Entramos na casa e cumprimentamos certas pessoas que conhecíamos com apenas um: “Oi, eai?” Olhávamos uma para outra o tempo todo como se estivéssemos tendo uma conversa por telepatia. Fomos até a cozinha que tinha umas 8 pessoas dentro conversando. Pegamos um copo d’água e fomos para a sala. Ficamos paradas uma lado a lado balançando a cabeça no ritmo de alguma coisa da Selena Gomez que tocava. Passou meia hora e finalmente Josh veio cumprimenta-la.
— Oi. – ele disse super animado quando a viu e lhe deu um abraço que foi apertado o bastante para apenas colega de classe. Ele olhou pra mim e me cumprimentou também. – Tem muito tempo que chegaram? – ele disse a analisando.
— Ah não. – ela disse meio nervosa – uns 10 minutos talvez. – ela mentiu. Estávamos ali há meia hora já. Eu olhava pro meu relógio toda hora achando que faria a hora passar mais rápido.
— Posso roubar a Nina por alguns minutos... – ele perguntou meio sem jeito já que não sabia meu nome.
— Claire. – respondi – Sim pode. – dei um risinho e ele pegou em sua mão. Ela arregalou os olhos e abriu a boca um pouquinho como se fosse soltar um gritinho. Torcia para que fosse realmente por alguns minutos mas pelo visto parece que não seria do jeito que eu queria. Só esperava que eles ficassem se beijando e conversando, nada mais.  
Fiquei em pé encostada ao piano preto que havia na sala. Observava todos ali dentro. Quem entrava, quem saia, quem se beijava no canto, quem já estava um pouco alterado.  Sentei no sofá e fiquei mexendo um pouco no meu celular até que um garoto se sentou ao meu lado.
— Oi. – ele disse. Já podia sentir seu bafo de bebida.
— Oi. – respondi sem tirar os olhos da tela.
— Você é muito bonita.
— Obrigada.
— Eu posso ser mais interessante que o celular. – ele disse numa voz nojenta maliciosa.
— Não, não pode. – disse ainda sem tirar os olhos da tela. Ele bufou e saiu do meu lado.

Já havia se passado uma hora e meia e nada da Nina voltar. Será que eu deveria ficar preocupada e começar a procura-la no meio da festa e atrapalhar sua pegação? Eu não aguentava mais ficar ali sentada sem nada pra fazer ou sem alguém que não estivesse bêbado para conversar.
— Aqui. – um garoto me deu um saquinho branco que tinha batata frita dentro. Eu não conseguia identificar seu rosto porque estava um pouco escuro demais.
— Ah, obrigada. – disse meio sem jeito.
— Estava vendo você ai sentada com cara de tédio há um tempão então resolvi vir aqui conversando um pouco. Se importa? – o garoto disse se sentando do meu lado.
— Ah não. – ri, ok eu estava meio nervosa – claro que não. 
— Sou Chad. – ele disse me olhando. Ok ele tinha um olho tão azul que poderia hipnotizar alguém.
— Claire. – disse como eu sempre fazia.
— Você veio com alguém?
— Sim, com uma amiga. Mas um tal de Josh resolveu rouba-la por “alguns minutinhos” – disse revirando os olhos
— E esses minutinhos são minutos mesmo? – ele riu
— Não, já são 2 horas já que estou aqui sozinha, sofrendo. – disse fazendo um pouco de drama
— Ah não é pra tanto. – ele disse – Será que ela está bem? – ele perguntou. Ai Meu Deus será que algo tinha acontecido. Me desesperei.
— Por que? Ela não está segura com ele? – eu disse deixando meu desespero transparecer.
— Não, calma. – ele riu – Eu perguntei por perguntar. 
— Será? – levantei um pouco a cabeça pra ver se conseguia enxergar a Nina em algum lugar.
— Sim. Os dois só devem estar conversando. – ele disse. Tentei me acalmar um pouco, sendo otimista comigo mesma que Nina estava bem.
