Abro meus olhos e vejo que tudo não passou de um sonho,ou melhor, um pesadelo.Não consigo dormir e quando durmo, só tenho pesadelos.Minha mãe está ''preocupada'' comigo e resolveu marcar mais uma consulta com uma nova psicóloga pra mim,antes eu não iria, mas agora também estou preocupada e ...
— Alison,o café está na mesa,levanta e se arruma que hoje eu vou te levar na psicóloga - diz minha mãe ao bater na porta

— Tá bem, já to indo - digo desanimada
Se pudesse ficaria o tempo todo sozinha,sem ter que falar com ninguém.Eu não quero falar da minha vida pra mais um estranho,contar o que me deixa triste e blá blá blá.Incontáveis vezes já fui a psicólogos,e sinceramente não sei motivo,é assim que eu sou agora,e não vou mudar pra agradar ninguém.
Eu me levanto da cama e me arrumo,chego na cozinha e tomo meu café. Meus irmão estão brigando por waffles de novo,Carol,a babá dos gêmeos acaba de chegar.
— Alison,anda rápido, vamos na psicóloga e depois eu te deixo na escola
— Eu preciso mesmo ir? - pergunto
Pior que uma escola que todos te conhecem como uma louca,drogada,é uma escola nova onde você não conhece ninguém.
— Ali já falamos sobre isso, você vai e pronto.Não quero ver você trancada no quarto,sozinha ou no cemitério com seu diário.Eu sei o quanto você amava o seu pai, mas ficar no cemitério não vai trazer ele de volta.
Acabo de tomar meu café e volto rapidamente pro meu quarto,minutos depois minha mãe abre a porta
— Levanta dessa cama, já está na hora, vamos - diz minha mãe já nervosa
                                                        ***
Estou sentada em uma sala do consultório da psicóloga, esperando chegar a minha vez pra minha mãe falar mal de mim e eu ter da minha vida mais uma vez pra uma pessoa que eu nunca vi.
— Alison Williams! Vamos lá? - Diz a psicóloga sorrindo para mim
Entro na sala e a psicóloga pede para minha mãe esperar do lado de fora
— Sente-se Alison - diz a psicóloga apontando para uma das cadeiras de frente a sua mesa
Eu me sento olhando para o relógio,pensando na hora de sair daquele lugar.Ela marca 1 hora em seu relógio,olha pra mim e diz?
— Então Alison, por que está aqui? - pergunta a psicóloga
— Porque minha mãe me obrigou - digo
— E por que ela fez isso? - ela pergunta
reviro os olhos
— Pergunta pra ela! - digo
Ela me olha sem paciência,respira fundo e diz:
— Alison, estou aqui pra te ajudar,mas você pelo visto, não quer ajuda.
Eu encaro o relógio
— Já que você não quer conversar,devo chamar sua mãe - diz a psicóloga
Ela se levanta e vai em direção a porta
— Espera,talvez eu precise de ajuda - digo de cabeça baixa
Ela sorri e se senta em minha frente
— Então me diga Alison,como posso te ajudar?
Eu a encaro friamente antes de responder,respiro fundo e olho para aquela mulher elegante e com certeza bem sucedida.
Eu não quero contar sobre mim pra mais uma pessoa,falar sobre como minha vida era perfeita,como eu tinha amigos e era feliz, e da pessoa que eu me tornei depois da morte do meu pai, não quero ser a ''coitadinha'' , a garota que não dorme, ou da pessoa que tem pesadelos bizarros perversos.Não quero falar das ''viagens ao inferno'' dos meus sonhos,estou cansada disso tudo.
— E então Alison, me fala - dia a psicóloga
Eu realmente não quero passar por isso de novo,mas o quanto mais rápido isso for,mais rápido eu vou embora daqui.
— Não sei por onde começar, já passei por isso tantas vezes que já devia ter me acostumado,mas não consigo.
— O que te deixa triste? - ela pergunta
— A ausência do meu pai,sinto falta dele. - digo
— O que aconteceu com ele? - pergunta a psicóloga novamente
—Morreu num trágico acidente de carro - digo triste
— Eu sinto muito - diz a psicóloga
— Não,você não sente,ninguém sente.E não quero que sinta pena de mim,não quero ser a coitadinha de novo, já passei por muitas coisas,só eu sei o que já passei,. Então não, você não sente muito.
Ela se cala, depois de alguns minutos ela chama minha mãe e as duas conversam em particular.Minha mãe sai da sala, a psicóloga olha para mim.
— Até semana que vem Alison. - diz a psicóloga me encarando                

                                      ***
Estou dentro do carro com minha mãe,indo em direção a nova escola,no caminho vou observando as paisagens e refletindo sobre a consulta com a psicóloga.Minha mãe não disse uma palavra desde que saímos do consultório.
Acabamos de chegar na nova escola,é enorme e linda.Fico contemplando por um momento.Pego minha mochila e meu diário e saio do carro.
— Mais tarde eu venho te buscar - diz minha mãe
Estou perdida, a escola é 3 vezes maior que a antiga.
— Tchau Alison.Boa aula!
Quando me viro, vejo minha mãe indo embora,nem pude falar nada.
— Que droga! - resmungo por estar perdida
Ando um pouco pra tentar conhecer a escola,até alguém esbarrar em mim deixando meus livros e meu diário cair.