A Rosa Dourada escrita por Dhuly


Capítulo 20
Novas Vidas


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Tudo bom com vocês? Eu espero que sim!
Uma semana, mas aqui está mais um capítulo. Esse com eventos importantes, então uma boa leitura.



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t o r r a l t a

A água gelada ajudava a aliviar todo aquele calor. Lyra estava até o pescoço submersa em sua grande tina, era grande suficiente para duas pessoas, provavelmente presente de casamento vindo de algum convidado que ela não se lembrava. Deveria ser uma forma de ajudar os noivos na consumação ou algo do gênero, contudo já fazia duas semanas que ela estava casada com Niklaus e o casamento ainda não havia sido consumado.

Nenhum dos dois havia tocado no assunto, o luto por Gerold fora uma desculpa válida. Contudo, hoje acabava e ela não teria para onde correr, a consumação teria de acontecer uma hora ou outra.

A morena suspirou profundamente e colocou os braços sobre a lateral da tina, no intuito de relaxar. Não havia tido tempo para nada ultimamente, tudo era uma extrema correria. Preparativos do velório, ladys a seguindo por onde fosse, ela tendo de consolar suas cunhadas, sua mãe em seu pé. Eram coisas demais para uma garota que havia crescido sendo ensinada apenas para sorrir e agradar.

Ela estava triste, era um fato. Não tinha notícias de seu pai e irmão, Terresa corria atrás dela a todo o momento querendo ser regente ou ter uma posição no conselho. Lyra já estava irritada com a mãe, ultimamente tinha pensado em uma ideia, não sabia se realmente iria executá-la, mas era uma opção...

A porta foi aberta abruptamente, era Niklaus. Lyra fechou os olhos e resistiu à imensa vontade de esconder os seios, agora eram marido e mulher, não existe mais divisão ou espaço único, pelo menos era o que havia entendido depois de tantos relatos de outras damas. Ela piscou algumas vezes, o príncipe, ainda não coroado rei, estava de costas para ela, talvez tão envergonhado como a esposa. Trocava as botas de montar por um par novo e reluzente.

Ela aproveitou a oportunidade para sair da água, pegou seu roupão e se cobriu rapidamente. Foi para sua bancada, mesmo não tendo nada o que fazer ali, apenas não queria encará-lo nos olhos. Era estranho dormir, comer e ficar perto dele, era algo novo e assustador. Peculiar? Talvez.

— Convoquei uma reunião com todos os lordes. Gostaria que você comparecesse, creio que será algo importante para você também.

— Claro! — Ela respondeu monotonamente enquanto penteava os cachos castanhos.

— Precisa de alguma coisa? Se quiser algo basta pedir.

— Eu estou bem, obrigada. — A Hightower respondeu. — Bom, se você conseguir me livrar das damas que me seguem todo o dia eu agradeceria. — Ela completou com uma gargalhada leve, acompanhada de Klaus.

Ela continuou penteando os cachos sem cessar, estava pensando em várias coisas ao mesmo tempo, por isso se arrepiou quando sentiu a mão gelada do marido em seu ombro. Lyra virou para ele, estava com o gibão entreaberto, mostrando seu corpo definido por anos de espada e treinamento. Mas, focou-se em seu rosto, sempre sério e normalmente fechado.

— Eu quero que nosso casamento funcione, não gostaria de ter ver infeliz assim como não gostaria de me ver em um casamento infeliz. — Seus olhos demonstravam firmeza e verdade. — Eu estou aqui para o que precise.

Ela olhava fixamente para os olhos castanhos de Klaus. Eram belos e atraiam sua atenção. Ele colocou um dedo sobre seu queixo e a guiou para perto dele, os lábios cada vez mais próximos, as respirações audíveis, os olhares fixos um no outro. Foi um toque simples e gentil, durou alguns segundos, contudo Lyra não prestou atenção ao tempo, prestava atenção nas emoções dentro de si. Ele era seu marido, contudo um desconhecido. Era gentil, mas deveria saber que ela não aceitou o casamento livremente. Os Sete deveriam querer a fazer pagar por algum pecado para ela ter tantas dúvidas dentro de si.

