A Sombra do Vento escrita por Lady G


Capítulo 7
Capítulo 6 - A Sonhadora


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!

Me perdoem pela demora, estou em época de TCC e por isso essa ausência. Logo caprichei neste capítulo por vocês! Tem um cadinho de romance, tem mais diálogos e uma reviravolta pelo caminho.

Espero que gostem!



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Shikamaru observava Temari escrever, riscar, reescrever e circular várias palavras em suas anotações. De todas as evidências, a única coisa que ligava as vitimas e suas mortes era uma droga potente e simplesmente inédita no mercado. Ela olhava seu celular a cada minuto. Ela estava completamente ansiosa.

“Pelo comportamento, provavelmente ela precisa fazer algo que não sabe se deve fazer... Sim... É isso. Alguém para consultar, mas não sabe se esta pessoa poderá conversar”, analisou. Pegou seu maço de cigarros e isqueiro do bolso. Avisou que iria fumar do lado de fora e onde era permitido. Temari apenas acenou com a cabeça e continuou com sua rotina.

Papeis e anotações em sua mesa.

Sua bagunça organizada.

Enquanto tragava seu cigarro, ia pensando como a dona daqueles olhos verdes conseguira o tirar do excelente conforto de sua casa quase todos os dias e ir resolver crimes. Ao estilo de filmes e séries: os opostos que se atraem.

Ele riu.

— Rindo sozinho?

A voz feminina que se aproximara de Shikamaru era extremamente familiar para ele. Ino estava segurando algumas fichas de pacientes. Seu cabelo estava preso a uma trança embutida e seu jaleco cobria boa parte de seu vestido roxo.

— Como de costume.

— Quem diria que depois de tanto tempo, resolveu sair de sua casa com mais freqüência? Trabalho de certas detetives ocasiona isso. – o jornalista começou a rir, jogou o restante do cigarro no chão e depois a jogou fora num lixo próprio para isso.

— Você está imaginando coisas Yamanaka, eu apenas sou curioso por histórias curiosas.

Shikamaru encostou-se a parede cor creme da construção. Recentemente havia sido pintada, então dava para se sentir o cheiro da tinta fresca.

— Sim... Estou imaginando coisas... – e sorriu. - Bom, eu vou indo cuidar de alguns pacientes, eu passei aqui para aproveitar que está sozinho e dizer que não te vejo tão determinado com algo desde o incidente.

— É bom ocupar a cabeça.

— Você estava tão distante e... Acabou que nós... Enfim...

— É melhor parar por aí. – Shikamaru havia mudado o semblante de felicidade para seriedade.

— Eu apenas quero dizer que é bom ver você assim...  Animado para algo. – Ino retrucou. – Não quero reviver nenhum sentimento do passado.

— Acho bom.

— Pelo jeito ainda não gosta de tocar no assunto. Pois bem. Estou indo trabalhar, ao contrario de você. - Ino retornou por onde veio, deixando Shikamaru sem ao menos responder.

Nara respirou fundo e depois soltou o ar. Saiu da delegacia sem se quer despedir-se de Temari e simplesmente seguiu em direção ao seu carro. Dirigiu até seu apartamento com diversos pensamentos transbordando sua mente.

Sobre o crime,

Sobre sua vida.

Sentou em sua cadeira e ligou o computador. Enquanto iniciava o sistema, Shikamaru checou se havia mensagens em seu celular e haviam algumas de seus amigos e outros de sua família. Sua mãe, Yoshino Nara mantém contato com ele desde que decidira se mudar. Shikaku também, entretanto, Shikamaru de alguma forma e sem o devido o porquê, mantinha-os distantes. Discou o número de sua mãe a após três chamadas, ela atendeu:

— Oi filho! Tudo bem?

Sim... E com vocês?

— Oh! Estamos bem sim! Seu pai está aqui mandando um abraço para você e perguntando quando irão jogar shougi.

Em breve... Estou um pouco ocupado... Estou feliz que estejam bem.

