Illusion escrita por Ana


Capítulo 6
Capítulo Seis - O Legado do Rei


Notas iniciais do capítulo

Hey Yo!

Demorei mais cheguei, pessoal! Esse é o penúltimo capítulo de apresentação antes de, por fim, conhecermos os vilões e montarmos a equipe. Como a única que sobrou foi a Fellie, é óbvio que o próximo capítulo se chamará "O Legado da Canário", e saberemos mais sobre Sarah, Tommy e os Merlyn (teremos, inclusive, uma participação especial do James, para todos que o amaram).

Espero que gostem do Arthur, guys.

Kisses ♥



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ILLUSION, CAPÍTULO SEIS:

O LEGADO DO REI

De todas as famílias já citadas, os Curry são, de fato, a mais diferente das famílias.

Ainda que o aspecto “solidão” fizesse parte da vida da família Wayne — no modo musical, inclusive —, a família Curry carregava consigo uma característica que tornava todas as outras famílias categoricamente mais normais do que a própria.

Ela era, de todas as maneiras possíveis, uma família aquática. Literalmente.

Arthur Curry, o rei de Atlântida — a cidade perdida de Atlântida, quero dizer — e sua esposa, Mera, tiveram quatro filhos, cada qual com sua característica mais que única.

Seu primeiro filho, Arthur — nome escolhido pelos conselheiros reais e não por seus pais — era o orgulho da família; ainda que Mera amasse seus outros três filhos, não havia um filho além de Arthur que faria com que os olhos da rainha brilhasse de maneira orgulhosa. Ele, porém, não via as coisas dessa maneira. Na realidade, tudo o que Arthur queria era ter a oportunidade de, uma vez na vida, passar de filho favorito para ovelha negra e, então, poderia retomar os dezenove anos que lhe foram arrancados devido as suas obrigações como Rei de Atlântida.

Não que esses dezenove anos fossem a única coisa que alguém um dia lhe havia tirado. Suas obrigações como rei e as exigências de seu povo lhe tiraram a oportunidade de ter uma vida, amigos e um confidente, alguém com quem pudesse falar abertamente de seus sentimentos sem julgamentos.

Por um tempo — um curto espaço de tempo —, essa mordomia lhe foi oferecida. Seu nome era Acqua, e era a única pessoa em todo o Reino que ainda se importava em mostrar algum apreço pelo futuro rei. A amizade dos dois era tão forte que até mesmo Mera havia reparado na habilidade única que a garota tinha de fazê-lo uma pessoa melhor.

E foi a própria Mera quem estragou a amizade que ela tanto prezava. Com apenas uma palavra, a nobre Rainha conseguiu acabar com a única coisa que seu filho havia conquistado.

Casamento! Você e Acqua devem se casar, para que você se torne o rei e ela a rainha de Atlântida!

Arthur lembrava-se de estar sentado à mesa juntamente com seus pais e Acqua, e lembrava-se exatamente da resposta que dera, fazendo com que a amiga levantasse com pressa e partisse, se recusando a conversar com ele novamente.

Aceitamos!

Ele também se lembrava do olhar de desgosto que ela passou a dirigir a ele após isso. Não era mais Acqua, sua melhor amiga e confidente, a pessoa que ele mais confiava no mundo; essa era uma Acqua diferente, uma feroz e com opiniões próprias, uma que, de todas as maneiras, o odiava.

E ele se odiava por saber que era digno de seu ódio.

— Devo dizer, Arthie — Mareena lhe chamou a atenção — Você está tão quieto que está me deixando com medo.

— Me deixe em paz, Rhea — Arthur revirou os olhos, ajeitando-se em seu lugar — Quero me manter quieto.

Mareena deu de ombros, seu rosto neutro, mas seus olhos ainda demonstrando o tamanho de sua curiosidade. Ela, porém, desviou sua atenção para seu irmão gêmeo, Koryak, que parecia estar muito entretido com uma colher que — fazendo seu trabalho muito bem — mostrava o seu reflexo perfeito.

Mareena e Koryak eram apenas dois dos três irmãos de Arthur, além de serem tudo o que Arthur queria ser; sua liberdade excessiva era um fator invejável para Arthur, que sempre os observava fazendo o que queriam enquanto ele nada podia fazer além de administrar o reino e ouvir reclamações diárias de sua noiva e de seu irmão mais novo, Garth. Os gêmeos, porém, eram os únicos que nada tinham contra Arthur; o fato de Arthur ser o primeiro filho lhes agradava de tal maneira que nem mesmo eles poderiam descrever. Para eles era simples: antes Arthur do que eles.

Garth, o mais jovem, não pensava dessa maneira. Toda a vontade que Arthur não tinha de ser rei, Garth tinha de sobra; não havia ninguém no vasto reino que conhecesse mais as leis do que o filho mais moço do rei, além disso, enquanto Arthur era o favorito de Mera, Garth era o favorito do povo. Você poderia perguntar para qualquer um em Atlântida e todos responderiam sem hesitar que Garth era o governante certo.

Se você perguntasse para Arthur ele diria o mesmo.

— Não leve a acidez de nosso irmão tão a sério, Rhea — Koryak se pronunciou, tirando os olhos de seu reflexo — Ele apenas está nervoso por não poder ser tão livre quanto nós somos. Ou quanto nosso pai um dia foi.