Quando se deu conta os lábios dele já não estavam mais sobre os seus. Todavia Niklaus ainda olhava para ela e Lyra para ele, como se toda a “mágica” fosse acabar assim que desviasse os olhos. Ela respirou profundamente e olhou para as mãos, deveria estar com as bochechas queimando no momento. Como era tola, parecia que tinha treze anos novamente e cochichava sobre os escudeiros com Roslin.

— Bom, irei para a sala anexa ao grande salão. Aguardo-te lá! — Ele começou a dar as costas quando ela o chamou novamente.

Pensou em dizer algo gentil ou simpático, quem sabe beijá-lo mais uma vez. Ou fazer qualquer coisa inteligente como sua prima Ellynor faria, contudo sentiu um nó na língua, deveria estar parecendo uma tola novamente.

— Poderia pedir para um guarda que chame minhas aias, por gentileza? — Foi à única coisa que saiu de sua garganta e ela se martirizou internamente por isso.

— Claro!

Foi tudo o que ele respondeu antes de sorrir e sair.

 

 

Lyra vestia seda prata, que combinava com suas jóias e brincos. Era um belo vestido com detalhes de diamantes na saia e no corpete apertado. As aias haviam a ajudado a fazer um penteado rápido, não queria chegar atrasada.

Atravessou alguns corredores e escadarias até chegar às portas do grande salão. Sua mãe aguardava pacientemente, vestida de azul e branco da cabeça aos pés. As cores da Casa Florent e não Tyrell, Lyra percebeu.

— Oh minha filha que bom que chegou! — Tinha um sorriso largo estampado no rosto. — Venha, temos uma reunião para participar. Irei dar suporte a você e ajudá-la em tudo. Será o momento perfeito para pensarmos em um cargo importante para mim...

— Basta! — Lyra cortou a mais velha rapidamente, já estava cheia de Terresa. Ela havia trago ela até aqui a força e ainda achava que tinha feito um favor, a Hightower colocaria um ponto final naquela história.

— A senhora está banida de Vilavelha, se for encontrada aqui até o pôr do sol será jogada nas masmorras sem piedade. Sugiro que arrume suas coisas e vá para a Fortaleza das Águas Claras o quanto antes, não é bem vinda aqui. — Ordenou com toda a coragem que arranjou dentro de si, utilizou da raiva reprimida e tudo o que Terresa a havia feito passar.

— Como ousa!? Sou tua mãe! Coloquei-te neste mundo! Se não fosse por mim não estaria aqui hoje...

— Você me sequestrou até aqui e me casou contra minha vontade, traiu meu pai e meu irmão. Pensou apenas em si mesma e em poder, agora cuide das consequências, mamãe.

Terresa tinha um olhar de incredulidade para a filha, contudo logo recuperou a compostura tão típica a mesma.

— Como desejar, Lady Hightower. — A mãe de Lyra respondeu secamente e se foi num redemoinho furioso de saias e panos.

Ela teria tomado a atitude certa? Esperava do fundo do coração que sim. Por mais que tivesse um nó na garganta e sentisse vontade de correr atrás da mãe para pedir desculpas, ainda tinha seu orgulho e as coisas que ela havia feito. Agora ela também tinha de arcar com suas decisões. Ela suspirou mais uma vez, cansada de tudo.

— Lyra, o que está fazendo aqui. A reunião ainda não começou? — A repentina voz de Arthur a fez sair de seus pensamentos.

— Oh, creio que já deve ter sido iniciada. Acabei me distraindo. — A jovem direcionou um sorriso gentil para o amigo.

— Venha, pressinto que nós dois esquecemos-nos do tempo.

Os dois caminharam juntos até o salão que estava vazio, um burburinho vinha de uma sala anexada na esquerda. Era uma sala utilizada para reuniões.

