A Rosa Dourada escrita por Dhuly


Capítulo 25
Noite de Sangue e Lamúria


Notas iniciais do capítulo

Prometo que esse é o último nessa linha de capítulos com o tema noite XD



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b o s q u e m e l

Já não sabia mais identificar quem de que, se era um homem ou uma aberração coberta de sangue viscoso e escarlate, se era fogo ou o sol nascendo. Tudo o que Arthur podia diferenciar eram símbolos, os brasões diziam quem matar e quem ajudar, os emblemas era tudo o que ele e sua mente conseguiam raciocinar depois de tanto tempo no meio daquele assalto.

Homens caíam ao seu lado e ele não tinha como ajudá-los, só podia continuar seguindo em frente e atacando, não podia parar por um segundo pois sabia que sempre teria mais um com que ele tivesse de lutar. Não sentia mais seu corpo, o que o preocupava já que assim não saberia se estava ferido ou se aquele sangue era seu ou do inimigo. O jovem Tarly estava no meio de um frenesi inacabável, lutando por horas e ainda não via um final para aquele ataque, estava sendo um massacre e eles ainda não haviam transpassado a muralha. Parecia que o inimigo sabia exatamente a hora e por onde eles iriam atacar. Teriam eles um espião no meio do acampamento? Se existisse, quem seria?

Não houve mais momentos para pensar em tramoias quando a espada de duas mãos do forte Aeden caiu sobre ele. Interceptou o ataque de seu oponente com sua própria espada. Veneno do Coração não era grande ou intimidadora como a espada do Rowan, mas era de aço valiriano e as armas feitas na antiga valíria eram exímias, principalmente nas mãos de bons espadachins.

Seu chute foi direto no joelho do mais alto, mas não foi o suficiente para fazê-lo perder o equilíbrio, por isso iniciou uma onda de estocadas que foram defendidas bravamente pelo adversário. Depois da série de golpes, Arthur se viu mais ofegante do que antes e seu rival também parecia exausto depois de tanto tempo lutando.

— Aeden, tenho que dizer que você melhorou em suas habilidades desde a época em que éramos crianças. — Elogiou e partiu para mais uma onde de ataques, por cima, por baixo, pelo lado, por cima novamente. Todos defendidos com maestria de um espadachim bem treinado. — É uma pena que esteja do lado errado da guerra.

— Faço de suas palavras as minhas, seria uma honra ainda maior luta do seu lado do que contra. — A espada dele era longa e pesada, o que o deixava mais lento e tinha que fazer mais esforço para atacar, em contrapartida seus ataques eram cheios de fúria e era difícil para Arthur continuar se defendendo deles num ritmo ágil.

Os dois continuaram naquela dança de ferro e espadas até que enfim um estava mais cansado e lento do que o outro para se defender a tempo de um ataque na coxa, a espada penetrou pele e músculos em um local sem a proteção da armadura. Aeden caiu sobre um joelho.

— Vá em frente, foi uma luta justa. — Ele abaixou a cabeça pronto para seu fim.

— Você está louco? Eu cresci perto de você idiota, nós dois brincamos juntos pelos jardins de Jardim de Cima, acha mesmo que eu poderia te matar? Estou lutando contra os Gardener e não contra você. Além do mais suas irmãs me matariam depois de saberem que você morreu. — Ambos riram em um momento de camaradagem incomum entre inimigos no meio de uma batalha fatídica

— Eu não conto se você não contar?

— Fechado, agora saia daqui antes que outra pessoa tente te matar. — Ajudou ele a se levantar e seguiu seu caminho em direção a muralha, a adrenalina começava a voltar a seu corpo ao mesmo tempo que sua espada rasgava a carne de seus oponentes até que seu punho também estivesse tingido de vermelho.

Chegou a base da muralha e pegou um escudo para se proteger das flechas e pedras que tentavam lhe acertar. Pegou uma escada caída no meio dos corpos e escombros de uma torre de cerco, posicionou e começou a subir, liderando a investida final pois eles não conseguiriam manter as coisas naquele ritmo. Chegou até a base, golpeou o arqueiro que estava mais próximo e olhou em volta, uma bandeira específica chamou sua atenção, um caçador vermelho em fundo verde. Dentro de um círculo de homens com aquele símbolo ele o viu, seu tio usurpador, o homem em que ele havia confiado toda sua vida e que mesmo assim havia lhe traído sem hesitar.

Para seu azar deixou a raiva e seus pensamentos tomarem conta por tempo demais, não notou o cavaleiro que o acertou com um soco.

Perdeu o equilíbrio e a escada voou para trás. Sentiu o ar na nuca e apertou o punho da espada com força. As cenas de luta e de carnificina sumiram e por alguns poucos segundos milagrosos ele viu o céu estrelado que lhe trouxe tanta paz antes de bater contra o chão.

 

 

Barth permaneceu no acampamento já que foi praticamente ordenado por seu pai minutos antes da batalha. Por mais que ele quisesse ao menos estar nas muralhas com seu arco não podia e isso trazia para ele um sentimento de impotência horrível que o corroía por dentro. Pior eram os guardas que ficaram junto dele como uma “guarda” como se ele fosse uma lady que precisasse de proteção.

Bufou e continuou observando o que conseguia com seu telescópio, não era grande coisa por conta de ser noite e a falta de iluminação, mas ele ao menos podia ter alguns vislumbres do que acontecia, era melhor do que o nada que o cercava ali.