— O que Arthur tem é sorte, Koryak — Garth se pronunciou, cruzando seus braços — Sorte da mamãe afirmar com tanta avidez que ele será um bom rei, quando ninguém além dela pensa isso.

O silêncio que se seguiu não era esperado. Mareena — que não tinha o costume de manter-se calada — apenas desviou seu olhar para o irmão mais jovem e mordeu seu lábio, com medo da resposta de Arthur e Koryak — que adorava uma boa discussão — soltou a colher na mesa, aguardando ansiosamente o desenrolar da história. Arthur, por sua vez, segurou a colher que usava com mais força, os olhos fechados e a respiração rápida. Afinal, havia apenas mais uma coisa que deixava Arthur mais estressado que ser o futuro rei.

A rejeição de sua família.

— Se isso fosse verdade, Garth — Arthur abriu os olhos, sua expressão ainda nervosa — Eu acho que seria você o destinado a pegar o tridente do papai, não eu.

— Olha aqui, seu...

— Tudo bem, já chega — Mareena ajeitou-se na cadeira em que estava sentada, batendo as duas mãos na mesa — Você tem direito de sentir inveja, Garth, mas você passou dos limites. Arthur é nosso irmão e, de fato, será um bom rei. E você, Arthur...

— Quieta, Rhea! — Arthur gritou, levantando-se de sua cadeira — Eu vou sair, não quero que vocês mandem ninguém atrás de mim. Só me deixem em paz.

...

— Eu pensei ter sido muito clara ao dizer que não queria te ver nem pintado de ouro, filhote de peixe.

— E deixou — Arthur garantiu, estralando seus dedos — Mas eu precisava de um conselho, e apenas você consegue me dar conselhos suficientemente bons.

Acqua revirou os olhos e virou-se para Arthur, cruzando os braços no segundo seguinte e sentando-se em sua cama. Ainda que odiasse Arthur, um chamado de seu príncipe jamais poderia ser recusado, principalmente quando o príncipe em questão era seu futuro marido. Esse fator havia feito com que Acqua — mesmo contra a sua vontade — estivesse ali, na frente de Arthur, lhe oferecendo um ombro amigo.

Ou algo assim.

— Diga rápido — ordenou — Ou eu sairei por essa porta e você só terá uma oportunidade boa como essa após o nosso casamento.

— Pois bem. Eu quero ir para a terra.

A garota congelou, seus dedos antes nervosos pararam imediatamente de se mexer e, por um segundo, ela parou de respirar, absorvendo as palavras ditas por aquele que ela tanto odiava. Ele queria ir para a terra. Para a terra firme, ficar com humanos.

Ele queria partir.

— Não é uma decisão fácil e eu voltarei — Arthur continuou — Mas eu preciso fazer algo para mim uma vez na minha vida. Eu sempre vivi em função dos outros, agora quero viver em função de mim. Isso é, antes de me colocarem numa cadeira de ouro e me proibirem de sair.

Terra firme.

Terra. Firme.

— E, se eu não voltar, Koryak renunciará seu direito ao trono e Garth tomará meu lugar, tal como ele sempre quis — prosseguiu — E você será livre para conhecer alguém, se apaixonar e se casar da maneira que você tanto deseja. Não estará mais presa a mim. Isso será bom para ambos e...

— Vá.

— O quê?

— Vá — Acqua apontou para a porta do quarto — Vá para o mundo dos humanos, vá para o lugar onde seus poderes serão considerados anormais, vá para o lugar onde seu pai é tão exaltado quanto é aqui, por ser um salvador de mundos, como ele gosta de referir a si mesmo — a garota revirou os olhos, gritando em seguida — Você quer viver em função de si mesmo? Vá! Tente! Se arrisque! Mas a sombra de seu pai e de seu legado como rei te seguirão aonde quer que você vá. Então saia por essa porta agora e tente encontrar sua felicidade plena na terra firme, tente criar um futuro lá, mas eu não vou trair o meu rei por um capricho seu.

— Quer mesmo que eu vá? — Arthur perguntou, mesmo não querendo a resposta.

É claro! Talvez, quando você partir, eu possa ser livre. Talvez, quando você partir, você entenda que... que nós não somos mais amigos.

Aquilo doeu. Doeu de uma maneira tão grandiosa que Arthur nem mesmo foi capaz de dizer uma palavra antes de sair de seu próprio quarto aflito, sentindo um enorme vazio em seu peito. Deixou o castelo com tamanha rapidez que nem mesmo sabia se alguém o havia visto sair, mas ele não se importava; tudo o que queria era chegar o mais rápido possível na terra, onde teria a sua primeira oportunidade de uma vida normal.

Talvez pudesse arranjar um emprego ou fazer amigos; poderia comprar uma casa para si, ficar pobre ou rico; poderia arranjar uma nova namorada, uma que lhe valorizasse e o aceitasse exatamente da maneira que ele era.

Ele poderia, finalmente, apagar Acqua de sua memória.

Talvez.

Mas todos esses pensamentos foram transformados em nada quando, ao chegar na praia, avistou uma cabeleira loira ao longe, a única pessoa que ousava andar de tênis e roupas de frio mesmo sob o calor intenso que estava no local.

Ela era diferente, era bonita; e, por algum motivo, caminhava exatamente em sua direção.

— Você deve ser o garoto peixe, Arthur — a garota se pronunciou, parando na sua frente — Meu nome é Amara e eu tenho uma proposta para você.


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Notas finais do capítulo

See ya soon :3



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