Ali lordes discutiam ao mesmo tempo, tão entretidos em seu assunto que nem perceberam a chegada dos atrasados, ao menos Niklaus notou e deu um olhar significativo para Arthur, antes de ele sentar-se entre Damian Beesbury e Jon Fossoway. Lyra acomodou-se à esquerda de seu marido, já que seu avô tomava à direita.

Após parar e analisar o que os homens falavam, ela percebeu que o assunto ainda se tratava da morte de Gerold. Afinal não fazia dois dias que o corpo do antigo rei fora enterrado sob um carvalho na Ilha da Batalha. Fora algo mais simples do que com Lady Dalena, contudo com todo o prestígio que um soberano deveria ter, mesmo que seu reinado tenha sido curto.

Lyra se perguntava por que Niklaus ainda não havia se coroado agora que o luto havia passado. Era óbvio que ele iria dar continuidade à guerra, por que tanta demora?

Lorde Robert deu três grandes murros na mesa, fazendo um grande barulho e chamando a atenção de todos.

— Silêncio vocês todos, Niklaus quer falar. — Seu avô falou antes de tomar um corno inteiro de cerveja preta.

— Obrigado Lorde Florent. — Começou. — Senhores gostaria de chamar todos aqui para decidirmos que destino iremos tomar. Meu pai começou essa guerra para vingar Lady Dalena e fazer Dorne pagar, contudo, temos de admitir que seu curto reinado foi ruim. Nós levou a perda de homens leais e boa parte da frota de Lorde Redwyne. Todos devem esperar que eu tomasse o lugar dele como rei, todavia, eu tenho duas irmãs, uma esposa e meu povo para cuidar. Sei que isso pode soar estranho a princípio, mas pretendo dobrar o joelho para Garth, pondo fim ao sangue derramado e a perda de vidas inocentes...

Até Lyra ficou surpresa com a resposta do marido, não esperava de forma alguma aquilo. Os lordes também não, pois começaram uma nova algazarra. Seu avô engasgou com a cerveja que tomava e seu tio, Erren, teve de ajudá-lo batendo fortemente em suas costas, quando ele se recuperou esbravejou.

— Ficou maluco, irá dobrar o joelho para o homem que matou seu pai? — Robert apontou o dedo no rosto de Niklaus, o que só causou mais bagunça entre os lordes.

— Acha que eu não sei disso! — Agora havia sido Klaus a se levantar. — Estou fazendo isso por ser mais prudente, temos menos números, menos provisões, menos aliados e eu sei de tudo isso. Estou pensando no melhor para a Campina.

— Milorde, se me permite dizer, creio que o senhor está errado. — Sor Emmett Cuy levantou-se. — O melhor para a Campina não é ser governada por um rei que mata os inimigos sem honra e ainda por outras mãos!

As palavras do Cuy so agitaram mais homens.

— Podemos estar na minoria, contudo temos uma pessoa certa para seguir, com princípios e que vai governar bem a Campina. — Otto Redwyne afirmou.

Robert desembainhou a espada e Lyra achou que a bebida havia subido a sua cabeça, contudo ele apenas colocou a espada aos pés de Niklaus e proferiu.

— Não irei me curvar perante mais nenhum Gardener maldito! Minha lealdade está com você Niklaus, está com a casa Hightower! — O patriarca Florente exclamou e foi seguido por outros.

Rapidamente todos estavam sobre um joelho e apenas um couro era ouvido por aquela sala:

 

“Rei Niklaus.”

 

 

m o n t e   c h i f r e

Um acerto, dois, três...

Logo o alvo já não tinha espaço para mais flechas, por isso Axel entregou o arco para o escudeiro franzino. O mesmo pegou e começou a juntar o material de arquearia. De todo o treinamento de cavaleiro que Lorde Tarly recebeu o arco e flecha foi o único a quem ele teve certo apreço. Afinal estava no brasão de sua casa.