— Ah! Shikamaru! Sempre se distancia de nós! Você ainda é meu filho e deveria vir aqui! – o tom de Yoshino havia mudado do doce tom para o severo e autoritário. Tal qual como Temari.

— Prometo quando eu resolver o que estou fazendo, eu irei. – ele falava a verdade.

— Por favor, filho... Sentimos sua falta...

Trocaram mais algumas palavras e depois foi encerrada a ligação. Shikamaru encostou-se em sua cadeira e mesmo com a tela ligada e exibindo um wallpaper de seu amado carro, ele simplesmente não sabia o que fazer. Pois todas as lembranças de seu passado estavam o atordoando e ele não conseguia se concentrar. Então foi fumar de novo em sua varanda.

— Que saco... O que está acontecendo comigo? – murmurou com o cigarro na boca.

Finalmente, após terminar de fumar, começou a escrever sobre o caso. Sem muitos detalhes, na verdade, apenas uma breve nota das atualizações sobre esse assunto tão misterioso. Finalizou e desta vez, enviou para apenas um veículo de comunicação: o Kohona Press. Aliás, onde trabalhavam velhos amigos de seu pai e por  isso, achou que seria melhor mandar apenas para eles.

Após fazer seu café, sentou-se em seu sofá pensando se deveria realmente envolver tanto com a polícia novamente. Se vale tanto a pena e por que.

— As coisas deveriam ser mais fáceis... Seria muito melhor...

Então, seu celular tocou. Era Temari ligando.

— Essa mulher... Ela me dará problemas, com certeza... Muitos problemas...

Desanimado, atendeu o celular.

— Pois não?

— Capitão Kakashi quer reunir a equipe do caso e quer que você participe. O porquê de ele pedir para eu te ligar, eu realmente não sei. – o jornalista reprimiu rir de Temari, mas permitiu-se apenas sorrir para si mesmo.

— É que somos uma dupla imbatível!

— Está avisado! – a loira pareceu irritada.

— Nos vemos daqui a pouco.

— Até. — desligou e em seguida, Shikamaru terminou seu café num belo gole. Pegou as chaves e saiu.

***

Além de Kakashi e Shizune numa sala aparentemente menor devido à quantidade de pessoas no local, estavam: Temari, as médicas Sakura e Hinata, e uma visita desagradável, o prefeito de Konoha, Danzou Shimura. Shikamaru teve que esperar pelo lado de fora até o senhor Shimura sair.

— É inadmissível! Sabe o preço que é perder um dos investidores desta cidade? Por que o filhinho se envolveu com asneiras? Sim! ENORME!

Danzou era um senhor de aproximados setenta anos, bem vestido, porém, com a arrogância e prepotência acima de qualquer coisa. Ele havia assumido o cargo após um infeliz infarto tirar a vida do bom e velho Sarutobi. Danzou era o vice, e já há tempos queria muito assumir a “liderança” da cidade, pois Konoha é a maior cidade do País do Fogo. Sendo assim, a que mais fatura financeiramente.

— Senhor, estamos providenciando tudo e... – Hatake conseguia, mesmo naquele momento, manter a calma. Mas, fora interrompido com o som da bengala de Danzou batendo no chão de madeira.

— Não quero a palavra “providenciando”, quero a palavra “resolvendo”! Se essa droga vir à tona, e sabe lá mais quem morrer, perdermos a credibilidade! E você quer perder a credibilidade Kakashi? Quer ser escória igual ao seu pai? – Kakashi queria mais do que ninguém esmurrar o senhor a sua frente, mas, novamente, se conteve.

Sakura chegou a fincar suas unhas na palma de sua mão de tanta raiva.

— Não, senhor Shimura.

— Ótimo! Quero até segunda-feira, uma solução para isso! E vejo que sua equipe não é tão preparada, visando que tem apenas mulheres!

— Escuta aqui senhor! – Temari não se conteve. – Eu sou a encarregada do caso.

