Um filme na cabeça

As pessoas dizem que quando estamos prestes a morrer um filme de toda a vida se passa pela cabeça, Mel naquele instante descobriu que em outros momentos se passa um filme pela cabeça. A garota via flash de todos os momentos que compartilhou com Alice, procurando, talvez inconscientemente, o momento em que aquele sentimento havia começado.
— Alice, eu não sei o que responder.
Qualquer um veria a sinceridade e confusão nos olhos da garota.
— Tudo bem Mel - Respondeu a outra com total desapontamento - Preciso ir pra casa.
Dito isso, Alice saiu andando mas parou quando sentiu uma mão segurando seu braço.
— Não, você não pode ir só, eu vou ligar pra casa e meu motorista nos leva embora.
— Não precisa, minha casa não é muito longe, em alguns minutos eu já chego.
— Ei - Mel colocou a mão no queixo de Alice - Eu insisto, está tarde, alguma coisa pode acontecer, somos mulheres e vc sabe que não é seguro pra nós.
— Ok - Disse e logo depois suspirou - Você tem razão.
Depois do diálogo, elas voltaram pra frente da casa onde a festa continuava, o clima era tenso, ninguém teve coragem de pronunciar uma palavra sequer, até que o motorista dos Albuquerque chegou e levou as garotas. O percurso foi feito em total silêncio, o ambiente tinha mudado, porém o clima ainda era o mesmo, Alice tinha a cabeça encostada na janela e os olhos fixos na rua, Mel às vezes olhava pra amiga, se martirizando por sentir a tristeza da outra e saber o motivo.
O carro parou na frente da casa de Alice, a menina desceu e deu só uma olhadinha pra trás, vendo os olhos de Mel acompanharem ela. Entrou em casa e foi direto pro quarto, se jogou na cama e deixou as lágrimas molharem o travesseiro, não se importou em trocar de roupas, simplesmente chorou até que dormiu.
Mel chegou em casa foi para o seu quarto, tomou um banho, colocou um pijama do Perna Longa, foi até a cozinha, comeu alguma coisa, voltou pro seu quarto onde deitou na cama e começou a pensar em tudo oq tinha acontecido naquela noite. Com certeza se passava um filme pela cabeça em outros momentos.
O dia seguinte mal amanheceu e já tinha gente indo até o quarto de Mel acordada-lá.
— Ei dorminhoca acorda, Mamãe tá te esperando pro café e vc sabe que ela odeia atrasos - Falou Paola que já estava totalmente pronta - Anda Mel, que coisa em.
Mel ergueu a cabeça vendo o sol iluminar seu quarto, pegou seu celular vendo que era 7 hrs da manhã, "mas que porra minha família 'rica' faz acordada essa hora num domingo????", pensou ela indignada.
— Não vai levantar "bela adormecida"? - Era perceptível o desdém na fala de Paola.
— Vc ainda tá aqui? - Respondeu a caçula com mesmo desdém da irmã - Diga pra mamãe que eu desço em 20 min.
A irmã mais velha não respondeu apenas acenou positivamente com a cabeça e saiu do quarto.
— Mel disse que já tá descendo. - Disse assim que chegou na sala.
— Essa garota sabe que acordamos cedo e fica de manhã - Disse a matriarca da família - Se não fosse o meu dinheiro morreria de fome.
— NOSSO dinheiro amor - Sr António se pronunciou - E dá um tempo pra menina, é domingo e ontem ela saiu à noite, pode muito bem demorar para levantar, aliás não sei pq essa reunião de família tão cedo.
— Não é uma simples reunião 'amor', temos que tratar de um assunto muito importante.
10 min depois Mel desceu encontrando todos devidamente sentados na mesa.
— Bom dia.
— Bom dia - responderam todos juntos.
— Bom, já que está todo mundo devidamente acordo - Cris olhou pra Mel que revirou os olhos - Eu tenho uma importante notícia.
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