Cecily aplaudiu de pé com um leve sorriso na face, estava observando enquanto ele treinava. Não fazia com muita frequência, era um fato, contudo eventualmente a presença do lorde era vista no pátio entre os soldados.

Seu enteado Willas, agora coberto de travesseiros até a cabeça, batia em um boneco de palha com sua pequena espada de madeira. Não era grande demais como a que ele usava antes, era uma nova que o próprio Axel havia encomendado, havia feito o pequeno lorde o mais feliz dos garotos, o que também fez sua mãe feliz.

Sua esposa era um ser dócil e gentil, mas ao mesmo tempo esperta e corajosa. Cuidava do castelo e o ajudava em suas tarefas, por mais que o mesmo não precisasse de ajuda. Era uma moça excepcional. Ela ficaria em cargo de Monte Chifre enquanto o senhor ia lutar uma guerra.

— Foi magistral, milorde. — Ela elogiou enquanto os dois iam para a sombra de uma pequena tenda. Ali ele se serviu de vinho e ofereceu um pouco para a esposa que aceitou.

— Quando irá partir para o front?

— Em uma semana ou duas, três talvez. Primeiro preciso alistar os novatos, esses irão para a linha de frente, cansarão as tropas inimigas. Por fim, meus homens de elite caíram sobre os Hightower com todo nosso poderio. Assim venceremos essa guerra rapidamente.

— É um bom plano! — Cecily concordou, contudo sentia um aperto no coração por todos esses coitados que morreriam e nunca mais veriam seus entes queridos.

— Sim...

Ele tomou mais um gole do dourado, uns dos últimos vinhos vindo da Árvore. Ele sempre achou desde pequeno que a Campina era o reino mais próspero de Westeros, todavia parecia que com o menor dos solavancos tudo desmoronou. Quatro reis governavam, todos com seus motivos e motivações, Axel dormia pensando em cada um. Qual iria vencer essa guerra e continuar no poder após tudo? Era um pergunta constante que o rondava. Agora que finalmente havia conquistado tudo o que sempre quis não perderia por nada.

Até havia pensado na hipótese de coroa Willas como o rei de direito da Campina após a morte de Garth. Contudo quem iria apoiá-lo? Todos já haviam escolhido seus lados, agora apenas existiam reis e vassalos, ninguém neutro, ninguém mais escolhendo. Poderia, talvez, contar com o apoio dos Meadows e dos Merryweather, mas o que os faria abrir mão de coroas recém-formadas? Por que iriam seguir uma criança pequena, sabiam muito bem que quem governaria seria Axel. Além de tudo Cecily nunca iria contra John, o que faria que ele perdesse o apoio de Bosquemel. Estaria sozinho e isso não parecia muito promissor.

Ele suspirou.

— Algum problema? — Ela questionou observando os olhos azuis de Axel.

— Não, estou apenas pensando. Na guerra e tudo mais, não tem com o que se preocupar.

— Ótimo. — Cecee respondeu calmamente. — Sabe, quando me casei com você, foi o dia mais angustiante e triste da minha vida. Meu coração pertencia a outro, na verdade ainda pertence. — Ela tomou coragem para continuar. — Tudo foi por Willas, quando se tem um filho você percebe que seu mundo vira ele. Eu tinha de medo de como você iria tratá-lo e como meu pequenino iria se adaptar ao padrasto e a nova vida. Fico feliz em ver que vocês dois se dão bem, no fim das contas se casar com você não foi a pior coisa do mundo.

Axel deu um sorriso vitorioso.

— Bem, já que seu coração pertence a outro, creio que meu dever seja tomá-lo.

Ele colocou as mãos sobre o rosto da loira e a beijou cheio de cobiça.

 

 

v a l e   d’ e r v a

— Bem vindo de volta meu príncipe. — O soldado respondeu colocando-se sobre um joelho.