— Hm... A filha de Rasa uma detetive? – ele a olhou dos pés a cabeça. – Então, me diga o que sabe? – a voz era de um desdém total.

— Trata-se de uma droga mortal, somente em poucos segundos começa atingir de alguma forma o cérebro do usuário. Como estamos a par disso tudo hoje, eu entrarei em contato com um especialista desta área para saber se ele sabe sobre que tipo de droga é.

— Está me dizendo o óbvio. Mas, tudo bem, entendo. Às vezes vocês têm certas limitações... – Temari não tinha terminado totalmente a explicação e estava com as mesmas vontades de seu capitão. Ela odiava quando a subestimam. Principalmente homens.

Danzou virou para Kakashi: – Até segunda-feira! – repetiu.

Quando saiu da sala, Danzou deu de encontro com Shikamaru, que havia escutado tudo e também não estava muito feliz em ver o senhor a sua frente.

— O que você faz aqui? – indagou.

— Trabalhando e o senhor? Sabe o que é isso? Trabalho?

— Escuta aqui moleque, tem sorte de ser de uma família importante desta cidade, senão eu acabaria com você!

— Fiquei com medo agora...

— É bom ficar! – Danzou saiu a passos largos, mesmo com dificuldades por conta de sua perna não colaborar.

— Shikamaru! – Kakashi o chamará.

— Pelo amor de Deus! Que homem asqueroso! Que vontade de enfiar um leque naquela boca que só sai merda! – Temari cruzou os braços. – Kakashi, por que deixou falar desse jeito com você?

— Infelizmente, Senhorita Temari, este homem é quem consegue o dinheiro para sustentar as delegacias e nossos salários. Ele tem certo poder sobre nós...

— Ah! Mas e as eleições? Esse homem tem que sair daqui! – agora foi Sakura, tão irritada quanto Temari.

— Meninas, por favor, o foco é outro... – Kakashi sentou-se em sua cadeira com as fichas sobre sua mesa. – Shikamaru feche a porta, por favor? – e o rapaz o fez. – Temari, ligue para seu contato, vamos ver se ele sabe disso.

— Ah! Sim... Claro... – após discar um número de celular, esperou atender e avisou que colocaria no viva-voz.

Boa tarde á todos!— a voz era grossa, evidentemente um homem.

— Pessoal, o especialista trabalha na área de Departamento de Investigações sobre Narcóticos de Suna... Meu irmão, Sabaku no Kankurou.

— Kankurou, me chamo Kakashi Hatake, sou delegado da Homicídios de Konoha e capitão desta equipe e solicitamos sua ajuda sobre este caso.

— Sem problemas... A Tema... Quer dizer, Detetive Temari, me falou um pouco do caso, mas não detalhou nada.

— Em Suna já houveram casos parecidos? – questionou Hatake.

— Sim, entretanto, não com tal proporção. A droga chamada de Mugen por vocês tem outro nome, a Sonhadora. Isso porque, a droga estava em teste e foi vendida por um preço relativamente baixo. Ela a princípio fazia o usuário entrar em coma durante dias, ou até semanas.

— Houve sobreviventes?

— Foram três vitimas em Suna desta droga... Duas morreram de Inatividade Cerebral depois de dois meses e outro acordou, mas atualmente, está “demente”. É para acabar com a pessoa mesmo.

— Na época, eu estava resolvendo outro caso, portanto, não tenho muitos detalhes, mas lembro que na época haviam prendido o traficante, certo?

— Então está familiarizada com o caso? – indagou Shikamaru, desconfiado. – Por que não nos disse?

— Porque não iria querer misturar casos. E sem contar que, casos sobre Suna não é problema de jornalistas curiosos de Konoha... – Shikamaru fez-se uma careta murmurando um “aí”.

Jornalista? Você está trabalhando realmente com um jornalista irmã? Deixa o Gaara saber disso, vai rir da sua cara.

