apareceu, não atende o celular e, também, não está em casa.

— Ele te deu um bolo. Qual é o problema? — Falei como se não soubesse o que estava acontecendo.

— Se fosse só isso, estaria tudo bem. O problema é que me ligaram da companhia aérea para confirmar o voo para Londres às 14h.

— O quê? — Blake se espantou — Ele perdeu a noção? Vamos para o aeroporto, vamos impedir isso.

— Eu nem sei se ele foi, Bla. Ele não pegou nada, nem a carteira com os documentos. Certamente, ele perdeu a hora e está em algum lugar.

— Ele enlouqueceu de vez. Por que viajaria no meio das gravações? Será que algo aconteceu com alguém da família dele? — Blake respondeu preocupada e eu não disse nada, meu pensamento estava longe. Se algo tivesse acontecido com ele, eu me sentiria culpada pelo resto da vida. Tinha

— Eu acho que sei onde podemos encontrá-lo.

— Como você sabe, senhorita sem sentimentos? — Blake ironizou.

— É, Leigh, como você sabe com certeza? — Chace completou e os dois me encararam.

— Nós transamos, tá legal!? — Falei irritada com aquele interrogatório. Uma hora ou outra eles ficariam sabendo e me senti aliviada por chegar antes dos tabloides. Eles passaram um bom tempo boquiabertos.

— Por essa eu não esperava... — Chace falou reclinando-se na cadeira acolchoada.

— Leigh, eu não acredito que você não me contou isso, sua safadinha. — Ela inclinou-se para a frente e deu e bateu de leve na mesa com os punhos cerrados. — Quando aconteceu? — Ela perguntou com os olhos arregalados e Chace riu da atitude dela.

— Isso não vem ao caso agora, Blake — Falei impaciente — O que acontece é que, quando dormimos juntos, acabamos nos conhecendo melhor.

— E ele avisou que ia desaparecer ou que ia viajar? — Blake indagou.

— Não, na verdade, é uma suposição minha, que está baseada em algo que ele falou. — Tampei a face com as mãos, um pouco constrangida com o que eu diria a seguir. — É um pouco bizarro.

— Desembucha, Leigh! — Blake gritou.

— Em algum momento da nossa noite, fizemos um joguinho de perguntas e respostas sobre o outro... — Falei de uma vez e esperei as piadinhas enquanto me recordava dos detalhes daquele momento...

XXX

— Vai, Ed. Agora você me faz uma pergunta. — Falei visivelmente empolgada, enquanto estávamos de frente um para o outro na cama, com as pernas cruzadas em formato de borboleta.
— Ok, vamos lá. — Ele falou com um sorriso lindo nos lábios e com a voz mais rouca do que o normal — Melhor lugar para um casamento?
— Qualquer lugar da América Latina. — Falei sem hesitar.
— América latina? — Ele questionou, intrigado e franziu a testa.
— Sim — Sorri diante de sua reação — Se um dia eu me casar, certamente será em alguma praia do México ou do Brasil. Gosto do clima tropical, das praias, das cores e das flores.
— Agora eu entendi. Você é tão imprevisível, Leigh. — Ele riu e me deu um beijo na testa.
— Agora é a minha vez! — Me ajeitei e sorri com a empolgação. — Melhor lugar para fazer uma loucura.
— Queens.
— Que preconceito.
— O que foi? — Sem julgamentos, lembra? — Ele sorriu.
— Desculpe, foi força do hábito. — levantei as mãos na defensiva. — Mas por que essa escolha?
— Lá tem uns caras bem durões. Não é difícil arrumar confusão com eles e fazer uma grande besteira.
— Bem pensado.
— Agora sou eu, Leigh. Melhor lugar para um beijo? — Ele chegou mais perto.
— Isso é sério? — Perguntei com um olhar provocante, enquanto ele se aproximava como um gatinho. — Eu não vou saber escolher.
— Então vamos descobrir juntos...