Augustus acenou com a cabeça um tanto quanto desconfortável com o novo título. Antes era um senhor, agora, repentinamente, havia se transformado num príncipe prometido a uma garota desconhecida. Antes ele estava prometido a uma garota Tully, contudo seu pai não parecia ter se importado em quebrar o acordo entre as duas casas. Era uma grande pena, o Meadows gostava de Vienna Tully, era uma moça doce e que ele havia aprendido a gostar. Deveria escrever uma carta para ela, pedindo seu sincero perdão e explicando a situação.

Ele desceu do cavalo e um cavalariço pegou as rédeas.

O rapaz respirou fundo sentindo o típico cheiro de casa, uma brisa balançava seus cachos dourados, quase como uma pintura de um artista. Ele olhou ao redor, na procura dos irmãos, não achou nenhum, mas se surpreendeu ao ver Jenny com um arco em mãos. Sua irmã mais nova tentava acertar o alvo, contudo pela trilha de flechas fincadas no chão ele acreditava que ela não tivesse muito progresso. Augustus se aproximou da menina e se colocou na altura da mais nova.

— Não vai me dar um abraço? — Ele questionou observando a pequena garota que focava no alvo como se aquilo fosse salvar sua vida.

— Estou ocupada, treinando para salvar Mary e Ceryse. As duas estão sozinhas em Jardim de Cima e não sabem se defender, eu sempre disse que seria bom elas treinarem, mas as mesmas nunca me deram ouvidos! — Ela explicou e soltou a corda, a flecha caiu atrás do alvo.

Ela bufou furiosa e decepcionada.

— Vamos para dentro, já está anoitecendo e papai vai querer vê-la.

— Não posso, não depois daqueles dois escudeiros terem rido de mim a tarde inteira. — Ela apontou para dois garotos espinhentos num canto que riam do erro da Meadows, mas assim que viram o olhar do herdeiro do Vale d’Erva congelaram na hora.

Uma coisa era zombar da filha do lorde sem ninguém por perto, outra era zombar dela na frente de um de seus irmãos. Era bem verdade que aquela família era bem unida, se mexesse com um, mexia com todos.

— Venha aqui, vou te ajudar. — Disse Augustus ajudando a irmã a ficar na posição correta para disparar. — Não tem de pensar apenas no alvo, mas também na trajetória que a flecha irá percorrer. A altura é um fator importante, lembre-se que a flecha irá começar a cair após alguns metros, por isso mire um pouco acima do alvo. — Disse ele colocando a irmã na posição correta, a mesma que o pai havia o ensinado no passado. — O vento também é importante, hoje está ventando para leste, por isso mire um pouco para oeste. Prepare-se, mantenha e... solte!

A flecha fincou-se diretamente no centro do alvo, o que causou pulos de alegria de Jenny e abraços para seu irmão mais velho. Aplausos foram ouvidos. Todos os filhos mais moços de Lorde Ptolemus estavam ali, observando atentamente a irmã disparar. O pequeno Gareth parecia mais interessado em sua maça, contudo os outros estavam felizes apenas por ver a irmã feliz.

— Tenho certeza que nenhum inimigo terá coragem de entrar na sua frente irmã. — Joffrey, o gêmeo de Jenny, afirmou com um sorriso de orgulho.

— Tudo bem, agora é hora de entrar. — Augustus falou recebendo reclamações dos mais novos. — Já é tarde e todos têm de se lavar para o jantar.

Então os Meadows entraram na fortaleza.

 

 

Augustus e Ptolemus assentavam-se em seus cadeirões confortáveis, de frente para a grande lareira. As crianças brincavam ao fundo da pequena sala de estar, era Entra-No-Meu-Castelo, contudo em vez de uma fortaleza de pedras existia uma de cadeiras, panos e travesseiros. Joffrey era o rei da vez, Tommen estava chateado e dizendo que era a vez dele, Ethan e Jenny apoiavam ele, apenas Gareth não dizia nada já que dormia sobre um amontoado de peles de urso.