— Kankurou, foco. – advertiu Temari, ruborizada com os olhares de seu capitão e das meninas. Shizune teve que sair do ambiente para atender outros detetives que a chamaram do lado de fora.

Enfim, A Sonhadora é chamada assim, porque segundo o traficante que prendemos e quem a criava, liberava uma toxina que fazia o usuário sonhar com aquilo que gostaria que acontecesse antes de morrer. Infelizmente, quando estávamos o interrogando, advogados conseguiram calá-lo e de alguma forma, o libertaram. E desde então, ando procurando por ele, numa busca particular já que ninguém aqui de Suna quer realmente saber como um cara, acusado de ter matado duas pessoas e produzir uma droga tão letal pode estar solto em algum lugar.

— E quais os ingredientes que ele usou? – Sakura tinha conhecimento sobre alguns tipos de fungos e plantas alucinógenas e assim, poderia ajudar a solucionar o caso. – Alias, aqui é Dra. Sakura Haruno, sou médica legista.

Então Dra. Haruno, ele não disse... Mas, existe um tipo de fungo que suspeitamos ser o principal ingrediente, pois foi encontrado nas amostras de sangue das vítimas: a amanita muscaria.

— Assim! Ela conhecida como "mata-moscas"... Um fungo alucinógeno muito poderoso! Os efeitos do uso deste fungo têm início cerca de dez a quinze minutos depois de ingerida, o usuário pode apresentar vertigem, ficar confuso, náusea e secura na boca. E aos poucos, vai dar um sono leve, no qual a pessoa experimenta visões fantasiosas. – Shikamaru demonstrou estar surpreso com o entendimento de Sakura fazendo-a um elogio:

— Que nerd...

— Obrigada. – a rosada mostrou a língua e sorriu.

— Afinal, Kankurou quem é este cara que você manteve segredo até para mim?

Bom... Não tenho certeza que deveria te falar assim... – Kankurou parecia bem receoso em sua voz.

— Fala logo!

Sasori da Areia Vermelha... Foi ele...

Temari fez-se silêncio. Um giro de memórias simplesmente a golpeou mentalmente. Memórias infelizes. Ela, que estava em pé, apoiou-se na mesa de seu chefe enquanto seus colegas pareciam não entender. Shikamaru estava curioso e preocupado ao mesmo tempo.

— Sasori está solto? – a última palavra teve ênfase, fazendo-a elevar a voz.

Sim. Sinto muito não ter dito isso em casa... Nosso pai achou melhor em manter segredo... De você. Porque com certeza, você o caçaria até o inferno.

— Pode ter certeza que agora vou.

— Certamente, isso ficou ainda mais complicado. – observou Kakashi unindo as mãos com os cotovelos sobre a mesa. – Conheço esse nome, Sasori... Porém, por aqui, jamais imaginaria. Agora que temos um rosto familiar, sabemos quem procurar. Temari... Temari? – a loira parecia não estar presente, não mentalmente. Após ser chamada pela segunda vez, ela desperta.

— Sim?

— Ainda contamos com sua determinação neste caso?

— Sim, senhor!

— Ótimo! Kankurou, muito obrigado pelas informações, se tiver quaisquer novidades, nos avise.

Sim, claro! E Temari, não faça nenhuma idiotice.

— Eu sei o que estou fazendo. Mande lembranças ao Gaara. Até mais irmão.

Até!

Temari pegou o celular em silêncio, enquanto seus colegas, mesmo curiosos com a relação dos Irmãos da Areia para com este homem, começaram a pensar na situação atual.

— Então... – Hinata finalmente se manifestava. – Então este Sasori possivelmente tenha aumentado a potência das substâncias. Muito provavelmente ele tenha misturado com outras coisas.

— Sim, Hina, talvez ele possa ter aumentado a dose, assim não dá nem tempo da pessoa reagir a tudo isso. – complementou Sakura.

— Qual sua sugestão, capitão? – Shikamaru olhou para Temari e depois para Kakashi.