Inesperadamente ele avistou dois cavalos vindo rapidamente em direção ao acampamento deles, não conseguia ver quem era e não via nenhum sinal de brasão, talvez fosse uma emboscada para tentar capturar o rei que continuava aconchegado em sua grande barraca imperial. Avisou e um dos seus guardas foi comunicar aos outros que faziam a proteção do assentamento. Não demorou muito para ele voltar acompanhado, mas não de inimigos como ele imaginava, mas de Lorde Oakheart e seu filho ferido.

Rickard vinha em uma maca improvisada, sua própria mão tentava estancar o sangue que escorria de um grande ferimento em seu peito. O corte era profundo e ele duvidava que o seu mais novo amigo conseguisse sobreviver por mais do que alguns minutos com o fluxo de sangue que saia dele. O pai de Rickard parecia em choque e só conseguia chorar sem esboçar nenhuma reação.

— O que aconteceu, você não deveria ter ficado longe do conflito? Na retaguarda? — O moreno tentou responder, mas apenas sangue saiu de sua boce.

— Foi minha culpa, eu o obriguei a ir para a batalha, eu apenas queria que ele fosse como eu,mas…

Ignorou o lorde enquanto tentava ajudar seu amigo, o que não resultou em nada, minutos depois quando o meistre finalmente chegou o herdeiro dos Oakheart estava morto.

 

 

Otto já havia perdido a conta de quantos havia matado, só sabia que agora estava em desvantagem e os seus soldados estavam cada vez mais sendo jogados contra Bosquemel. Logo estariam massacrados e a guerra acabaria ali, não havia mais soldados prontos para a luta além da guarnição presente em Vilavelha. Eles precisavam vencer aquela batalha, ela era um divisor de águas na guerra e parecia que iriam perder.

— Um último avanço homens! — Gritou e seus homens o seguiram com espadas para o alto. Começaram a investida contra a meia lua de homens que os circundavam, mas não estava mais fazendo efeito. Estavam todos muito cansados para mais uma tentativa ou com ferimentos.

O Redwyne continuou tentando, homem após homem, contudo parecia que a maré só aumentava. Porém de qualquer forma ele tinha que continuar a lutar por seu rei, sua família, seus amigos e por uma garota que havia roubado seu coração. Ele havia prometido que iria voltar a ela e não podia descumprir suas palavras a princesa.

Sua mão começou a cansar e os homens ao seu lado diminuir.

Ouviu o barulho de cavalos trotando e sua esperança renasceu, poderiam ser os cavaleiros de Niklaus. Deu dois passos para trás e levantou o escudo enquanto esperava, cada segundo a mais fazia seu coração acelerar até que por fim o suspense acabou. Olhou para Lorde Filip Tyrell de baixo.

— Filho, você e seus homens lutaram bravamente, mas essa brincadeira de rebelião chegou ao fim. Larguem suas armas e se rendam, dessa forma conhecerão a misericórdia do rei. — Sua voz firme reverberou até por cima dos corpos que murmuravam em gritos e prantos pelo campo de batalha.

Ali ele devia fazer uma escolha, lutar com honra ao lado daqueles homens e orgulhar seu pai ou seguir seu coração e seus desejos de voltar para Armelyne. No fim das contas ele era humano e falho, deixou seu coração falar acima da honra quando deixou a espada e o escudo cair no chão. Se deu por vencido e suspirou, esperava que pudesse ao menos vê-la uma última vez.

 

 

Niklaus observou o mapa e revisou o plano de ataque pela milésima vez na tentativa de encontrar um milagre que pudesse virar o rumo daquela batalha. Ele simplesmente não entendia o que havia acontecido, os Gardener pareciam mais organizados e preparados do que deviam estar, a surpresa era um elemento primordial de seu plano e sem ela tudo havia dado errado.

— Meu rei! — Um guarda se aproximou dele, estava encharcado de sangue e com um ferimento na bochecha. — Nossa última resistência no campo de batalha se rendeu, os soldados de John estão se reagrupando e devem estar seguindo para cá nesse exato momento, quais são suas ordens?

Os grandes Lordes ao seu redor também aguardavam uma resposta e ele sabia o que a maioria pensava. Morrer com honra é melhor do que fugir ou prefiro morrer com uma espada na mão do que dentro de um castelo. E sinceramente ele não estava se sentindo bem em ficar ali parado sem fazer nada, mas havia ouvido aos conselhos de Lorde Robert Florent e permanecido a salvo, afinal ele era o último varão na família. Havia permanecido parado observando de longe enquanto milhares de homens haviam pego uma espada, gritado seu nome e partido para a morte.

E não era a responsabilidade de um rei lutar junto e pelo seu povo?

No momento ele queria apenas pegar também em sua espada e partido para a luta, mas simplesmente tinha mais de seu pai nele do que gostaria e sabia o que devia fazer. Se partisse para a luta agora iria morrer ou ser preso, todas as suas forças acabariam de uma vez, John venceria e a rebelião acabaria com a provável morte dele. Apenas os deuses sabem o que aconteceria com suas irmãs e esposa.

Mas sua mente apenas não aceitaria aquilo, sabia que se fugisse agora ainda conseguira virar o jogo de algum jeito, mesmo que seus homens o achassem um covarde. Era apenas o mais sensato a se fazer.

— Vamos bater em retirada e nos reagrupar rio abaixo. — Ordenou e recebeu olhares de canto, mas seguiu com sua ordem, acreditando que era o certo a se fazer.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentários são super bem vindos!
Beijos ♥



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