— Pai, tem certeza de isso é a coisa certa a se fazer?

— Absoluta, não iremos nos curvar para John e muito menos para Niklaus. Vamos tomar as rédeas de nosso próprio reino, você e eu, chega de guerras sem sentido e de seguir pessoas mesquinhas.

— E minhas irmãs? Você viu o que a carta dizia, elas vão pagar por nossas ações. Já podem estar esticadas sobre uma mesa de tortura à uma hora dessas, enquanto nos aquecemos perto da lareira.

— Suas irmãs serão salvas, já estou pensando em uma forma de tirá-las da mão do rei. Se Arthur Tarly conseguiu a proeza de invadir o castelo e sair vivo eu também consigo.

— O que quer dizer com “eu”?

— Eu mandei suas irmãs para Jardim de Cima, para serem meus olhos lá, nada mais correto do que eu ir buscá-las.

— Pai, você não pode! Eu posso ir pelo senhor, fique aqui e cuide dos assuntos da guerra!

— Isso não será debatido Augustus, que tipo de pai eu seria se não fosse e mandasse você me meu lugar. Você é muito importante, aqui, e não em Jardim de Cima, eu já sou velho, se eu morrer você pode muito bem cuidar de tudo por mim...

— Não fale assim, o senhor não vai morrer.

— Já passei a muito de minha juventude meu filho. Se tiver de morrer, prefiro que seja com uma espada nas mãos e com um objetivo honrado no meu coração, melhor do que ficar mais velho e fraco, sem poder levantar de uma cama como o velho Durstan. Que os deuses me perdoem, mas seria mais digno cortar a garganta daquele homem do que continuar a viver daquela forma...

Augustus abriu a boca para discutir, contudo parou assim que o pai pegou em sua mão firmemente. Olhando com seus olhos azuis, dizendo mil palavras em apenas um olhar.

— Tudo bem.

 

 

j a r d i m   de   c i m a

Pronto, estava feito, estava casada com John. Era rainha da Campina, ao menos o que havia sobrado dela. O título e as terras de Raymun estavam garantidas, sua casa continuaria de pé.

Seu mais novo marido bebia vinho de seu cálice e observava todos do baile com extremo interesse. Grande parte dos convidados dançavam, Sor Aeden com Lady Amélie, que haviam acabado de anunciar seu noivado minutos antes. A Rainha Elizabeth com seu irmão. Sor Crance e Lady Ágata dançavam juntos de forma régia e impecável, a filha dos dois, Evangeline, dançava com Lorde Teobaldo, a menina parecia nas nuvens. Ela agradecia mentalmente aos Sete por John não ter pedido para os dois liderarem o baile, a cerimônia de consumação parecia bastante por uma noite.

Ellynor estava do seu lado direito, por mais que as irmãs tivessem todas suas diferenças, uma atitude de Elly havia feito a mais nova sentir certa irmandade finalmente. Desde o começo do baile que a mais velha segurava sua mão, um gesto simples, contudo que tinha grande significado, sentia que poderia superar toda aquela noite se ela continuasse a passar sua força com uma aperto de mão. Todavia a mais velha não poderia entrar no quarto junto dela, onde estariam apenas ela e John, nus, com quatro paredes que deixavam que ele fizesse o que quisesse com ela. Ela se arrepiou por inteira e mudou seus pensamentos.

Procurou se focar no que aquilo traria de bom. Ela seria uma rainha, toda garota de sua idade gostaria de estar em seu lugar, certo?  Estava cheia de medos e receios, às vezes gostaria apenas de um pouco da coragem que sua irmã tinha.

Repentinamente John levantou-se e Roslin congelou na cadeira, a hora havia chegado. Ela apertou forte a mão de Ellynor e a mesma olhou para a mais nova.

— Seja forte, você consegue! — Ela encorajou como se Roslin estivesse prestes a atirar em um alvo.

Ambas olharam para o rei.