— Vocês dois poderiam ir a uma balada qualquer. Eu providencio a verba se precisarem. Tentem encontrar qualquer sinal de um rapaz com as características de Sasori. Temari sabe como ele é, certo?

— Sim... Eu sei... Não precisa de verba, eu pago até a mais cara das festas só para encontrá-lo... Senhor... – a investigadora estava determinada e o fator de levar para o pessoal era algo que poderia a comprometer. Shikamaru precisava saber o que acontecera.

— Então estão dispensados. E boa sorte... Eu falarei com Baki, um velho conhecido de Suna, talvez ele possa me ajudar. – Kakashi devolvia as fichas dos casos para Temari.

— Sim, capitão Baki é um bom homem, o ajudará. – concordou Temari. – Com licença.

Temari foi até a sua mesa silenciosamente. Shikamaru a seguiu também muito quieto. Sakura e Hinata se despediram do casal de amigos e voltaram ao necrotério.

— Você está bem?

— Sim...

— Não parece.

— Então se acostume.

Shikamaru bufou. Arrastou uma cadeira para sentar-se ao lado da loira. A mesma jogou a cabeça um pouco para o lado e arqueou a sobrancelha. Acabou esboçando um sorriso.

— Você é insistente.

— Somos uma dupla, precisamos ter sinergia para conseguir resolver esse caso. Você tem suas motivações, eu as minhas. Não precisa me amar só me suportar está de bom grado.

— Eu sou muito profissional no que faço. Mas, logo um cara como Sasori num caso desses. Estou irritada a ponto de não conseguir nem se quer me focar. – admitiu. – Sasori fez muito mal a minha família, Shikamaru. E eu vou fazê-lo pagar.

— Afinal, o que esse sujeito fez?

— Não contarei aqui... À noite, passe em casa quando formos a balada.

— Ok. – fez-se um breve um silencio, enquanto Temari anotava o nome Sasori em seu caderninho. – Qual balada você vai me bancar?

— Qual é a mais cara daqui?

— Sério que você vai bancar?

— O que você acha?

Genjutsu Way.

— Que nome ridículo. – Temari acabou sorrindo.

— Ela é mais famosa daqui. Só os riquinhos vão.

Temari parou de anotar e fitou Shikamaru nos olhos. Ela repara que às vezes, seus olhos iam do castanho para o verde escuro. Manteve isso somente para ela.

— Eu como riquinhos no café da manhã.

Shikamaru riu. Temari era sem sombra de dúvida a mulher mais misteriosa de sua vida e mesmo assim, ele certamente queria estar ao seu lado. Uma amizade divertida e também complicada. Oras! Por que não?

Ficaram até a tarde juntando algumas provas e tentando descobrir o paradeiro de Sasori. Temari mostrara uma antiga fotografia ao consultar o site de pesquisa em seu computador, quando saiu uma notícia da morte dos pais do homem num acidente de carro. Sasori era ruivo e olhos castanhos e, para um homem de trinta e cincos anos, tem um rosto muito jovem. E era este rosto jovem que ela iria procurar e prender para sempre.

Algumas horas antes de escurecer, Shikamaru deixou Temari em sua casa e depois dirigiu em direção ao seu prédio alguns metros dali. Como iria num local mais requintado, decidiu ir bem mais vestido. Enquanto tomava banho, pensava nas tantas aventuras que passou, quando era mais ativo em seu trabalho.

Era o orgulho do seu pai. Agora não sabe mais no que é realmente bom. Uns o chamam de gênio estrategista, devido sempre conseguir o que quer, quando quer e como quer usando estratégias inteligentes. Fechou os olhos e lembrou-se do momento que Ino saíra de sua casa arrasada e aos prantos. Sentia-se um idiota por ter feito uma mulher chorar. Ino não merecia aquilo.

Não o merecia.