Estávamos lado a lado, perto demais e calados por um bom tempo, até que Chad avançou tão rápido pra me beijar que eu nem tive chance de negar, então apenas tentei corresponder. Não foi nada agradável, ele tentou morder meu lábio de baixo para ser “sensual”, mas não deu muito certo. O que deu muito certo foi um machucado na minha boca. Ficamos nos beijando por mais um tempo. Não estava bom mas eu também não sabia o por quê de eu ainda estar beijando aquele garoto. Ouvi um pigarreio e sai daquele beijo horrível. Era Nina de mãos dadas com Josh.
— Claire, temos que ir. – ela disse com a voz meio ocupada por estar atrapalhando. Na verdade estava ajudando.
— Sim! – eu levantei bruscamente do sofá. Chad também se levantou e pegou seu celular.
— Você pode me passar seu número? – Chad disse, me analisando, esperando pelo pior ou pelo melhor.
— Ah sim, passo. – disse meio desconfortável. Disse o número de mamãe e ele me passou o dele, é claro que eu só digitei e não salvei. Eu só não queria ser antipática com o garoto. – Vamos Nina. – disse a olhando com um sorriso enorme no rosto, ela me olhava confusa como se pensasse “O que aconteceu com a minha amiga?”
— Vamos! – ela disse e ela e Josh deram um abraço meio tímido, ele lhe deu um selinho e ela ficou extramamente vermelha. Ah Nina...

Saímos da casa e ela disse: - Uau, parece que Claire Howard se divertiu bastante na falta da minha presença – me lançou um olhar malicioso.
— Claro que não, foi uma bosta aquilo lá. – disse revirando os olhos.
— Mas parecia que você estava gostando. – ela disse meio confusa – Você até deu seu número.
— Não. – apontei pra minha boca que devia ter uma bolinha vermelha – Aquele número era o da minha mãe – disse e nós rimos. Seu pai já nos estava esperando e entramos no carro.
— Eai meninas? Como foi? – ele perguntou um pouco sonolento.
— Bem. – respondemos juntas.
— Pegou ele de jeito? – perguntou Stevie olhando pra Nina.
— É claro. – ela respondeu e nós rimos.  
Chegamos em casa e fomos correndo pro quarto. Limpamos nossos rostos, colocamos nossos típicos pijamas da amizade e finalmente deitamos no tapete branco felpudo.
— Eai? – perguntei animada – Como foi?
— Ah, foi incrível. – ela disse olhando pro teto, parecia estar nas nuvens. – Ele beija super bem, conversamos muito sobre o que cada um gostava, nos beijamos mais um pouco e depois só ficamos deitados calados um olhando pro outro como a gente faz. – seus olhos brilhavam de tanta felicidade. Parecia que realmente ela estava apaixonada.
— Espera. – eu fiz uma pausa – Onde vocês estavam?
— No quarto dele! – ela disse com os olhos arregalados.
— O que? – eu arregalei os meus também.
— Sim! Mas nada demais aconteceu, a gente só ficou no beijo mesmo. Ele me mostrou sua coleção de histórias em quadrinho japonês. – ela disse rindo.
— Sério? – perguntei e ela respondeu balançando a cabeça. – Isso é ótimo.
— Tipo, eu tentava me fazer de interessada mas na verdade não estava entendendo nada do que ele falava. – rimos – Ele me perguntou sobre meu pai, se ele era legal ou não, o que tinha acontecido com a minha mãe.
— Nossa, se ele perguntou do seu pai então parece que ele tá interessado em conhece-lo.
— Sim, eu disse o básico mesmo como: “ah meu pai é o melhor, ele sempre é muito atencioso comigo, faz as melhores comidas do mundo e minha mãe tá bem”. 
— Entendi.
— Tentei não entrar muito em detalhe da minha mãe, porque afinal nem tinha lógica. – ela disse revirando os olhos – Mas ah... Aqueles ombros largos, eu queria arranhar tudo – ela disse fazendo uma careta.
— E por que não arranhou? – eu disse maliciosa.
— Isso vai ser em uma noite mais intima. – ela disse e rimos. Ficamos conversando mais um tempo e fomos dormir afinal já era 02:40 da manhã.