XXX

— Nem começaram e já caíram na rotina? — Chace falou sem pensar duas vezes.

— Pode falar a vontade... Se não fosse isso, não teríamos uma pista.

— E o que ele disse? — Blake estava começando a ficar tensa.

— Uma das perguntas foi "Qual é o melhor lugar para ir quando você quiser fugir de tudo e todos?" e ele respondeu: "Queens". — Não pude evitar de sorrir quando a lembrança daquela noite veio à minha mente.

— E você acha que ele pode estar por lá? — Blake questionou novamente.

— Não custa procurar... — Respondi.

— Então, vamos! — Ela disse jogando o guardanapo de pano em cima da mesa

— Gente, para que o desespero? Ele deve estar só conhecendo um lugar novo. Ele, inclusive, pode estar com a Jessica, já pararam para pensar? — Falei com irritação na voz.

— Leighton, ele reservou um voo para hoje à tarde e nem a companhia aérea conseguiu entrar em contato com ele. Agora, ele desapareceu e deixou tudo que importa em casa. Se isso não soa suspeito para você, acho que você perdeu sua sensibilidade. Além disso, a Jessica já me mandou algumas mensagens preocupadas. Ele não está em lugar nenhum. — Chace falou de uma vez.

Coloquei uma mão na cabeça e senti uma dor forte no coração. Ele tinha razão, aquele sumiço era muito suspeito depois de tudo que aconteceu com o Josh. De repente, ele reservou aquele voo de volta para Londres por se sentir envergonhado demais para voltar às gravações. Mas, se ele não estava no voo, onde poderia estar? Minha cabeça deu um nó. Se Ed tivesse entrado em uma furada por minha causa, eu nunca iria me perdoar. Sentia que precisava fazer algo. Meu coração implorava por isso.

Lembrei da minha própria história. As pessoas tinham o hábito de esperar horas para considerar alguém desaparecido ou em perigo. Quando algo ruim tem de acontecer, acontece em segundos. Quantas tragédias poderiam ser evitadas se as pessoas desaparecidas fossem procuradas assim que alguém sentisse falta delas. Há muito tempo atrás, me meti em uma furada. Uma armadilha do destino. Quando me dei conta do risco que corria, já era tarde. Queria que alguém procurasse por mim. Apenas uma pessoa podia evitar aquela tragédia. E essa pessoa se recusou, dizendo que eu estava sendo dramática e queria chamar atenção. Se alguém tivesse procurado por mim naquela noite, meu destino teria sido diferente. Eu não teria de conviver com as cicatrizes do meu passado.

— Vamos logo, gente! Cada minuto é preciso. — Falei levantando-me rapidamente.

— Calma, princesa. — Chace falou calmamente, ainda largado sobre a cadeira — Não foi você que falou que não devíamos nos preocupar? — Ele arqueou a sobrancelha e me fitou curiosamente.

— Mas, eu mudei de ideia! — Peguei minha bolsa e coloquei o guardanapo em cima da mesa — Vem, Blake! — Puxei Blake pelo braço e andamos apressadamente para fora. Chace acabou pagando a conta após ser encarado pelo garçom.

— Eu desisto! Estou exausta. — Blake falou quando passamos pela porta do centésimo estabelecimento que entramos para procurar Ed.

— O Queens parece ser maior do que toda Nova York. Não aguento mais procurar. Acho que ele não está por aqui, Leigh... — Chace falou com a voz fraca, passando a mão pelos cabelos dourados.

— Ele respondeu alguma mensagem?

— Deixa eu ver... — Blake pegou o cellar e passou um tempo encarando a tela.

— Leigh, que história é essa de vocês saírem na revista Insight?

— Como você sabe? — Tomei o celular da mão dela e vi os detalhes da manchete em um site. — Que vergonha disso... eu já sabia. — Abaixei a cabeça e ela me abraçou.

— Calma, Leigh. Daqui a pouco esse escândalo morre.

— Você acha?