Nem Temari o merecia. Era uma mulher extraordinária, difícil de lidar, mas muito segura de si. Até o fato de fisicamente ser semelhante à Ino e algumas manias serem iguais de sua mãe, ele imaginou se poderia estar numa espécie de looping infinito de mulheres complicadas em sua vida. Ao sair do banho e ir para seu quarto, encarou-se no reflexo do espelho fixado em sua parede.

— Você é um babaca preguiçoso, Shikamaru. Lide com isso. – disse desanimado, enquanto pegava outra toalha para secar seu cabelo.

Escolhera uma calça de sarja preta, camisa jeans e um casaco um pouco mais grosso, já que a noite faz-se muito mais frio. E claro, suas botas favoritas. Ficou indeciso se usaria o gorro novamente, não queria prender o cabelo e também, não queria deixar solto. Então, colocou o gorro. Estava mais fácil assim. Temari mandara mensagem dizendo que já estava pronta, que era para “a princesa vir logo”.

Era engraçado pensar que isso poderia ser um encontro. Poderia. Talvez ele nunca sairá com ela fora do trabalho. Muita areia para seu caminhão. Como os ditados populares conseguem ser convenientes quando precisam?

***

Chegando à casa da detetive ele tocou a campainha. Não levou um minuto para uma figura curvilínea abrir a porta para ele. Temari estava novamente vestida socialmente: camisa social bem abotoada, entretanto contornava bem seus seios e saia preta, usando por baixo meia calça e descalça, estavam com botas com salto nas mãos. O cabelo estava preso num coque desgrenhando.

— Vai para uma balada assim? – ela estava estonteante, de qualquer forma, Shikamaru tinha razão. Ela estava “simples” demais.

— E o que tem? – Temari tentava colocar o salto em pé, até desistir e sentar em seu sofá. – Não está bom?

— Minha convivência com muitas mulheres me indica que você está muito modesta.

— Ah! Pare com isso, vamos a trabalho.

— Ótimo disfarce: ir com a roupa que você trabalha. – ele tinha razão.

— Ok! Vou me trocar... – a investigadora foi derrotada pelo jornalista. – Já volto. – e seguiu em direção as escadas que levam para andar de cima.

— Até parece que eu vou deixar você escolher outra roupa brega. – e a seguiu.

— Até parece que eu vou deixar você entrar no meu quarto.

— Não tem escolha.

— Eu sei me vestir, espere aí! Será breve.

— Ultima chance.

Enquanto Shikamaru esperava por Temari, ele encarava de novo o leque gigante na parede. Depois, seus olhos foram em direção a fotografias. Fotos belíssimas da paisagem do pôr-do-sol no deserto e de um Oasis. Além de ter retratos de seus parentes. Tinha muitas fotos dos irmãos da areia, algumas com seu pai e uma especifica: de uma jovem mulher. Ele pegou a fotografia e ficou a encarando.

— Minha mãe, Karura... Ela morreu quando Gaara nasceu... – Temari desceu as silenciosamente e viu a fotografia nas mãos do moreno.

— Sinto muito... Eu não... – quando ele a viu. Definitivamente, ela sabia se vestir.

 Agora usava um vestido de alça preto contornando seu busto avantajado e um cinto fino vermelho um pouco acima da cintura. Manteve a meia calça e as botas já calçadas.

— E agora? – apontou com as mãos o novo vestuário.

— Agora está bom. Está... Ótimo na verdade. – Temari se aproximou de Shikamaru para pegar a fotografia de sua mão. Ele apenas observou.

— Eu sou uma mulher cheia de defeitos. Ela não tinha defeitos, era uma boa mulher. É uma pena que ela não tenha visto crescermos. – e colocou novamente no aparador.

— Parece que sei pouco sobre você, pelo menos você me conta algumas coisas...

— Eu tenho muitas histórias isso é verdade. A grande maioria são coisas terríveis. Mas isso não me abalou, eu segui em frente. Eu usei como minha força e hoje enfrento caras maus e os prendo. – e esboçou seu tão conhecido sorriso.