— Chegou a hora de levar o casal para a cama! — John exclamou e várias pessoas gritaram de volta, muitas se levantaram e foram e direção dos recém-casados.

Ela respirou fundo e levantou-se, logo estava cercada, assim com o rei. Várias mãos começaram a retirar suas peças de roupa, outras mais ousadas a apalpá-la. Foi levada por um bando de homens pelos corredores, miúda entre várias pessoas maiores. Segurava-se para não chorar como uma criança e berrar pela ajuda de alguém, mas quase todos estavam bêbados, e ninguém a escutaria no meio de tanta algazarra.

Ela nunca pensara que pessoas que ela via todos os dias poderiam dizer coisas tão barbáries. Lorde Virwel até passou a mão por suas nádegas, fazendo ela se espremer de repulsa e vergonha.

Quando finalmente a jogaram dentro do quarto ela sentia-se imunda e de certa forma quebrada. Nunca havia passado por tal situação e podia dizer com toda certeza que havia sido o pior momento de sua vida. Ela rapidamente cobriu-se com uma pele que jazia sobre a cama de dossel. Por um segundo ela tinha se esquecido do motivo de estar naquele quarto. Olhou em volta, o rei estava sentado num cadeira com um cálice de vinho, olhando-a com interesse.

Ela encolheu-se, se preparando para o que viria agora.

— Está com medo Roslin? — Ele questionou olhando diretamente para seus olhos, o que a fez se arrepiar mais uma vez.

— Não... — A rainha respondeu com uma voz trêmula.

— Não é o que me parece. — Ele falou com uma fala mansa, quase um sussurro.

Os dois continuarão com um silêncio constrangedor por um tempo indeterminado, mas que pareceu durar uma eternidade, até ela dizer.

— Não deveríamos... fazer o que deveríamos fazer...

— Você quer que eu me enfie dentro de você Roslin?

Ela se surpreendeu com a pergunta, estava pronta para dizer que sim, mas no último momento vacilou, finalmente tomando uma decisão em muito tempo.

— Não.

— Pois bem, então eu não vou. Não conte para ninguém, nem para sua irmã, e eu também não digo para ninguém.

Ela ficou norteada por alguns segundos, aquilo não era o que ela esperava, de forma alguma. Todavia ela acenou positivamente. John após isso apenas deu de ombros e deitou-se na cama, se cobrindo com as peles, deixando uma Roslin feliz e confusa ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Muitas coisas para falar, mas vamos pelo inicio.
A cena do Nick foi bem Robb, mas eu não resisti :s E ai? O que acharam da atitude da Lyra? Foi errada ou certa?
Bom, sobre Lyra e Niklaus, Axel e Cecily, gente não tem ninguém louco de amor ainda. O Nick beijou a Lyra por que tava tentando ser legal e deixar um clima harmonioso, o Axel é marido da Cecee então... (E também ele gosta de cortejar!)
A Lyra ta bem confusa sobre si mesma e seu sentimentos coitada, e com razão, muita coisa aconteceu, então o casamento e a indecisão sobre quem é o Nick ta confundindo ela. A Cecee tem na personalidade esse traço de ser uma esposa dedicada, foi com o Armand e vai ser com o Axel.
Enfim, no geral, só queira esclarecer que não tem ninguém apaixonado de uma hora pra outra! Cof... cof... Jonerys cof... cof...
Agora a parte que pode ter confundido suas cabecinhas. Por que o John não consumou o casamento?
Se vocês se lembram bem, o John é loucamente apaixonado por uma moça Hightower. Ele pretendia se casar com a Blair após o vencimento da guerra, contudo a Elizabeth mudou seus planos o que resultou no casamento com a Roslin.
Agora eu pergunto, qual é a forma mais fácil de desfazer um casamento em Westeros?
Sim, se o casamento não tenha sido consumado. Pronto já falei de mais. kkk
Estou bem empolgada por que alguns plots que eu gosto muito vão começar, então em aguardem!
Beijos e até os reviews.