— Claro! — Ela pegou o celular de volta e franziu o cenho — Só não entendi uma coisa... por que disseram que o Ed estava com a Jessica hoje de manhã, se essa foto é de ontem.

— Ontem? — Perguntei um tanto surpresa. Mas, então por que ele estava com a mesma roupa de hoje cedo?

— Claro que foi! A Jessica chegou assim no Brunch que fizemos ontem. O Ed mudou de roupa.

— Ah, então foi por isso que ele chegou correndo e trocou de roupa. Ele disse que queria vestir algo mais sutil. Ele é todo preocupado com essas de a roupa ter que combinar com a ocasião — Chace falou e revirou os olhos.

— Eu não acredito! — Blake falou em meio a uma risada divertida. — O Ed é uma figura.

— E vocês tinham que ver o estresse que foi hoje quando ele chegou em casa atrasado e teve de usar a mesma roupa de ontem porque era o que estava "pronto" para vestir.

— Acho que foi por isso que ele sumiu. — Blake falou e os dois caíram na gargalhada.

— Vocês dois não respeitam ninguém mesmo. Ele não dá sinal de vida desde cedo e vocês ironizam. — Falei irritada e cruzei os braços, tentando disfarçar a alegria que senti quando um nó foi desatado na minha cabeça.

Agora, tudo fazia sentido. Ed não havia saído para encontrar com a Jessica após passar a noite comigo. Em parte, aquela história toda não passava de um tremendo mal entendido. Senti raiva de mim mesma ao constatar

— Leighton, você acha mesmo que ele pode estar em perigo? Eu acho que ele já está em casa. A Tay não descobriu nada sobre o paradeiro dele. Já está escurecendo, o frio está aumentando e estamos exaustos. Uma hora o outra, ele vai aparecer.

Precisei concordar. Aquela busca estava sendo inútil. O Queens é um condado enorme. Não sei onde estava com a cabeça quando sugeri aquilo. Quanto mais procurávamos, mais ficava claro para nós que Ed não queria ser encontrado e precisávamos respeitar a decisão dele.

Desde o momento em que Chace disse que ele havia reservado um voo para casa, senti um aperto muito forte dentro do peito. Não sabia qual era a pretensão dele com aquela viagem, mas sabia o motivo de sua decisão. Depois de tudo que foi dito na reunião com o Josh, certamente Ed não teria coragem de voltar a encará-lo.

— Leigh, você não achou que eles estavam juntos, né!? — Blake falou, me despertando dos meus pensamentos.

— Eu... — Cocei a cabeça e mordi o lábio inferior, um pouco constrangida.

— Espera aí! — Chace gritou, estendendo as mãos, como se tivesse descoberto algo. — Agora eu entendi tudo. Agora eu sei porquê você está tão preocupada com ele. Com certeza você viu isso e brigou com ele. Então, ele era o cara que estava te deixando tensa hoje, Leigh? — Ele riu e deu um tapa de leve na cabeça — Tudo faz sentido agora. — Ele cruzou os braços e me encarou como se soubesse a minha parcela de culpa naquele caso todo. Tudo ficou mais evidente quando eu pressionei os olhos com força para conter a vontade de chorar — Você falou alguma coisa para ele e o chateou, não foi?

— Foi mais ou menos isso... — Falei com a cabeça baixa.

— Nossa, Chace. Já pensou em ser advogado? — Blake falou um pouco impressionada.

— Eu conheço muito bem a Leighton, Bla. Ela sempre tira conclusões precipitadas e nunca pergunta o motivo.

— Falou o santo. — Bati o pé, enfurecida por aquele ataque.

— Chega, Leigh! — Ele me segurou pelos ombros — Brigar agora não vai resolver os erros do passado. Vamos focar no problema atual. Cadê esse idiota? — Ele falou com a voz rouca, visivelmente preocupado com o Ed.

— Calma, pessoal. Nós vamos conseguir! — Blake falou, apoiando as mãos em nossos ombros.

