— Então essa é sua nova sala?! — Draco dissera animado.

Vítor convidara ele, Rony e Neville para conhecerem sua sala. Ele ainda estava na fase de decorá-la e queria a ajuda dos meninos para opinarem.

— Finalmente minha própria sala! — Vítor disse.

— Chefe da seção ein? Quem diria que um mero estrangeiro entraria aqui e tomaria o lugar de nós americanos? — Neville brincou.

— Logo o Rony toma o lugar de vocês em algo ein, americanos incompetentes! — Vítor entrara na brincadeira.

— Rony está todo quietão, né?

— Só estou observando a sala, Neville. — o ruivo respondera — Hermione já veio aqui?

— Já, mas ela está um pouco gripada então achei melhor ela não ficar aqui. Está tudo empoeirado. — Vítor respondera e empurrara uma das caixas que ele trouxera com objetos de decoração.

— Hum.

— E como estão os preparativos pro casamento, ein?

— Está tudo pronto, agora é só casarmos, Nev!

— Acho melhor entregar dois convites pro Rony. — Draco dissera.

— Por quê? — Vítor perguntou.

— Pra ele levar a acompanhante dele...

— Acompanhante?

— Que acompanhante? — além de Vítor, Rony também perguntara.

— Rony está com uma namoradinha, galera. Mas não quer contar quem é, então o casamento será uma grande oportunidade para nos apresentá-la!

— De onde é que você tirou isso?

— Não se faça de desentendido, Ronald. Ele já até dormiu na casa dela umas  duas vezes!

— Duas vezes? Que eu saiba foi uma vez só! — ele negou desesperado.

— Pego no flagra! — Neville exclamara rindo.

— Qual foi a outra vez?

— Um tempinho atrás quando pediu a chave do meu carro!

— Está enganando ela fingindo que tem carro, é? — Vítor rira também.

— Não, claro que não. — Rony dissera baixinho recordando-se da situação.

Ele havia se lembrado apenas da noite em que dormira com Lilá, mas Draco o fizera se lembrar da vez em que dormira com Hermione.

— Hmm, tá namorando! — Neville começara e logo os outros dois entraram num coro como se fossem três adolescentes.

— Ah, por favor, quanta infantilidade! Parem! Parem! Parem! Quer saber? Eu vou sair daqui que eu ganho muito mais! — Rony saíra da sala irritado, deixando para trás um coro animado.

Ele saiu da sala e encaminhou-se até a seção cultural do jornal para cumprir uma tarefa que ele já havia designado para si mesmo assim que acordara naquela manhã. Mas quando estava pronto para colocá-la em ação fora impedido por Vítor que convidara ele e aos meninos para visitarem sua sala.

Rony tinha decidido que naquela manhã tentaria, pela última vez, uma reconciliação com Hermione. Até chegara mais cedo que o comum porque sabia que Hermione sempre entrava mais cedo que suas demais colegas naquele dia da semana, sendo assim, poderiam conversar tranquilamente com ela sem preocupar-se com terceiros.

Faltavam duas semanas para o casamento, o tempo dele estava esgotando-se. Ele precisava agir logo, e depois de passar boa parte da noite pensando no que deveria fazer, resolveu que deveria acertar tudo logo naquela manhã.

Assim que entrou na seção ele a viu, era uma das únicas pessoas que estavam lá trabalhando. Além dela, ele avistara apenas dois rapazes lá. Todos estavam digitando freneticamente em seus computadores.

Ele puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela, o que a fez perceber sua presença. Ela virou o rosto na sua direção e ele pode ver seus olhos inchados e seu nariz vermelho, confirmando a palavra de Vítor que dissera que ela estava doente.

Aquilo o fez ter uma lembrança que aqueceu seu peito e o deu forças para continuar sua tarefa. Lembrou-se de que Hermione sempre fora manhosa com ele, mas quando estava doente sua manha era ainda pior. E ele adorava quando ela deixava que ele a cuidasse.

— Eu vou falar tudo logo antes que eu desista dessa loucura toda! — ele soltou e começara a falar tudo rapidamente — Quando você me contou que viria pra Nova Iorque eu fiquei completamente arrependido de não ter falado primeiro. Não sei se ainda se lembra, mas eu também havia dito que tinha uma novidade pra te contar... Eu tinha conseguido aquele dinheiro, nós tínhamos conseguido a entrada que precisávamos pra comprar a nossa casa, Mione. A casa dos nossos sonhos!

“Mas você falou primeiro e acabou indo embora... Eu nunca me arrependi tanto de palavras que não foram ditas, foi a primeira vez que eu entendi o que você sempre quis dizer quando falava que só se arrependia do que não tinha feito.

“Não passaram muitos anos desde que tudo acabou entre a gente, mas pra mim cada segundo longe de você foi uma eternidade. E quando eu cheguei aqui e te reencontrei... Eu realmente tentei fingir que não sentia mais nada por você e por um momento eu cheguei a acreditar nisso, mas não dá. Simplesmente não dá!

“Eu sei que nós nascemos um pro outro, para ficarmos juntos. Sempre foi assim, eu e você, você e eu. Não tem porquê ficarmos separados... A gente sempre brigou e nem por isso deixamos que tudo acabasse. Aprendemos a conviver com essas coisas, porque é mais fácil aturar os seus defeitos do que não poder te ter nos meu braços quando vou dormir.

"Você é tudo de melhor e mais valioso que eu já tive, e eu sei que é uma loucura o que vou dizer agora, mas... Me desculpe Hermione! Eu fui um completo idiota e egoísta contigo. Eu demorei muito tempo pra admitir isso e deixar meu orgulho de lado, mas agora que reconheci, por favor, me perdoe! Esqueça tudo o que aconteceu e volte pra mim!

"Sei que não tenho o direito de te pedir uma coisa dessas, mas eu não vou suportar a ideia de te ver casada com outro cara. Não vou! Então me perdoe, por favor. É óbvio que você merece um cara bacana como o Vítor e não um imbecil como eu, mas antigamente sempre deu certo desse jeito. Eu sendo um imbecil e tendo a chance de aprender a ser melhor com você!

"Volte pra mim, Hermione! Não case com ele! Vítor merece uma pessoa especial e brilhante como ele, mas não você. Você é a minha pessoa brilhante, Mione. Minha! Por favor, fique comigo!"

Ele terminara de falar e ela ficara o encarando com a boca entreaberta, parecia procurar palavras para dizer algo, mas não o fez.

Ela estava estática e completamente sem reação. Parecia não entender nem mesmo uma palavra sequer que ele tinha dito.

— Você não vai dizer nada? — ele perguntou, mas ela nada respondeu — Tudo bem então. Eu sou um burro mesmo, vir aqui te pedir uma coisa dessas... Estou me provando um egoísta ainda maior. Me desculpe! Eu não devia ter vindo aqui — ele se levantara, estava nervoso e desesperado.

Virou-se de costas e estava pronto pra sair quando sentiu uma mão agarrar a sua impedindo-o de se retirar, e ele se virou para encarar a dona daquela mão quentinha que ele conhecia muito bem. Até mesmo de olhos fechados ele reconheceria o toque, o contato da sua pele com o daquela garota.

E em poucos segundos seu contato com ela naquele momento não era apenas a mão dela na sua, mas também a sua boca na dela. E fora ela mesma que iniciara aquilo tudo.