— Gostaria de ser forte assim... – murmurou. Temari ouviu, entretanto, preferiu não comentar.

— Vou pegar meu casaco e vamos logo! Ele pode estar por lá...

Temari pegou sua bolsa de festa e vestiu se casaco. Saiu deixando tudo devidamente trancado e quando ia abrir a porta do carro, Shikamaru deu a volta e fez um gesto de cavalheirismo abrindo a porta para ela.

— Só hoje, porque estou legal.

— Sei...

Ela agradeceu e entrou no carro. Passaram boa parte da curta viagem de carro silenciosos. Temari olhava para a janela e vendo borrões e quando o carro estava parado, via meia dúzia de pessoas andando em alguns pontos movimentados. A casa noturna Genjustu Way ficava um pouco mais afastada do centro e por isso tinham que passar por várias ruas.

— Eu costumava fazer muitos trabalhos investigativos para a polícia. Meio que um detetive particular quando eles não queriam se meter no determinado assunto.

Temari virou subitamente para o moreno. Estavam próximos da balada. Quando ele parou o carro, continuou:

— Então eu comecei a conviver com Ino, Sakura... E um dos meus melhores amigos, Naruto. Choji não curtia essa idéia de eu me aventurar sem ser policial. Era perigoso. Até que eu comecei investigar nomes mais... Importantes. Como vosso prefeito.

— Danzou?

— Danzou.

— Há quanto tempo isso? – Temari tinha inclinado seu corpo um pouco para ver melhor seu parceiro. Curiosa para finalmente conhecer um pouco sobre ele.

— Cerca de três ou dois anos.

— Nossa começaram bem novos...

— Jovens prodígios de Konoha. – ele sorriu e fitou Temari. Uma versão dessa mulher que nunca tinha visto. Mais calma e estonteante.

— O que aconteceu?

— Comecei a indicar pessoas perigosas para o Hatake e um grande mentor, Asuma Sarutobi. Ele me incentiva até hoje eu fazer isso. Só que... Essas pessoas não gostaram da minha intromissão e então, preferi parar de ficar diretamente com a polícia e então assumi as investigações sozinho. Quando eu estiver certo, eu falarei para o Hatake novamente.

— Entendo. O importante é não parar! Não acovardar! Certo? – ela encostou seu ombro no dele e abriu a porta do carro. – Nossa está muito frio!

“Covarde... É bem o que eu sou...”, pensou enquanto trancava o carro e via Temari andar em direção a portaria do local. Temari iria realmente comprou a entrada dos dois, mesmo ele ter insistido que não. Entraram sem o menor problema, não tinha seguranças fazendo revista nos clientes que entravam. Acharam isso estranho.

A música estava alta e o local era um pouco escuro. Luzes de neon era a iluminação mais presente ali e sons de música eletrônica com outros ritmos faziam a cabeça de Temari quase explodir. Shikamaru indicou uma mesa alta para encostarem e fazer um plano.

— Eu odeio baladas. – assumiu a loira enquanto via um homem dançando totalmente desajeitado devido à bebida e achando que estava conquistando uma garota a sua frente. Teve que falar um pouco próxima do moreno, e isso a deixa um pouco mais constrangida.

— Logo acostuma. Quer beber algo?

— Não, estou trabalhando.

— Precisa se enturmar se não vão desconfiar... – ela sabia que não era bem assim as coisas, mesmo assim aceitou.

— Tudo bem! Qualquer coisa está bom.  

— Já volto! – avistou um bar mais próximo para comprar as bebidas e também observar qualquer coisa suspeita.

Enquanto Temari observava atentamente todas as pessoas no local, Shikamaru aguardava suas bebidas debruçando no balcão. Ia imaginando se conseguiriam achar qualquer coisa interessante naquela noite. Ia ouvindo um pouco das conversas paralelas, nada demais.