Nesse momento, ouvimos um barulho de mensagem. Todos nós procuramos nossos celulares nos bolsos.

— É o meu! — Blake ergueu o aparelho. — É a Taylor, ela encontrou alguma coisa.

— Fala logo!

— É um endereço. Olhem essa mensagem: "31st Rd. Sejam rápidos. T." O que ela quis dizer com isso? Parece um código de um cofre de banco.

— Esse endereço é daqui. — Chace falou esperançoso.

— Espera, — Ouvi outro toque de celular — agora é o meu — Coloquei a mão no bolso, desesperada e senti minhas pernas vacilarem quando vi o nome de Ed. Fiquei surpresa e, ao mesmo tempo, perplexa por ele ter enviado apenas um "sos".

— Ele me mandou um "sos". Tem algo acontecendo. Precisamos ser rápidos — Falei enquanto corria a frente deles, em direção a lugar nenhum.

— Leigh, é para o outro lado. — Chace apontou para a sua esquerda com calma.

Sem perder o ritmo, mudei a direção e corri na direção indicada. Não tínhamos tempo a perder.

Aquela busca demorou certa de dez minutos. A cada segundo que passava, meu coração parecia se desmantelar. Àquela altura, eu não sabia mais se eu sentia culpa por ter contribuído para ele estar naquela situação ou vontade de abraçá-lo e dizer que eu senti medo de perdê-lo.

Quando finalmente encontramos o lugar. Eu não pensei duas vezes e corri na frente deles. O endereço indicava um bar um tanto velho, em uma rua escura e sem saída. Senti um arrepio na pele quando chegamos àquela localidade. A fachada era composta por tijolos expostos e por uma porta de madeira escura. Aquele lugar era assustador. Não fazia ideia de como Ed havia chegado a um lugar como aquele.

— Vocês dois fiquem aqui fora para dar cobertura, eu vou buscá-lo e volto, ele deve estar chapado. — Falei sem olhar para trás e não quis certificar-me de que eles haviam entendido ou concordado com a minha ordem.

Me aproximei e encostei a cabeça na porta para tentar ouvir o que estava acontecendo na parte interna do estabelecimento.

— Leigh, volta aqui! — Chace gritou e correu em minha direção.

Ignorando seu comando, empurrei a porta com força e entrei antes que ele pudesse me alcançar.

Mal pude crer na cena que eu presenciei ao adentrar naquele estabelecimento grotesco.

— Ed, não!!!! — Berrei tão alto que todos os olhos se voltaram para mim e, em questão de segundos, (graças a um surto de adrenalina) me posicionei diante dele com as mãos estendidas.

Eu não acredito que estou fazendo isso por você, Ed.

 


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Notas finais do capítulo

Primeiro, gostaria de pedir perdão. Quem leu a história desde o começo viu que eu comentei que estava no último período da faculdade e que estava envolvida com o tcc e tudo mais. Pois é, estamos naquele momento em que é necessário fazer escolhas. SPOTTED tem sido um alento em minha vida, mas cheguei em um momento em que eu precisei dedicar-me exclusivamente ao meu trabalho de conclusão.

Vocês podem acompanhar as informações sobre a história da seguinte forma:

1)Sigam @SPOTTEDbtg no twitter - Representação do blog de fofocas Flagre se puder
2) Sigam @meestwick no instagram. (Faremos avisos por meio do story de lá)
3) Curtam e sigam a página da minha querida @hellowaldorf (The New Spectator - GG Real Life) que está por dentro de tudo e continuará contando tudo que acontece aqui com detalhes para vocês.

Ademais, vocês podem falar comigo por aqui ou pelo instagram para vocês, que são pessoas que fazem minha vida ser mais feliz.

Agradeço a compreensão e o carinho de sempre.

Que vocês fiquem bastante felizes e curiosas com o próximo capítulo. Coisas incríveis estão prestes a acontecer e se eu fosse vocês, não piscaria, para não perder nenhum detalhe.



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