O perfume dela estava tão bom, que havia fixado em seu nariz. Eram apenas semanas, mas parecia que Temari era sua velha conhecida. Ele começara a confiar nela ainda mais e um dia, realmente contaria tudo o que passou, assim como ela faz dia após dia. Temari confia em Shikamaru, e ele não queria perder aquilo. Finalmente pegou as bebidas e após desviar muito bem de pessoas eufóricas em dançar, entregou uma bebida exótica para a detetive, caipirinha de saquê com kiwi. O dele era apenas uma cerveja.

— O que é isso?

— Beba.

— Não posso fica bêbada em serviço. – ela o encarava muito desconfiada.

— Beba logo. – e ela o fez.

— Isso é bom!

— Imaginei que iria gostar! – Shikamaru lembrou-se sobre o caso Sasori. – Você me deve mais um historia. Sobre o Sasori.

— Contarei depois. – prometeu, novamente. - Percebeu algo estranho...? – Temari havia tomado mais um gole. Percebeu que a bebida era um pouco forte, então, começou a ir com um pouco devagar na apreciação. – No lugar?

— Ainda não. Mesmo para uma casa noturna, está muito calmo. Vou dar uma volta. Não que eu mande em você, mas, é melhor ficar aqui. Nosso ponto de encontro. Quando eu voltar, aí será com você, pode ser? – sugeriu Nara. Já imaginando um não.

— Vai deixar uma dama sozinha? – zombou. – Estou brincando, eu sei me defender. Acho que não devia ter bebido isso... – Shikamaru riu e começou a andar pelo estabelecimento.

O local era muito bem decorado e muito refinado. Tinha até mesmo obras de arte caríssimas. A segurança era bem reforçada no lado de dentro. Haviam-se muitos jovens que provavelmente mentiram a idade, por serem muitos novos para a idade mínima do local. Por ocpar boa parte de um quarteirão, Genjustsu Way tinha três alas: músicas eletrônicas, salas de jogos e lounge, e por fim, área zen. Logo ele via o uso de drogas e entorpecentes no local. Era descolado. O dinheiro mandava ali, então, se jovens querem usar drogas, porque tem dinheiro, “deixem” eles usarem. Com certeza Sasori poderia escolher algum desses.

Do outro lado, Temari começava a ficar entediada em permanecer no mesmo local. Nada de diferente acontecia. Até que um estranho de capuz passara por ela. Os fios vermelhos a fizeram por um momento achar que era seu irmão mais novo, Gaara. Porém obviamente não era. Quando o homem percebeu Temari, ele correu em direção à saída. Quando a detetive pensou em correr, houve-se um tumulto onde as pessoas pareciam em desesperada, chamando ambulância.

Sasori ou ver o tumulto?

Temari teve que correr para o tumulto, pois ouvira que era uma menina caindo no chão e se contorcendo. Shikamaru chegou também e Temari alertou sobre possivelmente ser Sasori e pediu para ele correr atrás e assim, Nara o fez. Já Temari chegara onde se havia tumulto pedindo para darem espaço.

— O que aconteceu? – perguntou para uma menina que chorava. 

— Minha amiga... Minha amiga tomou algo... Oh! Meu deus.

— Droga! – Temari então forçou que a jovem que se contorcia a sua frente e segurou em seu colo. – Você está resistindo! Então cuspa! – a garota não havia reagido. – Desculpa por isso.

— Temari então, usou um meio terrível para ajudá-la. De maneira mais precisa possível, enfiou o dedo na garganta da garota, fazendo-a vomitar.

Apoiou a cabeça da jovem em seu braço para ela não engasgar com o vômito. Uma equipe médica chegara para dar os primeiros socorros. Temari havia conseguido salvá-la a tempo. Ao ver sua amiga um pouco mais calma, finalmente perguntou:

— Qual o seu e o nome dela?

— O meu é Moegi... E ela é Hanabi... Hanabi Hyuuga...

— Essa não...  


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Notas finais do capítulo

Capitulo grandão, um novo vilão, romance...

Tá ficando bão! Continuem comigo, por favor! Tentarei não demorar tanto!



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